{"id":100490,"date":"2013-11-30T00:00:44","date_gmt":"2013-11-30T02:00:44","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=100490"},"modified":"2013-11-29T22:21:14","modified_gmt":"2013-11-30T00:21:14","slug":"hidreletricas-impulsionam-desmatamento-indireto-na-amazonia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/11\/30\/100490-hidreletricas-impulsionam-desmatamento-indireto-na-amazonia.html","title":{"rendered":"Hidrel\u00e9tricas ‘impulsionam desmatamento indireto’ na Amaz\u00f4nia"},"content":{"rendered":"

Ao defender a constru\u00e7\u00e3o de hidrel\u00e9tricas na Amaz\u00f4nia, o governo federal costuma citar o argumento de que essas usinas s\u00e3o menos poluentes e mais baratas que outras fontes energ\u00e9ticas capazes de substitu\u00ed-las. Entre ambientalistas e pesquisadores, por\u00e9m, h\u00e1 cada vez mais vozes que contestam a compara\u00e7\u00e3o e afirmam que o c\u00e1lculo do governo ignora custos e danos ambientais indiretos das hidrel\u00e9tricas. Para alguns, esses impactos colaterais influenciaram no aumento da taxa de desmatamento da Amaz\u00f4nia neste ano.<\/p>\n

H\u00e1 duas semanas, o governo anunciou que, entre agosto de 2012 e julho de 2013, o \u00edndice de desflorestamento na Amaz\u00f4nia cresceu 28% em rela\u00e7\u00e3o ao mesmo per\u00edodo do ano anterior, a primeira alta desde 2008.<\/p>\n

Paulo Barreto, pesquisador s\u00eanior da ONG Imazon, atribui parte do aumento ao desmatamento no entorno das hidrel\u00e9tricas de Jirau e Santo Ant\u00f4nio, no rio Madeira, em Rond\u00f4nia, e da usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Par\u00e1. Segundo ele, as hidrel\u00e9tricas atraem migrantes e valorizam as terras onde s\u00e3o implantadas. Sem fiscaliza\u00e7\u00e3o e puni\u00e7\u00e3o eficientes, diz ele, moradores se sentem encorajados a desmatar \u00e1reas p\u00fablicas para tentar vend\u00ea-las informalmente.<\/p>\n

No caso de Belo Monte, Barreto afirma que o desmatamento em torno da usina seria menor se o governo tivesse seguido a recomenda\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio de impacto ambiental da obra para criar 15 mil km\u00b2 de Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o.<\/p>\n

Uma pesquisa do Imazon, da qual Barreto \u00e9 coautor, estima que o desmatamento indireto causado pela hidrel\u00e9trica atingir\u00e1 5.100 km\u00b2 em 20 anos, dez vezes o tamanho da \u00e1rea a ser alagada pela barragem. Na bacia do Tapaj\u00f3s (PA), onde o governo pretende erguer uma s\u00e9rie de usinas, ele diz a \u00e1rea desmatada indiretamente chegar\u00e1 a 11 mil km\u00b2.<\/p>\n

F\u00f3rmula do desmatamento<\/strong> – O engenheiro Felipe Aguiar Marcondes de Faria desenvolve em seu projeto de PhD na Universidade Carnegie Mellon (EUA) uma f\u00f3rmula complexa. Ele pretende incluir os efeitos indiretos da constru\u00e7\u00e3o de hidrel\u00e9tricas na Amaz\u00f4nia – como o desflorestamento gerado por imigra\u00e7\u00e3o ou especula\u00e7\u00e3o fundi\u00e1ria – no c\u00e1lculo das emiss\u00f5es de carbono das obras.<\/p>\n

A conta, que mede a libera\u00e7\u00e3o de gases causadores do efeito estufa, normalmente leva em conta somente as emiss\u00f5es geradas pela perda de vegeta\u00e7\u00e3o e pela degrada\u00e7\u00e3o da biomassa na \u00e1rea inundada pelas barragens.<\/p>\n

“Se a constru\u00e7\u00e3o de uma hidrel\u00e9trica implicar taxas de desmatamento superiores \u00e0s de locais onde n\u00e3o existem tais investimentos, n\u00f3s poderemos acrescentar esse desmatamento extra ao balan\u00e7o de carbono do projeto”.<\/p>\n

O pesquisador diz ainda que, al\u00e9m de valorizar terras e atrair imigrantes, a constru\u00e7\u00e3o de hidrel\u00e9tricas pode estimular o desmatamento ao melhorar as condi\u00e7\u00f5es de acesso \u00e0 regi\u00e3o, expondo florestas antes inacess\u00edveis.<\/p>\n

Faria tamb\u00e9m questiona os c\u00e1lculos que exaltam o baixo pre\u00e7o das hidrel\u00e9tricas em compara\u00e7\u00e3o com outras fontes de energia. “As diferen\u00e7as n\u00e3o consideram adequadamente os custos socioambientais desses empreendimentos”.<\/p>\n

Ainda assim, avalia que o Brasil n\u00e3o pode excluir a hidroeletricidade de seus planos de expans\u00e3o do sistema energ\u00e9tico. Para ele, a modalidade oferece grandes vantagens em rela\u00e7\u00e3o a outras fontes de energia, como flexibilidade para atender \u00e0 varia\u00e7\u00e3o da demanda e dispensa de importa\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias-primas.<\/p>\n

Faria defende, no entanto, que o governo mude sua postura quanto \u00e0s hidrel\u00e9tricas na Amaz\u00f4nia.<\/p>\n

“O desenvolvimento hidrel\u00e9trico na Amaz\u00f4nia deveria ser visto n\u00e3o como uma barragem no rio, mas sim como uma chance de criar um novo paradigma de desenvolvimento sustent\u00e1vel para uma regi\u00e3o, que crie condi\u00e7\u00f5es para a manuten\u00e7\u00e3o das unidades de conserva\u00e7\u00e3o e terras ind\u00edgenas, investimentos em educa\u00e7\u00e3o e ci\u00eancia e melhora na sa\u00fade da popula\u00e7\u00e3o.”<\/p>\n

Por\u00e9m, para o procurador-chefe do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal no Par\u00e1, Daniel C\u00e9sar Azeredo Avelino, a constru\u00e7\u00e3o de hidrel\u00e9tricas na Amaz\u00f4nia n\u00e3o tem sido acompanhada pela manuten\u00e7\u00e3o de \u00e1reas protegidas.<\/p>\n

Nos \u00faltimos anos, o governo reduziu Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o para facilitar o licenciamento das hidrel\u00e9tricas no rio Madeira e das futuras usinas no Tapaj\u00f3s. Segundo ele, simples sinaliza\u00e7\u00f5es de que se pretende reduzir essas \u00e1reas j\u00e1 motivam o desmatamento.<\/p>\n

Em 2012, diz Avelino, um m\u00eas ap\u00f3s jornais divulgaram que o governo estudava diminuir a Floresta Nacional Jamanxim, no sudoeste do Par\u00e1, houve um surto de desmatamento na regi\u00e3o.<\/p>\n

“Quando se fala em reduzir Unidades de Conserva\u00e7\u00e3o para hidrel\u00e9tricas, alimenta-se a ideia de que poder\u00e1 haver novas redu\u00e7\u00f5es, o que encoraja o desmatamento.”<\/p>\n

Governo responde
\nNo entanto, segundo Francisco Oliveira, diretor do Departamento de Combate ao Desmatamento do Minist\u00e9rio Ambiente, a destrui\u00e7\u00e3o dentro de \u00e1reas protegidas corresponde a menos de 10% do desflorestamento na Amaz\u00f4nia.<\/p>\n

Quanto ao desmatamento recente no Par\u00e1 e em Rond\u00f4nia, diz que n\u00e3o se deveu necessariamente \u00e0s hidrel\u00e9tricas. Oliveira afirma que o desflorestamento em um raio de 50 quil\u00f4metros de Belo Monte passou de 380 km\u00b2, em 2011, para 41 km\u00b2 em 2013.<\/p>\n

Em Rond\u00f4nia, ele diz que tamb\u00e9m tem havido redu\u00e7\u00e3o no ritmo do desmate em \u00e1reas pr\u00f3ximas \u00e0s usinas. Segundo Oliveira, as principais causas para o maior desmatamento na Amaz\u00f4nia no \u00faltimo ano foram: no Par\u00e1, a apropria\u00e7\u00e3o ilegal de terras (grilagem) na regi\u00e3o de Novo Progresso; no Mato Grosso, a expans\u00e3o da agropecu\u00e1ria; e em Rond\u00f4nia, a expans\u00e3o da pecu\u00e1ria.<\/p>\n

Oliveira afirma, por\u00e9m, que, apesar da alta, o \u00edndice de desflorestamento em 2013 foi o segundo menor desde que come\u00e7ou a ser medido, h\u00e1 25 anos. (Fonte: Terra)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Para Paulo Barreto, pesquisador s\u00eanior da ONG Imazon, as hidrel\u00e9tricas atraem migrantes e valorizam as terras onde s\u00e3o implantadas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[54],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/100490"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=100490"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/100490\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=100490"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=100490"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=100490"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}