{"id":100635,"date":"2013-12-05T00:01:11","date_gmt":"2013-12-05T02:01:11","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=100635"},"modified":"2013-12-04T23:28:54","modified_gmt":"2013-12-05T01:28:54","slug":"aumento-de-co2-nos-oceanos-eleva-nivel-de-acidez-e-ameaca-vida-marinha","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2013\/12\/05\/100635-aumento-de-co2-nos-oceanos-eleva-nivel-de-acidez-e-ameaca-vida-marinha.html","title":{"rendered":"Aumento de CO2 nos oceanos eleva n\u00edvel de acidez e amea\u00e7a vida marinha"},"content":{"rendered":"

H\u00e1 pol\u00eamicas recentes em torno do fato de, nos \u00faltimos dez anos, a Terra n\u00e3o ter registrado um aquecimento t\u00e3o expressivo quanto o previsto por especialistas. Uma tese diz que o excesso de calor estaria sendo armazenado no fundo dos oceanos. Na \u00faltima confer\u00eancia do clima em Vars\u00f3via, na Pol\u00f4nia, cientistas apresentaram um estudo que sustenta essa teoria.<\/p>\n

O Programa Internacional para o Estado dos Oceanos (Ipso, na sigla em ingl\u00eas) publicou um relat\u00f3rio em que demonstra n\u00e3o apenas o aquecimento dos oceanos, mas tamb\u00e9m uma mudan\u00e7a no pH (potencial hidrogeni\u00f4nico \u2013 o \u00edndice que indica acidez de um composto) das \u00e1guas.<\/p>\n

“O aumento de temperatura chega at\u00e9 1,3\u00baC, como no caso do Mar B\u00e1ltico. Esse aquecimento ocorre em \u00e1guas profundas \u2013 a mais de 700 metros de profundidade”, esclarece o professor de biologia e zoologia da Universidade de Oxford, Alex Rogers. Em entrevista \u00e0 DW, o diretor cient\u00edfico do Ipso explica que quase um ter\u00e7o do di\u00f3xido de carbono emitido no planeta atualmente \u00e9 absorvido pelos oceanos.<\/p>\n

Apesar de diminuir o aquecimento global, esse fen\u00f4meno altera a qu\u00edmica da \u00e1gua marinha. O CO2 reage na \u00e1gua e forma \u00e1cido carb\u00f4nico, resultando numa acidifica\u00e7\u00e3o gradual dos oceanos.<\/p>\n

Amea\u00e7as \u00e0 vida marinha<\/strong> – Estudos recentes sugerem que a \u00e1gua do mar j\u00e1 estaria 26% mais \u00e1cida do que antes do in\u00edcio da industrializa\u00e7\u00e3o. At\u00e9 2100, os oceanos j\u00e1 poderiam estar 170% mais \u00e1cidos. Nos \u00faltimos vinte anos, diversos experimentos foram realizados em laborat\u00f3rios ao redor do mundo para tentar descobrir exatamente quais seriam as consequ\u00eancias da mudan\u00e7a de pH para a vida marinha.<\/p>\n

Ulf Riebesell, do Centro Helmholtz de Pesquisa Oce\u00e2nica da Universidade de Kiel (norte da Alemanha) iniciou em 2010 os primeiros estudos no mar sobre o fen\u00f4meno, na ilha de Spitzbergen, no \u00c1rtico.<\/p>\n

Enormes c\u00e1psulas colocadas na \u00e1gua do mar simulam as condi\u00e7\u00f5es que provavelmente dever\u00e3o predominar nos oceanos durante os pr\u00f3ximos vinte anos, dependendo do n\u00edvel das emiss\u00f5es de CO2. Esse e outros experimentos indicam que a crescente acidifica\u00e7\u00e3o dificulta a vida dos organismos produtores de c\u00e1lcio \u2013 como os que formam os recifes de coral.<\/p>\n

“A acidifica\u00e7\u00e3o p\u00f5e em risco corais, conchas, carac\u00f3is, ouri\u00e7os e estrelas-do-mar, al\u00e9m de peixes e outros organismos. Algumas das esp\u00e9cies produtoras de c\u00e1lcio n\u00e3o poder\u00e3o mais concorrer para sobreviver nos oceanos do futuro. A composi\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies ir\u00e1 mudar radicalmente”, alerta.<\/p>\n

Problemas para as comunidades costeiras<\/strong> – Os cientistas alertam tamb\u00e9m para graves consequ\u00eancias econ\u00f4micas e sociais. As mudan\u00e7as do clima tamb\u00e9m dever\u00e3o ter impacto na cadeia alimentar dos oceanos. Algumas regi\u00f5es poder\u00e3o ser afetadas com mais intensidade pela acidifica\u00e7\u00e3o dos oceanos, como as tropicais e subtropicais, que t\u00eam corais de mares de \u00e1gua quente, afirma Riebesell.<\/p>\n

Os recifes de corais, de grande valor econ\u00f4mico e ecol\u00f3gico, s\u00e3o particularmente vulner\u00e1veis. Elas s\u00e3o importantes n\u00e3o apenas pela diversidade de esp\u00e9cies \u2013 e, em muitos pa\u00edses, pelo turismo \u2013 mas tamb\u00e9m porque servem como barreiras que protegem os litorais de ondas e tempestades.<\/p>\n

As regi\u00f5es polares tamb\u00e9m dever\u00e3o ser afetadas, uma vez que a \u00e1gua gelada absorve ainda mais CO2. Experimentos no \u00c1rtico indicam que a \u00e1gua do mar nessas regi\u00f5es pode se tornar corrosiva j\u00e1 nas pr\u00f3ximas d\u00e9cadas. “Isso significa que a \u00e1gua pode se tornar t\u00e3o \u00e1cida a ponto de simplesmente dissolver conchas e esqueletos dos organismos produtores de c\u00e1lcio”, alerta Riebesell.<\/p>\n

Tamb\u00e9m na Ant\u00e1rtida j\u00e1 \u00e9 poss\u00edvel perceber a acidifica\u00e7\u00e3o, segundo Alex Rogers, diretor do Ipso. “Encontramos min\u00fasculos carac\u00f3is marinhos cujas conchas de c\u00e1lcio j\u00e1 estavam corro\u00eddas”, afirmou. Estes s\u00e3o seres de grande import\u00e2ncia para a cadeia alimentar marinha, nutrindo de pequenos animais a baleias.<\/p>\n

“Uma das principais fontes de prote\u00edna no mar est\u00e1 se esgotando rapidamente” alertou Monty Halls, presidente da organiza\u00e7\u00e3o ambiental Shark and Coral Conservation Trust (Fundo para a Conserva\u00e7\u00e3o de Tubar\u00f5es e Corais), em entrevista \u00e0 DW. Ele acredita que a acidifica\u00e7\u00e3o dos oceanos \u00e9 a “maior amea\u00e7a \u00e0s futuras gera\u00e7\u00f5es”.<\/p>\n

Problemas de longo prazo para o clima<\/strong> – Al\u00e9m dos problemas para os ecossistemas e para a cadeia alimentar, os cientistas alertam sobre um efeito retroativo que dever\u00e1 provocar um novo refor\u00e7o das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. Apesar das \u00e1guas marinhas contribu\u00edrem para a diminui\u00e7\u00e3o do CO2 produzido pelo ser humano no longo prazo, a absor\u00e7\u00e3o do di\u00f3xido de carbono pelo mar tende a desacelerar nas \u00e1guas marinhas. Segundo o estudioso Riebesell, quanto mais \u00e1cidos os oceanos se tornam, menor a sua capacidade de serem estabilizadores do pH.<\/p>\n

Alex Rogers chama aten\u00e7\u00e3o para um outro problema: pequenas algas com estruturas compostas de carbonato de c\u00e1lcio absorvem e depois carregam consigo part\u00edculas de carbono quando afundam no oceano. Se a quantidade dessas algas diminui, aumenta o n\u00edvel de CO2 na atmosfera.<\/p>\n

Rogers ainda esclarece que as emiss\u00f5es de CO2 aumentaram com maior velocidade do que nos \u00faltimos 300 milh\u00f5es de anos:. “O ecossistema global passou por alguns eventos dram\u00e1ticos de mudan\u00e7as clim\u00e1ticas que resultaram na extin\u00e7\u00e3o maci\u00e7a de diversas esp\u00e9cies. Nosso estudo enfatiza que, durante esses per\u00edodos de altera\u00e7\u00e3o profunda, altas temperaturas estiveram associadas \u00e0 acidifica\u00e7\u00e3o dos oceanos \u2013 como nos dias de hoje.”<\/p>\n

Por\u00e9m, ainda h\u00e1 tempo para contra-atacar esse fen\u00f4meno. A medida mais importante, na opini\u00e3o dos cientistas, seria a redu\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es de CO2. Sem isso, “todo o resto \u00e9 in\u00fatil”, constata Riebesell, que tamb\u00e9m defende medidas complementares para reduzir a fragilidade dos ecossistemas. Por exemplo, a polui\u00e7\u00e3o de res\u00edduos agr\u00edcolas e de pl\u00e1stico deve ser reduzida. \u00c1reas mar\u00edtimas protegidas poderiam ajudar a reduzir a press\u00e3o sobre os ecossistemas.<\/p>\n

Apesar da gravidade da situa\u00e7\u00e3o, Alex Rogers afirma que “todos podem fazer algo pra reduzir sua pr\u00f3pria emiss\u00e3o de CO2 e produzir menos lixo: andar de bicicleta, n\u00e3o utilizar sacolas pl\u00e1sticas e usar menos produtos qu\u00edmicos”. (Fonte: Terra)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Quase um ter\u00e7o do di\u00f3xido de carbono produzido atualmente vai parar nos oceanos. Isso pode at\u00e9 ajudar a diminuir o aquecimento global, mas tamb\u00e9m gera acidez na \u00e1gua e amea\u00e7a gravemente os ecossistemas nos mares. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[77,237,191],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/100635"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=100635"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/100635\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=100635"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=100635"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=100635"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}