Foi no dia 13 de mar\u00e7o de 1989 que uma tempestade solar paralisou completamente uma rede el\u00e9trica na prov\u00edncia de Quebec, no Canad\u00e1. Seis milh\u00f5es de pessoas ficaram no escuro por nove horas. A pane foi causada por part\u00edculas que partiram do Sol durante a tempestade e pararam na Terra, e que provocaram altera\u00e7\u00f5es no campo magn\u00e9tico do planeta.<\/p>\n
Desta vez, as consequ\u00eancias n\u00e3o devem ser t\u00e3o dram\u00e1ticas, informou o Centro Alem\u00e3o de Pesquisa de Geoci\u00eancias da Associa\u00e7\u00e3o Helmholtz, situado em Potsdam. Na noite desta quinta-feira (9), aconteceu o \u00e1pice do bombardeio de part\u00edculas. Um pouco ante da chegada da tempestade solar, pesquisadores afirmaram que as varia\u00e7\u00f5es no campo magn\u00e9tico estavam moderadas.<\/p>\n
Invers\u00e3o magn\u00e9tica<\/strong> – Mas n\u00e3o se escapa t\u00e3o facilmente de uma erup\u00e7\u00e3o solar forte. “Se o campo magn\u00e9tico gerado pela tempestade solar corresponde ao campo magn\u00e9tico e as correntes da Terra, ent\u00e3o ocorrem intera\u00e7\u00f5es”, explica Klaus B\u00f6rger, do Centro de Opera\u00e7\u00f5es Espaciais, que atua em parceria com o Centro Aeroespacial Alem\u00e3o e as For\u00e7as Armadas. As cargas podem seguir adiante e queimar transformadores el\u00e9tricos em subesta\u00e7\u00f5es, uma vez que as linhas de energia funcionam como antenas gigantes.<\/p>\n Erup\u00e7\u00f5es violentas do sol \u2013 as chamadas eje\u00e7\u00f5es de massa coronal \u2013 acontecem sempre. Na sequ\u00eancia, uma nuvem de radia\u00e7\u00e3o c\u00f3smica viaja em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 Terra e chega ao planeta em poucos dias. Quedas de energia como a que ocorreu em Quebec s\u00e3o raras, mas podem ocorrer problemas em sistemas de navega\u00e7\u00e3o por sat\u00e9lite ou em r\u00e1dios.<\/p>\n B\u00f6rger explica que uma tempestade solar lan\u00e7a uma grande quantidade de el\u00e9trons e pr\u00f3tons. As fortes tempestades eletromagn\u00e9ticas podem provocar falhas no abastecimento de energia e afetar outros sistemas el\u00e9tricos. V\u00f4os tamb\u00e9m podem ser desviados para evitar esses eventos.<\/p>\n Sol funciona como uma usina nuclear<\/strong> – O sol tem 1,4 milh\u00e3o de quil\u00f4metros de di\u00e2metros. Em seu interior, as temperaturas alcan\u00e7am milh\u00f5es de graus Celsius. Esse calor \u00e9 gerado pela fus\u00e3o nuclear, na qual milh\u00f5es de toneladas de hidrog\u00eanio se fundem em h\u00e9lio. As explos\u00f5es ocorrem quando a energia acumulada nos campos magn\u00e9ticos \u00e9 liberada de repente.<\/p>\n Tr\u00eas formas de radia\u00e7\u00e3o s\u00e3o liberadas. Logo ap\u00f3s a explos\u00e3o solar, h\u00e1 uma descarga de luz, que leva cerca de oito minutos para percorrer os 150 milh\u00f5es de quil\u00f4metros at\u00e9 chegar \u00e0 Terra. Depois de meia hora, part\u00edculas magn\u00e9ticas carregadas com bilh\u00f5es de volts atingem a atmosfera terrestre. S\u00f3 ent\u00e3o vem a tempestade magn\u00e9tica. As part\u00edculas disparadas viajam a uma velocidade de 900 quil\u00f4metros por segundo e precisam de 46 horas para cobrir a dist\u00e2ncia.<\/p>\n Tempestades solares representam uma amea\u00e7a \u00e0 infraestrutura, que depende cada vez mais de sat\u00e9lites, cada mais sens\u00edvel \u00e0s mudan\u00e7as dos campos eletromagn\u00e9ticos que os cercam. Sat\u00e9lites que controlam sistemas de navega\u00e7\u00e3o por GPS em sistemas de log\u00edstica, indispens\u00e1veis na navega\u00e7\u00e3o e avia\u00e7\u00e3o, s\u00e3o especialmente suscet\u00edveis \u00e0s atividades solares.<\/p>\n Influ\u00eancia dos campos eletromagn\u00e9ticos<\/strong> – B\u00f6rger, que tamb\u00e9m \u00e9 professor de Astronomia, F\u00edsica e Matem\u00e1tica Geod\u00e9sica da Universidade de Bonn, explica que os sat\u00e9lites enviam informa\u00e7\u00f5es para a Terra a uma dist\u00e2ncia de cerca de 20 mil quil\u00f4metros. “Entre mil e 50 quil\u00f4metros de altitude eles percorrem a ionosfera e isso influencia na dire\u00e7\u00e3o e velocidade do sinal”.<\/p>\n A revista National Geographic selecionou algumas das melhores fotos que recebeu sobre o tema “Luz Dourada”, express\u00e3o que se refere \u00e0 luz na hora depois que o sol nasce e antes de ele se p\u00f4r. Eles registraram imagens em diversos lugares: de uma rua famosa em Paris a um vale des\u00e9rtico no Estado americano do Utah. Lazar Ovidiu tirou esta foto em Rodna, na Rom\u00eania. <\/p>\n Receptores de GPS determinam sua posi\u00e7\u00e3o a partir do sinal de pelo menos quatro sat\u00e9lites. “Pelo tempo de viagem do sinal multiplicado pela velocidade da luz eles calculam a dist\u00e2ncia at\u00e9 o sat\u00e9lite”, conta B\u00f6rger. Entretanto, a distor\u00e7\u00e3o do campo eletromagn\u00e9tico da ionosfera pode alterar o intervalo. “Isso pode, dependendo da mat\u00e9ria i\u00f4nica, apresentar desvios significativos que provocam a falha no GPS”, explica o cientista.<\/p>\n Um pico a cada onze anos<\/strong> – J\u00e1 em 1843 o astr\u00f4nomo Samuel Heinrich Schwabe descobriu que a atividade solar segue certos ciclos. Aproximadamente a cada onze anos ocorre um ponto de maior atividade. Mas a erup\u00e7\u00e3o mais recente est\u00e1 alguns meses atrasada.<\/p>\n As auroras polares ocorrem porque a radia\u00e7\u00e3o c\u00f3smica deforma o campo magn\u00e9tico da Terra durante as tempestades solares. As part\u00edculas carregadas pelos ventos solares s\u00e3o levadas ao longo da linha do campo magn\u00e9tico em dire\u00e7\u00e3o aos polos, onde formam faixas de luz ou la\u00e7os de cores variadas. Embora as auroras polares sejam observadas com mais frequ\u00eancia acima do circulo polar, \u00e9 poss\u00edvel acompanhar o fen\u00f4meno em outros pa\u00edses mais ao sul como a Gr\u00e3-Bretanha ou a Alemanha.<\/p>\n A ag\u00eancia espcial norte-americana Nasa acompanha as atividades solares de doze sat\u00e9lites, observat\u00f3rios e espa\u00e7onaves. Um equipamento especial instalado em uma sonda lunar ajuda nesse trabalho: o Telesc\u00f3pio de Raios C\u00f3smicos para os Efeitos da Radia\u00e7\u00e3o (Crater, em ingl\u00eas).<\/p>\n A tempestade solar mais forte j\u00e1 documentada ocorreu em 1859. Especialistas alertam que se ocorresse outra super erup\u00e7\u00e3o como aquela, a infraestrutura poderia ser paralisada em boa parte do mundo em poucos minutos. (Fonte: Terra)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Uma grande erup\u00e7\u00e3o solar foi registrada nesta semana e as part\u00edculas eletromagn\u00e9ticas est\u00e3o chegando \u00e0 Terra. 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