{"id":107505,"date":"2014-07-31T00:00:26","date_gmt":"2014-07-31T03:00:26","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=107505"},"modified":"2014-07-30T19:27:18","modified_gmt":"2014-07-30T22:27:18","slug":"estudo-explica-carater-atipico-de-familia-de-asteroides-do-sistema-solar","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2014\/07\/31\/107505-estudo-explica-carater-atipico-de-familia-de-asteroides-do-sistema-solar.html","title":{"rendered":"Estudo explica car\u00e1ter at\u00edpico de fam\u00edlia de asteroides do Sistema Solar"},"content":{"rendered":"

O car\u00e1ter at\u00edpico da fam\u00edlia de asteroides de Eufrosina \u2013 uma das v\u00e1rias situadas entre os planetas Marte e J\u00fapiter, que durante anos intrigou os astr\u00f4nomos \u2013 acaba de ser explicado pela equipe liderada por Valerio Carruba, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Guaratinguet\u00e1. A explica\u00e7\u00e3o, apresentada na confer\u00eancia Asteroids, Comets, Meteors 2014, em Helsinque, na Finl\u00e2ndia, \u00e9 tema de um artigo que ser\u00e1 publicado em breve pela revista The Astrophysical Journal (ApJ).<\/p>\n

O trabalho faz parte da pesquisa \u201cFam\u00edlias de asteroides em resson\u00e2ncias seculares\u201d, apoiada pela FAPESP.<\/p>\n

A peculiaridade dessa fam\u00edlia, composta por mais de 2,5 mil objetos, vem do fato de que \u2013 exceto pelo asteroide principal, Eufrosina, que d\u00e1 nome ao grupo \u2013 ela tem poucos asteroides grandes ou m\u00e9dios, com di\u00e2metros entre 8 e 12 quil\u00f4metros. O Eufrosina concentra 99% da massa da fam\u00edlia. Os demais objetos s\u00e3o muito pequenos.<\/p>\n

\u201cIsso faz com que a linha que descreve a distribui\u00e7\u00e3o em tamanho dos objetos seja extremamente inclinada\u201d, disse Carruba \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP. \u201cA inclina\u00e7\u00e3o dessa curva \u00e9 indicada por um par\u00e2metro denominado alfa. Um valor de alfa da ordem de 3,8 caracteriza as fam\u00edlias de asteroides do mesmo tipo. O valor de alfa para Eufrosina, por\u00e9m, \u00e9 bem maior: da ordem de 4,4\u201d.<\/p>\n

Mais de meio milh\u00e3o de asteroides fazem parte do chamado \u201ccintur\u00e3o principal\u201d, situado entre as \u00f3rbitas de Marte e J\u00fapiter. Em raz\u00e3o das descobertas, esse n\u00famero aumenta constantemente.<\/p>\n

Alguns asteroides s\u00e3o agrupados em fam\u00edlias, cada uma das quais supostamente originada a partir de um corpo progenitor, fragmentado ap\u00f3s colis\u00f5es com outros corpos. A antiga ideia de um corpo \u00fanico originando todo o cintur\u00e3o principal est\u00e1 hoje descartada, at\u00e9 porque a composi\u00e7\u00e3o qu\u00edmica das diversas fam\u00edlias \u00e9 bastante diferente.<\/p>\n

\u201cReconhecemos, atualmente, dois tipos de forma\u00e7\u00e3o de fam\u00edlias. Um, quando o objeto progenitor \u00e9 totalmente quebrado. Outro, quando ele \u00e9 apenas \u2018craterizado\u2019 [isto \u00e9, quando crateras s\u00e3o formadas em sua superf\u00edcie]. A fam\u00edlia de Eufrosina faria parte desse segundo grupo. \u00c9 muito prov\u00e1vel que todos os objetos pequenos que a comp\u00f5em tenham se originado do material arrancado de uma cratera existente na superf\u00edcie do asteroide principal\u201d, afirmou Carruba.<\/p>\n

Mesmo assim, o fato de a fam\u00edlia apresentar bem poucos corpos grandes ou m\u00e9dios era considerado estranho. \u201cIsso porque, usualmente, as fam\u00edlias tendem a perder, com muito mais facilidade, os objetos pequenos, desgarrados do grupo durante sua evolu\u00e7\u00e3o din\u00e2mica\u201d, explicou o pesquisador. \u201cEnt\u00e3o, uma fam\u00edlia com tantos objetos pequenos, poucos corpos de tamanho m\u00e9dio, e um \u00fanico objeto grande constitu\u00eda, realmente, uma situa\u00e7\u00e3o bastante original.\u201d<\/p>\n

Uma explica\u00e7\u00e3o para isso foi proposta por outros grupos de astr\u00f4nomos tempos atr\u00e1s. \u201cImaginou-se que o material formador da fam\u00edlia havia sido arrancado de Eufrosina por um impacto tangencial. Em fun\u00e7\u00e3o disso, os objetos maiores teriam se formado muito perto dela, caindo depois de volta no corpo principal\u201d, disse Carruba.<\/p>\n

O problema com tal explica\u00e7\u00e3o \u00e9 que esse tipo de impacto, se existiu, constituiria um evento extremamente raro. Diante disso, Carruba e colegas decidiram buscar uma explica\u00e7\u00e3o alternativa. \u201cO que nos chamou de imediato a aten\u00e7\u00e3o foi o fato de Eufrosina ser a \u00fanica fam\u00edlia de asteroides cruzada no meio pela resson\u00e2ncia nu6\u201d, comentou o pesquisador.<\/p>\n

Uma resson\u00e2ncia de movimento m\u00e9dio ocorre quando dois corpos que orbitam um terceiro t\u00eam seus per\u00edodos orbitais relacionando-se na raz\u00e3o de dois n\u00fameros inteiros pequenos.<\/p>\n

\u201cExemplo cl\u00e1ssico de resson\u00e2ncia \u00e9 a que existe nas lacunas de Kirkwood, no cintur\u00e3o de asteroides. Quando o per\u00edodo de revolu\u00e7\u00e3o do asteroide [o tempo que leva para dar uma volta completa ao redor do Sol] \u00e9 igual a duas vezes o per\u00edodo de revolu\u00e7\u00e3o de J\u00fapiter, as perturba\u00e7\u00f5es deste planeta sobre o asteroide se repetem periodicamente, e podem causar aumentos na excentricidade da \u00f3rbita do asteroide, levando a instabilidades\u201d, informou Carruba.<\/p>\n

Simula\u00e7\u00e3o computacional<\/strong> – O fato de a fam\u00edlia de Eufrosina ser atravessada pela resson\u00e2ncia nu6 influencia fortemente o movimento de seus objetos.<\/p>\n

O pericentro da \u00f3rbita de um planeta, cometa ou asteroide \u00e9 o ponto no qual a trajet\u00f3ria do corpo mais se aproxima do Sol. O pericentro, por\u00e9m, n\u00e3o \u00e9 fixo. Ele muda de posi\u00e7\u00e3o periodicamente em raz\u00e3o da perturba\u00e7\u00e3o gravitacional causada pelos demais planetas. Esse movimento peri\u00f3dico \u00e9 chamado de precess\u00e3o do pericentro.<\/p>\n

\u201cA resson\u00e2ncia nu6 acontece quando a frequ\u00eancia da precess\u00e3o dos pericentros dos asteroides \u00e9 igual ou bem pr\u00f3xima \u00e0 frequ\u00eancia da precess\u00e3o do pericentro do planeta Saturno\u201d, disse Carruba.<\/p>\n

Segundo o pesquisador, a resson\u00e2ncia nu6 \u00e9 uma das resson\u00e2ncias mais poderosas do Sistema Solar. \u201cMuitos objetos que interagem com essa resson\u00e2ncia s\u00e3o rapidamente perdidos, porque ela aumenta a excentricidade de suas \u00f3rbitas, fazendo com que se choquem com os planetas ou com o Sol\u201d, afirmou.<\/p>\n

Como a resson\u00e2ncia nu6 atravessa a fam\u00edlia de Eufrosina praticamente no meio, a regi\u00e3o central \u00e9 a que sofre maior influ\u00eancia. E essa regi\u00e3o \u00e9 justamente aquela onde se encontram os objetos maiores.<\/p>\n

\u201cFizemos uma simula\u00e7\u00e3o computacional da evolu\u00e7\u00e3o din\u00e2mica da fam\u00edlia de Eufrosina. Partimos de uma fam\u00edlia fict\u00edcia, com o alfa caracter\u00edstico para um grupo do mesmo tipo. E calculamos a varia\u00e7\u00e3o desse par\u00e2metro em uma escala de um bilh\u00e3o de anos\u201d, relatou o pesquisador.<\/p>\n

\u201cVerificamos que o valor de alfa, que informa a distribui\u00e7\u00e3o em tamanho dos objetos da fam\u00edlia, aumenta com o passar do tempo. Em um intervalo de 500 milh\u00f5es de anos, ele alcan\u00e7ou o valor atual medido na fam\u00edlia da Eufrosina\u201d, disse.<\/p>\n

Isso significa que n\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio supor um impacto tangencial, extremamente raro, para explicar a distribui\u00e7\u00e3o at\u00edpica dos tamanhos dos objetos de Eufrosina. \u201cEla pode ter-se formado naturalmente, em fun\u00e7\u00e3o da din\u00e2mica local, adquirindo a configura\u00e7\u00e3o observada\u201d, completou Carruba. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A peculiaridade dessa fam\u00edlia, composta por mais de 2,5 mil objetos, vem do fato de que \u2013 exceto pelo asteroide principal, Eufrosina, que d\u00e1 nome ao grupo \u2013 ela tem poucos asteroides grandes ou m\u00e9dios, com di\u00e2metros entre 8 e 12 quil\u00f4metros. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[36],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/107505"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=107505"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/107505\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=107505"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=107505"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=107505"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}