O Brasil \u00e9 refer\u00eancia na Am\u00e9rica Latina no apoio \u00e0 agricultura familiar, mas ainda tem muito que aprender na rela\u00e7\u00e3o entre Estado e entes privados, como o agroneg\u00f3cio. A avalia\u00e7\u00e3o \u00e9 de M\u00f4nica Rodrigues, oficial de Assuntos Econ\u00f4micos da Comiss\u00e3o Econ\u00f4mica para a Am\u00e9rica Latina e Caribe (Cepal), da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU).<\/p>\n
“Um dos produtos que o Brasil exporta \u00e9 a imagem de governo que apoia a agricultura familiar. \u00c9 muito interessante ver isso quando estamos em outros pa\u00edses. \u00c9 o \u00fanico pa\u00eds da Am\u00e9rica Latina que tem um minist\u00e9rio de desenvolvimento agropecu\u00e1rio focado nos pequenos produtores”, disse M\u00f4nica durante o 2\u00ba F\u00f3rum de Agricultura da Am\u00e9rica do Sul, em Foz do Igua\u00e7u, no Paran\u00e1. “\u00c9 um avan\u00e7o, e o Brasil \u00e9 refer\u00eancia”.<\/p>\n
Segundo M\u00f4nica Rodrigues, a Am\u00e9rica Latina tem experi\u00eancias de alian\u00e7as p\u00fablico-privadas que podem servir de exemplo para o Brasil. “Os recursos s\u00e3o limitados, e o governo tem de eleger \u00e1reas para apoiar. Por isso, acho importante o tema da participa\u00e7\u00e3o privada. Talvez essa seja uma das \u00e1reas em que o Brasil tem a aprender com pa\u00edses latinos. Por ser um pa\u00eds com muitos recursos, possivelmente h\u00e1 depend\u00eancia de pol\u00edticas p\u00fablicas centralizadas pelo Estado”, alertou.<\/p>\n
A representante da Cepap acrescentou que, como o pa\u00eds vive uma democracia, h\u00e1 espa\u00e7o para o di\u00e1logo, na medida em que o governo escuta os entes privados, abre espa\u00e7os para participa\u00e7\u00e3o; “Tamb\u00e9m temos de ver como os agentes privados ocupam, ou n\u00e3o, o espa\u00e7o de participa\u00e7\u00e3o. N\u00e3o basta essa possibilidade. Necessitamos de uma iniciativa privada para que as experi\u00eancias se desenvolvam.”<\/p>\n
Como exemplo, M\u00f4nica usa encontros, na Costa Rica, no Chile e Equador, entre profissionais de tecnologias da informa\u00e7\u00e3o e do setor agr\u00edcola. O governo proporciona o encontro e, a partir da\u00ed, trocam-se experi\u00eancias e implementam-se iniciativas transversais. Segundo ela, s\u00e3o produzidas tecnologias espec\u00edficas para o agroneg\u00f3cio, baseadas nas condi\u00e7\u00f5es e necessidades locais. “S\u00e3o temas importantes para todas as cadeias produtivas, que necessitam articula\u00e7\u00e3o entre temas em que [as pessoas] s\u00f3 precisavam sentar e conversar.”<\/p>\n
Ela explicou que, no Brasil, h\u00e1 o desenvolvimento de tecnologias, liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu\u00e1ria (Embrapa). “Ainda h\u00e1 muita participa\u00e7\u00e3o do Estado”. Atualmente, pelo menos 5 milh\u00f5es de fam\u00edlias vivem da agricultura familiar e produzem a maioria dos alimentos consumidos no Brasil. O modelo de produ\u00e7\u00e3o est\u00e1 em 84% dos estabelecimentos agropecu\u00e1rios e responde por aproximadamente 33% do valor total da produ\u00e7\u00e3o do meio rural, de acordo com o \u00faltimo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat\u00edstica (IBGE).<\/p>\n
Dados do Minist\u00e9rio do Desenvolvimento Agr\u00e1rio indicam que a agricultura familiar representa aproximadamente 25% da \u00e1rea de propriedades agropecu\u00e1rias no Brasil. Na outra ponta, est\u00e1 o agroneg\u00f3cio, que, em 2013, representou 41% do total exportado pelo pa\u00eds.<\/p>\n
Para o professor Ant\u00f4nio Marcio Buainain, do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), com rela\u00e7\u00e3o ao mercado internacional, o desenvolvimento do agroneg\u00f3cio depende da atua\u00e7\u00e3o direta do governo. \u201cN\u00e3o funciona se n\u00e3o tivermos infraestrutura adequada e uma pol\u00edtica macroecon\u00f4mica favor\u00e1vel. O Estado precisa atuar no front internacional, abrindo mercados e aplicando as regulamenta\u00e7\u00f5es adequadas\u201d.<\/p>\n
O 2\u00ba F\u00f3rum de Agricultura da Am\u00e9rica do Sul come\u00e7ou na quinta-feira (27) e foi encerrado nesta sexta-feira em Foz do Igua\u00e7u. Com o tema Inova\u00e7\u00e3o e Sustentabilidade no Campo, o evento discute o agroneg\u00f3cio mundial a partir da realidade sul-americana. (Fonte: Ag\u00eancia Brasil)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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