{"id":112548,"date":"2015-01-30T00:01:21","date_gmt":"2015-01-30T02:01:21","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=112548"},"modified":"2015-01-29T21:31:07","modified_gmt":"2015-01-29T23:31:07","slug":"com-desmatamento-serpentes-do-brasil-perdem-ate-80-de-sua-area-em-30-anoscomente","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2015\/01\/30\/112548-com-desmatamento-serpentes-do-brasil-perdem-ate-80-de-sua-area-em-30-anoscomente.html","title":{"rendered":"Com desmatamento, serpentes do Brasil perdem at\u00e9 80% de sua \u00e1rea em 30 anos"},"content":{"rendered":"
Depois de quatro anos organizando uma rara s\u00edntese de informa\u00e7\u00f5es produzidas durante muitas d\u00e9cadas de trabalho de campo, o bi\u00f3logo Cristiano Nogueira pode finalmente dizer: “Agora conseguimos ver de modo claro que a principal amea\u00e7a \u00e0s serpentes do Brasil \u00e9 uma dram\u00e1tica perda de vegeta\u00e7\u00e3o nativa, que \u00e9 tamb\u00e9m a causa de outros problemas, como essa seca em S\u00e3o Paulo”. Os resultados preliminares indicam que algumas esp\u00e9cies perderam at\u00e9 80% da \u00e1rea de floresta ou campos que ocupavam tr\u00eas d\u00e9cadas atr\u00e1s.<\/p>\n
A perda de espa\u00e7o – associada \u00e0 expans\u00e3o das cidades e da agropecu\u00e1ria, como tamb\u00e9m se passa com outras esp\u00e9cies – implica o desaparecimento de evid\u00eancias da hist\u00f3ria evolutiva n\u00e3o apenas das cobras, mas tamb\u00e9m de outros grupos de seres vivos, que se formaram e ocuparam seus espa\u00e7os ao longo de milh\u00f5es de anos.<\/p>\n
Nogueira espera concluir em 2016 os mais de mil mapas que delimitam com precis\u00e3o esse problema ao comparar as \u00e1reas ocupadas hoje e no passado pelas 380 esp\u00e9cies encontradas no Brasil. \u00c9 a maior diversidade de serpentes do mundo, incluindo as min\u00fasculas e inofensivas cobras-cegas, as jararacas, cascav\u00e9is, corais verdadeiras e falsas, at\u00e9 as maiores, como a jiboia e a sucuri, de at\u00e9 10 metros de comprimento.<\/p>\n
Como pesquisador do Museu de Zoologia da Universidade de S\u00e3o Paulo (MZ-USP), ele coordena um extenso mapeamento, comparando a distribui\u00e7\u00e3o geogr\u00e1fica atual e passada das serpentes brasileiras.<\/p>\n
De acordo com os mapas j\u00e1 prontos, 22 esp\u00e9cies s\u00e3o exclusivas – ou end\u00eamicas – de trechos da caatinga e outras 80 da Mata Atl\u00e2ntica. “Estamos descobrindo as \u00e1reas de endemismo e ao mesmo tempo vendo que as estamos perdendo”, observa Nogueira, \u00e0 frente de uma equipe de 25 especialistas do Brasil e dois da Argentina.<\/p>\n
A Bothrops itapetiningae<\/em>, a menor entre as jararacas, com 40 a 60 cent\u00edmetros de comprimento — os machos t\u00eam cauda mais longa, enquanto as f\u00eameas t\u00eam uma cabe\u00e7a maior -, deve ocupar hoje apenas 20% da \u00e1rea original de h\u00e1 30 anos, que se estendia pelos campos e cerrados desde S\u00e3o Paulo at\u00e9 o centro de Goi\u00e1s e foi intensamente ocupada por planta\u00e7\u00f5es ou cidades.<\/p>\n “O desmatamento chegou at\u00e9 as bordas do Parque Ind\u00edgena do Xingu, no Mato Grosso e Par\u00e1, e do Parque Nacional das Emas, em Goi\u00e1s”, observa Nogueira. “As perdas cresceram muito desde que comecei esse levantamento, em 2010, e agora avan\u00e7am sobre a Floresta Amaz\u00f4nica.”<\/p>\n Outra esp\u00e9cie acuada \u00e9 a jararaca-de-murici (Bothrops muriciensis<\/em>), encontrada apenas em matas de altitude superior a 400 metros em uma esta\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica no munic\u00edpio de Murici, em Alagoas. Marco Antonio de Freitas, pesquisador do Instituto Chico Mendes de Conserva\u00e7\u00e3o da Biodiversidade (ICMBio) que coordenou o trabalho de campo com essa esp\u00e9cie, viu que o desmatamento \u00e9 intenso por l\u00e1, mesmo em \u00e1reas protegidas por lei. N\u00e3o \u00e9 o \u00fanico problema.<\/p>\n “Nas regi\u00f5es Norte e Nordeste ainda n\u00e3o existe um trabalho educativo eficaz, que co\u00edba a matan\u00e7a de serpentes pe\u00e7onhentas. O m\u00e1ximo que se consegue \u00e9 que os moradores n\u00e3o matem as que eles mesmos reconhecem como inofensivas”, disse ele.<\/p>\n Ali e em outros lugares, a maioria das pessoas prefere matar esses bichos, por causa do medo e do asco que despertam, embora a minoria das esp\u00e9cies seja venenosa. Em um estudo de 2014, Freitas relatou que a jaracu\u00e7u-tapete (Bothrops pirajai<\/em>) vive apenas em fragmentos de Mata Atl\u00e2ntica do sul da Bahia, sob as mesmas amea\u00e7as. (Fonte: Ag\u00eancia Fapesp)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A perda de espa\u00e7o – associada \u00e0 expans\u00e3o das cidades e da agropecu\u00e1ria, como tamb\u00e9m se passa com outras esp\u00e9cies – implica o desaparecimento de evid\u00eancias da hist\u00f3ria evolutiva n\u00e3o apenas das cobras, mas tamb\u00e9m de outros grupos de seres vivos, que se formaram e ocuparam seus espa\u00e7os ao longo de milh\u00f5es de anos. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[54,66],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/112548"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=112548"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/112548\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=112548"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=112548"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=112548"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}