{"id":114205,"date":"2015-03-31T00:00:14","date_gmt":"2015-03-31T03:00:14","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=114205"},"modified":"2015-03-30T09:46:09","modified_gmt":"2015-03-30T12:46:09","slug":"residuos-de-laranja-e-banana-podem-contribuir-para-a-producao-de-etanol","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2015\/03\/31\/114205-residuos-de-laranja-e-banana-podem-contribuir-para-a-producao-de-etanol.html","title":{"rendered":"Res\u00edduos de laranja e banana podem contribuir para a produ\u00e7\u00e3o de etanol"},"content":{"rendered":"
Laranja e banana, as duas frutas mais cultivadas no Brasil, podem vir a ser tamb\u00e9m \u2013 devido aos seus res\u00edduos \u2013 importantes fontes complementares para a produ\u00e7\u00e3o de bioetanol veicular. Esse \u00e9 o objetivo da pesquisa \u201cProdu\u00e7\u00e3o de bioetanol utilizando cascas de banana e laranja por cofermenta\u00e7\u00e3o de Zymomonas mobilis<\/em> e Pichia stipitis<\/em>\u201d, apoiada pela FAPESP.<\/p>\n O estudo foi coordenado por Crispin Humberto Garcia Cruz, professor titular da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de S\u00e3o Jos\u00e9 do Rio Preto, e desenvolvido pela doutoranda Michelle Cardoso Coimbra, bolsista da FAPESP.<\/p>\n \u201cClaro que as respostas obtidas em laborat\u00f3rio n\u00e3o podem ser simplesmente extrapoladas para um processo industrial em grande escala. Mas elas permitem uma estimativa. Com base nos valores obtidos em escala laboratorial, se todos os res\u00edduos resultantes das culturas de laranja e banana fossem convertidos em etanol, ter\u00edamos uma produ\u00e7\u00e3o anual de 658 milh\u00f5es de litros\u201d, disse Garcia Cruz \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP.<\/p>\n Cardoso Coimbra descreveu, passo a passo, o processo realizado em laborat\u00f3rio. \u201cInicialmente, as cascas s\u00e3o secas e trituradas. Depois, passam por um pr\u00e9-tratamento de hidr\u00f3lise \u00e1cida, realizada com \u00e1cido sulf\u00farico a 5% (existem outras alternativas de pr\u00e9-tratamento, como a hidr\u00f3lise alcalina, a explos\u00e3o a vapor etc.). O material pr\u00e9-tratado \u00e9 misturado com enzimas em solu\u00e7\u00e3o por cerca de 24 horas.<\/p>\n Ap\u00f3s a hidr\u00f3lise enzim\u00e1tica, a mistura \u00e9 filtrada e desintoxicada com carv\u00e3o ativado para a retirada de compostos inibidores que podem ser formados na etapa da hidr\u00f3lise \u00e1cida. O material \u00e9, ent\u00e3o, utilizado como substrato para fermenta\u00e7\u00e3o, realizada por culturas de Zymomonas mobilis<\/em> e Pichia stipitis<\/em>, produzindo o etanol\u201d.<\/p>\n \u201cCom a utiliza\u00e7\u00e3o da cultura consorciada de Zymomonas mobilis<\/em> e Pichia stipitis<\/em>, a produtividade foi maior, em compara\u00e7\u00e3o com os processos baseados em apenas um dos microrganismos. Isso ocorre porque, com os dois microrganismos, tanto as pentoses quanto as hexoses liberadas com a hidr\u00f3lise das cascas podem ser transformadas em etanol\u201d, comentou Garcia Cruz.<\/p>\n A produ\u00e7\u00e3o brasileira de etanol de cana-de-a\u00e7\u00facar, anidro e hidratado, \u00e9 de aproximadamente 27 bilh\u00f5es de litros por ano. O etanol de res\u00edduo de laranja e banana corresponderia a 2,5% desse volume. Considerando apenas o etanol de cana-de-a\u00e7\u00facar hidratado, que \u00e9 o utilizado como combust\u00edvel, a produ\u00e7\u00e3o anual brasileira \u00e9 de 15 bilh\u00f5es de litros. Neste caso, o percentual do aporte do etanol de res\u00edduo de laranja e banana subiria para 4,3%.<\/p>\n A maior parte desse aporte viria da citricultura.<\/p>\n 12 milh\u00f5es de toneladas de res\u00edduos<\/strong> – O Brasil \u00e9, atualmente, o maior produtor de laranja do mundo, com uma produ\u00e7\u00e3o anual da ordem de 18 milh\u00f5es de toneladas. \u201cMais ou menos 50% do peso da laranja \u00e9 formado pela casca e pelo baga\u00e7o, que s\u00e3o seus principais res\u00edduos. Podemos estimar, portanto, 9 milh\u00f5es de toneladas de res\u00edduo de laranja por ano, que poderiam, idealmente, ser convertidos em 570 milh\u00f5es de litros de etanol\u201d, informou Michelle Cardoso Coimbra.<\/p>\n A banana, a segunda fruta mais cultivada no pa\u00eds, tem uma produ\u00e7\u00e3o anual de aproximadamente 7 milh\u00f5es de toneladas. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu\u00e1ria (Embrapa), de cada 100 quilos de bananas colhidas, 46 quilos n\u00e3o s\u00e3o aproveitados por n\u00e3o atenderem aos padr\u00f5es de consumo. Apenas a produ\u00e7\u00e3o rejeitada gera ao redor de 3 milh\u00f5es de toneladas de res\u00edduos por ano. \u201cTamb\u00e9m idealmente, esse montante poderia ser convertido em 88 milh\u00f5es de litros de etanol\u201d, acrescentou a pesquisadora.<\/p>\n Somando-se os 570 milh\u00f5es de litros provenientes da laranja com os 88 milh\u00f5es de litros resultantes da banana, chega-se ao valor total de 658 milh\u00f5es de litros\/ano.<\/p>\n Os n\u00fameros s\u00e3o, por enquanto, puramente te\u00f3ricos. N\u00e3o existe no Brasil nenhuma usina de produ\u00e7\u00e3o de etanol associada \u00e0 fruticultura. Tais usinas teriam de ser instaladas preferencialmente pr\u00f3ximas \u00e0s \u00e1reas de cultivo dessas frutas, ou adapta\u00e7\u00f5es nas unidades atuais precisariam ser feitas. Al\u00e9m disso, a capta\u00e7\u00e3o e o aproveitamento dos res\u00edduos de frutas dependem de v\u00e1rios fatores. Um deles \u00e9 que a gera\u00e7\u00e3o desses res\u00edduos ocorre em diferentes fases dos ciclos da laranja e da banana: colheita, transporte, revenda e p\u00f3s-consumo.<\/p>\n O outro fator, ainda mais importante, \u00e9 que a produ\u00e7\u00e3o de etanol a partir de res\u00edduos de frutas depende da chamada tecnologia de segunda gera\u00e7\u00e3o, que consiste na quebra das cadeias de celulose e de hemicelulose por meio da hidr\u00f3lise enzim\u00e1tica e no aproveitamento dos a\u00e7\u00facares resultantes.<\/p>\n Custo das enzimas<\/strong> – \u201cUm dos principais gargalos \u00e9 o alto valor das enzimas necess\u00e1rias para a libera\u00e7\u00e3o dos a\u00e7\u00facares na etapa de hidr\u00f3lise da celulose e da hemicelulose. Outro \u00e9 o uso de microrganismos geneticamente modificados ou culturas consorciadas de microrganismos que possam fermentar as hexoses e pentoses liberadas com a hidr\u00f3lise, aumentando assim o rendimento da produ\u00e7\u00e3o de etanol de segunda gera\u00e7\u00e3o\u201d, explicou Garcia Cruz. <\/p>\n A primeira usina de etanol de cana-de-a\u00e7\u00facar de segunda gera\u00e7\u00e3o entrou em opera\u00e7\u00e3o comercial no pa\u00eds no final do ano passado, em S\u00e3o Miguel dos Campos, Alagoas. Essa usina est\u00e1 localizada perto de outras tr\u00eas, que produzem a\u00e7\u00facar e etanol de primeira gera\u00e7\u00e3o, e que vendem parte do res\u00edduo de sua produ\u00e7\u00e3o (palha e baga\u00e7o de cana) para a usina de segunda gera\u00e7\u00e3o. Tal arranjo, fundamental para a redu\u00e7\u00e3o de custos com o transporte, n\u00e3o ocorreria, no curto prazo, no caso dos res\u00edduos de frutas.<\/p>\n Apesar desses sen\u00f5es, os pesquisadores consideram o etanol de res\u00edduos de frutas uma op\u00e7\u00e3o comercialmente promissora. Ainda mais que existiriam subprodutos. \u201cA queima dos res\u00edduos resultantes das v\u00e1rias etapas da produ\u00e7\u00e3o do etanol poderia gerar energia el\u00e9trica. Al\u00e9m disso, para a utiliza\u00e7\u00e3o das cascas de laranja, seria recomendada a extra\u00e7\u00e3o dos \u00f3leos essenciais, compostos principalmente por limoneno, subproduto de interesse para ind\u00fastrias aliment\u00edcias\u201d, afirmou Garcia Cruz. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Pesquisa realizada na Unesp oferece um destino \u00fatil para a grande quantidade de sobras geradas nos ciclos dessas frutas, da colheita ao p\u00f3s-consumo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[172],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/114205"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=114205"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/114205\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=114205"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=114205"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=114205"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}