O Semin\u00e1rio “Paran\u00e1 frente a situa\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica do pa\u00eds”, que aconteceu entre os dias 22 e 24 de junho em Curitiba, abordou os temas que preocupam todos os segmentos da sociedade brasileira, como as informa\u00e7\u00f5es de poss\u00edvel falta de energia el\u00e9trica e seu aumento por custos alternativos de produ\u00e7\u00e3o. O evento contou com o apoio de diversas entidades, como a Copel e a Itaipu.<\/p>\n
O Estado do Paran\u00e1 \u00e9 um dos maiores produtores de energia do pa\u00eds, com cerca de 12 % do total, mas n\u00e3o \u00e9 auto suficiente e n\u00e3o est\u00e1 imune a eventual crise de suprimento, distribui\u00e7\u00e3o ou gera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
O evento reuniu profissionais, setores organizados da economia, acad\u00eamicos e a sociedade em geral, que al\u00e9m de buscarem alternativas, se conscientizaram sobre a complexidade do tema. <\/p>\n
No terceiro e \u00faltimo dia do evento, nesta quarta-feira (24), o debate contou com as presen\u00e7as do Vice-Presidente da FIEP, Helio Bampi, o Superintendente de Eng. da ITAIPU Binacional, Jorge Habib, e o Presidente da COPEL Distribui\u00e7\u00e3o S\/A, Vlademir Santo Daleffe, com os trabalhos sendo moderados pelo Eng\u00ba Luciano Pizzatto.<\/p>\n
Veja os principais pontos debatidos no terceiro dia:<\/em><\/p>\n Segundo o Vice-Presidente da FIEP, Helio Bampi, em um ano o custo de energia el\u00e9trica aumentou 111% acima da m\u00e9dia mundial passando a ser a maior tarifa do mundo. \u201cEm abril chegou ao valor m\u00e9dio de R$534 o KW enquanto que na Argentina est\u00e1 em R$51 KW\u201d.<\/p>\n Ele explicou que os impostos representam o maior impacto na tarifa, sendo que o Brasil tem o maior encargo tribut\u00e1rio do mundo chegando a 31,5% do valor de energia frente a 4,8% na China. \u201cO Paran\u00e1 teve um aumento em um ano de 140% sem contar o aumento de 15% rec\u00e9m-anunciado\u201d. <\/p>\n Segundo ele, o Paran\u00e1 est\u00e1 em 3\u00ba lugar em tributos (PIS, COFINS, ICMS) entre os Estados brasileiros. Nas ind\u00fastrias, a energia el\u00e9trica passou do custo m\u00e9dio de 1,4% para 3,35%. J\u00e1 alguns setores como a metalurgia chegou ao custo de 9,2% e da madeira de 10,61%.<\/p>\n \u201cA COPEL, at\u00e9 2011, tinha o menor custo de energia do Brasil e em 2015 perde para a Eletropaulo e em algumas categorias para a Light e a Cemig.\u201d<\/p>\n Bampi explicou que as proje\u00e7\u00f5es para o futuro indicam a diminui\u00e7\u00e3o da matriz energ\u00e9tica do Brasil, do percentual de energia hidr\u00e1ulica e o aumento do uso da energia t\u00e9rmica, da biomassa e nuclear. Segundo ele, a tend\u00eancia no mundo \u00e9 o aumento das energias alternativas como solar, e\u00f3lica e biomassa.<\/p>\n Ele garantiu que a FIEP considera priorit\u00e1ria a seguran\u00e7a energ\u00e9tica, a garantia de suprimento, a diversifica\u00e7\u00e3o da matriz e a responsabilidade quanto ao meio ambiente, em especial a polui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n As linhas de financiamentos e outras normatiza\u00e7\u00f5es deveriam observar maior realidade a exemplo do financiamento para uso de biomassa, que possui est\u00edmulo de financiamento no BNDES de at\u00e9 1 MW quando deveria ser at\u00e9 5 MW. \u201cExistem s\u00e9rias distor\u00e7\u00f5es regulat\u00f3rias. Defendem avan\u00e7os para redes de distribui\u00e7\u00f5es subterr\u00e2neas onde a ANEEL sequer tem planilhas para remunerar esse tipo de rede.\u201d<\/p>\n Bampi finalizou reconhecendo o esfor\u00e7o da COPEL em mudar a situa\u00e7\u00e3o, inclusive com proposta de projeto de lei apresentada a C\u00e2mara Federal.<\/p>\n O Eng. Da ITAIPU Binacional, Jorge Habib, explanou sobre a composi\u00e7\u00e3o da tarifa onde a ITAIPU possui uma tarifa de custo de US$ 22,60 KW\/m\u00eas e com outras equaliza\u00e7\u00f5es chega a uma tarifa de repasse que inclui a soma do d\u00e9ficit do setor el\u00e9trico totalizando US$ 38,07 KW\/m\u00eas . Em 2023, tal situa\u00e7\u00e3o muda drasticamente quando todos os empr\u00e9stimos estar\u00e3o pagos diminuindo 60% da tarifa de custo e os governos brasileiro e paraguaio dever\u00e3o decidir se baixar\u00e3o ou n\u00e3o as tarifas.<\/p>\n Ele destaca na quest\u00e3o ambiental que, aprovado, o empreendimento que estiver cumprindo as normas n\u00e3o pode ficar parando, \u00e9 necess\u00e1ria seguran\u00e7a jur\u00eddica. <\/p>\n Habib explica que as perdas s\u00e3o fatores de alta relev\u00e2ncia, onde na produ\u00e7\u00e3o de ouro, por exemplo, h\u00e1 uma perda de 35%, de \u00e1gua perdas de 25% e de energia el\u00e9trica 17%, \u00edndices bem acima da m\u00e9dia mundial aceit\u00e1vel. Mas com a redu\u00e7\u00e3o de perdas t\u00e9cnicas, manuten\u00e7\u00e3o, inefici\u00eancia, uso n\u00e3o racional, as perdas podem ser reduzidas de 15% para 10%. \u201cMetas previstas no plano nacional de efici\u00eancia e energ\u00e9tica pretende reduzir at\u00e9 2030 106TWh. O que equivale a uma ITAIPU.\u201d<\/p>\n Segundo ele, \u00e9 necess\u00e1rio rever a legisla\u00e7\u00e3o, por exemplo, para que itens de efici\u00eancia sejam considerados nas licita\u00e7\u00f5es publicas. Tamb\u00e9m melhorar itens como medi\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o, tarifas flex\u00edveis, e educa\u00e7\u00e3o. Mesmo com amplia\u00e7\u00e3o de fontes alternativas continuaremos a ter base hidr\u00e1ulica onde atualmente dos 246GW potencial do Brasil s\u00f3 temos em uso ou em constru\u00e7\u00e3o 106 GW (43%).<\/p>\n O Paran\u00e1 \u00e9 o segundo Estado em pot\u00eancia el\u00e9trica instalada no Brasil considerando s\u00f3 50% de Itaipu, portanto, inova\u00e7\u00e3o \u00e9 essencial. A Itaipu tem investido em alternativas como estimulo ao biog\u00e1s e hidrog\u00eanio. \u201cAtualmente, a quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 somente de tecnologia, mas sim do neg\u00f3cio (taxa de retorno).\u201d<\/p>\n Para o Presidente da COPEL Distribui\u00e7\u00e3o S\/A, Vlademir Santo Daleffe, \u00e9 necess\u00e1rio entender o sistema onde o setor el\u00e9trico \u00e9 dividido e a distribui\u00e7\u00e3o \u00e9 um monop\u00f3lio regulado fortemente, e caso n\u00e3o seja atendida as normas por dois anos em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s metas essa concess\u00e3o \u00e9 perdida. J\u00e1 a gera\u00e7\u00e3o \u00e9 um neg\u00f3cio. A COPEL n\u00e3o tem ganhos na distribui\u00e7\u00e3o e sim na taxa pelo uso da rede. O sistema considera o que a COPEL Distribui\u00e7\u00e3o diz que vai precisar de consumo para o ano e esse indicativo determina a necessidade ou n\u00e3o da compra de nova energia. Quem oferece a gera\u00e7\u00e3o mais barata ganha a venda nesse processo. A COPEL fica com 14% do valor de energia e 86% \u00e9 distribu\u00eddo no custo entre a gera\u00e7\u00e3o, tributos, encargos e custo da Itaipu. Al\u00e9m dessa situa\u00e7\u00e3o a COPEL assume um risco da inadimpl\u00eancia do pagamento dos consumidores. <\/p>\n Daleffe explicou que em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 crise, n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 culpa da chuva: o primeiro fator \u00e9 que nos anos 1950 as hidrel\u00e9tricas consideravam armazenamento para operarem dois anos sem chuva j\u00e1 que em 1950 foi a maior seca h\u00eddrica da hist\u00f3ria. A cerca de 15 anos por press\u00f5es ambientais foram questionados os grandes reservat\u00f3rios e as hidroel\u00e9tricas operam a fio d’\u00e1gua, ou seja, sem reservat\u00f3rios. Assim, usinas como Belo Monte s\u00f3 operar\u00e3o quatro meses por ano. A solu\u00e7\u00e3o na \u00e9poca foi decidir por usinas t\u00e9rmicas para garantir a energia de base considerando que elas s\u00f3 seriam usadas tr\u00eas meses por ano e atualmente est\u00e3o operando sem parar a alto custo de combust\u00edvel. As hidrel\u00e9tricas comparadas ao modelo de 1950 que tinham reservat\u00f3rio para dois anos hoje s\u00f3 suportam 3 meses. Portanto, o segundo grande problema em consequ\u00eancia \u00e9 que o custo da t\u00e9rmica tem de ser repassado. O terceiro problema \u00e9 que o Brasil ainda n\u00e3o \u00e9 um sistema maduro, e os custos do sistema tem que ser amortizados. Enquanto que pa\u00edses com sistema mais antigos j\u00e1 possuem sistemas totalmente pagos.<\/p>\n Nesse quadro o an\u00fancio feito pelo governo federal dois anos atr\u00e1s de baixar o pre\u00e7o de energia em 20%, antecipando amortiza\u00e7\u00f5es foi uma boa ideia, mas n\u00e3o deu certo. \u201cO mercado passou a comprar energia \u00e0 vista e como faltou, teve aumento, pegou as empresas descontratadas aumentando seus custos.\u201d<\/p>\n Em rela\u00e7\u00e3o a energia mais barata em 2011 na COPEL, deve considerar que a energia gerada no Paran\u00e1 n\u00e3o \u00e9 do Paran\u00e1 e sim vendida em leil\u00f5es e com os diversos problemas do setor aconteceram varia\u00e7\u00f5es de pre\u00e7os. Em 2013, o Paran\u00e1 resolveu assumir o esfor\u00e7o de 1 bilh\u00e3o de reais reduzindo 15% ou dando 15% de desconto na tarifa suportando este valor at\u00e9 24 de junho de 2015 e como desses 15% s\u00f3 0,33% \u00e9 da COPEL foi necess\u00e1rio recuperar esse valor com a retirada do desconto em 24 de junho de 2015. <\/p>\n A t\u00edtulo de exemplo das dificuldades dos aumentos dos 33% anunciados em mar\u00e7o 0% ficou para a COPEL, 27% foi encargo CDE e 6% para a Itaipu. <\/p>\n Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s redes subterr\u00e2neas, a base de distribui\u00e7\u00e3o da COPEL \u00e9 a mais depreciada do Brasil e investimentos em redes subterr\u00e2neas exigiriam cobran\u00e7as de tarifas adicionais do consumidor. <\/p>\n Daleffe afirmou que \u00e9 importante considerar que alternativas futuras precisam de investimentos imediatos como a constru\u00e7\u00e3o de gasodutos e outras alternativas. \u201cO futuro para 30 anos necessita de decis\u00f5es imediatas. O futuro indica alternativas com gera\u00e7\u00e3o distribu\u00eddas a exemplo de cada casa gerando sua pr\u00f3pria energia e a distribuidora ser\u00e1 o backup na falta.\u201d <\/p>\n Segundo ele, a energia fotovoltaica no Paran\u00e1 pode ser alternativa na ocupa\u00e7\u00e3o de \u00e1reas rurais sobre lagos e outras grandes regi\u00f5es. \u201cA energia para o consumidor n\u00e3o tem rela\u00e7\u00e3o da sua origem, mas sim do pre\u00e7o e eventualmente de ser mais limpa. \u201cA COPEL mesmo com toda a dificuldade do setor continua sendo considerada a melhor empresa el\u00e9trica do pa\u00eds em todas as avalia\u00e7\u00f5es.\u201d<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" O Estado do Paran\u00e1 \u00e9 um dos maiores produtores de energia do pa\u00eds, com cerca de 12 % do total, mas n\u00e3o \u00e9 auto suficiente e n\u00e3o est\u00e1 imune a eventual crise de suprimento, distribui\u00e7\u00e3o ou gera\u00e7\u00e3o. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":2,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[3],"tags":[35,193],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/116707"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=116707"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/116707\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=116707"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=116707"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=116707"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}