{"id":119137,"date":"2015-09-21T00:00:55","date_gmt":"2015-09-21T03:00:55","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=119137"},"modified":"2015-09-19T14:33:22","modified_gmt":"2015-09-19T17:33:22","slug":"fosseis-mortos-joias-e-ate-um-aviao-as-surpresas-encontradas-com-o-derretimento-das-geleiras","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2015\/09\/21\/119137-fosseis-mortos-joias-e-ate-um-aviao-as-surpresas-encontradas-com-o-derretimento-das-geleiras.html","title":{"rendered":"F\u00f3sseis, mortos, joias e at\u00e9 um avi\u00e3o: as surpresas encontradas com o derretimento das geleiras"},"content":{"rendered":"
Quando os alpinistas se perdem, pode levar d\u00e9cadas at\u00e9 que seus corpos sejam encontrados em meio ao gelo e \u00e0 neve da montanha.<\/p>\n
Mas, com o aumento global das temperaturas, as superf\u00edcies congeladas est\u00e3o diminuindo, o que traz novas esperan\u00e7as para as fam\u00edlias dos mortos.<\/p>\n
“Sempre estou procurando coisas, cores que n\u00e3o pertencem \u00e0 natureza, e com muita frequ\u00eancia as vejo: pit\u00f5es (ferramentas de escalada), mochilas…”, diz Gerold Biner, piloto de resgate nos Alpes.<\/p>\n
“A face oriental do Matterhorn est\u00e1 coberta de coisas. Sempre digo que uma loja para alpinistas poderia ser aberta com tudo que h\u00e1 ali.”<\/p>\n
Mas, h\u00e1 dois anos, Biner notou algo diferente ao p\u00e9 da geleira.
\nEra o corpo do alpinista brit\u00e2nico Jonathan Conville, desaparecido em 1979, que havia ficado exposto depois que o gelo se transformou em \u00e1gua.<\/p>\n
Durante os 34 anos que se seguiram ao acidente, o corpo dele foi deslizando gradualmente para baixo, no interior da geleira.<\/p>\n
Em setembro do ano passado – o m\u00eas que que a capa de gelo \u00e9 menor, no fim do ver\u00e3o – foram encontrados outros dois corpos: o dos japoneses Masayuki Kobaysahi e Michio Oikawa, desaparecidos ap\u00f3s uma tempestade de neve em 1970.<\/p>\n
Tesouros escondidos<\/strong> – Em 2014, tamb\u00e9m foram recuperadas outras coisas dos Alpes: de restos de um avi\u00e3o bombardeiro americano da 2\u00aa Guerra Mundial at\u00e9 uma pilhagem de esmeraldas, rubis e safiras de um voo da Air India que bateu no Mont Blanc em 1966.<\/p>\n Nas \u00faltimas d\u00e9cadas, as geleiras est\u00e3o retrocedendo muito mais r\u00e1pido, explica Martin Grosjean, especialista em geleiras do Instituto Oeschger da Universidade de Berna, na Su\u00ed\u00e7a.<\/p>\n At\u00e9 o gelo que ficou intacto por milhares de anos come\u00e7ou a derreter, dando lugar a uma nova disciplina: a arqueologia de geleiras.<\/p>\n Al\u00e9m de Oetzi, o homem mumificado de 3 mil anos achado na fronteira entre It\u00e1lia e \u00c1ustria em 1991, foram encontrados utens\u00edlios do lar e roupas de mais de 5 mil anos nas montanhas ao sul de Berna.<\/p>\n O material trouxe novos dados sobre uma civiliza\u00e7\u00e3o dos Alpes da Idade do Bronze que se mostrou muito mais sofisticada do que se pensava.<\/p>\n Centenas de pregos de sapatos romanos tamb\u00e9m foram encontrados no gelo.<\/p>\n Esfor\u00e7os v\u00e1lidos?<\/strong> – \u00c0 luz deste achados, n\u00e3o deveria ent\u00e3o ser feito um esfor\u00e7o, sobretudo em setembro, para procurar os alpinistas que se perderam e cujos corpos nunca foram localizados?<\/p>\n A aus\u00eancia de um corpo torna mais dif\u00edcil aceitar que um ser querido n\u00e3o voltar\u00e1.<\/p>\n O problema \u00e9 que “as geleiras avan\u00e7am e retrocedem naturalmente”, disse Grosjean. “Na parte de cima, faz frio e cai neve. Abaixo, o gelo derrete. As geleiras deslizam naturalmente para baixo, o que significa que tudo cai em uma fenda… e mais tarde aparece na parte mais baixa da geleira.”<\/p>\n Em m\u00e9dia, passam-se de 20 a 50 anos at\u00e9 que algo preso \u00e0 geleira seja expulso. Mas o processo pode levar at\u00e9 cem anos.<\/p>\n Quando os arque\u00f3logos de geleiras recuperam corpos ou artefatos da montanha, isso geralmente ocorre em \u00e1reas em que o gelo n\u00e3o est\u00e1 se movendo, porque a \u00e1rea n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o inclinada ou porque o bloco de gelo n\u00e3o \u00e9 suficientemente grande ou pesado. Mas sempre h\u00e1 exce\u00e7\u00f5es.<\/p>\n Segundo Martin Callanan, pesquisador da Universidade Norueguesa de Ci\u00eancia e Tecnologia, a situa\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o simples.<\/p>\n “O mundo gelado aqui em cima \u00e9 terrivelmente complexo – t\u00e3o complexo como a massa de terra que est\u00e1 abaixo com suas margens, valas e fissuras. Simplesmente n\u00e3o sabemos onde ou quando podem aparecer restos congelados antigos”.<\/p>\n \u00c0 medida que o degelo avan\u00e7a, os corpos dos montanhistas perdidos, diz, podem surgir de zonas de uma geleira em movimento que, por alguma raz\u00e3o, permaneceram est\u00e1ticas.<\/p>\n Biner n\u00e3o acredita que seja uma boa ideia buscar sistematicamente os alpinistas desaparecidos h\u00e1 anos. Katrina Taee, irm\u00e3 de Jonathan Conville, concorda.<\/p>\n “Claro que, em princ\u00edpio, voc\u00ea est\u00e1 desesperado para encontr\u00e1-los vivos”, diz.<\/p>\n “Mas voc\u00ea sabe que, a cada vez que algu\u00e9m sobre o Matterhorn, h\u00e1 muitos riscos. Pessoalmente, n\u00e3o quero que ningu\u00e9m se coloque em uma situa\u00e7\u00e3o de risco pelo meu irm\u00e3o”, afirma.<\/p>\n “Para que arriscar uma vida por algu\u00e9m que morreu h\u00e1 muito tempo?” (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"