{"id":119624,"date":"2015-10-08T00:00:54","date_gmt":"2015-10-08T03:00:54","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=119624"},"modified":"2015-10-07T09:21:22","modified_gmt":"2015-10-07T12:21:22","slug":"inundacoes-costeiras-em-santos-podem-causar-prejuizos-bilionarios","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2015\/10\/08\/119624-inundacoes-costeiras-em-santos-podem-causar-prejuizos-bilionarios.html","title":{"rendered":"Inunda\u00e7\u00f5es costeiras em Santos podem causar preju\u00edzos bilion\u00e1rios"},"content":{"rendered":"
A inunda\u00e7\u00e3o de \u00e1reas costeiras das zonas sudeste e noroeste de Santos, causada pela combina\u00e7\u00e3o da eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar com ressacas, mar\u00e9s meteorol\u00f3gicas e astron\u00f4micas e eventos clim\u00e1ticos extremos, pode causar preju\u00edzos acumulados de quase R$ 2 bilh\u00f5es at\u00e9 2100 se n\u00e3o forem implementadas medidas de adapta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
A estimativa \u00e9 de um estudo internacional, realizado por pesquisadores do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), dos Institutos Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Geol\u00f3gico (IG) e das Universidades de S\u00e3o Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com colegas da University of South Florida, dos Estados Unidos, do King\u2019s College London, da Inglaterra, al\u00e9m de t\u00e9cnicos da Prefeitura Municipal de Santos.<\/p>\n
Os resultados do estudo, que fazem parte do projeto \u201cUma estrutura integrada para analisar tomada de decis\u00e3o local e capacidade adaptativa para mudan\u00e7a ambiental de grande escala: estudos de casos de comunidades no Brasil, Reino Unido e Estados Unidos\u201d, apoiado pela FAPESP, no \u00e2mbito de um acordo de coopera\u00e7\u00e3o com o Belmont Forum, foram apresentados na \u00faltima quarta-feira (30\/09) a representantes da sociedade civil de Santos.<\/p>\n
Durante o encontro, os pesquisadores mostraram \u00e0s lideran\u00e7as locais proje\u00e7\u00f5es de eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar e de impactos econ\u00f4micos at\u00e9 2050 e 2100 nas regi\u00f5es sudeste e noroeste de Santos \u2013 que j\u00e1 t\u00eam sido impactadas pelo aumento do n\u00edvel do mar e atua\u00e7\u00e3o de eventos extremos \u2013 e discutiram poss\u00edveis medidas de adapta\u00e7\u00e3o para minimizar os riscos.<\/p>\n
\u201cN\u00e3o \u00e9 preciso esperar 20 ou 30 anos para sentir os efeitos da eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar. \u00c9 poss\u00edvel implementar agora medidas de adapta\u00e7\u00e3o para minimizar os potenciais danos econ\u00f4micos\u201d, disse Jos\u00e9 Marengo, pesquisador titular do Cemaden e coordenador do projeto do lado do Brasil, \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP.<\/p>\n
Os pesquisadores constataram por meio de dados sobre mudan\u00e7as no n\u00edvel do mar em Santos \u2013 obtidos por mar\u00e9grafos na regi\u00e3o no per\u00edodo entre 1945 e 1990 e por altimetria de sat\u00e9lite entre 1993 e 2013 \u2013, que ele aumentou, em m\u00e9dia, 3 mil\u00edmetros nos \u00faltimos anos na cidade.<\/p>\n
Com base nessa constata\u00e7\u00e3o, eles estimaram que o n\u00edvel do mar na cidade pode aumentar entre 18 e 30 cent\u00edmetros at\u00e9 2050 e entre 36 cent\u00edmetros e 1 metro em 2100.<\/p>\n
A combina\u00e7\u00e3o dessa eleva\u00e7\u00e3o com uma sobreleva\u00e7\u00e3o causada por uma ressaca forte (ondas elevadas e mar\u00e9 meteorol\u00f3gica) e numa fase de mar\u00e9 de sig\u00edzia (mar\u00e9 astron\u00f4mica de maior amplitude, que ocorre durante as luas cheia e nova, quando o Sol e a Lua est\u00e3o alinhados em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Terra e h\u00e1 maior atra\u00e7\u00e3o gravitacional), pode resultar em um r\u00e1pido aumento do n\u00edvel do mar em Santos de 90 cent\u00edmetros at\u00e9 2050 e 95 cm at\u00e9 2100.<\/p>\n
Nessas condi\u00e7\u00f5es, as regi\u00f5es sudeste e noroeste de Santos seriam ainda mais inundadas pelo mar e haveria maior eros\u00e3o da praia.<\/p>\n
\u201cA plan\u00edcie costeira de Santos apresenta declividades muito baixas [menores de 2%] e altimetrias inferiores a 3 metros. Al\u00e9m disso, o n\u00edvel do len\u00e7ol fre\u00e1tico da cidade \u00e9 muito raso, o que a torna muito suscet\u00edvel a inunda\u00e7\u00f5es provocadas pelo mar e alagamentos devido \u00e0s chuvas intensas\u201d, explicou Joseph Harari, professor do Instituto de Oceanografia (IO) da USP e participante do projeto.<\/p>\n
Aumento de ressacas<\/strong> – Os impactos relacionados com a eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar, combinada com mar\u00e9s meteorol\u00f3gicas e astron\u00f4micas e eventos meteorol\u00f3gicos, j\u00e1 est\u00e3o sendo sentidos em Santos h\u00e1 algumas d\u00e9cadas.<\/p>\n Um estudo realizado por Celia Regina de Gouveia Souza, pesquisadora do Instituto Geol\u00f3gico e participante do projeto, constatou que o n\u00famero de ressacas registradas na cidade teve um salto a partir do final da d\u00e9cada de 1990.<\/p>\n Em 2010, por exemplo, foram registrados na cidade 15 eventos de ressaca, contra um n\u00famero m\u00e1ximo de 4 por ano entre 1960 e in\u00edcio dos anos de 1990.<\/p>\n A pior ressaca do mar na cidade foi registrada em 2005 e levou a prefeitura municipal a colocar um anteparo de pedra no final da Ponta da Praia \u2013 regi\u00e3o que tem sofrido com eros\u00e3o costeira acelerada (perda de faixa de praia) desde o come\u00e7o da d\u00e9cada de 1940, com a constru\u00e7\u00e3o da avenida \u00e0 beira-mar sobre a praia.<\/p>\n A ressaca do mar, segundo a pesquisadora, est\u00e1 associada com o desenvolvimento de ciclones extratropicais, formados no sul da Am\u00e9rica do Sul e que avan\u00e7am pela regi\u00e3o Sudeste do Brasil, gerando ondas de alta energia e sobreleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar (mar\u00e9 meteorol\u00f3gica positiva), al\u00e9m de frentes frias que podem trazer muita chuva nas regi\u00f5es costeiras.<\/p>\n \u201cA intensidade dos impactos gerados na orla pela conjuga\u00e7\u00e3o dessas condi\u00e7\u00f5es com a eleva\u00e7\u00e3o atual do n\u00edvel do mar est\u00e1 aumentando, mas ainda n\u00e3o sabemos se a magnitude dos eventos tem se modificado\u201d, afirmou Gouveia.<\/p>\n A regi\u00e3o noroeste da cidade, por exemplo \u2013 onde est\u00e3o concentrados im\u00f3veis cujo valor venal \u00e9, em geral, inferior aos da Ponta da Praia e onde vivem cerca de 83 mil pessoas \u2013, sofre periodicamente com inunda\u00e7\u00f5es, provocadas por mar\u00e9s positivas e de siz\u00edgia, al\u00e9m de enchentes.<\/p>\n J\u00e1 a regi\u00e3o sudeste \u2013 onde est\u00e3o situados os im\u00f3veis de padr\u00e3o mais elevado na cidade e onde vivem cerca de 34 mil habitantes \u2013 \u00e9 afetada por alagamentos, causados por chuvas fortes, mas principalmente pela eros\u00e3o costeira, que vem se agravando muito na Ponta da Praia.<\/p>\n \u201cEssas duas regi\u00f5es t\u00eam padr\u00f5es diferentes de uso e ocupa\u00e7\u00e3o do solo, que geram vulnerabilidades e, portanto, danos e perdas tamb\u00e9m diferentes em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s proje\u00e7\u00f5es de eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar\u201d, explicou Souza.<\/p>\n C\u00e1lculo de perdas<\/strong> – Os pesquisadores estimaram os poss\u00edveis danos econ\u00f4micos de inunda\u00e7\u00f5es costeiras nas zonas sudeste e noroeste de Santos, causadas pela eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar nos diferentes cen\u00e1rios projetados para 2050 e 2100, combinadas com uma sobreleva\u00e7\u00e3o da mar\u00e9 em 1,6 metros em 2050 e 1,66 metro em 2100, provocada por um evento extremo com ocorr\u00eancia de uma vez a cada 100 anos.<\/p>\n Para isso, eles usaram um software de geoprocessamento chamado COAST (sigla de Coastal Adaptation to Sea Level Rise Tool), desenvolvido por uma empresa americana.<\/p>\n O software mensura os potenciais danos em ativos imobili\u00e1rios provocados por inunda\u00e7\u00e3o costeira a partir de dados da eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar, de mar\u00e9s astron\u00f4micas e meteorol\u00f3gicas e dados espaciais georreferenciados, cruzados com o valor venal do terreno (a soma do que foi gasto na constru\u00e7\u00e3o do im\u00f3vel com o valor estimado do terreno), fornecidos pela prefeitura.<\/p>\n As proje\u00e7\u00f5es indicaram que a zona sudeste da cidade dever\u00e1 ser a mais impactada nos tr\u00eas diferentes cen\u00e1rios de eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar projetados para 2050 e 2100.<\/p>\n Se n\u00e3o for adotada nenhuma medida de adapta\u00e7\u00e3o para uma eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar em um metro at\u00e9 2100 \u2013 em um cen\u00e1rio mais extremo \u2013, os danos econ\u00f4mico podem ser de R$ 1,3 bilh\u00e3o na regi\u00e3o sudeste e de R$ 483,8 milh\u00f5es na zona noroeste, estimam os pesquisadores.<\/p>\n \u201cO COAST e outros modelos matem\u00e1ticos ainda n\u00e3o s\u00e3o capazes de estimar a resili\u00eancia e a resist\u00eancia dos ambientes, como por exemplo, como uma praia responde a uma eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar, ou como um manguezal consegue retardar o avan\u00e7o do mar sobre \u00e1reas estuarinas\u201d, afirmou Souza.<\/p>\n \u201cDe qualquer forma, \u00e9 preciso estudar e adotar medidas de adapta\u00e7\u00e3o para minimizar os poss\u00edveis impactos socioecon\u00f4micos\u201d, ponderou.<\/p>\n Algumas das medidas de adapta\u00e7\u00e3o que est\u00e3o sendo adotadas no mundo para enfrentar as inunda\u00e7\u00f5es e a eros\u00e3o costeira causadas pelo aumento do n\u00edvel do mar s\u00e3o barreiras naturais, como faixas de manguezais, implementadas em Palm Beach, na Fl\u00f3rida; engordamento de praia, como feito em Cuba e Miami; diques flutuantes, adotados em Veneza, na It\u00e1lia; e readequa\u00e7\u00f5es nos projetos de casas e pr\u00e9dios, para torn\u00e1-los mais resilientes ao avan\u00e7o do mar, como feito em Hamburgo, na Alemanha.<\/p>\n Em Santos, os participantes do workshop discutiram e indicaram algumas medidas de adapta\u00e7\u00e3o mais vi\u00e1veis para a cidade.<\/p>\n As propostas ser\u00e3o incorporadas ao sistema COAST e avaliadas pelos pesquisadores nos pr\u00f3ximos dois meses.<\/p>\n As propostas mais indicadas para serem implementadas, em termos de custo e prazo, ser\u00e3o apresentadas em um workshop previsto para ocorrer no dia 1\u00ba de dezembro.<\/p>\n \u201cA adapta\u00e7\u00e3o \u00e9 um processo caro. Mas \u00e9 muito mais custoso se n\u00e3o for feito nada\u201d, avaliou Marengo. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Danos econ\u00f4micos provocados pela eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar com eventos meteorol\u00f3gicos extremos associados a ressacas podem chegar a quase R$ 2 bilh\u00f5es se n\u00e3o forem implementadas medidas de adapta\u00e7\u00e3o, estima estudo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[259,46,191],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/119624"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=119624"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/119624\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=119624"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=119624"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=119624"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}