O Pr\u00eamio Nobel de Qu\u00edmica de 2015 foi para tr\u00eas pesquisadores que descobriram mecanismos biomoleculares naturais que reparam erros no DNA, a mol\u00e9cula que cont\u00e9m as informa\u00e7\u00f5es para o desenvolvimento e funcionamento dos seres vivos.<\/p>\n
Paul Modrich, 68, americano, Aziz Sancar, 69, turco e Tomas Lindahl, 77, sueco, dividem os 8 milh\u00f5es de coroas suecas (US$ 963 mil) do pr\u00eamio em tr\u00eas partes iguais.<\/p>\n
Modrich trabalha na Universidade Duke, de Durham (EUA), Sancar, na Universidade da Carolina do Norte (EUA), e Lindahl, no Instituto Francis Crick, de Hertfordshire (Reino Unido).<\/p>\n
O DNA \u00e9 uma mol\u00e9cula relativamente inst\u00e1vel e sua composi\u00e7\u00e3o pode ser danificada por raios ultravioleta, por subst\u00e2ncias t\u00f3xicas e por pr\u00f3prio processo de duplica\u00e7\u00e3o, que envolve uma qu\u00edmica sofisticada.<\/p>\n
Os cientistas que receberam o Nobel de qu\u00edmica neste ano descobriram mecanismos que existem em praticamente todos os seres vivos e servem como “caixas de ferramentas” naturais para consertar esses defeitos que surgem espontaneamente.<\/p>\n
Controle de erros<\/strong> – A estrutura do DNA foi descoberta em 1953, e at\u00e9 a d\u00e9cada de 1970, cientistas ainda acreditavam que ele fosse uma mol\u00e9cula est\u00e1vel. Trabalhos de Lindahl, por\u00e9m, mostraram que o DNA era t\u00e3o fr\u00e1gil que tornaria imposs\u00edvel a exist\u00eancia da vida sem um meio de prote\u00e7\u00e3o. O pr\u00f3prio sueco passou a investigar o problema e descobriu um mecanismo chamado de “repara\u00e7\u00e3o por excis\u00e3o de base”, que fica em alerta para erros na c\u00f3pia das bases nitrogenadas que comp\u00f5em as “letras” do c\u00f3digo do DNA.<\/p>\n Esse processo, por\u00e9m, n\u00e3o dava conta de explicar toda a estrat\u00e9gia da mol\u00e9cula para se manter est\u00e1vel. Sancar, ent\u00e3o, passou a estudar danos que os raios ultravioleta causam aos cromossomos. Ele descobriu o “reparo por excis\u00e3o de nucleot\u00eddeo”, que detecta danos extra\u00eddos em peda\u00e7os maiores da mol\u00e9cula. Nucleot\u00eddeos incluem segmentos do “eixo” no qual as “letras” s\u00e3o afixadas. Pessoas que nascem com defeitos cong\u00eanitos nesse sistema de reparo s\u00e3o extremamente suscept\u00edveis a c\u00e2ncer de pele.<\/p>\n Modrich, por sua vez, descobriu um sistema batizado de “reparo de pareamentos errados” (mismatch repair), que detecta erros de c\u00f3pia quando o DNA \u00e9 replicado para a divis\u00e3o celular. Problemas nesse mecanismo tamb\u00e9m est\u00e3o ligados a alguns tipos de c\u00e2ncer.<\/p>\n Os mecanismos descobertos pelos pesquisadores est\u00e3o todos ligados a enzimas, prote\u00ednas que promovem rea\u00e7\u00f5es bioqu\u00edmicas, produzidas pelo organismos. Elas s\u00e3o capazes de detectar erros no DNA, remover partes da mol\u00e9cula, e recolocar as pe\u00e7as faltantes.<\/p>\n Aplica\u00e7\u00f5es m\u00e9dicas<\/strong> – Lindahl, que concedeu na manh\u00e3 de quarta-feira uma entrevista coletiva por telefone, se disse surpreso com o an\u00fancio do pr\u00eamio. “Eu sabia que, ocasionalmente, em outros anos meu nome j\u00e1 havia sido considerado para o pr\u00eamio, mas at\u00e9 a\u00ed, centenas de outras pessoas tamb\u00e9m foram” afirmou. “Me sinto muito sortudo e orgulhoso.”<\/p>\n Na entrevista, o cientista ressaltou a import\u00e2ncia do estudo dos mecanismos de reparos de DNA para o desenvolvimento de medicamentos.<\/p>\n “Droga contra o c\u00e2ncer frequentemente agem danificando o DNA da c\u00e9lula tumoral para tentar mat\u00e1-la, e a c\u00e9lula tumoral reage tentando reparar seu DNA”, explicou. “\u00c9 uma faca de dois gumes: somos gratos por ter reparo de DNA, mas n\u00e3o nos agrada que as c\u00e9lulas tumorais o tenham tamb\u00e9m. Temos de compreender esses mecanismos para que possamos fornecer boas terapias seletivamente.”<\/p>\n Segundo o cientista, medicamentos que tentam atacar parasitas como v\u00edrus e bact\u00e9rias tamb\u00e9m tem esse aspecto em foco. “Os mecanismos de reparo de DNA s\u00e3o distribuidos universalmente: todas as c\u00e9lulas vivas possuem esquemas que s\u00e3o mais ou menos eficientes”, explicou. “Tentamos identificar alvos fr\u00e1geis em pat\u00f3genos que atuam reparando DNA para que possamos tentar danific\u00e1-los.”<\/p>\n Combate ao c\u00e2ncer<\/strong> – Sancar, em entrevista para a ag\u00eancia de not\u00edcias Reuters, tamb\u00e9m se disse surpreso com o Nobel. “Eu fiz trabalhos significativos para merecer o pr\u00eamio, mas n\u00e3o o estava esperando neste ano”, afirmou. “Eu nem sabia que havia sido indicado.”<\/p>\n O pesquisador disse acreditar que a import\u00e2ncia dos mecanismos de reparo de DNA para pesquisas de preven\u00e7\u00e3o e tratamento do c\u00e2ncer foram o fator primordial na decis\u00e3o do Nobel em premiar sua linha de pesquisa. (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Eles s\u00e3o Paul Modrich (EUA), Aziz Sancar (Turquia) e Tomas Lindahl (Su\u00e9cia). 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