{"id":121034,"date":"2015-11-25T00:00:48","date_gmt":"2015-11-25T02:00:48","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=121034"},"modified":"2015-11-24T10:30:20","modified_gmt":"2015-11-24T12:30:20","slug":"cerco-ao-churrasco-estudo-propoe-cortar-na-carne-contra-mudancas-climaticas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2015\/11\/25\/121034-cerco-ao-churrasco-estudo-propoe-cortar-na-carne-contra-mudancas-climaticas.html","title":{"rendered":"Cerco ao churrasco? Estudo prop\u00f5e ‘cortar na carne’ contra mudan\u00e7as clim\u00e1ticas"},"content":{"rendered":"
Voc\u00ea sabia que cortando o seu churrasquinho de fim de semana pode estar ajudando a combater a seca que desatou a crise da falta d’\u00e1gua em S\u00e3o Paulo ou o derretimento das geleiras no \u00c1rtico?<\/p>\n
Pelo menos \u00e9 o que sugere um estudo brit\u00e2nico que defende que comer muita carne n\u00e3o s\u00f3 faz mal \u00e0 sa\u00fade, como tamb\u00e9m faz mal ao planeta \u2013 e prop\u00f5e uma s\u00e9rie de medidas para reduzir o consumo do produto no mundo.<\/p>\n
No estudo “Changing climate, changing diets” (Mudando o clima, mudando a dieta), publicado semanas ap\u00f3s um relat\u00f3rio da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) recomendar um limite no consumo de carne vermelha e relacionar a ingest\u00e3o de carnes processadas a um aumento do risco de c\u00e2ncer colorretal, pesquisadores do centro de estudos Chatham House (tamb\u00e9m conhecido como Instituto Real de Assuntos Internacionais) dizem que a ado\u00e7\u00e3o de uma dieta “sustent\u00e1vel” \u2013 com n\u00edveis moderados de consumo de carne vermelha – poderia contribuir com um quarto da meta global de cortes na emiss\u00e3o de gases causadores do efeito estufa at\u00e9 2050.<\/p>\n
A pesquisa, divulgada nesta ter\u00e7a-feira, diz que o consumo global de carne tende a aumentar 76% at\u00e9 meados do s\u00e9culo e que em pa\u00edses industrializados j\u00e1 se come, em m\u00e9dia, duas vezes mais carne do que os especialistas recomendam.<\/p>\n
“O resto da popula\u00e7\u00e3o global n\u00e3o pode convergir para os n\u00edveis de consumo de carne dos pa\u00edses desenvolvidos sem que haja um custo social e ambiental imenso” diz. “S\u00e3o padr\u00f5es incompat\u00edveis com o objetivo de evitar o aquecimento global.”<\/p>\n
“\u00c9 claro que n\u00e3o estamos defendendo que todos devem se tornar vegetarianos”, explicou \u00e0 BBC Brasil Antony Froggatt, que assina o estudo junto com as pesquisadoras Laura Wellesley e Catherine Happer. “Mas sim que s\u00e3o necess\u00e1rias pol\u00edticas que ajudem a informar melhor a popula\u00e7\u00e3o sobre o problema e favore\u00e7am n\u00edveis de consumo de carne mais saud\u00e1veis e sustent\u00e1veis, reduzindo o excesso onde ele existe.”<\/p>\n
O relat\u00f3rio menciona dados da FAO, bra\u00e7o da ONU para a agricultura e alimenta\u00e7\u00e3o, segundo os quais a cria\u00e7\u00e3o de animais para o abate ou a produ\u00e7\u00e3o de leite e ovos responde por 15% das emiss\u00f5es globais de gases do efeito estufa \u2013 o equivalente \u00e0s emiss\u00f5es de todos os carros, caminh\u00f5es, barcos, trens e avi\u00f5es que circulam mundo afora.<\/p>\n
O problema estaria em parte ligado ao fato de que a digest\u00e3o de gado bovino libera uma grande quantidade de g\u00e1s metano, um dos grandes vil\u00f5es do efeito estufa. Tamb\u00e9m haveria um efeito negativo derivado do desmatamento para forma\u00e7\u00e3o de pastagens e de gases emitidos com a aplica\u00e7\u00e3o de adubos e fertilizantes sint\u00e9ticos.<\/p>\n
O estudo da Chatham House faz um levantamento exclusivo sobre as atitudes de pessoas de 12 pa\u00edses \u2013 entre eles o Brasil \u2013 sobre o consumo de carne, a rela\u00e7\u00e3o entre a cria\u00e7\u00e3o de animais e as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas e poss\u00edveis pol\u00edticas p\u00fablicas para lidar com a quest\u00e3o. O objetivo, segundo seus autores, seria entender “como o ciclo de in\u00e9rcia pode ser quebrado e uma din\u00e2mica positiva de a\u00e7\u00e3o do governo e da sociedade pode ser criado.”<\/p>\n
Entre as medidas propostas est\u00e3o pol\u00edticas para expandir a oferta de alimentos que sejam uma alternativa \u00e0 carne, mudan\u00e7as nos card\u00e1pios nas escolas e outras institui\u00e7\u00f5es p\u00fablicas, o estabelecimento de diretrizes internacionais sobre o que seria uma dieta “sustent\u00e1vel e saud\u00e1vel” e o fim dos subs\u00eddios aos produtores de carne onde eles existem.<\/p>\n
C\u00e1lculos<\/strong> – N\u00e3o \u00e9 de hoje que os cientistas tem tentado entender o impacto ambiental da produ\u00e7\u00e3o pecu\u00e1ria e medir a emiss\u00e3o de gases poluentes nessa atividade.<\/p>\n Em 2009, um grupo de pesquisadores brasileiros ligados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concluiu que a pecu\u00e1ria poderia ser respons\u00e1vel por quase 50% das emiss\u00f5es totais de gases de efeito estufa no pa\u00eds.<\/p>\n No mesmo ano, durante a Confer\u00eancia da ONU sobre Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas em Copenhague (COP 15), o Brasil se comprometeu a cortar suas emiss\u00f5es entre 36,1% e 38,9% at\u00e9 2020. E, como o pa\u00eds tem um dos maiores rebanhos bovinos comerciais do planeta, h\u00e1 certo consenso de que, para fazer isso, precisa reduzir as emiss\u00f5es do setor pecu\u00e1rio.<\/p>\n A resposta a esse problema, por\u00e9m, divide pesquisadores, ativistas e associa\u00e7\u00f5es de produtores em uma guerra de argumentos e n\u00fameros.<\/p>\n Para alguns, a solu\u00e7\u00e3o passa por uma redu\u00e7\u00e3o do consumo “excessivo”, como defendem especialistas da Chatham House \u2013 que mencionam recomenda\u00e7\u00f5es como as do Fundo Mundial para Pesquisas de C\u00e2ncer, de que a ingest\u00e3o de carne vermelha deve ser limitada a uma m\u00e9dia de 70 gr por dia (cerca de 500 gr por semana).<\/p>\n Escolas municipais de cidades como S\u00e3o Paulo e Curitiba, por exemplo, h\u00e1 alguns anos v\u00eam aderindo \u00e0 campanha Segunda-feira sem Carne, que se prop\u00f5e a “conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de produtos de origem animal para alimenta\u00e7\u00e3o tem sobre os animais, a sociedade, a sa\u00fade humana e o planeta”. A campanha, apoiada no Brasil pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) existe em 35 pa\u00edses e no Reino Unido, \u00e9 apadrinhada pelo ex-beatle Paul McCartney.<\/p>\n Para outros especialistas e associa\u00e7\u00f5es setoriais, por\u00e9m, a chave para resolver a quest\u00e3o \u00e9 melhorar a produtividade da pecu\u00e1ria e incorporar ao setor tecnologias capazes de reduzir suas emiss\u00f5es de poluentes.<\/p>\n P\u00e9ricles Salazar, presidente Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Frigor\u00edficos (Abrafrigo), por exemplo, considera as propostas de redu\u00e7\u00e3o do consumo “absurdas” e “sem base cient\u00edfica s\u00f3lida”.<\/p>\n Rodrigo Justos de Brito, Presidente da Comiss\u00e3o de Meio Ambiente da Confedera\u00e7\u00e3o da Agricultura e Pecu\u00e1ria do Brasil (CNA), considera razo\u00e1vel que haja uma conscientiza\u00e7\u00e3o sobre o consumo excessivo na esfera individual \u2013 “porque, afinal, tudo que \u00e9 feito em excesso pode fazer mal”.<\/p>\n Ele n\u00e3o acredita, por\u00e9m, que essa seja uma resposta para a quest\u00e3o do impacto ambiental do setor.<\/p>\n “S\u00f3 com as melhorias no sistema produtivo da pecu\u00e1ria calculamos que podemos reduzir suas emiss\u00f5es (de gases de efeito estufa) para um ter\u00e7o, o que significa que conseguir\u00edamos criar tr\u00eas vezes mais animais sem que houvesse um aumento do impacto ambiental nesse sentido”, diz Brito.<\/p>\n Entre essas melhorias t\u00e9cnicas estariam a recupera\u00e7\u00e3o das pastagens (que aumenta o carbono “capturado” pela vegeta\u00e7\u00e3o e permite uma produ\u00e7\u00e3o maior em uma \u00e1rea menor), a redu\u00e7\u00e3o do tempo necess\u00e1rio para o abate dos animais e a ado\u00e7\u00e3o de uma nutri\u00e7\u00e3o mais adequada, para reduzir a emiss\u00e3o de g\u00e1s metano.<\/p>\n “Para entender o impacto potencial de melhorias como essas, basta lembrar que se estiv\u00e9ssemos criando boi com as mesmas t\u00e9cnicas e produtividade de 50 anos atr\u00e1s, a Amaz\u00f4nia provavelmente n\u00e3o existiria mais”, afirma Brito.<\/p>\n Para o engenheiro agr\u00f4nomo S\u00e9rgio De Zen, da USP, tamb\u00e9m \u00e9 necess\u00e1rio aprimorar os sistemas de medi\u00e7\u00e3o para que se possa entender como a emiss\u00e3o de gases do efeito de estufa pode variar de acordo com especificidades de diferentes sistemas de produ\u00e7\u00e3o pecu\u00e1ria.<\/p>\n “O pr\u00f3prio estudo da FAO (que mostra as emiss\u00f5es do setor como equivalentes \u00e0s dos ve\u00edculos), por exemplo, n\u00e3o considera o efeito positivo da captura de g\u00e1s carb\u00f4nico pela vegeta\u00e7\u00e3o, no caso de gado criado no pasto”, diz ele.<\/p>\n Para Zen, mesmo que o consumo seja de fato reduzido nos pa\u00edses desenvolvidos em resposta a campanhas e estudos como o da Chatham House, existe um n\u00famero grande de pessoas na \u00c1sia e outras regi\u00f5es que hoje comem menos carne que o recomendado \u2013 e devem passar a ter acesso ao produto, conforme seus pa\u00edses cres\u00e7am e se desenvolvam.<\/p>\n “\u00c9 razo\u00e1vel esperar que o consumo do continue a crescer em fun\u00e7\u00e3o disso, por isso acho que a chave para reduzir as emiss\u00f5es do setor est\u00e1 mesmo na produ\u00e7\u00e3o”, opina. (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Estudo brit\u00e2nico diz que medidas para reduzir consumo de carne s\u00e3o essenciais para conter aquecimento global; para produtores, melhorias tecnol\u00f3gicas j\u00e1 reduzem impacto da produ\u00e7\u00e3o. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[58,292,46],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/121034"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=121034"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/121034\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=121034"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=121034"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=121034"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}