{"id":127052,"date":"2016-07-27T00:00:51","date_gmt":"2016-07-27T03:00:51","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=127052"},"modified":"2016-07-24T19:40:24","modified_gmt":"2016-07-24T22:40:24","slug":"treinamento-de-forca-minimiza-prejuizos-de-dieta-rica-em-gordura","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2016\/07\/27\/127052-treinamento-de-forca-minimiza-prejuizos-de-dieta-rica-em-gordura.html","title":{"rendered":"Treinamento de for\u00e7a minimiza preju\u00edzos de dieta rica em gordura"},"content":{"rendered":"
Os exerc\u00edcios aer\u00f3bicos, como caminhada, corrida ou nata\u00e7\u00e3o, s\u00e3o os mais prescritos por m\u00e9dicos e educadores f\u00edsicos na preven\u00e7\u00e3o e no tratamento de doen\u00e7as associadas \u00e0 obesidade e \u00e0 m\u00e1 alimenta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Por\u00e9m, um estudo brasileiro publicado na revista Life Sciences mostrou que a pr\u00e1tica de exerc\u00edcios resistidos em ratos \u2013 similar \u00e0 muscula\u00e7\u00e3o ou treinamento funcional em humanos \u2013 tamb\u00e9m pode prevenir altera\u00e7\u00f5es cardiovasculares e metab\u00f3licas induzidas por uma dieta rica em gordura.<\/p>\n
No entanto, praticado em intensidade moderada, como foi o caso do estudo, o treinamento de for\u00e7a n\u00e3o evitou o ganho de peso.<\/p>\n
Os experimentos com ratos foram feitos durante o doutorado de Guilherme Speretta, bolsista da FAPESP, sob a orienta\u00e7\u00e3o de D\u00e9bora S. A. Colombari, professora da Faculdade de Odontologia (FOAr) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara.<\/p>\n
\u201cNos animais sedent\u00e1rios, observamos que a dieta hiperlip\u00eddica modificou a express\u00e3o g\u00eanica, tornando-os mais predispostos \u00e0 hipertens\u00e3o. J\u00e1 no grupo submetido ao treinamento de for\u00e7a isso n\u00e3o aconteceu \u2013 mesmo com a alimenta\u00e7\u00e3o desbalanceada\u201d, contou Colombari.<\/p>\n
Em um experimento anterior, cujo objetivo foi precisar em laborat\u00f3rio os efeitos da dieta hiperlip\u00eddica, foram comparados dois grupos de animais sedent\u00e1rios. Os ratos controle receberam a ra\u00e7\u00e3o padr\u00e3o, com quatro gramas (g) de gordura a cada 100g. Os demais receberam uma ra\u00e7\u00e3o com taxa de gordura entre quatro e cinco vezes maior.<\/p>\n
\u201c\u00c0 ra\u00e7\u00e3o padr\u00e3o foi acrescentada uma mistura de amendoim, chocolate ao leite e biscoitos doces \u2013 em propor\u00e7\u00f5es j\u00e1 estabelecidas na literatura cient\u00edfica. Isso torna a ra\u00e7\u00e3o hiperlip\u00eddica bastante palat\u00e1vel e faz o teor energ\u00e9tico saltar de 2,25 quilocalorias por grama (kcal\/g) para 3,8 kcal\/g\u201d, contou a pesquisadora. Ela destacou que essa diferen\u00e7a, associada \u00e0 palatabilidade da dieta, simulou situa\u00e7\u00f5es da vida moderna em que a maior ingest\u00e3o cal\u00f3rica em crian\u00e7as e adultos coloca a sa\u00fade em risco. \u201cCertamente a atividade f\u00edsica melhora o padr\u00e3o cardiovascular e metab\u00f3lico, mas os efeitos da atividade f\u00edsica necessariamente devem ser acompanhados de reeduca\u00e7\u00e3o alimentar.”<\/p>\n
Ap\u00f3s seis semanas, o grupo alimentado com a dieta hiperlip\u00eddica j\u00e1 apresentava aumento sustentado da frequ\u00eancia card\u00edaca (30 bpm) e da press\u00e3o arterial m\u00e9dia \u2013 que estava entre 10 e 15 mil\u00edmetros de merc\u00fario (mmHg) mais alta que a dos animais do grupo controle.<\/p>\n
\u201cEsse aumento na press\u00e3o arterial dos ratos tratados com dieta hiperlip\u00eddica j\u00e1 os torna pr\u00e9-hipertensos ou mesmo hipertensos\u201d, explicou Colombari.<\/p>\n
Segundo a pesquisadora, por\u00e9m, mais significativo foi o preju\u00edzo observado no chamado barorreflexo \u2013 um importante mecanismo de ajuste r\u00e1pido da press\u00e3o arterial existente no sistema nervoso central.<\/p>\n
\u201cQuando por algum motivo a press\u00e3o arterial aumenta, o barorreflexo \u00e9 rapidamente ativado e induz vasodilata\u00e7\u00e3o nos vasos de resist\u00eancia, redu\u00e7\u00e3o no ritmo card\u00edaco e uma s\u00e9rie de modifica\u00e7\u00f5es para fazer com que os n\u00edveis press\u00f3ricos voltem ao normal. Mas, quando esse mecanismo est\u00e1 prejudicado, esse ajuste reflexo da press\u00e3o arterial n\u00e3o ocorre de maneira eficiente\u201d, contou Colombari.<\/p>\n
Ao analisar a express\u00e3o g\u00eanica no enc\u00e9falo dos animais, o grupo observou altera\u00e7\u00f5es em uma regi\u00e3o chamada n\u00facleo do trato solit\u00e1rio (NTS), muito envolvida na regula\u00e7\u00e3o da press\u00e3o arterial e no controle do barorreflexo.<\/p>\n
\u201cNos animais submetidos \u00e0 dieta hiperlip\u00eddica, houve aumento na express\u00e3o de componentes hipertensores do sistema renina-angiotensina [conjunto de pept\u00eddeos, enzimas e receptores envolvidos no controle do volume do l\u00edquido extracelular e na press\u00e3o arterial], como \u00e9 o caso do receptor AT1 e da enzima conversora de angiotensina (ECA). Por outro lado, diminuiu a express\u00e3o de componentes da via hipotensora desse sistema [a via protetora], como o receptor AT2. Essa combina\u00e7\u00e3o tornou os animais mais propensos \u00e0 hipertens\u00e3o\u201d, contou Colombari.<\/p>\n
O efeito do treino<\/strong> – O passo seguinte foi avaliar o que aconteceria se os animais iniciassem o exerc\u00edcio resistido antes da dieta hiperlip\u00eddica e continuassem treinando paralelamente \u00e0 oferta dessa alimenta\u00e7\u00e3o desbalanceada. O novo experimento envolveu quatro grupos de ratos: sedent\u00e1rios que receberam dieta padr\u00e3o; sedent\u00e1rios com dieta hiperlip\u00eddica; treinados com dieta padr\u00e3o e treinados com dieta hiperlip\u00eddica.<\/p>\n O treinamento consistia em escalar uma escada com um peso atado \u00e0 cauda. \u201cAntes de iniciar o treinamento, avali\u00e1vamos a capacidade m\u00e1xima de carregamento de cada animal para que todos realizassem o exerc\u00edcio com a mesma intensidade relativa, ou seja, entre 50% e 60% da carga m\u00e1xima. Como uma das adapta\u00e7\u00f5es dessa modalidade de exerc\u00edcio \u00e9 o aumento de for\u00e7a, realizamos novos testes a cada duas semanas para manter a intensidade relativa durante todo o per\u00edodo de treinamento\u201d, contou a pesquisadora.<\/p>\n O treinamento ocorreu tr\u00eas vezes por semana, durante 10 semanas, com o objetivo de avaliar se o exerc\u00edcio era capaz de prevenir os efeitos da dieta hiperlip\u00eddica. Nas tr\u00eas primeiras semanas, todos os animais receberam a dieta padr\u00e3o. Nas sete semanas seguintes, dois grupos \u2013 um sedent\u00e1rio e outro ativo \u2013 passaram a receber alimenta\u00e7\u00e3o hiperlip\u00eddica. No final, todos foram avaliados.<\/p>\n O aumento na massa corporal e no tecido adiposo dos dois grupos que receberam a dieta rica em gordura foi de aproximadamente 150 g ao longo das 10 semanas. No entanto, somente o grupo que permaneceu sedent\u00e1rio apresentou eleva\u00e7\u00e3o nas taxas de colesterol, glicemia de jejum, frequ\u00eancia card\u00edaca e press\u00e3o arterial m\u00e9dia \u2013 al\u00e9m de redu\u00e7\u00e3o no barorreflexo e na sensibilidade \u00e0 insulina, fator que predisp\u00f5e ao desenvolvimento de diabetes.<\/p>\n \u201cJ\u00e1 o grupo que realizou o treinamento de for\u00e7a manteve todas essas vari\u00e1veis metab\u00f3licas similares \u00e0 dos animais controle, que receberam a dieta padr\u00e3o (sedent\u00e1rios e treinados). Tamb\u00e9m a express\u00e3o g\u00eanica dos componentes do sistema renina-angiotensina no n\u00facleo do trato solit\u00e1rio se manteve igual \u00e0 do controle\u201d, contou a pesquisadora.<\/p>\n A an\u00e1lise de express\u00e3o dos genes revelou ainda importante quadro inflamat\u00f3rio cr\u00f4nico no n\u00facleo do trato solit\u00e1rio dos animais sedent\u00e1rios alimentados com excesso de gordura.<\/p>\n \u201cObservamos aumento na express\u00e3o de citocinas inflamat\u00f3rias, como, por exemplo, a interleucina 1\u03b2 e o TNF, e redu\u00e7\u00e3o na interleucina 10 no n\u00facleo do trato solit\u00e1rio. J\u00e1 nos animais treinados n\u00e3o foi observada essa inflama\u00e7\u00e3o\u201d, disse a pesquisadora<\/p>\n Outra diferen\u00e7a observada foi na modula\u00e7\u00e3o simp\u00e1tica dos vasos sangu\u00edneos, que \u00e9 controlada pelo sistema nervoso central e estava aumentada nos ratos sedent\u00e1rios alimentados com dieta hiperlip\u00eddica. Segundo Colombari, isso sugere um poss\u00edvel aumento da resist\u00eancia perif\u00e9rica \u00e0 circula\u00e7\u00e3o do sangue nesses animais, fator crucial para o desenvolvimento e manuten\u00e7\u00e3o da hipertens\u00e3o.<\/p>\n \u201cNo animal treinado e alimentado com dieta hiperlip\u00eddica, a modula\u00e7\u00e3o simp\u00e1tica estava igual \u00e0 do grupo controle e, muito possivelmente, foi por isso que a press\u00e3o arterial n\u00e3o aumentou\u201d, avaliou a pesquisadora.<\/p>\n Na avalia\u00e7\u00e3o de Colombari, os dados apresentados no artigo refor\u00e7am a import\u00e2ncia do exerc\u00edcio f\u00edsico na preven\u00e7\u00e3o dos efeitos delet\u00e9rios causados pelos excessos alimentares. \u201cA maioria das pessoas costuma procurar a atividade f\u00edsica depois que j\u00e1 est\u00e1 doente. Nosso estudo mostra como \u00e9 importante prevenir\u201d, disse.<\/p>\n Segundo Colombari, a maioria dos estudos nessa \u00e1rea foca nos benef\u00edcios de exerc\u00edcios aer\u00f3bicos, que promovem maior gasto energ\u00e9tico e maior redu\u00e7\u00e3o de massa corporal. \u201cMas mostramos que o treino resistido tamb\u00e9m traz benef\u00edcios importantes. O ideal, obviamente, \u00e9 associar os dois tipos\u201d, afirmou. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Experimento com ratos mostrou que, embora n\u00e3o tenha reduzido o ganho de peso, o exerc\u00edcio resistido evitou o aumento da press\u00e3o arterial e outros preju\u00edzos metab\u00f3licos induzidos por alimenta\u00e7\u00e3o desbalanceada. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[75,103],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/127052"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=127052"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/127052\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=127052"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=127052"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=127052"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}