As primeiras pessoas a chegar \u00e0s Am\u00e9ricas n\u00e3o poderiam ter passado pelo corredor de camada de gelo que se pensava que tinha sido o ponto de entrada de humanos para os continentes, de acordo com um estudo publicado quarta-feira. <\/p>\n
Mais provavelmente, os pioneiros humanos do Novo Mundo – provavelmente cerca de 15.000 anos atr\u00e1s – avan\u00e7aram ao longo de uma costa do Pac\u00edfico, suficientemente livre de gelo para suportar a flora e a fauna necess\u00e1rias para sustentar a vida. <\/p>\n
A rota e o per\u00edodo exatos desta migra\u00e7\u00e3o inaugural permanecem sendo conjecturas, disseram os pesquisadores. <\/p>\n
Mas o que \u00e9 certo, de acordo com as descobertas relatadas na revista cient\u00edfica Nature, \u00e9 que a vers\u00e3o cl\u00e1ssica sobre aquela passagem est\u00e1 errada.<\/p>\n
Durante d\u00e9cadas, os cientistas trabalharam com a seguinte teoria. <\/p>\n
Cerca de 14.500 anos atr\u00e1s, um corredor norte-sul de 1.500 km se abriu entre a camada de gelo Cordilleran – que cobria aproximadamente o que \u00e9 hoje a prov\u00edncia canadense de British Colombia – e a muito maior camada de gelo Laurentide, que ocupava o resto do Canad\u00e1. <\/p>\n
A era do gelo foi lentamente desaparecendo e dando lugar a uma ponte de terra entre a Eur\u00e1sia e o Alasca. <\/p>\n
Cerca de mil anos mais tarde, de acordo com esta teoria, os primeiros seres humanos da era do gelo se moveram atrav\u00e9s desta passagem interior para fundar novas culturas no sul.<\/p>\n
Uma nova hist\u00f3ria<\/strong> – Entre eles estava o povo de Cl\u00f3vis, que apareceu pela primeira vez nos registros arqueol\u00f3gicos mais de 13.000 anos atr\u00e1s. <\/p>\n Este enredo pressup\u00f5e, naturalmente, que estes primeiros povos encontraram alimentos ao longo do caminho. <\/p>\n E \u00e9 a\u00ed que a teoria cai por terra, de acordo com Mikkel Pedersen, pesquisador do Centro de GeoGenetics da Universidade de Copenhague e autor principal do estudo. <\/p>\n “O primeiro momento em que o corredor se abre para a migra\u00e7\u00e3o humana \u00e9 12.600 anos atr\u00e1s”, disse \u00e0 AFP. <\/p>\n Embora a passagem possa ter estado livre, “n\u00e3o havia absolutamente nada antes desta data no ambiente em volta – nem plantas, nem animais”. <\/p>\n Nada, em outras palavras, que teria permitido aos seres humanos se alimentarem durante um longo e \u00e1rduo caminho entre penhascos de gelo. <\/p>\n Outras pesquisas que mostraram que os seres humanos poderiam ter chegado \u00e0s Am\u00e9ricas pelo menos 14.500 anos atr\u00e1s – e talvez alguns milhares de anos antes disso – j\u00e1 tinha come\u00e7ado a enfraquecer a hip\u00f3tese do corredor de camada de gelo, for\u00e7ando especialistas a olharem mais de perto a possibilidade de uma rota costeira. <\/p>\n Pedersen e colegas agora parecem ter fechado definitivamente a porta para a teoria da rota pelo interior. <\/p>\n Os m\u00e9todos inovadores que eles utilizaram para reconstruir o ecossistema no final da idade do gelo foram cruciais para a descoberta. <\/p>\n Em vez de procurar vest\u00edgios de DNA de plantas ou animais espec\u00edficos enterrados em sedimentos – a abordagem padr\u00e3o – a equipe de Pedersen usou o que \u00e9 chamado de m\u00e9todo de “shotgun” (espingarda), catalogando todas as formas de vida em uma determinada amostra. <\/p>\n “Tradicionalmente, estivemos procurando genes espec\u00edficos de uma ou de v\u00e1rias esp\u00e9cies”, explicou. <\/p>\n “Mas a abordagem ‘shotgun’ realmente nos deu uma vis\u00e3o fant\u00e1stica sobre todas as diferentes” cadeias alimentares. “Camadas, desde bact\u00e9rias e fungos at\u00e9 plantas superiores e mam\u00edferos”.<\/p>\n Janela para mundos antigosOs pesquisadores escolheram extrair n\u00facleos de sedimentos do que teria sido uma passagem estreita no corredor interior, uma \u00e1rea parcialmente coberta hoje pelo Charlie Lake, na prov\u00edncia canadense de British Columbia. <\/p>\n A equipe fez data\u00e7\u00e3o por radiocarbono e recolheu amostras enquanto estava na superf\u00edcie do lago congelado no inverno. <\/p>\n At\u00e9 12.600 anos atr\u00e1s, o ambiente era quase inteiramente desprovido de vida, descobriram os cientistas. <\/p>\n Mas o ecossistema evoluiu rapidamente, dando lugar dentro de algumas centenas de anos a uma paisagem de grama e s\u00e1lvia, logo povoada por bis\u00f5es, mamutes, coelhos e ratazanas. <\/p>\n Mil anos depois, o ecossistema teve uma nova transi\u00e7\u00e3o, esta vez para um ambiente com \u00e1rvores, alces e \u00e1guias. <\/p>\n As descobertas abrem “uma janela para os mundos antigos” e s\u00e3o uma pedra angular em uma “grande reavalia\u00e7\u00e3o” de como os seres humanos chegaram \u00e0 Am\u00e9rica, disse Suzanne McGowan, da Universidade de Nottingham, comentando o estudo na Nature.<\/p>\n Elas tamb\u00e9m tornaram a teoria da passagem costeira muito mais prov\u00e1vel, acrescentou. <\/p>\n Outros estudiosos concordam. <\/p>\n “Se j\u00e1 houve um corredor livre de gelo durante o \u00daltimo M\u00e1ximo Glacial, n\u00e3o era nas regi\u00f5es do interior do norte da Am\u00e9rica do Norte, mas ao longo da costa noroeste”, escreveu James Dixon, da Universidade do Novo M\u00e9xico, em um estudo recente.<\/p>\n Uma passagem “biologicamente vi\u00e1vel” come\u00e7ou a se formar ao longo dessa costa, da Ponte Terrestre de Bering para as regi\u00f5es ao sul das geleiras, cerca de 16.000 anos atr\u00e1s, afirmou Dixon na revista Quaternary International. (Fonte: UOL)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Mais provavelmente, os pioneiros humanos do Novo Mundo – provavelmente cerca de 15.000 anos atr\u00e1s – avan\u00e7aram ao longo de uma costa do Pac\u00edfico, suficientemente livre de gelo para suportar a flora e a fauna necess\u00e1rias para sustentar a vida. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[188,75],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/133009"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=133009"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/133009\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=133009"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=133009"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=133009"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}