{"id":133388,"date":"2016-08-30T00:00:48","date_gmt":"2016-08-30T03:00:48","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=133388"},"modified":"2016-08-29T23:09:45","modified_gmt":"2016-08-30T02:09:45","slug":"acumulo-de-lama-e-uma-das-causas-da-ruptura-de-barragem-diz-auditoria","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2016\/08\/30\/133388-acumulo-de-lama-e-uma-das-causas-da-ruptura-de-barragem-diz-auditoria.html","title":{"rendered":"Ac\u00famulo de lama \u00e9 uma das causas da ruptura de barragem, diz auditoria"},"content":{"rendered":"

Um estudo contratado pelas mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco sobre a trag\u00e9dia em Mariana mostrou que a presen\u00e7a de lama no ponto de ruptura da barragem, onde deveria ter somente areia, \u00e9 uma das causas do colapso da estrutura, acontecido dia 5 de novembro de 2015. Nesta quarta-feira (29), representantes das empresas apresentaram o resultado de uma investiga\u00e7\u00e3o com a auditoria internacional Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP.<\/p>\n

Dezenove pessoas morreram em decorr\u00eancia do rompimento e a lama atravessou o estado e chegou at\u00e9 o oceano, devastando tamb\u00e9m parte do Esp\u00edrito Santo. O corpo de uma pessoa ainda n\u00e3o foi encontrado. Dentre os mortos. h\u00e1 moradores de distritos de Mariana, al\u00e9m de trabalhadores da Samarco e terceirizados.<\/p>\n

O estudo apresenta alguns fatos que j\u00e1 haviam sido detalhados nos inqu\u00e9ritos da Pol\u00edcia Federal e da Pol\u00edcia Civil como causas do desastre. Entre eles, est\u00e3o o recuo da ombreira esquerda, problemas de drenagem e a liquefa\u00e7\u00e3o dos rejeitos arenosos. O processo de liquefa\u00e7\u00e3o \u00e9 quando h\u00e1 um aumento de \u00e1gua nos rejeitos, tornando-os fluidos.<\/p>\n

O engenheiro geot\u00e9cnico Norbert Morgenstern, um dos especialistas que participaram do painel de investiga\u00e7\u00e3o sobre o rompimento da barragem de Fund\u00e3o, explicou, por meio de videoconfer\u00eancia com jornalistas em Nova Lima, na Regi\u00e3o Metropolitana de Belo Horizonte, que o rompimento foi o resultado de \u201cuma consequ\u00eancia de eventos e condi\u00e7\u00f5es\u201d e detalhou motivos para que colapso tenha ocorrido na ombreira esquerda. \u201cO fluxo ocorreu na ombreira esquerda por causa do recuo na ombreira esquerda ter sido constru\u00eddo sobre uma mistura de areia e lama e n\u00e3o apenas areia\u201d, explicou.<\/p>\n

Al\u00e9m do recuo, dos problemas de drenagem, da liquefa\u00e7\u00e3o e do ac\u00famulo de lama onde deveria ter rejeito arenoso, o especialista citou tr\u00eas pequenos abalos s\u00edsmicos, que foram registrados poucas horas antes do rompimento. Os abalos, segundo Morgenstern, aceleraram o gatilho da liquefa\u00e7\u00e3o, iniciando o fluxo de rejeitos.<\/p>\n

O engenheiro disse que \u201cuma altera\u00e7\u00e3o do projeto em 2011 \/ 2012 levou a um aumento da satura\u00e7\u00e3o, que levou a um potencial de liquefa\u00e7\u00e3o\u201d. O estudo mostra que, em 2009, houve defeitos na \u201cconstru\u00e7\u00e3o do dreno de fundo\u201d. Segundo os especialistas que participam da auditoria, a barragem foi t\u00e3o danificada que o sistema n\u00e3o poderia mais ser implementado.<\/p>\n

Uma revis\u00e3o do projeto previu um tapete drenante que, em agosto de 2014, chegou \u00e0 sua capacidade m\u00e1xima. \u201cEsse tapete drenante \u00e9 diferente dos drenos de fundo, aos quais estava substituindo.
\nEspecialmente pelo fato de que os drenos de base iriam drenar todo o rejeito de areia, mas o novo tapete drenante n\u00e3o iria drenar os rejeitos abaixo dele\u201d, disse Morgenstern.<\/p>\n

De acordo com o engenheiro, as v\u00e1rias altera\u00e7\u00f5es realizadas na barragem causaram a entrada de lama em \u201c\u00e1reas n\u00e3o-planejadas da ombreira esquerda da barragem\u201d. Al\u00e9m disso, \u201co alinhamento do maci\u00e7o foi recuado com rela\u00e7\u00e3o ao originalmente planejado\u201d, disse.<\/p>\n

Ele tamb\u00e9m citou problemas nas galerias de drenagem. Em meados de 2010, descobriram-se rejeitos entrando nesses locais, indicando que n\u00e3o estavam funcionando corretamente.<\/p>\n

Segundo o engenheiro, outro problema diz respeito ao descumprimento da largura necess\u00e1ria de uma \u201cpraia\u201d, que tem por objetivo separar a areia da lama. \u201cAs lamas ficariam atr\u00e1s do dique 1 e a areia atr\u00e1s do dique 2. Deste modo, as lamas e as areias seriam fisicamente separadas. (…) O projeto da barragem exige que as areias atr\u00e1s do dique 1 sejam separadas das lamas por uma praia de 200 metros de largura\u201d, ressaltou. Entretanto, Morgenstern disse que, durante o per\u00edodo em que as galerias estavam sendo reparadas, esta praia, por vezes, tinha um tamanho menor que o necess\u00e1rio.<\/p>\n

Os reparos, segundo Morgenstern, n\u00e3o foram bem sucedidos, e as galerias precisaram ser vedadas com concreto. No mesmo momento, preocupa\u00e7\u00f5es com a galeria secund\u00e1ria, que estava por baixo do lado esquerdo da barragem, levaram \u00e0 conclus\u00e3o que a estrutura n\u00e3o poderia ser alteada naquele local. Para manter as opera\u00e7\u00f5es durante o reparo, o alinhamento da barragem na ombreira esquerda foi deslocado de sua posi\u00e7\u00e3o anterior.<\/p>\n

O engenheiro tamb\u00e9m destacou que, em agosto de 2014, uma s\u00e9rie de trincas e infiltra\u00e7\u00f5es foram encontradas no recuo.<\/p>\n

O engenheiro explicou que o estudo verificou que havia lama abaixo do maci\u00e7o da barragem, que estava sob efeito do alteamento [aumento da altura] da estrutura. \u201cIsso iniciou um mecanismo de extrus\u00e3o das lamas e da separa\u00e7\u00e3o das areias \u00e0 medida que a barragem foi alterada\u201d, explicou Morgenstern, dando como exemplo o movimento de uma pasta dental quando o tubo \u00e9 espremido.<\/p>\n

“H\u00e1 uma compara\u00e7\u00e3o na apresenta\u00e7\u00e3o entre a ombreira esquerda e a direita. E o mesmo alteamento foi feito na ombreira na ombreira direita e o mesmo tremor aconteceu na ombreira direita, o que fortalece a nossa conclus\u00e3o de que a presen\u00e7a da lama foi uma parte fundamental da explica\u00e7\u00e3o do porqu\u00ea essa falha aconteceu e onde ela aconteceu.”, disse Morgenstern.<\/p>\n

Pedido de desculpas<\/strong> – Durante a apresenta\u00e7\u00e3o, os executivos das mineradoras n\u00e3o comentaram os resultados encontrados pela auditoria. O diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que \u201cqualquer avalia\u00e7\u00e3o \u00e9 muito prim\u00e1ria\u201d e, agora, o relat\u00f3rio dever\u00e1 ser analisado pelos engenheiros das empresas.<\/p>\n

Ferreira, o diretor comercial da BHP Billiton, Dean Dalla Valle, e o diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho, ainda pediram desculpas \u00e0s fam\u00edlias das 19 v\u00edtimas do desastre. \u201cEvidentemente, n\u00f3s n\u00e3o podemos fazer nada para as 18 vidas que se perderam e uma que est\u00e1 perdida, mas podemos trabalhar forte, com os melhores especialistas, para que a gente consiga ter uma evolu\u00e7\u00e3o nesse aspecto [seguran\u00e7a da minera\u00e7\u00e3o]. Ent\u00e3o \u00e9 um pedido de desculpas que n\u00f3s fazemos a todas as fam\u00edlias\u201d, conclui o presidente da Vale, acrescentando que o relat\u00f3rio ser\u00e1 compartilhado com a toda a ind\u00fastria da minera\u00e7\u00e3o. (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Samarco, Vale e BHP apresentaram resultado de auditoria internacional. Estudo ainda aponta fatores como falha de drenagem, liquefa\u00e7\u00e3o e tremores. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[331],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/133388"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=133388"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/133388\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=133388"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=133388"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=133388"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}