{"id":136405,"date":"2017-04-15T00:00:43","date_gmt":"2017-04-15T03:00:43","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=136405"},"modified":"2017-04-14T11:01:17","modified_gmt":"2017-04-14T14:01:17","slug":"pesquisadores-isolam-bacteria-que-produz-plastico-a-partir-do-metano","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/04\/15\/136405-pesquisadores-isolam-bacteria-que-produz-plastico-a-partir-do-metano.html","title":{"rendered":"Pesquisadores isolam bact\u00e9ria que produz pl\u00e1stico a partir do metano"},"content":{"rendered":"
Das \u00e1guas turvas e polu\u00eddas do Sistema Estuarino de Santos pode emergir uma solu\u00e7\u00e3o para produzir por meio de um processo sustent\u00e1vel um pol\u00edmero (pl\u00e1stico) que pode ter alto valor agregado.<\/p>\n
Um grupo de pesquisadores ligados ao Centro de Capacita\u00e7\u00e3o e Pesquisa em Meio Ambiente (Cepema) da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) isolou naquela regi\u00e3o do litoral sul paulista uma bact\u00e9ria capaz de produzir um biopol\u00edmero \u2013 pol\u00edmero produzido por processo biotecnol\u00f3gico.<\/p>\n
A descoberta foi feita durante um projeto realizado no \u00e2mbito do Centro de Pesquisa para Inova\u00e7\u00e3o em G\u00e1s Natural (Research Centre for Gas Innovation RCGI) \u2013 apoiado pela FAPESP e pela Shell por meio do Programa de Apoio \u00e0 Pesquisa em Parceria para Inova\u00e7\u00e3o Tecnol\u00f3gica (PITE).<\/p>\n
\u201cAinda n\u00e3o caracterizamos o pol\u00edmero produzido pela bact\u00e9ria, mas nossas an\u00e1lises indicam que \u00e9 bem diferente dos relatados na literatura cient\u00edfica\u201d, disse Elen Aquino Perp\u00e9tuo, professora do Departamento de Ci\u00eancias do Mar da Universidade Federal de S\u00e3o Paulo (Unifesp) e coordenadora do projeto, \u00e0 Ag\u00eancia FAPESP<\/p>\n
A pesquisadora e os colegas Bruno Karolski, tamb\u00e9m pesquisador do Cepema-USP, e a doutoranda Let\u00edcia Cardoso iniciaram h\u00e1 cerca de um ano um projeto visando desenvolver processos biotecnol\u00f3gicos utilizando microrganismos para mitiga\u00e7\u00e3o de metano (CH4) e di\u00f3xido de carbono (CO2), amplamente presentes no g\u00e1s natural.<\/p>\n
A fim de desenvolver a pesquisa eles come\u00e7aram a prospectar bact\u00e9rias chamadas de metanotr\u00f3ficas \u2013 que t\u00eam a capacidade n\u00e3o s\u00f3 de consumir, mas tamb\u00e9m de transformar metano e metanol em pol\u00edmeros como o polihidroxibutirato (PHB): um pol\u00edmero da fam\u00edlia dos polihidroxialcanoatos (PHA) com caracter\u00edsticas f\u00edsicas e mec\u00e2nicas semelhantes \u00e0s de resinas sint\u00e9ticas como o polipropileno.<\/p>\n
Desenvolvido com apoio da FAPESP, o PHB \u00e9 produzido no Brasil por uma ind\u00fastria nacional em Serrana, no interior de S\u00e3o Paulo, a partir do a\u00e7\u00facar da cana \u2013 um substrato 30% mais caro que o metanol.<\/p>\n
\u201cA ideia da nossa pesquisa \u00e9 utilizar um substrato mais barato do que o a\u00e7\u00facar \u2013 neste caso, o metano e o metanol \u2013 para produzir o PHB e viabilizar comercialmente sua produ\u00e7\u00e3o por uma rota biol\u00f3gica\u201d, explicou Aquino.<\/p>\n
Durante o trabalho de bioprospec\u00e7\u00e3o, em que coletaram amostras em tr\u00eas diferentes pontos do Sistema Estuarino de Santos, os pesquisadores depararam com duas bact\u00e9rias que t\u00eam essa capacidade de transformar o metano em biopol\u00edmeros.<\/p>\n
A primeira \u00e9 a Methylobacterium extorquens<\/em> \u2013 que \u00e9 produtora de PHB \u2013, e a segunda a Methylobacterium rhodesianum<\/em>, que transforma o metano no outro tipo de pol\u00edmero ainda n\u00e3o caracterizado.<\/p>\n \u201cN\u00e3o havia nenhum relato de que a Methylobacterium rhodesianum acumula um pol\u00edmero\u201d, afirmou Aquino.<\/p>\n Maior produ\u00e7\u00e3o<\/strong> – Os pesquisadores tamb\u00e9m constataram que essas bact\u00e9rias isoladas de sistemas naturais produzem mais pol\u00edmero que as cepas comerciais, cultivadas em laborat\u00f3rio, como as dos g\u00eaneros Methylobacter sp. e Methylocystis sp, com as quais trabalharam na fase inicial do projeto para realizar os primeiros testes e validar a metodologia.<\/p>\n Sem controlar par\u00e2metros como temperatura, pH e agita\u00e7\u00e3o, a Methylobacterium extorquens isolada do ambiente marinho, por exemplo, acumula 30% de seu peso seco em pol\u00edmero.<\/p>\n \u201cEssa diferen\u00e7a de produ\u00e7\u00e3o de pol\u00edmero por essas bact\u00e9rias \u00e9 devido \u00e0s press\u00f5es que sofrem em ambientes naturais, onde est\u00e3o expostas a condi\u00e7\u00f5es adversas de temperatura, salinidade, press\u00e3o, mar\u00e9s e a poluentes\u201d, apontou Aquino. \u201cPor isso, elas precisam ser mais resistentes do que as cepas cultivadas em laborat\u00f3rio e ter maior reserva energ\u00e9tica para sobreviver\u201d, explicou.<\/p>\n De acordo com a pesquisadora, os microrganismos metanotr\u00f3ficos produzem biopol\u00edmeros quando h\u00e1 excesso de fonte de carbono e limita\u00e7\u00e3o de algum nutriente.<\/p>\n Sob essas circunst\u00e2ncias, essas bact\u00e9rias armazenam o carbono em gr\u00e2nulos de pol\u00edmeros de polihidroxialcanoatos como reserva energ\u00e9tica.<\/p>\n \u201cNo in\u00edcio, achou-se que esses gr\u00e2nulos de reserva eram lip\u00eddeos [\u00f3leos]\u201d, disse Aquino. \u201cMais tarde descobriu-se que, na verdade, eles pertencem ao grupo dos polihidroxialcanoatos e que podem ser usados para produzir pol\u00edmeros de origem biol\u00f3gica e biodegrad\u00e1veis, entre outras vantagens em compara\u00e7\u00e3o aos pol\u00edmeros produzidos por via petroqu\u00edmica\u201d, afirmou.<\/p>\n Uma vez que esses microrganismos precisam de metano como substrato para produzir biopol\u00edmero, os pesquisadores escolheram locais onde h\u00e1 maior abund\u00e2ncia do g\u00e1s para bioprospec\u00e7\u00e3o.<\/p>\n A primeira escolha foi o reservat\u00f3rio da Usina Hidrel\u00e9trica de Balbina, no Amazonas (AM). E o segundo local \u2013 escolhido para efeito de compara\u00e7\u00e3o \u2013 foi o Sistema Estuarino de Santos.<\/p>\n As amostras colhidas no Sistema Estuarino de Santos, contudo, mostraram-se mais interessantes do que as de Balbina, contou Aquino.<\/p>\n \u201cComo conseguimos isolar muitos microrganismos em Santos, come\u00e7amos a trabalhar com eles e adiamos o processamento das amostras coletadas em Balbina\u201d, disse. \u201cMas pretendemos retomar nas pr\u00f3ximas semanas as an\u00e1lises das amostras de Balbina, que apresentam uma grande diversidade de microrganismos\u201d, afirmou.<\/p>\n Viabilidade comercial<\/strong> – Al\u00e9m de caracterizar o pol\u00edmero produzido pela Methylobacterium rhodesianum<\/em>, os pesquisadores pretendem avaliar agora se ela \u00e9 economicamente vi\u00e1vel para produzir um biopol\u00edmero.<\/p>\n Para que a rota biol\u00f3gica seja vi\u00e1vel economicamente, a bact\u00e9ria tem que ser capaz de acumular 60% de seu peso seco em pol\u00edmero. Esse c\u00e1lculo \u00e9 feito levando-se em conta a produ\u00e7\u00e3o de PHB a partir do a\u00e7\u00facar, explicou Aquino.<\/p>\n \u201cO que se espera agora \u00e9 avaliar se \u00e9 melhor neg\u00f3cio investir na produ\u00e7\u00e3o desse biopol\u00edmero, que ainda n\u00e3o foi caracterizado, ou no aumento do rendimento da produ\u00e7\u00e3o de PHB, que j\u00e1 \u00e9 conhecido comercialmente e tem um mercado estabelecido\u201d, disse a pesquisadora. (Fonte: Ag\u00eancia FAPESP)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"