{"id":136959,"date":"2017-05-31T00:00:36","date_gmt":"2017-05-31T03:00:36","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=136959"},"modified":"2017-05-29T23:14:43","modified_gmt":"2017-05-30T02:14:43","slug":"estudo-reforca-importancia-da-amazonia-na-regulacao-da-quimica-atmosferica","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/05\/31\/136959-estudo-reforca-importancia-da-amazonia-na-regulacao-da-quimica-atmosferica.html","title":{"rendered":"Estudo refor\u00e7a import\u00e2ncia da Amaz\u00f4nia na regula\u00e7\u00e3o da qu\u00edmica atmosf\u00e9rica"},"content":{"rendered":"

Medi\u00e7\u00f5es a\u00e9reas feitas no \u00e2mbito da campanha cient\u00edfica Green Ocean Amazon Experiment (GOAmazon) revelaram que a floresta amaz\u00f4nica emite pelo menos tr\u00eas vezes mais isopreno do que estimavam os cientistas.<\/p>\n

De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de F\u00edsica da Universidade de S\u00e3o Paulo (IF-USP) e coautor do estudo, a subst\u00e2ncia \u00e9 considerada um dos principais precursores do oz\u00f4nio na Amaz\u00f4nia e, de forma indireta, interfere no balan\u00e7o de gases de efeito estufa na atmosfera.<\/p>\n

Os resultados da pesquisa foram divulgados no dia 23 de maio na revista Nature Communications.<\/p>\n

\u201cA descoberta explica uma s\u00e9rie de quest\u00f5es antes n\u00e3o compreendidas, por exemplo, as altas concentra\u00e7\u00f5es de oz\u00f4nio encontradas vento abaixo de Manaus, que n\u00e3o podiam ser explicadas pela a\u00e7\u00e3o antr\u00f3pica\u201d, disse Artaxo, coordenador do Projeto Tem\u00e1tico \u201cGOAmazon: intera\u00e7\u00e3o da pluma urbana de Manaus com emiss\u00f5es biog\u00eanicas da Floresta Amaz\u00f4nica\u201d, financiado pela FAPESP.<\/p>\n

As estimativas anteriores eram baseadas em medidas feitas por sat\u00e9lites ou em torres de at\u00e9 60 metros de altura. Durante a campanha cient\u00edfica GOAmazon, por\u00e9m, foi poss\u00edvel obter novos dados com o avi\u00e3o de pesquisa Gulfstream-1, que pertence ao Pacific Northwest National Laboratory (PNNL), dos Estados Unidos, e atinge at\u00e9 6 mil metros de altitude.<\/p>\n

As medi\u00e7\u00f5es com a aeronave foram feitas nos anos de 2014 e 2015 \u2013 tanto na esta\u00e7\u00e3o chuvosa como no per\u00edodo de seca \u2013 e foram comparadas com dados obtidos no n\u00edvel do solo.<\/p>\n

\u201cCom medidas feitas a 4 mil metros de altitude, foi poss\u00edvel calcular uma emiss\u00e3o m\u00e9dia referente a uma \u00e1rea muito maior do que a considerada em trabalhos anteriores. Assim, pudemos perceber que as emiss\u00f5es biog\u00eanicas naturais s\u00e3o muito maiores do que se imaginava\u201d, disse Artaxo.<\/p>\n

Outra descoberta considerada pelos pesquisadores como \u201csurpreendente\u201d foi que as emiss\u00f5es de isopreno variam fortemente de acordo com a eleva\u00e7\u00e3o do terreno \u2013 sendo maiores nas regi\u00f5es mais altas. Para uma eleva\u00e7\u00e3o de 30 metros, por exemplo, o fluxo de isopreno foi de 6 miligramas por metro quadrado por hora (mg\/m2\/h), enquanto para uma eleva\u00e7\u00e3o de 100 metros foi de cerca de 14 mg\/m2\/h.<\/p>\n

\u201cA regi\u00e3o amaz\u00f4nica \u00e9, de modo geral, de baixa eleva\u00e7\u00e3o. Nas \u00e1reas sobrevoadas pelo avi\u00e3o, havia pequenas oscila\u00e7\u00f5es no terreno e pudemos notar que nas regi\u00f5es mais altas as emiss\u00f5es eram bem maiores\u201d, disse Artaxo.<\/p>\n

Os pesquisadores ainda n\u00e3o sabem ao certo explicar o motivo dessa varia\u00e7\u00e3o das emiss\u00f5es \u2013 observada tanto no per\u00edodo seco como no chuvoso. Duas hip\u00f3teses s\u00e3o apontadas no artigo e v\u00e3o requerer novos experimentos para serem testadas.<\/p>\n

Uma das possibilidades \u00e9 que a popula\u00e7\u00e3o de plantas existente em \u00e1reas alagadas (mais baixas) seja diferente da encontrada em regi\u00f5es de maior altitude \u2013 e o n\u00edvel de emiss\u00e3o de isopreno varia de acordo com a esp\u00e9cie biol\u00f3gica.<\/p>\n

Outra hip\u00f3tese \u00e9 que as plantas de \u00e1reas mais elevadas, por apresentarem maior dificuldade para obter \u00e1gua, liberariam mais isopreno em resposta a um estresse h\u00eddrico.<\/p>\n

\u201cEmbora chova muito na Amaz\u00f4nia, j\u00e1 foi mostrado que, em algumas regi\u00f5es, o len\u00e7ol de \u00e1gua desce bem abaixo do solo na esta\u00e7\u00e3o seca. H\u00e1 plantas com ra\u00edzes muito profundas, capazes de coletar \u00e1gua a 10 ou 20 metros abaixo do n\u00edvel do solo\u201d, comentou Artaxo.<\/p>\n

O isopreno \u00e9 um dos compostos org\u00e2nicos vol\u00e1teis (VOCs, na sigla em ingl\u00eas) emitidos naturalmente pela vegeta\u00e7\u00e3o amaz\u00f4nica. \u00c9 uma das fontes dos aeross\u00f3is org\u00e2nicos secund\u00e1rios que servem de n\u00facleo de condensa\u00e7\u00e3o de nuvens \u2013 ajudando a regular o ciclo hidrol\u00f3gico na regi\u00e3o.<\/p>\n

Ao se decompor, o isopreno d\u00e1 origem a diversos subprodutos \u2013 entre eles o radical hidroxila (OH). Essa mol\u00e9cula, em certas condi\u00e7\u00f5es, quando encontra com o oxig\u00eanio atmosf\u00e9rico (O2), d\u00e1 origem ao oz\u00f4nio (O3), um dos gases respons\u00e1veis pelo efeito estufa. Em altas concentra\u00e7\u00f5es, o oz\u00f4nio pode irritar os est\u00f4matos das plantas, que s\u00e3o os canais usados na troca de gases e na transpira\u00e7\u00e3o, dificultando a fotoss\u00edntese e a assimila\u00e7\u00e3o de carbono pela vegeta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

\u201cAl\u00e9m disso, o radical OH controla a oxida\u00e7\u00e3o do metano na atmosfera, outro importante g\u00e1s de efeito estufa. Dependendo da situa\u00e7\u00e3o, o radical OH pode prolongar ou reduzir a meia-vida do metano, com implica\u00e7\u00f5es para o balan\u00e7o de gases de efeito estufa\u201d, explicou Artaxo.<\/p>\n

Segundo o professor do IF-USP, a Amaz\u00f4nia j\u00e1 era considerada a maior fonte mundial de isopreno mesmo antes das novas descobertas. \u201cEsses resultados refor\u00e7am a relev\u00e2ncia desse ecossistema na regula\u00e7\u00e3o da qu\u00edmica atmosf\u00e9rica tropical do planeta. Agora, precisamos incluir os resultados nos modelos clim\u00e1ticos globais para saber exatamente qual \u00e9 o efeito clim\u00e1tico desses novos valores de emiss\u00f5es.\u201d<\/p>\n

Iniciada em 2014, a campanha cient\u00edfica GOAmazon tem entre seus objetivos investigar o efeito da polui\u00e7\u00e3o urbana de Manaus sobre as nuvens amaz\u00f4nicas e avan\u00e7ar no conhecimento sobre os processos de forma\u00e7\u00e3o de chuva e a din\u00e2mica da intera\u00e7\u00e3o entre a biosfera amaz\u00f4nica e a atmosfera. Com base nos achados, os pesquisadores pretendem estimar mudan\u00e7as futuras no balan\u00e7o radiativo, na distribui\u00e7\u00e3o de energia, no clima regional e seus impactos para o clima global.<\/p>\n

O cons\u00f3rcio conta com financiamento do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE, na sigla em ingl\u00eas), da FAPESP e da Funda\u00e7\u00e3o de Amparo \u00e0 Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), entre outros parceiros. (Fonte: Ag\u00eancia Fapesp)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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