Desde que se descobriu que o s\u00fabito aumento de casos de microcefalia no Brasil – identificado no fim de 2015 – estava relacionado ao v\u00edrus da zika, cientistas t\u00eam buscado maneiras de proteger o feto da a\u00e7\u00e3o desse agente infeccioso. Agora, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington descobriram que a resposta a esse problema de sa\u00fade p\u00fablica pode estar em um rem\u00e9dio que j\u00e1 existe e j\u00e1 est\u00e1 aprovado para o uso em gestantes: a hidroxicloroquina, utilizada contra mal\u00e1ria e reumatismo.<\/p>\n
Os resultados do estudo foram publicados nesta segunda-feira (10) na revista “The Journal of Experimental Medicine”.<\/p>\n
A placenta funciona como uma barreira contra agentes t\u00f3xicos e infecciosos. Mas quando uma mulher gr\u00e1vida \u00e9 infectada por zika, o v\u00edrus consegue ultrapassar a barreira da placenta e chegar at\u00e9 o feto, provocando danos neurol\u00f3gicos e afetando o desenvolvimento do beb\u00ea.<\/p>\n
Um dos mecanismos que a placenta usa para servir como barreira \u00e9 a autofagia, o processo pelo qual a c\u00e9lula “digere” seus pr\u00f3prios componentes com o objetivo de eliminar organelas envelhecidas, micr\u00f3bios invasores e outros res\u00edduos nocivos.<\/p>\n
Driblando a placenta<\/strong> – Para descobrir como o v\u00edrus da zika reage ao mecanismo da autofagia, cientistas infectaram c\u00e9lulas de placenta humana com o v\u00edrus e as trataram com uma droga que estimula a realiza\u00e7\u00e3o da autofagia. Para a surpresa dos pesquisadores, a a\u00e7\u00e3o da droga fez com que mais c\u00e9lulas fossem infectadas pelo v\u00edrus.<\/p>\n Ou seja, o mecanismo de autofagia, que deveria tornar a placenta uma barreira mais forte para proteger o feto, na verdade favorece a infec\u00e7\u00e3o pelo v\u00edrus da zika. “Parece que o v\u00edrus da zika tira vantagem do processo de autofagia na placenta para promover sua sobreviv\u00eancia e infec\u00e7\u00e3o das c\u00e9lulas da placenta”, diz Bin Cao, um dos autores do estudo.<\/p>\n O grupo de pesquisadores resolveu, ent\u00e3o, testar essa teoria em dois grupos de f\u00eameas de camundongos gr\u00e1vidas: o primeiro apresentava mecanismo de autofagia normal e o segundo tinha um mecanismo de autofagia falho. Os dois grupos foram infectados pelo v\u00edrus da zika. Cinco dias depois, o grupo que tinha o mecanismo falho de autofagia apresentou uma quantidade muito menor de v\u00edrus na placenta do que o grupo controle.<\/p>\n Inibindo a autofagia<\/strong> – Em seguida, a equipe resolveu testar a droga hidroxicloroquina – que inibe a autofagia – nas f\u00eameas gr\u00e1vidas infectadas por zika. Desta vez, um grupo recebeu a droga e outro grupo recebeu placebo durante cinco dias ap\u00f3s a infec\u00e7\u00e3o.<\/p>\n O resultado foi que as roedoras tratadas com a droga apresentaram menos v\u00edrus no feto e na placenta. As placentas estavam menos danificadas e os fetos tiveram crescimento normal, diferentemente do que ocorreu nos animais tratados com placebo.<\/p>\n “Pedimos cautela, no entanto sentimos que nosso estudo fornece novos caminhos para interven\u00e7\u00f5es terap\u00eauticas vi\u00e1veis”, diz Indira Mysorekar, autora s\u00eanior do estudo e professora de ginecologia e obstetr\u00edcia da Escola de Medicina da Universidade de Washington.<\/p>\n Apesar de o uso de hidroxicloroquina ser considerado seguro em gestantes, mais estudos s\u00e3o necess\u00e1rios para indicar se o uso seria seguro para o prop\u00f3sito de proteger os fetos contra zika. Uma poss\u00edvel estrat\u00e9gia para o futuro, segundo os pesquisadores, seria indicar o uso cont\u00ednuo da droga para mulheres que vivem em \u00e1reas intensamente afetadas pelo zika. (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Quando gr\u00e1vida \u00e9 infectada, zika chega at\u00e9 o feto e eleva risco de microcefalia. Cientistas descobriram que a\u00e7\u00e3o de hidroxicloroquina inibe passagem de v\u00edrus por placenta. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[90,75,323],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/137666"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=137666"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/137666\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=137666"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=137666"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=137666"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}