{"id":137904,"date":"2017-07-25T00:00:38","date_gmt":"2017-07-25T03:00:38","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=137904"},"modified":"2017-07-24T18:37:58","modified_gmt":"2017-07-24T21:37:58","slug":"como-cientista-frances-desvendou-misterio-das-areias-cantantes-do-deserto","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/07\/25\/137904-como-cientista-frances-desvendou-misterio-das-areias-cantantes-do-deserto.html","title":{"rendered":"Como cientista franc\u00eas desvendou mist\u00e9rio das areias cantantes do deserto"},"content":{"rendered":"
Se voc\u00ea for a uma \u00e1rea no norte do deserto do Saara, no Marrocos, poder\u00e1 ouvir – e ficar intrigado – com uma misteriosa m\u00fasica. Ela n\u00e3o vem de tendas, casas ou o\u00e1sis, ela vem das dunas de areia.<\/p>\n
No s\u00e9culo 13, o explorador Marco Polo j\u00e1 descrevia esse ru\u00eddo estranho. Ele o comparava a cavalos trotando em batalha ou a esp\u00edritos assombrando viajantes.<\/p>\n
Em outros momentos, dizia que ele “preenchia o ar com sons de todos os tipos de instrumentos musicais”, conta o livro As Viagens de Marco Polo.<\/p>\n
Por muito tempo, o motivo do fen\u00f4meno natural raro permaneceu um mist\u00e9rio. Mas o f\u00edsico franc\u00eas St\u00e9phane Douady tem buscado – e obtido – respostas sobre o fen\u00f4meno desde 2001.<\/p>\n
Canto do acaso<\/strong> – Douady e sua equipe se depararam com os sons do deserto por acaso, quando estavam em miss\u00e3o para estudar a forma\u00e7\u00e3o das dunas e notaram que elas emitiam um som “fascinante”.<\/p>\n “J\u00e1 a primeira duna que visitamos era uma ‘cantora’ excepcional”, disse o pesquisador, em entrevista por e-mail \u00e0 BBC Brasil.<\/p>\n O ru\u00eddo surgiu quando um dos pesquisadores da equipe descia pelo monte de areia. A cada passo, ouvia-se um “uoooook”, descreve Douady.<\/p>\n “Foi um momento m\u00e1gico, (ouvimos) um som muito alto, de 110 decib\u00e9is, comparado ao de um pequeno avi\u00e3o sobre voc\u00ea”, acrescentou ao programa Outlook, da BBC.<\/p>\n E se algu\u00e9m corresse ou manuseasse a areia com a m\u00e3o, o tom mudava. Eles, ent\u00e3o, passaram o dia ali coletando dados e testando diferentes sons com os gr\u00e3os de areia.<\/p>\n “Foi um dos melhores momentos da minha carreira”, continua. “Primeiro porque era intelectualmente estimulante, pois as coisas que se pensava que eram sabidas na verdade n\u00e3o eram. E, ao mesmo tempo, est\u00e1vamos nos divertindo tanto que parec\u00edamos crian\u00e7as no playground.”<\/p>\n Mas, at\u00e9 aquele momento, n\u00e3o entendiam ainda as raz\u00f5es por tr\u00e1s dos sons. “O mist\u00e9rio que era o mais excitante”, afirma Douady.<\/p>\n Areia na mala<\/strong> – Para estudar o fen\u00f4meno, os pesquisadores levaram areia do deserto at\u00e9 o Laborat\u00f3rio de Mat\u00e9ria e Sistemas Complexos (CNRS, na sigla em franc\u00eas), em Paris.<\/p>\n Cada um dos quatro integrantes da miss\u00e3o encheu seis garrafas de vinho com areia e as colocou em sua bagagem. “Isso seria o suficiente para fazer uma ‘avalanche’ cantante no laborat\u00f3rio”, conta o pesquisador.<\/p>\n Nas pesquisas em Paris, a primeira descoberta foi que o som era produzido pelo movimento sincronizado dos gr\u00e3os de areia, e que o volume e a varia\u00e7\u00e3o tonal eram influenciados pelo tamanho desses gr\u00e3os.<\/p>\n A partir da\u00ed, sua equipe visitou outros pa\u00edses para checar a teoria. Eles notaram que cada deserto tinha seu pr\u00f3prio timbre.<\/p>\n Os gr\u00e3os do deserto de Atacama no Chile eram parecidos e t\u00e3o cantantes quanto os do Marrocos. Seus gr\u00e3os eram mais homog\u00eaneos e tinham um som mais “puro”. Em Om\u00e3, com gr\u00e3os mais irregulares, o som era mais “duro”. Eles visitaram ainda Estados Unidos e China, onde o acesso era dif\u00edcil, e as areias produziam menos sons.<\/p>\n Por que cantam<\/strong> – Descobrir por que algumas dunas cantavam e outras n\u00e3o acabou virando a motiva\u00e7\u00e3o do f\u00edsico franc\u00eas. “Estava ficando at\u00e9 um pouco obcecado com isso”, conta.<\/p>\n Depois de meses de estudo, Douady notou momentos em que as areias paravam de cantar, e teve, ent\u00e3o, a ideia de submergir os gr\u00e3os em \u00e1gua salgada, como a do mar.<\/p>\n Mais descobertas come\u00e7aram a surgir. O deserto precisa ser seco, mas com “um pouco de \u00e1gua salgada para fazer a m\u00e1gica”, diz Douady.<\/p>\n Outros fatores est\u00e3o nos gr\u00e3os: precisam ser redondos para rolarem com facilidade e serem cobertos por um tipo de verniz de minerais, como magn\u00e9sio, alum\u00ednio e ferro.<\/p>\n Esse verniz produz uma cor preta, que transluz. O pesquisador acredita que esse verniz \u00e9 essencial para produzir o som, mas ainda n\u00e3o entende o motivo.<\/p>\n “Ent\u00e3o o mist\u00e9rio ainda est\u00e1 l\u00e1”, comenta Douady sobre o pr\u00f3ximo passo da pesquisa. “\u00c9 incr\u00edvel saber que ainda h\u00e1 outras coisas para se descobrir”.<\/p>\n Viagem de transforma\u00e7\u00e3o<\/strong> – Douady afirma que a expedi\u00e7\u00e3o \u00e0s dunas cantantes mudou sua vida. Seu interesse foi al\u00e9m do comportamento f\u00edsico das areias.<\/p>\n “Com todos aqueles sons, eu queria fazer m\u00fasica. Ent\u00e3o busquei um artista que pudesse combinar grava\u00e7\u00f5es desses sons para fazer uma pe\u00e7a de m\u00fasica”, conta Douady, que promoveu o lan\u00e7amento do CD Le Chant des Dunes, de Estelle Coquin.<\/p>\n “Tenho muito carinho por esse assunto. N\u00e3o apenas porque \u00e9 po\u00e9tico e musical, mas tamb\u00e9m porque \u00e9 um fen\u00f4meno raro e n\u00e3o h\u00e1 muitas dunas no mundo que ‘cantam’ bem. E porque h\u00e1 fen\u00f4menos simples ao nosso redor que ainda s\u00e3o misteriosos e precisam ser explicados.”<\/p>\n O som das dunas despertou o interesse do documentarista Mathias Th\u00e9ry que, em 2008, voltou ao deserto na companhia de Douady, e fez um document\u00e1rio, Cherche Toujours, que tem trechos dispon\u00edveis no YouTube. (Fonte: G1)<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" F\u00edsico St\u00e9phane Douady se deparou por acaso, h\u00e1 mais de uma d\u00e9cada, com ‘canto’ de dunas e, desde ent\u00e3o, busca respostas para esse fen\u00f4meno. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[36,144],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/137904"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=137904"}],"version-history":[{"count":0,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/137904\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=137904"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=137904"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=137904"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}