\u00c0s v\u00e9speras de iniciar o plantio da safra 2017\/18 de gr\u00e3os, os produtores de Goi\u00e1s est\u00e3o preocupados com os cen\u00e1rios que se desenham para esta temporada. \u201cN\u00e3o bastassem as previs\u00f5es clim\u00e1ticas e econ\u00f4micas pouco animadoras, as indefini\u00e7\u00f5es sobre a cobran\u00e7a do Funrural aumentam as incertezas no campo\u201d, diz a Associa\u00e7\u00e3o dos Produtores de Soja e Milho de Goi\u00e1s (Aprosoja-GO).<\/p>\n
Segundo a entidade, mesmo com as primeiras chuvas da esta\u00e7\u00e3o chegando ao Estado esta semana, \u00e9 pouco prov\u00e1vel que a semeadura comece neste 1\u00ba de outubro, ap\u00f3s o encerramento do vazio sanit\u00e1rio da soja no dia 30 de setembro.<\/p>\n
A Aprosoja-GO lembra que as previs\u00f5es da meteorologia indicam que o volume de \u00e1gua at\u00e9 o come\u00e7o do m\u00eas ser\u00e1 insuficiente para oferecer umidade no solo adequada \u00e0 germina\u00e7\u00e3o. \u201cPrecipita\u00e7\u00f5es mais consistentes s\u00f3 devem ocorrer a partir do dia 20 de outubro, quando as chuvas passam a se estabilizar.\u201d<\/p>\n
Na avalia\u00e7\u00e3o da entidade, se os mapas meteorol\u00f3gicos confirmarem as precipita\u00e7\u00f5es abaixo da m\u00e9dia, a safra goiana de soja tamb\u00e9m sofrer\u00e1 atrasos, \u201ca exemplo do que vem ocorrendo em outros importantes Estados produtores, como o Paran\u00e1, onde o plantio est\u00e1 liberado desde 10 de setembro, e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que encerraram o vazio em 15 de setembro\u201d.<\/p>\n
O consultor t\u00e9cnico da Aprosoja-GO, Cristiano Palavro, observa que as previs\u00f5es clim\u00e1ticas colocam em alerta principalmente os produtores do sudoeste goiano, os primeiros a realizar o plantio no Estado. \u201cUma redu\u00e7\u00e3o das chuvas no meio de outubro pode gerar replantio dessas \u00e1reas cultivadas mais ao in\u00edcio do m\u00eas”, afirma Palavro.<\/p>\n
Estimativas do Instituto para o Fortalecimento da Agropecu\u00e1ria Goiana (IFAG) apontam que a \u00e1rea de soja a ser plantada no Estado deve passar de 3,35 milh\u00f5es de hectares, incremento de 2,2% em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 safra 2015\/16. Com a produtividade esperada de 52,5 sacas por hectare, a colheita goiana em 2017 vai render em torno de 10,552 milh\u00f5es de toneladas da oleaginosa.<\/p>\n
A Aprosoja comenta que embora os custos de produ\u00e7\u00e3o da soja tenham apresentado ligeira baixa em Goi\u00e1s, a expectativa \u00e9 de rentabilidade novamente reduzida nesta safra, em fun\u00e7\u00e3o dos menores pre\u00e7os de venda. \u201cUm levantamento do IFAG constatou redu\u00e7\u00e3o de 7% no pre\u00e7o de fertilizantes e 5% no de defensivos, que, juntos, representam 40,5% dos custos operacionais da soja.\u201d<\/p>\n
Palavro, que tamb\u00e9m \u00e9 analista do IFAG, observa que a queda nos pre\u00e7os dos insumos proporcionou uma economia de 8,4% nos desembolsos para o plantio das cultivares RR (transg\u00eanicas, com resist\u00eancia a aplica\u00e7\u00f5es do herbicida glifosato) e de 6,5% para as RR2 (resist\u00eancia a alguns tipos de lagartas e ao glifosato).<\/p>\n
Entretanto, diz ele, no lado da comercializa\u00e7\u00e3o as cota\u00e7\u00f5es m\u00e9dias da soja nos meses que antecedem o plantio (agosto\/setembro) est\u00e3o 20,9% menores este ano em compara\u00e7\u00e3o a igual per\u00edodo de 2016. \u201cTais n\u00fameros demonstram uma grande possibilidade de continua\u00e7\u00e3o do cen\u00e1rio de m\u00ednima rentabilidade da sojicultura goiana\u201d, afirmou.<\/p>\n
o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz Pereira, alerta que o momento \u00e9 de cautela e que o produtor ficar atento, pois os custos da atividade continuam altos e persistem os antigos gargalos na log\u00edstica e no armazenamento. “Ainda com o d\u00f3lar nesse patamar (inferior a R$ 3,20) e as cota\u00e7\u00f5es baixas em Chicago, nossa competitividade e rentabilidade com a soja ficam comprometidas”, destaca.<\/p>\n
At\u00e9 o momento, calcula o IFAG, apenas 16% da soja que ser\u00e1 cultivada em Goi\u00e1s foi comercializada por meio de contratos futuros ou barter (troca de insumos por gr\u00e3os). Esse percentual \u00e9 inferior aos 30% negociados no pr\u00e9-plantio de anos anteriores. Ainda de acordo com o instituto, restam vender 13% da soja e 40% do milho safrinha produzidos na temporada 2016\/17.<\/p>\n
As indefini\u00e7\u00f5es em torno da constitucionalidade do Funrural (Fundo de Assist\u00eancia e Previd\u00eancia do Trabalhador Rural), votada pelo STF, e de sua cobran\u00e7a retroativa e futura tamb\u00e9m t\u00eam preocupado o produtor. A safra come\u00e7a com muitas possibilidades em discuss\u00e3o, como as altera\u00e7\u00f5es na Medida Provis\u00f3ria 793\/2017, que trata do refinanciamento do passivo e teve o prazo de ades\u00e3o prorrogado para 30 de novembro; a valida\u00e7\u00e3o do PRS 13\/2017 (extin\u00e7\u00e3o do Funrural); e a solicita\u00e7\u00e3o de embargos e da modula\u00e7\u00e3o da decis\u00e3o do STF, que publicou o ac\u00f3rd\u00e3o sobre a vota\u00e7\u00e3o do Funrural esta semana.<\/p>\n
“A Aprosoja-GO est\u00e1 trabalhando para que o PRS seja validado e defendemos que a cobran\u00e7a futura seja opcional sobre a folha de pagamentos dos empregados ou sobre a comercializa\u00e7\u00e3o bruta”, informa o presidente Bartolomeu. “Mas se a Justi\u00e7a n\u00e3o entender de vez o quanto o atual modelo do Funrural prejudica o setor e tivermos que recolher esse imposto sobre nossas vendas, a rentabilidade da soja vai ficar ainda mais achatada.”<\/p>\n
Fonte: Globo Rural<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"