{"id":139458,"date":"2017-10-18T00:01:48","date_gmt":"2017-10-18T02:01:48","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=139458"},"modified":"2017-10-17T23:31:54","modified_gmt":"2017-10-18T01:31:54","slug":"selva-de-pedra-biologos-encontram-mil-especies-de-animais-silvestres-na-cidade-de-sao-paulo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/10\/18\/139458-selva-de-pedra-biologos-encontram-mil-especies-de-animais-silvestres-na-cidade-de-sao-paulo.html","title":{"rendered":"Selva de pedra? Bi\u00f3logos encontram mil esp\u00e9cies de animais silvestres na cidade de S\u00e3o Paulo"},"content":{"rendered":"
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Nem s\u00f3 de pombas, ratos, urubus e baratas \u00e9 composta a fauna do mun\u00edcipio de S\u00e3o Paulo, que abriga a maior cidade da Am\u00e9rica do Sul, com 11,5 milh\u00f5es de habitantes. Em suas pra\u00e7as e parques e matas dos arredores da mancha urbana podem ser vistos animais que muita gente acredita que s\u00f3 s\u00e3o encontrados na Amaz\u00f4nia ou no cerrado – at\u00e9 mesmo on\u00e7as.<\/p>\n<\/div>\n

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Para ficar apenas entre os mam\u00edferos, h\u00e1 ainda antas, porcos-do-mato, veados-catingueiros, pregui\u00e7as-de-tr\u00eas-dedos, tamandu\u00e1s-mirins, muriquis-do-sul (o maior primata da Am\u00e9rica do Sul), lontras, tatus-peba e cachorros-do-mato. No total, existem 1.113 esp\u00e9cies silvestres registradas no Invent\u00e1rio da Biodiversidade do Munic\u00edpio de S\u00e3o Paulo – 2016, da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (SVMA).<\/p>\n<\/div>\n

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A descoberta \u00e9 resultado de um trabalho que come\u00e7ou em 1993, na Divis\u00e3o de Fauna do Departamento de Parques e \u00c1reas Verdes (Depave) da secretaria. Na linha de frente do trabalho estava – e est\u00e1 at\u00e9 hoje – a bi\u00f3loga Anelise Magalh\u00e3es, formada um ano antes e contratada por concurso logo em seguida.<\/p>\n<\/div>\n

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“Naquele ano, realizamos o trabalho em apenas tr\u00eas parques, Ibirapuera, do Carmo e Alfredo Volpi”, lembra. “Para a lista atual, fizemos os registros em 138 localidades do munic\u00edpio de S\u00e3o Paulo.” Tamb\u00e9m entraram no invent\u00e1rio os animais feridos ou capturados pela popula\u00e7\u00e3o entregues ao departamento.<\/p>\n<\/div>\n

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Na lista est\u00e3o animais pertencentes a seis grupos de invertebrados e cinco de vertebrados.<\/p>\n<\/div>\n

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Dentre os primeiros s\u00e3o moluscos, crust\u00e1ceos dec\u00e1podes (caranguejos e camar\u00f5es), quil\u00f3podes (lacraias), aracn\u00eddeos (carrapatos, aranhas e escorpi\u00f5es) e insetos (borboletas, besouros, baratas, mosquitos, abelhas, percevejos, formigas, vespas, cupins, grilos e pulgas). A rela\u00e7\u00e3o dos segundos cont\u00e9m peixes, anf\u00edbios, r\u00e9pteis, aves e mam\u00edferos.<\/p>\n

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Os levantamentos n\u00e3o pararam de ser ampliados e geraram sete listas at\u00e9 agora, que foram divulgadas em 1998, 1999, 2000, 2006, 2008 e 2010 e 2016, cada uma com um n\u00famero de esp\u00e9cies maior do que a anterior. A de 2010, por exemplo, continha apenas 700.<\/p>\n<\/div>\n

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Surpresas<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Al\u00e9m disso, cada invent\u00e1rio apresentou surpresas, animais que n\u00e3o se supunha que vivessem em S\u00e3o Paulo. “N\u00f3s nos surpreendemos com a biodiversidade que existe na maior cidade da Am\u00e9rica do Sul”, diz Magalh\u00e3es. “N\u00e3o era esperado, porque o processo de urbaniza\u00e7\u00e3o acaba com o ambiente natural e afeta muito a fauna e a flora.”<\/p>\n<\/div>\n

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A novidade do invent\u00e1rio de 2010, ela diz, foi o registro do muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), tamb\u00e9m conhecido como mono-carvoeiro, uma esp\u00e9cie end\u00eamica da Mata Atl\u00e2ntica. Com quase 1,60 m de comprimento, do nariz \u00e0 ponta da cauda, e pesando at\u00e9 15 kg, \u00e9 o maior primata n\u00e3o humano das Am\u00e9ricas.<\/p>\n<\/div>\n

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Sua descoberta em S\u00e3o Paulo \u00e9 importante para sua preserva\u00e7\u00e3o, pois ele \u00e9 considerado uma esp\u00e9cie em perigo pela Uni\u00e3o Internacional para a Conserva\u00e7\u00e3o da Natureza (UICN), principalmente por causa da destrui\u00e7\u00e3o e fragmenta\u00e7\u00e3o de seu habitat natural e pela ca\u00e7a ilegal.<\/p>\n<\/div>\n

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No levantamento de 2016, por sua vez, a grande surpresa foi o registro de uma on\u00e7a-pintada (Panthera onca), cuja imagem foi captada, em janeiro, por uma armadilha fotogr\u00e1fica instalada no chamado N\u00facleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar, no extremo sul da capital paulista. A c\u00e2mara havia sido colocada no local pelo Instituto Pr\u00f3-Carn\u00edvoros, um parceiro do projeto.<\/p>\n<\/div>\n

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Em anos anteriores, j\u00e1 havia sido detectada na mesma regi\u00e3o a presen\u00e7a da on\u00e7a parda ou puma (Puma concolor capricornensis). A presen\u00e7a desses grandes mam\u00edferos e outros animais exigentes ecologicamente na \u00e1rea indica que ela est\u00e1 mais preservada do que se imaginava.<\/p>\n

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Al\u00e9m do cintur\u00e3o verde<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Mas n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 nas matas fechadas e \u00e1reas protegidas no chamado cintur\u00e3o verde nos extremos da capital paulista que se encontram animais silvestres. As \u00e1reas verdes localizadas na mancha urbana tamb\u00e9m servem de ref\u00fagio e habitat para muitas esp\u00e9cies, principalmente de aves.<\/p>\n<\/div>\n

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P\u00e1ssaros t\u00edpicos de vegeta\u00e7\u00e3o mais densa, como a araponga (Procnias nudicollis) e o pav\u00f3 (Pyroderus scutatus), parentes pr\u00f3ximos, j\u00e1 foram registrados em parques como Aclima\u00e7\u00e3o, Buenos Aires, Burle Marx, Ibirapuera, da Independ\u00eancia e Villa-Lobos.<\/p>\n<\/div>\n

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Em alguns desses locais tamb\u00e9m foi observado o tucano-toco (Ramphastos toco), conhecido como tucano-grande ou tucanu\u00e7u, que \u00e9 caracter\u00edstico do cerrado.<\/p>\n<\/div>\n

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Por ser um trabalho de longo prazo, o levantamento do Denave possibilitou descobertas que de outra forma n\u00e3o ocorreriam. Uma delas \u00e9 a chegada \u00e0 cidade e prolifera\u00e7\u00e3o de algumas esp\u00e9cies, antes raras, e a diminui\u00e7\u00e3o da presen\u00e7a de outras.<\/p>\n<\/div>\n

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No primeiro caso, est\u00e3o as pombas asa-branca (Patagioenas picazuro) e avoante (Zenaida auriculata), comuns no cerrado e na caatinga, mas que se adaptaram muito bem na zona urbana da capital paulista.<\/p>\n<\/div>\n

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No in\u00edcio dos levantamentos, em 1993, elas quase n\u00e3o eram vistas na cidades e hoje s\u00e3o comuns. “Em contrapartida, temos a impress\u00e3o de que a popula\u00e7\u00e3o de rolinhas (Columbina talpacoti) est\u00e1 diminuindo”, acrescenta Magalh\u00e3es.<\/p>\n

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Import\u00e2ncia das pra\u00e7as<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Al\u00e9m da descoberta de um grande n\u00famero de animais silvestres vivendo em S\u00e3o Paulo, o trabalho coordenado pela bi\u00f3loga serviu tamb\u00e9m para mostrar a import\u00e2ncia que \u00e1reas verdes, como os parques e pra\u00e7as, t\u00eam para manter essa grande biodiversidade, principalmente das aves, boas indicadoras da sa\u00fade ecol\u00f3gica de um ambiente.<\/p>\n<\/div>\n

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Formados por uma vegeta\u00e7\u00e3o heterog\u00eanea, que re\u00fane \u00e1rvores nativas e ex\u00f3ticas, eles servem como viveiros naturais para esp\u00e9cies que necessitam de sombreamento e ponto de parada para alimenta\u00e7\u00e3o e descanso durante os deslocamentos.<\/p>\n<\/div>\n

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“Tamb\u00e9m servem como trampolins para as aves alcan\u00e7arem \u00e1reas verdes maiores, mais afastadas da cidade”, diz ela. “A malha de parques e pra\u00e7as urbana tem maior relev\u00e2ncia ecol\u00f3gica do que se pensava.”<\/p>\n<\/div>\n

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O invent\u00e1rio n\u00e3o \u00e9 apenas uma rela\u00e7\u00e3o curiosa dos animais selvagens que habitam S\u00e3o Paulo. Ele fornece subs\u00eddios para que sejam criadas estrat\u00e9gias de conserva\u00e7\u00e3o da biodiversidade na metr\u00f3pole. Serve ainda de embasamento cient\u00edfico para pol\u00edticas p\u00fablicas de monitoramento e conserva\u00e7\u00e3o ambiental.<\/p>\n<\/div>\n

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“Com esses levantamentos, come\u00e7amos a conhecer a fauna de S\u00e3o Paulo e saber onde ela se encontra”, ressalta. “Essas listas servem para escolher \u00e1reas priorit\u00e1rias para preserva\u00e7\u00e3o e ajudam a mostrar as que t\u00eam import\u00e2ncia. Esperamos tamb\u00e9m que os dados sejam utilizados em programas de educa\u00e7\u00e3o ambiental e em pesquisas sobre ecologia urbana, por exemplo.”<\/p>\n

Fonte: G1<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"