{"id":140274,"date":"2017-11-20T00:00:21","date_gmt":"2017-11-20T02:00:21","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=140274"},"modified":"2017-11-19T21:25:04","modified_gmt":"2017-11-19T23:25:04","slug":"o-ultimo-dia-da-cop23-e-a-historia-de-porto-rico-que-se-recompoe-de-um-desastre-ambiental","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/11\/20\/140274-o-ultimo-dia-da-cop23-e-a-historia-de-porto-rico-que-se-recompoe-de-um-desastre-ambiental.html","title":{"rendered":"O \u00faltimo dia da COP23 e a hist\u00f3ria de Porto Rico, que se recomp\u00f5e de um desastre ambiental"},"content":{"rendered":"
Seria um \u201cblefe coletivo\u201d, como na vis\u00e3o dos especialistas da ONG Observat\u00f3rio do Clima (OC) que escreveram sobre o fim da COP23?\u00a0A express\u00e3o foi criada para ilustrar aquilo que os cidad\u00e3os comuns vimos acompanhando ano a ano com as Confer\u00eancias do Clima convocadas pela ONU: as reuni\u00f5es durante a semana de negocia\u00e7\u00f5es s\u00e3o importantes, h\u00e1 muitas promessas, declara\u00e7\u00f5es impactantes. Mas, na pr\u00e1tica mesmo, at\u00e9 os 195 pa\u00edses que continuam assinando e ratificando o Acordo de Paris, mesmo com a cinematogr\u00e1fica sa\u00edda dos Estados Unidos, nem mesmo eles est\u00e3o, de fato, se mostrando dispostos a mudar h\u00e1bitos principais no sentido de baixar as emiss\u00f5es de carbono.<\/p>\n
Outro assunto que parece ficar no \u201cora, vejam…\u201d \u00e9 o financiamento clim\u00e1tico. Aquele dinheiro que os pa\u00edses mais ricos t\u00eam que dar aos pa\u00edses mais pobres para possibilitar que eles tenham condi\u00e7\u00f5es de se adaptar contra os eventos extremos causados pelas mudan\u00e7as clim\u00e1ticas. Na reportagem de avalia\u00e7\u00e3o da Confer\u00eancia, o jornal brit\u00e2nico \u201cThe Guardian\u201d ouviu Raijeli Nicole, da ONG Oxfam, que disse: “Na maior parte, os pa\u00edses ricos chegaram a Bonn de m\u00e3os vazias”.<\/p>\n
\u201cVimos avan\u00e7os importantes na regulamenta\u00e7\u00e3o do Acordo de Paris, demonstrando alinhamento e comprometimento dos pa\u00edses. Entretanto ainda h\u00e1 uma lacuna muito grande entre os compromissos atuais e o que \u00e9 necess\u00e1rio para entrar na rota do 1,5oC. Precisamos de mais ambi\u00e7\u00e3o nas negocia\u00e7\u00f5es, e muito mais a\u00e7\u00e3o pr\u00e1tica nos pa\u00edses, onde as emiss\u00f5es ocorrem. O Brasil, em especial, continua tomando decis\u00f5es pol\u00edticas que v\u00e3o na contram\u00e3o dos objetivos do Acordo de Paris\u201d, afirmou\u00a0tamb\u00e9m\u00a0Maur\u00edcio Voivodic, diretor-executivo do WWF Brasil, ao site da OC.<\/p>\n
A decis\u00e3o mais conflitante com o contundente discurso que o Ministro Jos\u00e9 Sarney Filho, do Meio Ambiente, fez em Bonn durante a Confer\u00eancia se chama Medida Provis\u00f3ria 795. <\/a>Trata-se de uma medida que pretende dar at\u00e9 US$ 300 bilh\u00f5es (mais de R$ 1 trilh\u00e3o)\u00a0\u00a0de al\u00edvio de impostos para empresas que desenvolvem campos petrol\u00edferos offshore e que est\u00e1 na pauta da C\u00e2mara para vota\u00e7\u00e3o a qualquer momento. A generosidade governamental valeu ao pa\u00eds, durante a COP, o pr\u00eamio \u201cFossil do Dia\u201d, dado por ambientalistas que, assim como a maioria, conseguem perceber a dist\u00e2ncia entre discurso e pr\u00e1tica sem pestanejar. Movimentos\u00a0\u00a0socioambientais\u00a0\u00a0est\u00e3o usando a internet para colher assinatura para uma peti\u00e7\u00e3o aos deputados, pedindo que eles n\u00e3o aprovem a medida.<\/p>\n Assim mesmo, o Brasil se candidatou para sediar a COP25, que vai acontecer na Am\u00e9rica Latina e vai ser um encontro importante porque ser\u00e1 em 2019, um ano antes do prazo estabelecido para come\u00e7ar, efetivamente, o Acordo de Paris. Como bem sabemos n\u00f3s, os cidad\u00e3os brasileiros comuns, nossos governantes gostam muito de abrir a casa para oferecer festas e receber convidados, mesmo que, para isso, seja necess\u00e1rio uma infraestrutura que vai exigir dinheiro que n\u00e3o se tem para gastar. Mas isso pode ser apenas uma rabugice minha. H\u00e1 quem esteja comemorando e gostando da ideia, sem d\u00favida<\/p>\n Eu preferia transformar discurso em pr\u00e1tica, sobretudo com rela\u00e7\u00e3o aos ind\u00edgenas e seus pedidos\u00a0\u00a0de socorro para conseguirem seguir no processo de ajuda \u00e0 conserva\u00e7\u00e3o da natureza, como fazem, hoje, com muito sacrif\u00edcio e correndo muitos riscos. E, nesse sentido, concordo com o que disse ao site da OC o coordenador de Pol\u00edticas P\u00fablicas do Greenpeace Brasil, M\u00e1rcio Astrini:<\/p>\n \u201cO Brasil \u00e9 muito importante para as negocia\u00e7\u00f5es, mas nossas atuais pol\u00edticas internas, que amea\u00e7am as florestas e seus povos e d\u00e3o grandes subs\u00eddios para energias poluentes, s\u00e3o tudo de que o mundo n\u00e3o precisa neste momento. Assim, sa\u00edmos desta confer\u00eancia como o pa\u00eds do fa\u00e7a o que eu digo, n\u00e3o o que eu fa\u00e7o. H\u00e1 algum tempo deixamos de ser um bom exemplo na quest\u00e3o clim\u00e1tica e agora caminhamos para o lado negativo da hist\u00f3ria\u201d.<\/p>\n Houve avan\u00e7os ineg\u00e1veis, como sempre acontece nas Confer\u00eancias do Clima. \u00c9 sempre uma chance para que quest\u00f5es s\u00e9rias que amea\u00e7am a vida da humanidade no planeta, como o uso excessivo de carv\u00e3o, venham \u00e0 tona. Dessa vez, um grupo de 19 pa\u00edses se comprometeu seriamente a abandonar o combust\u00edvel que, atualmente, fornece 40% da eletricidade global.<\/p>\n Podem ser apenas promessas, mas vejam o exemplo do Reino Unido: foi a primeira na\u00e7\u00e3o a se comprometer a acabar com o uso do carv\u00e3o at\u00e9 2025. Mas, desde 2012, a eletricidade gerada dessa forma j\u00e1 caiude 40% para 2%.J\u00e1 a Austr\u00e1lia, o maior fornecedor de carv\u00e3o do mundo, se recusou a participar dessa lista de pa\u00edses que pretende aumentar para 50. Hilda Heine, Presidente da Ilha Marshal, uma das na\u00e7\u00f5es pequenas do Pac\u00edfico que j\u00e1 est\u00e3o sendo tremendamente impactadas com a subida do oceano e com as fortes tempestades e furac\u00f5es, disse que ficou desapontada com a atitude da Austr\u00e1lia:<\/p>\n “N\u00f3s somos vizinhos: eles devem estar cientes dos problemas que enfrentam os pequenos pa\u00edses insulares”.<\/p>\n \u00c9, deveriam estar. Mas h\u00e1 quest\u00f5es pol\u00edticas que falam mais alto, sempre falar\u00e3o mais alto. Como avaliou Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos S\u00f3cioecon\u00f4micos (Inesc), no texto que faz uma an\u00e1lise da Confer\u00eancia, da qual participou, \u201cao fim e ao cabo \u00e9 a que define tudo\u201d .<\/p>\n E h\u00e1 tamb\u00e9m quest\u00f5es econ\u00f4micas, como sempre, empurrando iniciativas, fazendo com que pa\u00edses se esquivem. Sempre vai haver. Mas h\u00e1, tamb\u00e9m, derivas interessantes.<\/p>\n Encerro este texto, convidando os leitores a lerem uma reportagem da jornalista canadense e ativista ambiental Naomi Klein, sempre uma cr\u00edtica \u00e0s confer\u00eancias do clima, sobre a situa\u00e7\u00e3o da Ilha de Porto Rico (que pertence aos Estados Unidos) depois da passagem dos \u00faltimos fura\u00e7\u00f5es.\u00a0Houve um “pacote de ajuda” aprovado pelo Congresso de US$ 5 bilh\u00f5es para recuperar os estragos. Um presente de grego porque, na verdade, o pa\u00eds j\u00e1 est\u00e1 afundado em d\u00edvidas e tudo o que n\u00e3o precisa \u00e9 se endividar mais. Aconteceu que os pr\u00f3prios portoriquenhos decidiram ir \u00e0 luta para tentar se recuperar sem precisar desse dinheiro. Uma s\u00e9rie de a\u00e7\u00f5es envolvendo empres\u00e1rios locais, agricultores, cidad\u00e3os comuns fez nascer cooperativas que andam provocando uma boa revolu\u00e7\u00e3o por l\u00e1. E a prioridade \u00e9 o uso da energia solar, para tirar a depend\u00eancia do combust\u00edvel em carbono.<\/p>\n \u201cSob a bandeira de uma recupera\u00e7\u00e3o justa para Porto Rico, milhares de pessoas se reuniram para elaborar um plano ousado e hol\u00edstico para a ilha ser reconstru\u00edda, que pode virar uma refer\u00eancia numa era de acelera\u00e7\u00e3o do caos clim\u00e1tico e de aumento exponencial da desigualdade econ\u00f4mica\u201d, escreve ela.<\/p>\n Vale a pena a leitura e a reflex\u00e3o a respeito. Naomi Klein n\u00e3o se cansa de alertar para uma situa\u00e7\u00e3o recorrente na era dos desastres ambientais e que nem sempre vai para a mesa de debates nas confer\u00eancias do clima:<\/p>\n \u201cUm desastre acontece, mobiliza uma simpatia do p\u00fablico, e grandes promessas s\u00e3o feitas de “reconstruir ainda melhor”, trazendo justi\u00e7a aos que perderam tudo.\u00a0No entanto, \u00e9 mais um pretexto para as medidas de produ\u00e7\u00e3o, como incorporadores de imobili\u00e1rios e financiadores, \u00e0s custas daqueles que j\u00e1 perderam tanto\u201d.<\/p>\n Fonte:\u00a0Amelia Gonzalez\u00a0 G1<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Seria um \u201cblefe coletivo\u201d, como na vis\u00e3o dos especialistas da ONG Observat\u00f3rio do Clima (OC) que escreveram sobre o fim da COP23? 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