{"id":140572,"date":"2017-12-05T00:00:27","date_gmt":"2017-12-05T02:00:27","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=140572"},"modified":"2017-12-04T22:11:03","modified_gmt":"2017-12-05T00:11:03","slug":"um-amor-radical-pela-natureza","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/12\/05\/140572-um-amor-radical-pela-natureza.html","title":{"rendered":"Um amor radical pela natureza"},"content":{"rendered":"

N\u00e3o gosto de repercutir o que a web conta sem pesquisar muito porque, como sabemos, nem sempre aquilo que parece, \u00e9. Mas esta hist\u00f3ria que uma amiga me mandou, com v\u00e1rias recomenda\u00e7\u00f5es, tem um apelo t\u00e3o forte para mim, que decidi compartilhar com os leitores. Chequei algumas das informa\u00e7\u00f5ese li a defesa escrita pelo pr\u00f3prio protagonista em sua rede oficial por conta de estar sendo atacado como golpista. Parece real, com alguns toques de emo\u00e7\u00e3o. Bem, voc\u00eas j\u00e1 devem estar curiosos, ent\u00e3o l\u00e1 vai.<\/p>\n

O cen\u00e1rio \u00e9 o Parque Nacional Tsavo West, que fica ao Sul do Qu\u00eania, pa\u00eds africano que est\u00e1 em 146\u00ba lugar no \u00cdndice de Desenvolvimento Humano anualmente publicado pelo Programa das Na\u00e7\u00f5es Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Ali n\u00e3o chove h\u00e1 muito tempo, a seca est\u00e1 castigando os animais. S\u00f3 em 2010, de quando consegui os \u00faltimos dados,foram registradas 352 mortes: 104 b\u00fafalos, 61 zebras, 49 gnus, 47 hipop\u00f3tamos, 36 elefantes, 26 impalas e 13 bubal\u00fas, uma esp\u00e9cie de ant\u00edlope africano.<\/p>\n

Impactado com esta situa\u00e7\u00e3o, o queniano Patrick Kilonzo Mwaluadecidiu agir. Desde 2016, inicialmente com um caminh\u00e3o-pipa alugado, e atualmente com v\u00e1rios, todos os dias ele leva 12 mil litros de \u00e1gua doce para acabar com a sede dos bichos. A cena, registrada no v\u00eddeo que recebi <\/a>\u00e9, de fato, bem forte: quando ouvem o barulho do motor do caminh\u00e3o de Patrick, os animais come\u00e7am a se aproximar porque j\u00e1 sabem o que esperar. A \u00e1gua forma po\u00e7as e at\u00e9 os b\u00fafalos v\u00e3o, em grupo, para se satisfazer.<\/p>\n

Confesso que, nesse momento do v\u00eddeo, algumas cenas me pareceram familiares, lembrando\u00a0document\u00e1rios produzidos <\/a>por Yann Arthus Bertrand. Talvez algumas imagens possam ter sido emprestadas.<\/p>\n

Num outro v\u00eddeo, chamado “Her\u00f3i Desconhecido”, <\/a>uma TV africana conta a hist\u00f3ria de Patrick de maneira mais detalhada. Ele tem 41 anos e sempre viveu perto dos animais selvagens, por isso ficou t\u00e3o afetado quando percebeu a situa\u00e7\u00e3o em que se encontram no Parque. Come\u00e7ou a agir sozinho, mas logo pediu ajuda e criou-se uma rede em torno dele, com doa\u00e7\u00f5es do mundo inteiro que chegam a mais de US$ 130 mil. Por isso, hoje Patrick tem v\u00e1rios caminh\u00f5es que, diariamente, fazem o mesmo caminho, levando \u00e1gua da cidade para a selva \u2013 uma viagem de cerca de 70 quil\u00f4metros \u2013 onde a seca faz com que os bichos tenham que disputar a sombra de \u00e1rvores raras.<\/p>\n

Aqui, vale lembrar que estamos falando de um produto cada vez mais raro, cada vez mais caro \u00e0 humanidade, aos bichos, \u00e0s matas. Segundo informa\u00e7\u00f5es que est\u00e3o no livro “Escolhas sustent\u00e1veis”, de Rafael Morais Chiaravalloti e Cl\u00e1udio P\u00e1dua (Ed. Urbana), entre 2005 e 2010, o pre\u00e7o da \u00e1gua aumentou muito. Nos Estados Unidos, o aumento foi de 27%; no Reino Unido, de 32%; na Austr\u00e1lia, 45%; no Canad\u00e1 o aumento foi de praticamente 60%. No pa\u00eds de Patrick, segundo ainda os registros do livro publicado em 2011, apenas 59% da popula\u00e7\u00e3o tinham acesso \u00e0 \u00e1gua pot\u00e1vel.<\/p>\n

“Al\u00e9m de uma quest\u00e3o de preserva\u00e7\u00e3o ambiental e igualdade social, a \u00e1gua passa por uma quest\u00e3o econ\u00f4mica muito simples. Como, basicamente, ela \u00e9 fornecida pelo Estado, paga-se pelo seu consumo e, quanto mais escasso esse recurso, mais caro ele ir\u00e1 ficar”, diz o texto.<\/p>\n

Haver\u00e1 quem critique Patrick porque, num pa\u00eds t\u00e3o carente de \u00e1gua para os humanos, escolheu matar a sede dos bichos. N\u00e3o \u00e9 meu caso. Penso que existem pessoas tamb\u00e9m afetadas pela adversidade dos iguais, mas a biodiversidade merece um espa\u00e7o de cuidados.<\/p>\n

Patrick criou uma p\u00e1gina nas redes sociais, deu nome ao seu programa,criou um crowdfunding que se chama\u00a0Volunt\u00e1rios do Tsavo <\/a>para tentar arrecadar mais dinheiro para suas viagens, para comprar mais caminh\u00f5es. Sabe que precisa abrir v\u00e1rios po\u00e7os de \u00e1gua no Parque para que os animais consigam se espalhar e n\u00e3o fiquem focados num \u00fanico espa\u00e7o, o que pode ser perigoso para eles.<\/p>\n

Patrick j\u00e1 tem v\u00e1rios ajudantes volunt\u00e1rios, e ele precisa mesmo. Tem um problema nos rins, est\u00e1 na fila para receber um \u00f3rg\u00e3o novo. Por causa disso, seus detratores dizem que o guardi\u00e3o do Parque Tsavo est\u00e1 arrecadando dinheiro para si pr\u00f3prio e que n\u00e3o o veem por l\u00e1.<\/p>\n

“Nem todos os guardas me conhecem no parque devido ao seu grande tamanho, mas eu sou bem conhecido em tsavo West pelo trabalho que fa\u00e7o”, defende-se Patrick na sua rede social.<\/p>\n

Quando recebi o v\u00eddeo do guardi\u00e3o do parque africano e salvador dos animais, tinha pensado em escrever um texto sobre o amor radical que alguns seres humanos t\u00eam pela natureza.E Patrick se encaixa perfeitamente neste perfil. Mas h\u00e1 tamb\u00e9m aqueles que se mudam para se desapegarem de tudo o que os afasta da vida natural. Aumenta o n\u00famero de ecovilas no Rio de Janeiro e j\u00e1 h\u00e1 tamb\u00e9m ideia de se criar um\u00a0aplicativo colaborativo Ecovilas Brasil <\/a>que pretende reunir informa\u00e7\u00f5es sobre esses lugares dispon\u00edveis no pa\u00eds.<\/p>\n

“Ecovilas s\u00e3o comunidades urbanas ou rurais formadas por pessoas que se esfor\u00e7am para integrar o ambiente social cooperativo”, diz um document\u00e1rio sobre ecovilas \u2013 “Caminhando para a Sustentabilidade do Ser”, que est\u00e1 dispon\u00edvel na internet.<\/p>\n

H\u00e1 um apelo especial e forte, para quem est\u00e1 querendo fugir do dia a dia estressante e corrido das grandes cidades, passar a viver uma vida com ar puro, alimenta\u00e7\u00e3o saud\u00e1vel, em harmonia com a natureza. No entanto, os depoimentos de quem j\u00e1 fez a op\u00e7\u00e3o mostram que nem tudo s\u00e3o flores tamb\u00e9m do lado de l\u00e1.<\/p>\n

A primeira quest\u00e3o \u00e9 a vida em grupo. Tudo precisa ser feito em conjunto e as decis\u00f5es s\u00e3o tomadas somente depois de todos darem opini\u00f5es. Para quem est\u00e1 acostumado a ter tudo \u00e0 m\u00e3o, preparar um local para guardar as fezes, esperar que vire um adubo e replantar, pode parecer bastante enervante. E a\u00ed, todo o potencial efeito desestressante pode ir por \u00e1gua abaixo.<\/p>\n

O mais interessante, para mim, \u00e9 perceber que h\u00e1 espa\u00e7o para todas as op\u00e7\u00f5es. O amor \u00e0 natureza tamb\u00e9m pode ser demonstrado na cidade, com cuidados fundamentais que podem contribuir para que nosso espa\u00e7o social de conviv\u00eancia possa guardar as singularidades e, ao mesmo tempo, proporcionar mais qualidade de vida para todos. N\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil, basta ter cuidado, fazer contato e manter um n\u00edvel de respeito ao outro que as grandes aglomera\u00e7\u00f5es andam dificultando. Fico a fim de perseverar nesse prop\u00f3sito, creio nisso.<\/p>\n

Fonte: G1 Amelia Gonzalez<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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