{"id":140810,"date":"2017-12-15T00:00:06","date_gmt":"2017-12-15T02:00:06","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=140810"},"modified":"2017-12-14T21:19:49","modified_gmt":"2017-12-14T23:19:49","slug":"pesquisadores-brasileiros-descobrem-soro-que-combate-veneno-de-abelhas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2017\/12\/15\/140810-pesquisadores-brasileiros-descobrem-soro-que-combate-veneno-de-abelhas.html","title":{"rendered":"Pesquisadores brasileiros descobrem soro que combate veneno de abelhas"},"content":{"rendered":"
Quem \u00e9 picado por cobra, sabe que tem que correr para o hospital, pois o soro antiof\u00eddico pode salvar uma vida. Se algu\u00e9m sofre acidente com aranha, escorpi\u00e3o tamb\u00e9m h\u00e1 medicamentos para cortar o veneno, mas e se for picado por abelhas? Agora existe soro para isso e \u00e9 uma cria\u00e7\u00e3o brasileira, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em parceria com o Instituto Vital Brazil. O produto ainda est\u00e1 em fase de testes, mas j\u00e1 com \u00f3timos resultados.<\/p>\n
No Brasil, acontecem milhares acidentes com abelhas, todo ano, como aconteceu com a Camila Presoto em agosto de 2016. Ela e o marido tentavam resgatar uma vaga que estava ca\u00edda em uma ribanceira, quando um enorme enxame se desprendeu de um tronco e impediu o resgate. As abelhas atacaram a Camila. \u201cForam em torno de 400 a 600 picadas. Sendo 80% nja cabe\u00e7a. Eu imaginei mesmo que ia morrer”, conta Camila.<\/p>\n
Camila mora na cidade de Avar\u00e9, oeste do Estado de S\u00e3o Paulo, onde trabalha como professora. Mas, na \u00e9poca do acidente, vivia numa fazenda de produ\u00e7\u00e3o de leite. “Fiquei bem feformada, com dor muscular, incha\u00e7o, mancha, me falaram que eu estava com insufici~encia renal”, lembra Camila.<\/p>\n
Talvez a Camila n\u00e3o tivesse sobrevivido caso n\u00e3o houvesse sido transferida de Avar\u00e9 para Botucatu, onde fica a Faculdade de Medicina da Unesp. A faculdade j\u00e1 estava com o soro antiap\u00edlico desenvolvido, mas o medicamento in\u00e9dito nunca tinha sido aplicado em ningu\u00e9m.<\/p>\n
O soro antiap\u00edlico se refere a \u201capis\u201d, que vem do latim, significa abelha. N\u00e3o est\u00e1 \u00e0 venda. \u00c9 de uso exclusivo em pesquisa, s\u00f3 em dois lugares do pa\u00eds: a UPECLIN \u2013 Unidade de Pesquisa Cl\u00ednica da Faculdade de Medicina de Botucatu; e o Hospital Nossa Senhora da Concei\u00e7\u00e3o da UNISUL, Universidade do Sul, em Tubar\u00e3o, Santa Catarina.<\/p>\n
Ela conta como aceitou ser cobaia. “Querendo ou n\u00e3o, os rem\u00e9dios que a gente toma para dor de cabe\u00e7a, teve uma pessoa que experimentou”, fala Camila.<\/p>\n
O soro antiap\u00edlico \u00e9 colocado na bolsa de soro fisiol\u00f3gico e, gota a gota, vai sendo infundido lentamente. A quantidade depende do n\u00famero de picadas.<\/p>\n
Outra pessoa que recebeu o soro antiap\u00edlico foi o cabo Maur\u00edcio Lofiego, da Primeira Companhia da Pol\u00edcia Militar em Botucatu.<\/p>\n
Maur\u00edcio descreve que o meliante embrenhou-se no mato. Ao conduzir o mesmo de volta \u00e0 viatura, eis que foram atacados por um enxame de abelhas. A sorte do policial foi ter sido levado rapidamente ao posto que fazia o ensaio cl\u00ednico com o soro. “Eles apresentaram um estudo que estava sendo desenvolvido, que era o soro de abelha e se eu queria fazer parte desse estudo. N\u00e3o tive sequela”, conta Maur\u00edcio.
\nQuem fornece o veneno para a produ\u00e7\u00e3o do soro antiap\u00edlico \u00e9 o pr\u00f3prio Setor de Apicultura da Unesp de Botucatu, coordenador pelo professor Ricardo Orsi. N\u00e3o \u00e9 uma colheita abundante. A extra\u00e7\u00e3o em dez mil abelhas proporciona apenas um grama de veneno em p\u00f3.\u00a0 A t\u00e9cnica de colheita \u00e9 antiga. Baseada em choque el\u00e9trico.<\/p>\n
Usa-se uma placa de acr\u00edlico com arame ligado a uma bateria. A abelha n\u00e3o morre. “A gente se preocupa com o bem-estar animal, ent\u00e3o a gente se preocupa em fazer uma colheita de forma adequada para que a gente n\u00e3o leve um preju\u00edzo para o desenvolvimento do enxame como um todo”, explica Orsi.<\/p>\n
O que muita gente n\u00e3o sabe \u00e9 que quando a abelha pica um animal ou uma pessoa, a ela perde o ferr\u00e3o, que crava na pele. Ao levantar voo, fica retida a pontinha do corpo onde est\u00e1 inclusive a bolsa de veneno, que fica pulsando, liberando pequenas gotas t\u00f3xicas.<\/p>\n
No coletor, n\u00e3o acontece isso, n\u00e3o tem superf\u00edcie para cravar o ferr\u00e3o. Ao sentir um pequeno choque, a abelha identifica o objeto como um inimigo a ser eliminado. Ferroa, mas s\u00f3 libera o veneno. O veneno j\u00e1 solidificado \u00e9, ent\u00e3o, raspado e recolhido a um pequeno tubo. Depois vai para purifica\u00e7\u00e3o e processamento nos laborat\u00f3rios do Cevap (Centro de Estudos de Animais Pe\u00e7onhentos da Unesp).<\/p>\n
A import\u00e2ncia dos equinos na fabrica\u00e7\u00e3o do soro<\/strong> A tropa de produ\u00e7\u00e3o de soro do Instituto Vital Brazil recebe uma alimenta\u00e7\u00e3o refor\u00e7ada, equivalente a dos animais de trabalho. Oito quilos de capim picado por dia, mais quatro quilos de ra\u00e7\u00e3o, sal mineral, pasto \u00e0 vontade, al\u00e9m de m\u00fasica cl\u00e1ssica. \u00c9 quase um convite \u00e0 medita\u00e7\u00e3o embalado por bufos e compassados movimentos de mand\u00edbulas. A tropa recebe lida gentil. Nada chicote, ferr\u00e3o, gritaria.<\/p>\n Da tropa sai material para a produ\u00e7\u00e3o de soros contra cinco tipos de picadas de cobra; aranha, escorpi\u00e3o e abelha. O veneno trabalhado nos laborat\u00f3rios da Unesp, chega pronto para ser injetado em sess\u00f5es esparsadas ao longo de uma semana. Cada animal recebe, ao todo, meio litro. O equivalente \u00e0s picadas de cinco mil abelhas, mas n\u00e3o \u00e9 o veneno bruto.<\/p>\n “Um dos desafios tecnol\u00f3gicos desse soro foi a retirada da fra\u00e7\u00e3o t\u00f3xica que gerava dor e alergia nos cavalos”, fala o veterin\u00e1rio Marcelo Strauch.<\/p>\n O veterin\u00e1rio Marcelo Strauch, que coordenou a parceria entre o Vital Brazil e a Unesp, lembra antes, o cavalo ficava prostrado de dor no ch\u00e3o de dor. Mas isso n\u00e3o acontece mais. O cavalo n\u00e3o sente como se estivesse sendo picado por uma abelha. Assim, o animal passa sem problemas a quarentena de produ\u00e7\u00e3o de anticorpos, as imunoglobulinas que v\u00e3o bloquear e neutralizar o veneno.<\/p>\n O Globo Rural acompanhou a sangria do cavalo identificado como 375. Funciona como uma doa\u00e7\u00e3o. Patr\u00edcia Castanheira, respons\u00e1vel pelo setor de imuniza\u00e7\u00e3o, informa que o animal em produ\u00e7\u00e3o de anticorpos passa por quatro sess\u00f5es de doa\u00e7\u00e3o. Em cada uma, tiram dele uma bolsa de sangue, com cerca de oito litros. Uma quantidade segura para o animal. Sangue precioso: \u00e9 como se o cavalo 375 tivesse sido super vacinado e dado uma resposta hiperimune de anticorpos.<\/p>\n N\u00e3o \u00e9 todo o sangue que \u00e9 retirado do cavalo que vai para a fabrica\u00e7\u00e3o do soro. A parte l\u00edquida cor de guaran\u00e1, que \u00e9 o plasma, delicadamente, vai para outra bolsa. A parte vermelha volta para a origem. No caso, o 375 recebe uma reinfus\u00e3o.<\/p>\n Na sede e a \u00e1rea industrial do Instituto Vital Brazil, em Niter\u00f3i, no Rio de Janeiro, o l\u00edquido \u00e9 dilu\u00eddo em \u00e1gua de alt\u00edssima pureza e submetido a um sofisticado processo de separa\u00e7\u00e3o\u00a0 para que somente fiquem presentes os anticorpos produzidos pelo cavalo. Passa ainda por uma filtra\u00e7\u00e3o esterelizante e um rigoroso teste de controle de qualidade para, ent\u00e3o, ir ao envase.<\/p>\n “\u00c9 a primeira vez que se faz no mundo, o soro antiap\u00edlico, com tecnologia desenvolvida totalmente no Brasil, pelo Cevap e Instituto Vilta Brazil”, conta diretor industrial do Vital Brazil, Luiz Eduardo Cunha.<\/p>\n O diretor industrial do Vital Brazil explica que o anticorpo \u00e9 uma prote\u00edna com formato de \u2018y\u2019. A parte de baixo, que indica a origem equina, \u00e9 cortada fora. As duas hastes de cima ficam no soro. Quando injetadas no corpo de uma pessoa, localizam as mol\u00e9culas de veneno e ativam os fag\u00f3citos, os soldadinhos gl\u00f3bulos brancos que v\u00e3o eliminar as subst\u00e2ncias t\u00f3xicas.<\/p>\n O desenvolvimento do soro antiap\u00edlico \u00e9 o resultado de mais de 20 anos de pesquisa da Unesp, especialmente, de dois cientistas: doutor Benedito Barraviera, um dos fundadores do Cevap; e doutor Rui Seabra, atual diretor da institui\u00e7\u00e3o e que dedicou mestrado, doutorado e p\u00f3s-doutorado ao novo medicamento.<\/p>\n Mas o soro antiap\u00edlico ainda n\u00e3o est\u00e1 dispon\u00edvel. A\u00a0Anvisa<\/a> determina que seja feito tamb\u00e9m um ensaio de efic\u00e1cia do produto com um grupo de 300 pacientes, Brasil afora. Tudo dando certo, como at\u00e9 agora, at\u00e9 2020, o soro poder\u00e1 estar na rede p\u00fablica de sa\u00fade.<\/p>\n Fonte: Globo Rural<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Soro antiap\u00edlico foi descoberto pela Unesp em parceria com Instituto Vital Brazil. Conhe\u00e7a a hist\u00f3ria da primeira pessoa curada pela subst\u00e2ncia.
\nPara mostrar como se faz o soro, de Botucatu, o Globo Rural foi para um haras de Cachoeiras de Macacu, norte do Rio de Janeiro. No local fica a cria\u00e7\u00e3o de cavalos do Instituto Vital Brazil, uma das 21 institui\u00e7\u00f5es brasileiras que produzem soros e vacinas.<\/p>\n
\n <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[392,1441,1479],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/140810"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=140810"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/140810\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":140812,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/140810\/revisions\/140812"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=140810"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=140810"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=140810"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}