{"id":141268,"date":"2018-01-16T00:00:12","date_gmt":"2018-01-16T02:00:12","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=141268"},"modified":"2018-01-15T21:44:20","modified_gmt":"2018-01-15T23:44:20","slug":"por-que-a-china-quer-deixar-de-ser-a-lixeira-do-mundo-e-como-isso-afeta-o-mundo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/01\/16\/141268-por-que-a-china-quer-deixar-de-ser-a-lixeira-do-mundo-e-como-isso-afeta-o-mundo.html","title":{"rendered":"Por que a China quer deixar de ser a ‘lixeira do mundo’ e como isso afeta o mundo"},"content":{"rendered":"
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Uma parte consider\u00e1vel do lixo mundial vai parar na China, o principal importador mundial de muitos tipos de materiais para reciclagem, como pl\u00e1stico, papel e metais. Com uma demanda cada vez maior por produtos pl\u00e1sticos e de papel\u00e3o, o pa\u00eds busca material tanto internamente quanto no mercado internacional.<\/p>\n<\/div>\n

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Segundo dados das Na\u00e7\u00f5es Unidas, fabricantes chineses e de Hong Kong importaram 7,3 milh\u00f5es de toneladas de pl\u00e1stico para reciclagem em 2016. O material veio principalmente de pa\u00edses ricos, como Jap\u00e3o, EUA e na\u00e7\u00f5es da Uni\u00e3o Europeia, e equivale a 70% de todo o pl\u00e1stico descartado no mundo naquele ano.<\/p>\n<\/div>\n

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O Brasil tamb\u00e9m contribuiu com uma pequena parte deste total – em 2017, o pa\u00eds vendeu para a China 25,3 mil toneladas de pap\u00e9is para reciclagem. Tamb\u00e9m despachou para o pa\u00eds asi\u00e1tico 14,6 mil toneladas de res\u00edduos e restos de metais para reciclagem, principalmente cobre (12,3 mil toneladas), alum\u00ednio e a\u00e7o. Os dados s\u00e3o do Minist\u00e9rio do Desenvolvimento, Ind\u00fastria e Com\u00e9rcio (MDIC), levantados a pedido da BBC Brasil.<\/p>\n<\/div>\n

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Esse fluxo, entretanto, deve mudar a partir deste ano, j\u00e1 que a China decidiu deixar de receber boa parte desse material. Segundo Pequim, o objetivo \u00e9 proteger o meio ambiente do pa\u00eds do “lixo ‘sujo’ e, inclusive, perigoso” que hoje chega ali. As autoridades tamb\u00e9m dizem que a produ\u00e7\u00e3o nacional de lixo recicl\u00e1vel j\u00e1 \u00e9 suficiente para atender a demanda da ind\u00fastria local.<\/p>\n<\/div>\n

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Proibi\u00e7\u00e3o e p\u00e2nico<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Em julho passado, o governo chin\u00eas anunciou a proibi\u00e7\u00e3o (a partir de 2018) da importa\u00e7\u00e3o de certos tipos de materiais para reciclagem – o que preocupou v\u00e1rios pa\u00edses do mundo.<\/p>\n<\/div>\n

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A medida incluiu novas regras sobre os tipos de materiais recicl\u00e1veis que poderiam ser importados pelo pa\u00eds, que entrariam em vigor no \u00faltimo dia 1\u00ba, e notificar a Organiza\u00e7\u00e3o Mundial do Com\u00e9rcio (OMC) de que baniu a entrada no pa\u00eds de 24 categorias de materiais e de despejos s\u00f3lidos.<\/p>\n

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A campanha do governo mira no que os chineses chamam de yang laji, o “lixo estrangeiro”: pl\u00e1sticos recicl\u00e1veis, rejeitos t\u00eaxteis e certos tipo de papel.<\/p>\n<\/div>\n

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O pa\u00eds asi\u00e1tico continuar\u00e1 importando papel\u00e3o, por exemplo. Mas dever\u00e1 ser “muito mais limpo” que o atual, e livre de res\u00edduos como terra, poeira e pedregulhos.<\/p>\n<\/div>\n

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Diante do p\u00e2nico global provocado pelo an\u00fancio, a OMC e os pa\u00edses exportadores apelaram \u00e0 China para que adiasse a proibi\u00e7\u00e3o e abrisse a possibilidade de um “per\u00edodo de transi\u00e7\u00e3o” de cinco anos.<\/p>\n<\/div>\n

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De acordo com o site especializado Chinadialogue.com, as negocia\u00e7\u00f5es continuam – Pequim concordou, por exemplo, em adiar o come\u00e7o das novas regras at\u00e9 o dia 1\u00ba de mar\u00e7o.<\/p>\n<\/div>\n

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“A ind\u00fastria (de materiais recicl\u00e1veis) n\u00e3o estava preparada para o s\u00fabito an\u00fancio do governo chin\u00eas em julho, de proibi\u00e7\u00e3o total das importa\u00e7\u00f5es de papel mesclado (com diferentes tipos de fibras e cores) e uma redu\u00e7\u00e3o do m\u00e1ximo permitido de materiais contaminados a 0,3% de cada lote”, diz reportagem do Chinadialogue.com.<\/p>\n<\/div>\n

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Depend\u00eancia<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Os temores provocados pelo an\u00fancio de Pequim refletem a depend\u00eancia mundial da China para o manejo do lixo.<\/p>\n<\/div>\n

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Segundo dados da ONU, o com\u00e9rcio desses produtos com a China e Hong Kong movimentou US$ 21,6 bilh\u00f5es no ano passado.<\/p>\n<\/div>\n

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Uni\u00e3o Europeia e Estados Unidos s\u00e3o os principais exportadores.<\/p>\n<\/div>\n

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S\u00f3 esses \u00faltimos exportaram para a China 13,2 milh\u00f5es de toneladas de papel para reciclagem e 1,4 milh\u00e3o de toneladas de pl\u00e1stico no ano passado.<\/p>\n<\/div>\n

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Grande parte do papel e do papel\u00e3o importado pela China se transforma em caixas para embalar produtos – tanto os vendidos no pa\u00eds quanto os exportados.<\/p>\n<\/div>\n

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As empresas dos pa\u00edses exportadores, como era de esperar, enfrentam agora o desafio de encontrar o que fazer com o material quando a proibi\u00e7\u00e3o come\u00e7ar a vigorar.<\/p>\n<\/div>\n

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Tanto a ind\u00fastria de reciclagem quanto os governos dos pa\u00edses ricos est\u00e3o sob enorme press\u00e3o, uma vez que a coleta deste tipo de lixo pode deixar de ser economicamente vi\u00e1vel.<\/p>\n<\/div>\n

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Em dezembro, o ministro brit\u00e2nico do Meio Ambiente, Michael Gove, admitiu em uma sess\u00e3o do Parlamento que n\u00e3o sabia qual seria o tamanho do impacto da proibi\u00e7\u00e3o chinesa nas empresas do Reino Unido. Em 2016, o pa\u00eds exportou 400 mil toneladas de res\u00edduos pl\u00e1sticos para a China.<\/p>\n<\/div>\n

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Alternativas<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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O que acontecer\u00e1 ent\u00e3o com a montanha de lixo recicl\u00e1vel que a China deixar\u00e1 de receber?<\/p>\n<\/div>\n

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Segundo o Escrit\u00f3rio Internacional de Reciclagem (BIR, na sigla em ingl\u00eas), organiza\u00e7\u00e3o sediada em Bruxelas e que representa a ind\u00fastria em n\u00edvel global, novos mercados para esses produtos est\u00e3o sendo buscados. Pa\u00edses como Tail\u00e2ndia, Vietn\u00e3, Camboja, Mal\u00e1sia, \u00cdndia e Paquist\u00e3o s\u00e3o poss\u00edveis destinos para o lixo recicl\u00e1vel.<\/p>\n<\/div>\n

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“Esses pa\u00edses j\u00e1 est\u00e3o posicionados no mercado, mas certamente n\u00e3o t\u00eam a mesma capacidade que a China”, disse o diretor-geral do BIR, Arnaud Brunet, \u00e0 revista especializada Recycling International.<\/p>\n<\/div>\n

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Ele acrescenta que as leis e regulamenta\u00e7\u00f5es desses pa\u00edses n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o desenvolvidas quanto as chinesas.<\/p>\n<\/div>\n

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Brunet diz que o ano de 2018 ser\u00e1 “decisivo” para a ind\u00fastria de reciclagem.<\/p>\n<\/div>\n

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“O que eu sinto \u00e9 que n\u00e3o haver\u00e1 retrocessos, que nossa ind\u00fastria tem que se adaptar, seguir as regras e encontrar op\u00e7\u00f5es alternativas para o longo prazo”, diz ele.<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n

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Essas alternativas poderiam incluir a queima de materiais para a gera\u00e7\u00e3o de energia, ou a disposi\u00e7\u00e3o em aterros sanit\u00e1rios. Essa \u00faltima op\u00e7\u00e3o \u00e9 menos adequada, j\u00e1 que esses materiais podem provocar inc\u00eandios.<\/p>\n<\/div>\n

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Especialistas dizem que as medidas de Pequim poderiam ser um “ponto de inflex\u00e3o” na nossa rela\u00e7\u00e3o com esses materiais e na forma como os utilizamos.<\/p>\n<\/div>\n

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Segundo eles, os desafios enfrentados agora pelos pa\u00edses que dependem da China para resolver seus problemas ambientais oferecem uma oportunidade para se pensar em novos programas de reciclagem e novas formas de utilizar as toneladas de produtos pl\u00e1sticos e de papel que s\u00e3o descartadas hoje.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"