{"id":141692,"date":"2018-02-06T00:01:24","date_gmt":"2018-02-06T02:01:24","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=141692"},"modified":"2018-02-05T23:06:47","modified_gmt":"2018-02-06T01:06:47","slug":"quem-foi-um-dos-mais-importantes-investigadores-do-trafico-de-marfim-morto-a-facadas-no-quenia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/02\/06\/141692-quem-foi-um-dos-mais-importantes-investigadores-do-trafico-de-marfim-morto-a-facadas-no-quenia.html","title":{"rendered":"Quem foi um dos mais importantes investigadores do tr\u00e1fico de marfim, morto a facadas no Qu\u00eania"},"content":{"rendered":"
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Esmond Bradley Martin, um dos pesquisadores mais proeminentes sobre o tr\u00e1fico ilegal de marfim e chifres de rinoceronte, foi encontrado esfaqueado e morto em Nair\u00f3bi, capital do Qu\u00eania, segundo informa\u00e7\u00f5es divulgadas pela pol\u00edcia nesta segunda-feira (5).<\/p>\n<\/div>\n

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Ele trabalhou disfar\u00e7ado em algums dos lugares mais perigosos e conflagrados do mundo, fotografando e documentando \u00e1reas de com\u00e9rcio de marfim, conversando com traficantes e calculando pre\u00e7os do mercado negro de forma a guiar pol\u00edticas pela preserva\u00e7\u00e3o da biodiversidade.<\/p>\n<\/div>\n

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Nos \u00faltimos anos, ele viajou para a China, Vietn\u00e3 e Laos com sua colaboradora Lucy Vigne, indo a locais em que poucos estrangeiros ousariam entrar – fingindo-se de compradores de marfim e de chifres de rinocerontes.<\/p>\n<\/div>\n

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Em um cassino em Laos controlado por chineses, a estranha dupla de estrangeiros circulava entre g\u00e2ngsters e bar\u00f5es do tr\u00e1fico de drogas.<\/p>\n<\/div>\n

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A pesquisa deles, financiada pela organiza\u00e7\u00e3o Save the Elephants (“Salvem os elefantes”), revelou que Laos se tornou o mercado de marfim com crescimento mais r\u00e1pido nos \u00faltimos anos.<\/p>\n<\/div>\n

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Os estudiosos haviam acabado de voltar de uma viagem investigativa em Myanmar – Martin preparava relat\u00f3rio do caso ao ser morto.<\/p>\n<\/div>\n

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A pol\u00edcia est\u00e1 investigando a motiva\u00e7\u00e3o para seu assassinato. Ele morreu ap\u00f3s levar uma facada no pesco\u00e7o em sua casa nos arredores de Nair\u00f3bi.<\/p>\n<\/div>\n

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H\u00e1 ind\u00edcios de que o caso seja um latroc\u00ednio (roubo seguido de morte), mas a pol\u00edcia investiga se ele foi morto em retalia\u00e7\u00e3o a seu trabalho ambiental.<\/p>\n<\/div>\n

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Em entrevista para a BBC em 2016, Martin afirmou que a raz\u00e3o para o aumento da ca\u00e7a ilegal na \u00c1frica nos \u00faltimos cinco anos tem conex\u00e3o com a m\u00e1 gest\u00e3o em muitos dos parques onde vivem os animais amea\u00e7ados.<\/p>\n<\/div>\n

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“A corrup\u00e7\u00e3o, em todos os n\u00edveis, \u00e9 provavelmente a principal causa do aumento da ca\u00e7a ilegal de elefantes”, afirmou.<\/p>\n<\/div>\n

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“O que aconteceu nos \u00faltimos anos \u00e9 que muitos chineses se mudaram para a \u00c1frica. H\u00e1 provavelmente cerca de 1 milh\u00e3o ou mais de chineses expatriados agora trabalhando na \u00c1frica. O que temos s\u00e3o estes grandes e expl\u00edcitos mercados ilegais de marfim em locais como Angola, Nig\u00e9ria, Egito e Sud\u00e3o – e Mo\u00e7ambique, eu acho – e a maior parte desse material \u00e9 comprado por chineses”.<\/p>\n<\/div>\n

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Ele ajudou a fechar muitos desses mercados ilegais – jogando luz sobre os deficientes registros oficiais de crimes ambientais.<\/p>\n<\/div>\n

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A ele \u00e9 creditada participa\u00e7\u00e3o importante em medidas recentes no tocante ao tr\u00e1fico ilegal desses itens na China – como o banimento do com\u00e9rcio de chifres de rinocerontes nos anos 90 e, neste ano, o de marfim.<\/p>\n<\/div>\n

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Estilo<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Cabelos brancos e trajes acentuados, frequentemente adornados com len\u00e7os coloridos no bolso, acompanhavam o seu suavemente estranho modo de caminhar.<\/p>\n<\/div>\n

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Esmond Bradley Martin falava tranquilamente, mas era focado, energ\u00e9tico e extremamente engajado em seu trabalho.<\/p>\n<\/div>\n

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Nascido em Nova York, ele foi ao Qu\u00eania pela primeira vez na d\u00e9cada de 70 – quando elefantes estavam sendo mortos em quantidades avassaladoras, por ca\u00e7adores interessados em suas presas.<\/p>\n<\/div>\n

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Foi ent\u00e3o que ele conheceu o fundador da Save the Elephants, Iain Douglas-Hamilton, que nesta segunda-feira lamentou, pessoal e profissionalmente, a perda de seu amigo h\u00e1 mais de 45 anos.<\/p>\n<\/div>\n

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“Esmond foi um dos grandes her\u00f3is desconhecidos da conserva\u00e7\u00e3o”, diz Douglas-Hamilton. “Seu trabalho meticuloso sobre os mercados de marfim e de chifres de rinocerontes foi conduzido em alguns dos lugares mais remotos e perigosos do mundo, e com uma agenda t\u00e3o ocupada que teria exaurido um homem com a metade de sua idade”.<\/p>\n<\/div>\n

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“Nos seus 18 anos com a Save The Elephants, Esmond – ao lado de seus colegas – produziu dez relat\u00f3rios cruciais sobre os mercados legais e ilegais de marfim”.<\/p>\n<\/div>\n

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Dan Stiles, outro colega e amigo pr\u00f3ximo, lembra de um jantar em 1999 em que foi persuadido por Martin a participar de um grande estudo sobre os mercados de marfim da \u00c1frica.<\/p>\n<\/div>\n

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“Eu quase morri, tive sorte em sobreviver”, lembra Stiles says, dando risadas sinceras. “Eu nunca havia feito nada do tipo antes, e isso mudou o curso da minha vida”.<\/p>\n<\/div>\n

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Stiles vinha trabalhando com comunidades de ca\u00e7adores e atravessadores do material, mas os dois viajaram pelo continente africano buscando por qualquer marfim que estivesse \u00e0 venda – perguntando o seu pre\u00e7o, sua origem e destino.<\/p>\n<\/div>\n

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“Esmond foi a primeira pessoa a quantificar estat\u00edsticas sobre o tr\u00e1fico de marfim e chifres de rinoceronte. Ningu\u00e9m havia feito isso antes. Ele realmente era um homem de dados, um homem de fatos. De posse de n\u00fameros e pre\u00e7os, \u00e9 poss\u00edvel ter no\u00e7\u00e3o de o que est\u00e1 acontecendo no mercado, al\u00e9m de suas novas tend\u00eancias. E ele foi respons\u00e1vel por isso”.<\/p>\n<\/div>\n

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Depois de dez semanas viajando pelo continente, Stiles se sentia exausto, mas Martin estava bem.<\/p>\n<\/div>\n

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“Ele era incr\u00edvel, ele apenas seguia o seu caminho”, diz Stiles.<\/p>\n<\/div>\n

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Outras viagens para a \u00c1sia, Europa e Am\u00e9ricas vieram posteriormente, produzindo uma s\u00e9rie de relat\u00f3rios.<\/p>\n<\/div>\n

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A ambientalista queniana Paula Kahumbu diz que Martin tinha uma generosidade incomum, fazendo de sua pesquisa uma contribui\u00e7\u00e3o para um bem maior.<\/p>\n<\/div>\n

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“Ele estava \u00e0 frente de todo mundo no que diz respeito \u00e0 identifica\u00e7\u00e3o de como se movia o tr\u00e1fico de marfim e chifres”, diz ela sobre as pesquisas mais recentes de Martin.<\/p>\n<\/div>\n

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“Entender como o tr\u00e1fico de marfim se deslocou da China para pa\u00edses vizinhos dar\u00e1 material para que aqueles que lutam pela conserva\u00e7\u00e3o pressionem os governos pela mudan\u00e7a”.<\/p>\n<\/div>\n

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H\u00e1 um racha entre os ambientalistas sobre a melhor abordagem para salvar os elefantes e rinocerontes: permitir e regular a ca\u00e7a e a venda para arrecadar com elas ou banir totalmente a venda desses produtos.<\/p>\n<\/div>\n

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O embaixador americano no Qu\u00eania, Bob Godec, classificou a morte de Martin como uma trag\u00e9dia para o Qu\u00eania e para o mundo.<\/p>\n<\/div>\n

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Ele diz que sentir\u00e1 pessoalmente a falta da sabedoria, da inspira\u00e7\u00e3o e da paix\u00e3o do ambientalista, acrescentando: “Esmond era um verdadeiro gigante da conserva\u00e7\u00e3o e um defensor dos elefantes e rinocerontes africanos”.<\/p>\n<\/div>\n

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“Seus estudos extraordin\u00e1rios tiveram um impacto profundo no avan\u00e7o dos esfor\u00e7os para combate do tr\u00e1fico da vida selvagem ao redor do planeta. A vida selvagem da \u00c1frica perdeu um grande amigo, mas o legado de Esmond para a conserva\u00e7\u00e3o durar\u00e1 muitos anos”.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"