{"id":142057,"date":"2018-02-27T00:05:30","date_gmt":"2018-02-27T03:05:30","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=142057"},"modified":"2018-02-26T20:54:39","modified_gmt":"2018-02-26T23:54:39","slug":"o-que-a-arvore-mais-solitaria-da-terra-pode-revelar-sobre-a-humanidade","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/02\/27\/142057-o-que-a-arvore-mais-solitaria-da-terra-pode-revelar-sobre-a-humanidade.html","title":{"rendered":"O que a \u00e1rvore mais solit\u00e1ria da Terra pode revelar sobre a humanidade"},"content":{"rendered":"
Localizada em Campbell Island, na Nova Zel\u00e2ndia, a \u00e1rvore tem tra\u00e7os de radioatividade em decorr\u00eancia de testes com bombas termonucleares feitos nos anos 1950 e 1960. E, por isso, est\u00e1 sendo considerada por especialistas como candidata para representar o marco geol\u00f3gico do Antropoceno, ou seja, do novo per\u00edodo da hist\u00f3ria geol\u00f3gica da Terra caracterizado pelo momento em que os humanos tomaram controle do planeta.<\/p>\n
H\u00e1 um movimento na comunidade acad\u00eamica para escolher um marco para a chamada “grande acelera\u00e7\u00e3o”, per\u00edodo em que os impactos humanos no mundo se intensificaram repentinamente e se tornaram globais. Isso aconteceu depois da 2\u00aa Guerra Mundial (1939-1945) e um dos exemplos mais marcantes \u00e9 a produ\u00e7\u00e3o de pl\u00e1stico em larga escala.<\/p>\n
Chirs Turney, da Universidade de New South Wales, na Austr\u00e1lia, argumenta que a \u00e1rvore neozelandesa capturou essas mudan\u00e7as de forma requintada na composi\u00e7\u00e3o qu\u00edmica de seus an\u00e9is de crescimento.<\/p>\n
“Estamos colocando a \u00e1rvore como uma s\u00e9ria candidata para marcar o in\u00edcio do Antropoceno. Tem que ser algo que reflita um sinal global”, diz.<\/p>\n
“O problema com qualquer registro do Hemisf\u00e9rio Norte \u00e9 que eles refletem um lugar onde a maior parte da atividade humana aconteceu. Mas essa \u00e1rvore \u00e9 um registro de longo alcance da natureza em rela\u00e7\u00e3o a essas atividades, e n\u00f3s n\u00e3o podemos pensar em nenhum lugar mais remoto”, avalia Turney.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, a ilha neozelandesa localizada no Pac\u00edfico Sul n\u00e3o \u00e9 o habitat natural dessa \u00e1rvore. Ela \u00e9 origin\u00e1ria de latitudes mais elevadas na parte norte do oceano. Mas foi plantada na ilha do sub\u00e1rtico em 1905, possivelmente com a inten\u00e7\u00e3o de se come\u00e7ar uma planta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
A \u00e1rvore mais pr\u00f3xima est\u00e1 a 200 quil\u00f4metros, em outra ilha a noroeste, de acordo com os especialistas.<\/p>\n
Turney e os colegas da universidade australiana fizeram um furo fino para acessar a parte central do tronco da \u00e1rvore, que possui an\u00e9is de crescimento bem largos e delimitados, para examinar a composi\u00e7\u00e3o qu\u00edmica da madeira.<\/p>\n
Eles encontraram um aumento significativo na quantidade de carbono-14, elemento usado para determinar a idade de f\u00f3sseis, na parte do anel que representa a segunda metade de 1965.<\/p>\n
Identificaram um pico da forma radioativa do elemento e, para eles, isso se trata de um sinal inequ\u00edvoco dos testes nucleares que ocorreram no per\u00edodo p\u00f3s-guerra.<\/p>\n
O radiois\u00f3topo radioativo (n\u00facleo at\u00f4mico inst\u00e1vel que emite energia) teria sido incorporado na \u00e1rvore como di\u00f3xido de carbono por meio da fotoss\u00edntese.<\/p>\n
Mark Maslin, da universidade brit\u00e2nica UCL (University College London), afirma que a data identificada \u00e9 posterior \u00e0 proibi\u00e7\u00e3o de testes nucleares na atmosfera, em 1963. Mas, segundo ele, \u00e9 um indicador de que as consequ\u00eancias das detona\u00e7\u00f5es anteriores realmente alcan\u00e7aram o mundo inteiro e foram absorvidos pela biosfera do planeta.<\/p>\n
“Se voc\u00ea quer representar o Antropoceno com o in\u00edcio da Grande Acelera\u00e7\u00e3o, ent\u00e3o esse \u00e9 o registro perfeito para defini-lo. E o que \u00e9 realmente bom \u00e9 que n\u00f3s plantamos a \u00e1rvore onde ela n\u00e3o deveria estar. E isso nos d\u00e1 um lindo registro do que fizemos no planeta”, observa Maslin.<\/p>\n
A comunidade geol\u00f3gica est\u00e1, no momento, avaliando como a atualiza\u00e7\u00e3o da linha do tempo oficial da hist\u00f3ria geol\u00f3gica da Terra, chamado de diagrama cronoestratigr\u00e1fico de Wheeler e que aparece em livros de ci\u00eancias.<\/p>\n
Um grupo de trabalho encarregado de liderar a discuss\u00e3o sobre esse novo marco concluiu recentemente que a atual escala de tempo geol\u00f3gico, chamada de Holoceno iniciada h\u00e1 11,7 mil anos, n\u00e3o poderia mais englobar as imensas mudan\u00e7as que ocorreram na Terra como resultado da atividade humana.<\/p>\n
Esse grupo diz ser necess\u00e1rio intensificar a busca por um marcador adequado para o in\u00edcio desse novo momento da linha de geol\u00f3gica do tempo.<\/p>\n
Para compara\u00e7\u00e3o, o in\u00edcio do Holoceno, por exemplo, o marco \u00e9 a perfura\u00e7\u00e3o do manto de gelo da Groel\u00e2ndia – ela mostra o quanto planeta j\u00e1 se aqueceu desde a \u00faltima Era do Gelo.<\/p>\n
J\u00e1 o per\u00edodo Cret\u00e1ceo-Paleogeno remonta a 66 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s, quando um asteroide atingiu a Terra e eliminou os dinossauros – o marco \u00e9 um afloramento de rocha na Tun\u00edsia, que cont\u00e9m um forte vest\u00edgio de ir\u00eddio e surgiu pelo impacto do asteroide.<\/p>\n
Especialistas dizem que \u00e9 fundamental escolher um marco duradouro para delimitar a barreira entre o per\u00edodo Honoceno-Antropoceno. Seria preciso um marco para o qual os ge\u00f3logos pudessem apontar daqui um milh\u00e3o de anos e dizer: “l\u00e1 est\u00e1 o in\u00edcio do Antropoceno”.<\/p>\n
“O radiocarbono persiste em quantidades mensur\u00e1veis na ordem de 50 mil a 60 mil anos. Depois disso, outros radiois\u00f3topos associados aos testes de bombas, como o plut\u00f4nio, ainda estariam l\u00e1 no ambiente natural, preservando o sinal”, explica Chris Turney.<\/p>\n
Segundo ele, arquivos da madeira coletada da \u00e1rvore solit\u00e1ria podem ser consultados na universidade em que trabalha em Sidney, na Austr\u00e1lia, em um museu e em uma galeria de arte em Invercargill, na Nova Zel\u00e2ndia.<\/p>\n
“As pessoas podem visitar e colocar o dedo no marco que estamos sugerindo para come\u00e7ar o Antropoceno.”<\/p>\n
Turney \u00e9 um dos autores de um artigo sobre a \u00e1rvore, da esp\u00e9cie\u00a0Picea sitchensis<\/em>, na revista cient\u00edfica\u00a0Scientific Reports<\/a>.<\/p>\n Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Ela j\u00e1 foi chamada de a “\u00e1rvore mais solit\u00e1ria do planeta” por estar em um lugar ermo, cercada arbustos de pequeno porte. E \u00e9 de uma esp\u00e9cie cuja madeira \u00e9 conhecida por ser usada na confec\u00e7\u00e3o de viol\u00f5es e se assemelha a uma \u00e1rvore de Natal. Mas, na verdade, pode representar muito mais que uma planta que se destaca sozinha em uma ilha remota. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[2155,2154],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/142057"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=142057"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/142057\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":142058,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/142057\/revisions\/142058"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=142057"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=142057"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=142057"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}