{"id":142080,"date":"2018-02-28T00:04:56","date_gmt":"2018-02-28T03:04:56","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=142080"},"modified":"2018-02-27T22:40:00","modified_gmt":"2018-02-28T01:40:00","slug":"o-projeto-de-mineracao-no-fundo-do-mar-inspirado-em-uma-ambiciosa-operacao-secreta-da-cia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/02\/28\/142080-o-projeto-de-mineracao-no-fundo-do-mar-inspirado-em-uma-ambiciosa-operacao-secreta-da-cia.html","title":{"rendered":"O projeto de minera\u00e7\u00e3o no fundo do mar inspirado em uma ambiciosa opera\u00e7\u00e3o secreta da CIA"},"content":{"rendered":"
Equipado com uma sonda gigantesca e com instrumentos de perfura\u00e7\u00e3o de \u00faltima gera\u00e7\u00e3o, o navio foi desenhado para alcan\u00e7ar profundezas em busca das riquezas que estariam guardadas no assoalho oce\u00e2nico – metais preciosos e outros minerais.<\/p>\n
A viagem foi anunciada como o mais audacioso passo em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 chamada minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica.<\/p>\n
S\u00f3 havia um pequeno problema: a expedi\u00e7\u00e3o inteira era uma farsa.<\/p>\n
O verdadeiro objetivo da tripula\u00e7\u00e3o a bordo daquele navio era encontrar um submarino sovi\u00e9tico que desaparecera seis anos antes, o K-129, que afundou enquanto transportava m\u00edsseis nucleares, a cerca de 2,4 mil km a noroeste do Hava\u00ed.<\/p>\n
Os russos falharam na busca \u00e0 embarca\u00e7\u00e3o, mas os americanos conseguiram detectar o barulho de uma explos\u00e3o debaixo d’\u00e1gua que eventualmente os levaria at\u00e9 os destro\u00e7os.<\/p>\n
Eles estavam situados a quase 5 km abaixo da superf\u00edcie, mais fundo do que qualquer opera\u00e7\u00e3o anterior de resgate. Na disputa pela supremacia militar da \u00e9poca, o submarino representava as joias da coroa – uma chance de explorar os m\u00edsseis de Moscou e detalhes da ind\u00fastria naval russa.<\/p>\n
Ent\u00e3o a CIA, ag\u00eancia de intelig\u00eancia americana, bolou um plano audacioso, chamado Projeto Azorian, para resgatar o submarino sem que os russos desconfiassem. Para dar veracidade ao enredo que usariam como cortina de fuma\u00e7a – a explora\u00e7\u00e3o de riquezas minerais naquela parte do Pac\u00edfico -, a ag\u00eancia precisava de um homem rico \u00e0 frente da empreitada, algu\u00e9m que tornasse a hist\u00f3ria plaus\u00edvel.<\/p>\n
Pensaram ent\u00e3o no magnata exc\u00eantrico Howard Hughes.<\/p>\n
Ele topou participar da trama e, em seu nome, um navio foi constru\u00eddo para a miss\u00e3o. Chamada de Hughes Glomar Explore, a embarca\u00e7\u00e3o foi feita com elementos dignos de um filme de James Bond, com um compartimento secreto para abrigar o submarino.<\/p>\n
Para que os russos n\u00e3o desconfiassem e ficassem convencidos de que Hughes estava genuinamente interessado nesse novo mercado, executivos foram enviados a confer\u00eancias de minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica para descrever em detalhes os planos da empreitada.<\/p>\n
Foram seis anos para que a embarca\u00e7\u00e3o, or\u00e7ada em US$ 500 milh\u00f5es, ficasse pronta, com equipamentos para aguentar o peso do submarino.<\/p>\n
“Fizemos a minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica parecer muito mais cr\u00edvel. Realmente enganamos muita gente, e \u00e9 supreendente que a hist\u00f3ria tenha sido sustentada por tanto tempo”, diz Dave Sharp, um dos poucos ex-agentes da CIA que falam sobre esse projeto.<\/p>\n
O disfarce do verdadeiro objetivo da miss\u00e3o foi convincente a ponto de elevar o pre\u00e7o das a\u00e7\u00f5es das empresas envolvidas e de levar universidades americanas a considerar a abertura de cursos sobre esse tipo de minera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Segundo Sharp, eles chegaram inclusive a coletar alguns “n\u00f3dulos”, como s\u00e3o chamadas as pequenas rochas ricas em minerais, j\u00e1 que navios-espi\u00f5es sovi\u00e9ticos monitoravam a regi\u00e3o.<\/p>\n
Para colocar o navio em a\u00e7\u00e3o era necess\u00e1rio que as \u00e1guas estivessem calmas – o que s\u00f3 aconteceria no ver\u00e3o.<\/p>\n
Por\u00e9m, pouco antes de o ver\u00e3o de 74 come\u00e7ar, o ent\u00e3o presidente americano Richard Nixon estava em Moscou para uma confer\u00eancia de acordo de paz. Como o risco de ser pego tentando roubar um submarino sovi\u00e9tico n\u00e3o ajudaria em nada no processo, Nixon pediu para segurar a a\u00e7\u00e3o at\u00e9 que ele deixasse a R\u00fassia. No dia 4 de julho as sondas de perfura\u00e7\u00e3o entraram em a\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
As coisas n\u00e3o correram como planejado durante as buscas e o navio teve v\u00e1rios problemas t\u00e9cnicos.<\/p>\n
No dia 30 de julho, o submarino foi encontrado pelas c\u00e2meras subaqu\u00e1ticas usadas nas buscas. Enquanto ele era i\u00e7ado, contudo, a parte traseira da estrutura se soltou e caiu de novo na \u00e1gua. Apenas a parte da frente foi embarcada no navio. Dentro dela foram encontrados os corpos de seis russos, mas as armas e os livros com os c\u00f3digos secretos que os americanos esperavam achar nunca apareceram.<\/p>\n
A vers\u00e3o oficial da CIA afirma que a opera\u00e7\u00e3o foi um dos golpes de intelig\u00eancia mais bem dados da Guerra Fria – mas as enormes quantias envolvidas na expedi\u00e7\u00e3o levantaram quest\u00f5es sobre sua necessidade. Um ano depois, os detalhes cinematogr\u00e1ficos da miss\u00e3o se tornaram p\u00fablicos e a ideia de recuperar a metade do submarino que tinha voltado ao oceano foi abandonada.<\/p>\n
Segundo Sharp, a revela\u00e7\u00e3o de que o projeto de minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica era falso foi um choque para as outras companhias da \u00e1rea e tamb\u00e9m para diplomatas da ONU que estavam em meio a negocia\u00e7\u00f5es de direitos de min\u00e9rios. Os pre\u00e7os das a\u00e7\u00f5es ca\u00edram em meio a uma onda de recrimina\u00e7\u00f5es.<\/p>\n
Em Papua Nova Guin\u00e9, sentado em uma sala com ar condicionado, Leslie Kewa segura um controle que ir\u00e1 comandar uma m\u00e1quina do tamanho de uma casa. Quase meio s\u00e9culo ap\u00f3s agentes da CIA fingirem que estavam explorando o assoalho oce\u00e2nico, Kewa, um especialista em operar m\u00e1quinas gigantescas, est\u00e1 para fazer isso de verdade.<\/p>\n
A que ele vai operar \u00e9 \u00fanica, n\u00e3o apenas por causa do poder de destrui\u00e7\u00e3o de seus dentes girat\u00f3rios de a\u00e7o e sua apar\u00eancia assustadora, com um qu\u00ea de\u00a0Mad Max<\/em>, mas tamb\u00e9m porque ela \u00e9 feita para ser usada al\u00e9m do alcance humano.<\/p>\n Kewa admite estar um pouco assustado quando come\u00e7a a apertar os primeiros bot\u00f5es de comando. Se tudo sair como planejado, no pr\u00f3ximo ano ele poder\u00e1 ser a primeira pessoa a quebrar uma rocha em uma mina mar\u00edtima profunda.<\/p>\n O projeto, tocado por uma empresa canadense, a Nautilus Minerals, ser\u00e1 gerenciado a partir de um navio nas \u00e1guas tropicais do Mar de Bismarck, nos arredores de Papua Nova Guin\u00e9. Tr\u00eas dessas m\u00e1quinas ser\u00e3o levadas aos declives de um vulc\u00e3o submarino. A \u00e1rea, em meio a fissuras hidrotermais e com esp\u00e9cies de chamin\u00e9s com \u00e1guas ferventes saindo das rochas, \u00e9 surpreendentemente rica em metais valiosos e foi batizada de Solwara 1, que significa \u00e1gua salgada na l\u00edngua local.<\/p>\n Mas essas fissuras hidrotermais tamb\u00e9m hospedam comunidades de vida marinha – cobras, minhocas e camar\u00f5es que se desenvolveram em condi\u00e7\u00f5es muito espec\u00edficas. Algumas dessas criaturas s\u00e3o extremamente raras, o que torna controversos os projetos de minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica.<\/p>\n A Nautilus Minerals diz que far\u00e1 a explora\u00e7\u00e3o em uma pequena \u00e1rea e que esta respeitar\u00e1 as esp\u00e9cies ali. A empresa estima que apenas a explora\u00e7\u00e3o do cobre faria uma eventual ind\u00fastria da minera\u00e7\u00e3o submarina valer US$ 30 bilh\u00f5es por ano em 2030.<\/p>\n Um projeto de minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica desenvolvido por japoneses nos arredores de Okinawa descobriu uma quantidade suficiente de zinco para abastecer o Jap\u00e3o por um ano inteiro. Os japoneses mantiveram segredo sobre essa prospec\u00e7\u00e3o at\u00e9 que ela chegasse ao fim, sendo revelada no ano passado.<\/p>\n A atratividade para o governo de Papua Nova Guin\u00e9, que se beneficiaria da arrecada\u00e7\u00e3o como s\u00f3cio da empreitada, \u00e9 \u00f3bvia. A Nautilus concordou em delegar alguns est\u00e1gios do projeto a administra\u00e7\u00f5es locais para tamb\u00e9m ajudar comunidades da regi\u00e3o.<\/p>\n A hist\u00f3ria de minera\u00e7\u00e3o em Papua Nova Guin\u00e9, contudo, n\u00e3o inspira otimismo. Milhares continuam vivendo abaixo da linha da pobreza, apesar da massiva extra\u00e7\u00e3o de min\u00e9rios em suas montanhas. E, para alguns, se arriscar no mar pode ser perigoso.<\/p>\n Jonathan Mesulam, um dos moradores da ilha Nova Irlanda, em Papua Nova Guin\u00e9, conta que descobriu o projeto de minera\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica lendo o jornal e que ficou chocado com a not\u00edcia. “Temos uma conex\u00e3o com o mar. Ele tem sido parte da nossa cultura por gera\u00e7\u00f5es e o conhecimento tradicional do mar vem dos nossos ancestrais”, fala.<\/p>\n Segundo ele, as comunidades costeiras dependem da pesca, e essa atividade pode ser prejudicada se as \u00e1guas ficarem cheias de poeira ou de polui\u00e7\u00e3o geradas pela minera\u00e7\u00e3o. A ind\u00fastria do atum ali \u00e9 respons\u00e1vel por milhares de empregos.<\/p>\n O morador integra o grupo chamado de Alian\u00e7a dos Guerreiros de Solwara, que se op\u00f5e ao projeto da Nautilus Minerals. A empresa diz que a empreitada n\u00e3o afetar\u00e1 a pesca e afirma estar trabalhando com a comunidade, ajudando a custear tratamentos de sa\u00fade e at\u00e9 construindo uma nova ponte.<\/p>\n Fonte: BBC<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" No ver\u00e3o de 1974, um navio enorme, diferente dos que circulavam pela regi\u00e3o, saiu de Long Beach, na Calif\u00f3rnia, para navegar at\u00e9 o meio do oceano Pac\u00edfico – local em que, diziam os encarregados da expedi\u00e7\u00e3o, nasceria uma nova e revolucion\u00e1ria ind\u00fastria.<\/p>\nPeixes em perigo<\/h2>\n