{"id":142308,"date":"2018-03-10T00:02:34","date_gmt":"2018-03-10T03:02:34","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=142308"},"modified":"2018-03-09T20:59:47","modified_gmt":"2018-03-09T23:59:47","slug":"iec-ve-mais-evidencias-de-contaminacao-pela-alunorte-aponta-vazamento-em-novo-duto","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/03\/10\/142308-iec-ve-mais-evidencias-de-contaminacao-pela-alunorte-aponta-vazamento-em-novo-duto.html","title":{"rendered":"IEC v\u00ea mais evid\u00eancias de contamina\u00e7\u00e3o pela Alunorte, aponta vazamento em novo duto"},"content":{"rendered":"

BARCARENA, Par\u00e1\u00a0 – Um relat\u00f3rio mais completo sobre a poss\u00edvel contamina\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o de Barcarena (PA) com chumbo e res\u00edduos do processamento de bauxita pela Hydro Alunorte est\u00e1 sendo preparado, e dever\u00e1 trazer informa\u00e7\u00f5es sobre um novo duto que teria vazado efluentes na \u00e1rea, afirmou um pesquisador que acompanha o caso.<\/p>\n

As novas evid\u00eancias sobre o vazamento de res\u00edduos da Alunorte, maior produtora de alumina do mundo, ser\u00e3o publicadas na pr\u00f3xima semana, disse \u00e0 Reuters o pesquisador em sa\u00fade p\u00fablica Marcelo Lima, do Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, que tem acompanhado o caso desde o in\u00edcio, em meados do m\u00eas passado.<\/p>\n

O novo relat\u00f3rio pode sinalizar problemas adicionais para a companhia do grupo noruegu\u00eas Norsk Hydro, que j\u00e1 foi obrigada a suspender metade de suas opera\u00e7\u00f5es e entregas de seus produtos.<\/p>\n

O IEC foi acionado pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico estadual e federal ap\u00f3s alertas de moradores das comunidades Bom Futuro e Vila Nova sobre uma enxurrada de \u00e1gua vermelha, que inundou ruas, casas e \u00e1reas de floresta amaz\u00f4nica, perto da Alunorte, ap\u00f3s fortes chuvas na regi\u00e3o.<\/p>\n

Po\u00e7os artesianos de localidades pr\u00f3ximas da empresa tamb\u00e9m transbordaram, despertando temores sobre a qualidade da \u00e1gua, uma vez que no processamento da bauxita (mat\u00e9ria-prima da alumina) s\u00e3o usados produtos perigosos, como soda c\u00e1ustica.<\/p>\n

\u201cAquele (primeiro) relat\u00f3rio era uma resposta r\u00e1pida para a sociedade porque a gente identificava um risco… Vamos fazer um segundo relat\u00f3rio, com base em an\u00e1lises qu\u00edmicas tamb\u00e9m… vai falar um pouco mais da hist\u00f3ria, com novas evid\u00eancias\u201d, disse Lima.<\/p>\n

Ele ressaltou que o relat\u00f3rio trar\u00e1 informa\u00e7\u00f5es sobre um outro duto que teria vazado efluentes.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o era s\u00f3 o tubo lan\u00e7ando, o efluente tinha transbordado naquela \u00e1rea. J\u00e1 temos evid\u00eancias disso, est\u00e3o bem claras\u201d, comentou Lima, sem dar detalhes sobre relat\u00f3rio, ainda em elabora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

As not\u00edcias sobre a poss\u00edvel contamina\u00e7\u00e3o do solo correu toda a regi\u00e3o de Barcarena, em geral formada por casas simples e infraestrutura prec\u00e1ria de saneamento b\u00e1sico.<\/p>\n

Mesmo nos pontos onde o IEC n\u00e3o chegou a coletar amostras de \u00e1gua, por estarem em pontos mais afastados, a popula\u00e7\u00e3o est\u00e1 alarmada e reclama por n\u00e3o estar na lista de regi\u00f5es que est\u00e3o recebendo \u00e1gua pot\u00e1vel da Alunorte.<\/p>\n

O duto que teria vazado, segundo o pesquisador, transporta res\u00edduos do beneficiamento da bauxita de um dos dep\u00f3sitos da empresa, o DRS1, que \u00e9 o mais antigo, bem nas laterais da refinaria de alumina. Os efluentes, segundo Lima, tamb\u00e9m teriam entrado em contato com o meio ambiente.<\/p>\n

Ap\u00f3s ser procurada pela Reuters, a Hydro Alunorte afirmou que recebeu um relat\u00f3rio do \u00f3rg\u00e3o ambiental Ibama em 8 de mar\u00e7o, referente \u00e0 vistoria feita em 28 de fevereiro, informando que \u201cfoi constatado um vazamento lateral em uma das manilhas transportadoras do efluente originado do DRS1\u201d.<\/p>\n

Entretanto, ressaltou a empresa, \u201co efluente permaneceu aprisionado na caixa de conten\u00e7\u00e3o que circundava as manilhas, n\u00e3o tendo contato com o meio ambiente\u201d.<\/p>\n

COMUNIDADES<\/h3>\n

Um primeiro laudo publicado pelo IEC, em 22 de fevereiro, j\u00e1 havia apontado um transbordamento de efluentes da companhia ao meio ambiente, ap\u00f3s fortes chuvas atingirem a regi\u00e3o entre os dias 16 e 17 de fevereiro, o que a empresa e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semas), respons\u00e1vel pelo licenciamento ambiental, negam.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, tamb\u00e9m apontou que um duto de drenagem que conectava uma \u00e1rea interna da empresa, alagada com as chuvas, tamb\u00e9m despejava efluentes ao meio ambiente. Nesse caso, a empresa admitiu, mas tem alegado que o tubo estava fora de opera\u00e7\u00e3o e vazou poucas quantidades por rachaduras at\u00e9 ent\u00e3o desconhecidas.<\/p>\n

Segundo an\u00e1lises qu\u00edmicas do instituto j\u00e1 publicadas, o efluente n\u00e3o s\u00f3 vazou ao meio ambiente como encontrou comunidades locais pelo caminho, o que de acordo com Lima foi comprovado por an\u00e1lises laboratoriais dos materiais recolhidos a partir do dia 17 dentro da companhia e no caminho percorrido.<\/p>\n

A dona de casa Maria Celestina Cardoso, de 69 anos, que mora em Bom Futuro, em um dos pontos mais pr\u00f3ximos da Alunorte, uma das respons\u00e1veis por avisar autoridades sobre a enxurrada de lama, conta que est\u00e1 com problemas de sa\u00fade por consumir \u00e1gua de po\u00e7os artesianos no local, al\u00e9m de sentir coceiras pelo corpo e outros sintomas.<\/p>\n

A moradora mostra como a \u00e1gua do riacho em sua propriedade est\u00e1 turva, o que n\u00e3o acontecia antes da forte chuva de fevereiro, segundo ela.<\/p>\n

Moradores mais antigos da regi\u00e3o, como Maria Celestina, ainda t\u00eam na mem\u00f3ria o vazamento de lama vermelha com res\u00edduos da Alunorte em 2009, antes de a Hydro comprar a refinaria da Vale, atingindo v\u00e1rias comunidades.<\/p>\n

\u201cAt\u00e9 as cobras morreram no vazamento de 2009, s\u00f3 n\u00e3o morreram os crist\u00e3os porque Deus protegeu. Os bichos todos morreram\u201d, afirmou. \u201cEles j\u00e1 est\u00e3o me matando, por que n\u00e3o me tiram daqui para eu morrer em outro lugar?\u201d<\/p>\n

CHUMBO<\/h3>\n

Na \u00e1rea alagada da empresa, logo ap\u00f3s as chuvas, segundo o pesquisador do IEC, foi encontrado um elevado n\u00edvel de turbidez, alcalinidade, PH bem alto, metais, e o padr\u00e3o foi constatado ainda na sa\u00edda do tubo de drenagem, assim como em um caminho at\u00e9 comunidades, \u201cmostrando que efeitos foram evoluindo na sequ\u00eancia\u201d.<\/p>\n

Segundo Lima, outra evid\u00eancia que o novo relat\u00f3rio ir\u00e1 apontar \u00e9 que a empresa teria misturado res\u00edduos de caldeiras, que cont\u00eam chumbo, aos res\u00edduos do beneficiamento de bauxita. O chumbo foi um dos elementos encontrados nas amostras retiradas pelo IEC dentro da empresa e em seu caminho percorrido pelo ambiente.<\/p>\n

\u201cA Alunorte usa algumas caldeiras, essas caldeiras se movimentam usando carv\u00e3o coque, isso gera o que a gente chama de cinzas, essas cinzas estavam sendo depositadas tamb\u00e9m no DRS1, a per\u00edcia j\u00e1 comprovou\u201d, disse Lima.<\/p>\n

O pesquisador do IEC tamb\u00e9m j\u00e1 descartou que os elementos encontrados nas an\u00e1lises laboratoriais sejam fruto de um lix\u00e3o, muito pr\u00f3ximo da empresa, que fica na comunidade Bom Futuro, tida como uma das mais afetadas.<\/p>\n

\u201c(O lix\u00e3o) est\u00e1 a jusante no nosso \u00faltimo ponto, ou seja, est\u00e1 abaixo, n\u00e3o est\u00e1 acima\u201d, disse Lima.<\/p>\n

DEN\u00daNCIAS<\/h3>\n

A conversa com Lima ocorreu na quinta-feira de tarde ap\u00f3s o pesquisador realizar uma nova inspe\u00e7\u00e3o na refinaria, acompanhado de equipes do Ibama, do Centro de Per\u00edcias Cient\u00edficas Renato Chaves do governo do Par\u00e1, al\u00e9m de representantes da Hydro e da Nalco, empresa que realiza an\u00e1lises para a companhia norueguesa.<\/p>\n

Segundo Lima, a inspe\u00e7\u00e3o foi para verificar uma den\u00fancia sobre evid\u00eancias de um outro ponto de transbordamento de res\u00edduos, al\u00e9m dos que j\u00e1 haviam sido identificados pelo IEC. A inspe\u00e7\u00e3o, no entanto, n\u00e3o foi muito reveladora, por dificuldades encontradas na mata ao lado da empresa, segundo ele.<\/p>\n

Den\u00fancias feitas pela comunidade t\u00eam crescido desde meados de fevereiro, mas tem sido avaliadas com bastante crit\u00e9rio, explicou Lima. A Reuters n\u00e3o acompanhou a inspe\u00e7\u00e3o, mas p\u00f4de ver carros dos \u00f3rg\u00e3os e empresas parados ao longo da rodovia PA-483, que cruza os dois dep\u00f3sitos de res\u00edduos s\u00f3lidos da empresa antes de passar em frente ao port\u00e3o principal da refinaria, e presenciou um grupo representantes dos \u00f3rg\u00e3os e empresas saindo da planta por um dos port\u00f5es laterais.<\/p>\n

Em uma visita da Reuters \u00e0 Hydro Alunorte na segunda-feira, funcion\u00e1rios da empresa explicaram que o alagamento em uma das \u00e1reas da empresa foi fruto de um raio que atingiu a refinaria na noite do dia 16 para o dia 17, causando uma falha em bombas respons\u00e1veis por drenar a \u00e1gua da planta.<\/p>\n

Autoridades consultadas pela Reuters afirmaram desconhecer a informa\u00e7\u00e3o, mesmo ap\u00f3s diversas vistorias na unidade.<\/p>\n

A Hydro tem defendido que o volume de efluente lan\u00e7ado ao meio ambiente por meio das rachaduras do tubo de drenagem que estaria fora de opera\u00e7\u00e3o foi muito pequeno e consistia de \u00e1gua pluvial, sem riscos ao meio ambiente, j\u00e1 que a \u00e1rea que foi alagada era administrativa, onde h\u00e1 instala\u00e7\u00f5es como escrit\u00f3rios e almoxarifado.<\/p>\n

\u201cIsso \u00e9 algo que vou emitir uma nota esclarecendo… Dentro da empresa tudo \u00e9 efluente, voc\u00ea n\u00e3o tem s\u00f3 \u00e1gua descendo dali em nenhum momento\u201d, disse Lima, durante a entrevista.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, a empresa tem laudos de empresas contratadas por ela, Nalco e Enviro-Tec, que sustentam suas alega\u00e7\u00f5es, de que os elementos de que estavam na \u00e1gua do alagamento da empresa n\u00e3o representavam riscos ao meio ambiente e \u00e0 sociedade.<\/p>\n

A empresa tamb\u00e9m tem negado o transbordamento de res\u00edduos da empresa ao meio ambiente, afirmando que suas bacias de controle de \u00e1gua pluvial, respons\u00e1veis por recolher e tratar toda e qualquer \u00e1gua de chuva que caia nas instala\u00e7\u00f5es antes de devolv\u00ea-la ao meio ambiente, s\u00e3o suficientes para atender a demanda.<\/p>\n

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Reportagem de Marta Nogueira<\/p>\n

BARCARENA, Par\u00e1 (Reuters) – Um relat\u00f3rio mais completo sobre a poss\u00edvel contamina\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o de Barcarena (PA) com chumbo e res\u00edduos do processamento de bauxita pela Hydro Alunorte est\u00e1 sendo preparado, e dever\u00e1 trazer informa\u00e7\u00f5es sobre um novo duto que teria vazado efluentes na \u00e1rea, afirmou um pesquisador que acompanha o caso.<\/p>\n

As novas evid\u00eancias sobre o vazamento de res\u00edduos da Alunorte, maior produtora de alumina do mundo, ser\u00e3o publicadas na pr\u00f3xima semana, disse \u00e0 Reuters o pesquisador em sa\u00fade p\u00fablica Marcelo Lima, do Instituto Evandro Chagas (IEC), vinculado ao Minist\u00e9rio da Sa\u00fade, que tem acompanhado o caso desde o in\u00edcio, em meados do m\u00eas passado.<\/p>\n

O novo relat\u00f3rio pode sinalizar problemas adicionais para a companhia do grupo noruegu\u00eas Norsk Hydro, que j\u00e1 foi obrigada a suspender metade de suas opera\u00e7\u00f5es e entregas de seus produtos.<\/p>\n

O IEC foi acionado pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico estadual e federal ap\u00f3s alertas de moradores das comunidades Bom Futuro e Vila Nova sobre uma enxurrada de \u00e1gua vermelha, que inundou ruas, casas e \u00e1reas de floresta amaz\u00f4nica, perto da Alunorte, ap\u00f3s fortes chuvas na regi\u00e3o.<\/p>\n

Po\u00e7os artesianos de localidades pr\u00f3ximas da empresa tamb\u00e9m transbordaram, despertando temores sobre a qualidade da \u00e1gua, uma vez que no processamento da bauxita (mat\u00e9ria-prima da alumina) s\u00e3o usados produtos perigosos, como soda c\u00e1ustica.<\/p>\n

\u201cAquele (primeiro) relat\u00f3rio era uma resposta r\u00e1pida para a sociedade porque a gente identificava um risco… Vamos fazer um segundo relat\u00f3rio, com base em an\u00e1lises qu\u00edmicas tamb\u00e9m… vai falar um pouco mais da hist\u00f3ria, com novas evid\u00eancias\u201d, disse Lima.<\/p>\n

Ele ressaltou que o relat\u00f3rio trar\u00e1 informa\u00e7\u00f5es sobre um outro duto que teria vazado efluentes.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o era s\u00f3 o tubo lan\u00e7ando, o efluente tinha transbordado naquela \u00e1rea. J\u00e1 temos evid\u00eancias disso, est\u00e3o bem claras\u201d, comentou Lima, sem dar detalhes sobre relat\u00f3rio, ainda em elabora\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

As not\u00edcias sobre a poss\u00edvel contamina\u00e7\u00e3o do solo correu toda a regi\u00e3o de Barcarena, em geral formada por casas simples e infraestrutura prec\u00e1ria de saneamento b\u00e1sico.<\/p>\n

Mesmo nos pontos onde o IEC n\u00e3o chegou a coletar amostras de \u00e1gua, por estarem em pontos mais afastados, a popula\u00e7\u00e3o est\u00e1 alarmada e reclama por n\u00e3o estar na lista de regi\u00f5es que est\u00e3o recebendo \u00e1gua pot\u00e1vel da Alunorte.<\/p>\n

O duto que teria vazado, segundo o pesquisador, transporta res\u00edduos do beneficiamento da bauxita de um dos dep\u00f3sitos da empresa, o DRS1, que \u00e9 o mais antigo, bem nas laterais da refinaria de alumina. Os efluentes, segundo Lima, tamb\u00e9m teriam entrado em contato com o meio ambiente.<\/p>\n

Ap\u00f3s ser procurada pela Reuters, a Hydro Alunorte afirmou que recebeu um relat\u00f3rio do \u00f3rg\u00e3o ambiental Ibama em 8 de mar\u00e7o, referente \u00e0 vistoria feita em 28 de fevereiro, informando que \u201cfoi constatado um vazamento lateral em uma das manilhas transportadoras do efluente originado do DRS1\u201d.<\/p>\n

Entretanto, ressaltou a empresa, \u201co efluente permaneceu aprisionado na caixa de conten\u00e7\u00e3o que circundava as manilhas, n\u00e3o tendo contato com o meio ambiente\u201d.<\/p>\n

COMUNIDADES<\/h3>\n

Um primeiro laudo publicado pelo IEC, em 22 de fevereiro, j\u00e1 havia apontado um transbordamento de efluentes da companhia ao meio ambiente, ap\u00f3s fortes chuvas atingirem a regi\u00e3o entre os dias 16 e 17 de fevereiro, o que a empresa e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semas), respons\u00e1vel pelo licenciamento ambiental, negam.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, tamb\u00e9m apontou que um duto de drenagem que conectava uma \u00e1rea interna da empresa, alagada com as chuvas, tamb\u00e9m despejava efluentes ao meio ambiente. Nesse caso, a empresa admitiu, mas tem alegado que o tubo estava fora de opera\u00e7\u00e3o e vazou poucas quantidades por rachaduras at\u00e9 ent\u00e3o desconhecidas.<\/p>\n

Segundo an\u00e1lises qu\u00edmicas do instituto j\u00e1 publicadas, o efluente n\u00e3o s\u00f3 vazou ao meio ambiente como encontrou comunidades locais pelo caminho, o que de acordo com Lima foi comprovado por an\u00e1lises laboratoriais dos materiais recolhidos a partir do dia 17 dentro da companhia e no caminho percorrido.<\/p>\n

A dona de casa Maria Celestina Cardoso, de 69 anos, que mora em Bom Futuro, em um dos pontos mais pr\u00f3ximos da Alunorte, uma das respons\u00e1veis por avisar autoridades sobre a enxurrada de lama, conta que est\u00e1 com problemas de sa\u00fade por consumir \u00e1gua de po\u00e7os artesianos no local, al\u00e9m de sentir coceiras pelo corpo e outros sintomas.<\/p>\n

A moradora mostra como a \u00e1gua do riacho em sua propriedade est\u00e1 turva, o que n\u00e3o acontecia antes da forte chuva de fevereiro, segundo ela.<\/p>\n

Moradores mais antigos da regi\u00e3o, como Maria Celestina, ainda t\u00eam na mem\u00f3ria o vazamento de lama vermelha com res\u00edduos da Alunorte em 2009, antes de a Hydro comprar a refinaria da Vale, atingindo v\u00e1rias comunidades.<\/p>\n

\u201cAt\u00e9 as cobras morreram no vazamento de 2009, s\u00f3 n\u00e3o morreram os crist\u00e3os porque Deus protegeu. Os bichos todos morreram\u201d, afirmou. \u201cEles j\u00e1 est\u00e3o me matando, por que n\u00e3o me tiram daqui para eu morrer em outro lugar?\u201d<\/p>\n

CHUMBO<\/h3>\n

Na \u00e1rea alagada da empresa, logo ap\u00f3s as chuvas, segundo o pesquisador do IEC, foi encontrado um elevado n\u00edvel de turbidez, alcalinidade, PH bem alto, metais, e o padr\u00e3o foi constatado ainda na sa\u00edda do tubo de drenagem, assim como em um caminho at\u00e9 comunidades, \u201cmostrando que efeitos foram evoluindo na sequ\u00eancia\u201d.<\/p>\n

Segundo Lima, outra evid\u00eancia que o novo relat\u00f3rio ir\u00e1 apontar \u00e9 que a empresa teria misturado res\u00edduos de caldeiras, que cont\u00eam chumbo, aos res\u00edduos do beneficiamento de bauxita. O chumbo foi um dos elementos encontrados nas amostras retiradas pelo IEC dentro da empresa e em seu caminho percorrido pelo ambiente.<\/p>\n

\u201cA Alunorte usa algumas caldeiras, essas caldeiras se movimentam usando carv\u00e3o coque, isso gera o que a gente chama de cinzas, essas cinzas estavam sendo depositadas tamb\u00e9m no DRS1, a per\u00edcia j\u00e1 comprovou\u201d, disse Lima.<\/p>\n

O pesquisador do IEC tamb\u00e9m j\u00e1 descartou que os elementos encontrados nas an\u00e1lises laboratoriais sejam fruto de um lix\u00e3o, muito pr\u00f3ximo da empresa, que fica na comunidade Bom Futuro, tida como uma das mais afetadas.<\/p>\n

\u201c(O lix\u00e3o) est\u00e1 a jusante no nosso \u00faltimo ponto, ou seja, est\u00e1 abaixo, n\u00e3o est\u00e1 acima\u201d, disse Lima.<\/p>\n

DEN\u00daNCIAS<\/h3>\n

A conversa com Lima ocorreu na quinta-feira de tarde ap\u00f3s o pesquisador realizar uma nova inspe\u00e7\u00e3o na refinaria, acompanhado de equipes do Ibama, do Centro de Per\u00edcias Cient\u00edficas Renato Chaves do governo do Par\u00e1, al\u00e9m de representantes da Hydro e da Nalco, empresa que realiza an\u00e1lises para a companhia norueguesa.<\/p>\n

Segundo Lima, a inspe\u00e7\u00e3o foi para verificar uma den\u00fancia sobre evid\u00eancias de um outro ponto de transbordamento de res\u00edduos, al\u00e9m dos que j\u00e1 haviam sido identificados pelo IEC. A inspe\u00e7\u00e3o, no entanto, n\u00e3o foi muito reveladora, por dificuldades encontradas na mata ao lado da empresa, segundo ele.<\/p>\n

Den\u00fancias feitas pela comunidade t\u00eam crescido desde meados de fevereiro, mas tem sido avaliadas com bastante crit\u00e9rio, explicou Lima. A Reuters n\u00e3o acompanhou a inspe\u00e7\u00e3o, mas p\u00f4de ver carros dos \u00f3rg\u00e3os e empresas parados ao longo da rodovia PA-483, que cruza os dois dep\u00f3sitos de res\u00edduos s\u00f3lidos da empresa antes de passar em frente ao port\u00e3o principal da refinaria, e presenciou um grupo representantes dos \u00f3rg\u00e3os e empresas saindo da planta por um dos port\u00f5es laterais.<\/p>\n

Em uma visita da Reuters \u00e0 Hydro Alunorte na segunda-feira, funcion\u00e1rios da empresa explicaram que o alagamento em uma das \u00e1reas da empresa foi fruto de um raio que atingiu a refinaria na noite do dia 16 para o dia 17, causando uma falha em bombas respons\u00e1veis por drenar a \u00e1gua da planta.<\/p>\n

Autoridades consultadas pela Reuters afirmaram desconhecer a informa\u00e7\u00e3o, mesmo ap\u00f3s diversas vistorias na unidade.<\/p>\n

A Hydro tem defendido que o volume de efluente lan\u00e7ado ao meio ambiente por meio das rachaduras do tubo de drenagem que estaria fora de opera\u00e7\u00e3o foi muito pequeno e consistia de \u00e1gua pluvial, sem riscos ao meio ambiente, j\u00e1 que a \u00e1rea que foi alagada era administrativa, onde h\u00e1 instala\u00e7\u00f5es como escrit\u00f3rios e almoxarifado.<\/p>\n

\u201cIsso \u00e9 algo que vou emitir uma nota esclarecendo… Dentro da empresa tudo \u00e9 efluente, voc\u00ea n\u00e3o tem s\u00f3 \u00e1gua descendo dali em nenhum momento\u201d, disse Lima, durante a entrevista.<\/p>\n

Al\u00e9m disso, a empresa tem laudos de empresas contratadas por ela, Nalco e Enviro-Tec, que sustentam suas alega\u00e7\u00f5es, de que os elementos de que estavam na \u00e1gua do alagamento da empresa n\u00e3o representavam riscos ao meio ambiente e \u00e0 sociedade.<\/p>\n

A empresa tamb\u00e9m tem negado o transbordamento de res\u00edduos da empresa ao meio ambiente, afirmando que suas bacias de controle de \u00e1gua pluvial, respons\u00e1veis por recolher e tratar toda e qualquer \u00e1gua de chuva que caia nas instala\u00e7\u00f5es antes de devolv\u00ea-la ao meio ambiente, s\u00e3o suficientes para atender a demanda.<\/p>\n

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Fonte: Marta Nogueira, Reuters<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Um relat\u00f3rio mais completo sobre a poss\u00edvel contamina\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o de Barcarena (PA) com chumbo e res\u00edduos do processamento de bauxita pela Hydro Alunorte est\u00e1 sendo preparado, e dever\u00e1 trazer informa\u00e7\u00f5es sobre um novo duto que teria vazado efluentes na \u00e1rea, afirmou um pesquisador que acompanha o caso. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[690,1380,2223],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/142308"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=142308"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/142308\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":142309,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/142308\/revisions\/142309"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=142308"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=142308"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=142308"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}