Um dos maiores desafios para a economia de \u00e1gua no Brasil est\u00e1 nas cidades. De acordo com dados da Ag\u00eancia Nacional de \u00c1guas (ANA), em 2016, as cidades brasileiras consumiram cerca de 500 mil l de \u00e1gua por segundo, dos mais de dois milh\u00f5es de l retirados na natureza para uso em abastecimento no pa\u00eds.<\/p>\n
Quanto ao descarte ap\u00f3s o uso pela popula\u00e7\u00e3o, os n\u00fameros da ANA revelam um cen\u00e1rio preocupante: dos 500 mil l de \u00e1gua retirados da natureza por segundo, ao ano, quase 400 mil s\u00e3o descartados na forma de esgoto. Destes, menos de 40% s\u00e3o coletados e tratados.<\/p>\n
Para tentar reverter esse quadro, o governo federal estuda editar uma medida provis\u00f3ria para ajustar o marco regulat\u00f3rio do saneamento b\u00e1sico e tornar as regras do setor mais simples e padronizadas. O objetivo \u00e9 facilitar a aplica\u00e7\u00e3o de recursos na destina\u00e7\u00e3o correta dos esgotos e atrair parcerias privadas nos projetos de infraestrutura h\u00eddrica nos estados. De acordo com a Casa Civil, da presid\u00eancia da rep\u00fablica, o documento est\u00e1 sendo elaborado por uma equipe interministerial formada por t\u00e9cnicos de v\u00e1rias pastas do governo e ainda n\u00e3o tem data para ser divulgado.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, \u00e9 necess\u00e1rio que haja maior conscientiza\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o para uso e descarte corretos da \u00e1gua, como lembra Ilana Dalva Ferreira, especialista em Pol\u00edticas Industriais. “A popula\u00e7\u00e3o deve reconhecer a import\u00e2ncia do saneamento para a vida dela. As pessoas precisam entender que, se elas n\u00e3o tiverem uma \u00e1gua de qualidade em casa, e se, quando d\u00e3o descarga aquilo n\u00e3o vai para um lugar adequado, v\u00e3o ficar doentes”, comenta Ilana.<\/p>\n
Ainda de acordo com a Ag\u00eancia Nacional de \u00c1guas, em cada grupo de 100 pessoas no Brasil, 43 t\u00eam acesso \u00e0 coleta e ao tratamento de esgoto; 18 possuem apenas a coleta; 12 d\u00e3o solu\u00e7\u00e3o por conta pr\u00f3pria ao saneamento; e 27 n\u00e3o t\u00eam saneamento b\u00e1sico.<\/p>\n
Uso da \u00e1gua<\/strong><\/p>\n Dos mais de dois milh\u00f5es de l de \u00e1gua que s\u00e3o retirados da natureza, todos os anos, as cidades brasileiras consomem cerca de 23% do recurso dispon\u00edvel, quase 500 mil l. Desse total, quase 80% s\u00e3o descartados de volta no meio-ambiente em forma de esgoto.<\/p>\n Para o engenheiro ambiental S\u00e9rgio Koide, professor da Universidade de Bras\u00edlia (UnB), os estados precisam criar normas para punir as pessoas que mais desperdi\u00e7am \u00e1gua nas cidades para conter o uso irrespons\u00e1vel do recurso. “Aquele que desperdi\u00e7a \u00e1gua tem que ser mais penalizado pelo seu uso. As \u00e1reas de renda mais alta t\u00eam consumo exagerado, quase tr\u00eas vezes o recomendado pela Organiza\u00e7\u00e3o Mundial de Sa\u00fade [OMS]”, critica o especialista.<\/p>\n Em todo o pa\u00eds, cerca de 58% das cidades s\u00e3o abastecidas com \u00e1gua dos rios, lagos ou reservat\u00f3rios artificiais. A \u00e1gua retirada de po\u00e7os artesianos abastece 42% das \u00e1reas urbanas.<\/p>\n Por sua vez, o esgoto gerado pela popula\u00e7\u00e3o brasileira supera a marca de nove toneladas por dia. “O grande poluente no Brasil hoje \u00e9 a quest\u00e3o do saneamento porque ele n\u00e3o est\u00e1 fazendo o dever de casa. \u00c9 mais f\u00e1cil cobrar de uma ind\u00fastria do que cobrar do servi\u00e7o p\u00fablico, dos governos, que eles tratem bem os seus efluentes”, diz S\u00e9rgio Koide.<\/p>\n A quantidade de \u00e1gua retirada da natureza para uso pelos brasileiros cresceu cerca de 80% nos \u00faltimos 20 anos, conforme o relat\u00f3rio Conjuntura dos Recursos H\u00eddricos 2017, da ANA. A estimativa \u00e9 de que esse n\u00famero aumente em 30% na pr\u00f3xima d\u00e9cada.<\/p>\n Fonte: Revista Encontro com Ag\u00eancia R\u00e1dio Mais<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"