{"id":143216,"date":"2018-04-23T00:04:20","date_gmt":"2018-04-23T03:04:20","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=143216"},"modified":"2018-04-22T21:41:48","modified_gmt":"2018-04-23T00:41:48","slug":"combate-as-mudancas-climaticas-a-partir-do-espaco","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/04\/23\/143216-combate-as-mudancas-climaticas-a-partir-do-espaco.html","title":{"rendered":"Combate \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas a partir do espa\u00e7o"},"content":{"rendered":"
\"Sinais<\/a>Sinais de polui\u00e7\u00e3o no planeta j\u00e1 s\u00e3o vis\u00edveis a grande dist\u00e2ncia<\/p>\n<\/div>\n
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Quando Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a abandonar os limites da Terra, olhou para tr\u00e1s e a viu de fora, sua vis\u00e3o de mundo mudou para sempre: “Vi pela primeira vez como o nosso planeta \u00e9 bonito”, comentou, ao retornar. “Humanidade, vamos preservar e aumentar esta beleza, ao inv\u00e9s de destru\u00ed-la.”<\/p>\n

Desde ent\u00e3o, muitos astronautas relataram sentimentos semelhantes, apontando a necessidade de proteger um\u00a0planeta que de repente lhes pareceu m\u00ednimo, fr\u00e1gil e solit\u00e1rio no universo.<\/p>\n

Recentemente, o astronauta americano Scott Kelly observou que olhar o planeta do alto transforma a pessoa “mais num ambientalista”. Kelly presenciou algo que n\u00e3o seria vis\u00edvel na \u00e9poca de Gagarin: a partir da Esta\u00e7\u00e3o Espacial Internacional (ISS),\u00a0ele viu certas partes da Terra cobertas por um espesso v\u00e9u de polui\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Tal perspectiva extraterrestre n\u00e3o est\u00e1 apenas mudando a rela\u00e7\u00e3o com o planeta num n\u00edvel conceitual, mas tamb\u00e9m ajudando a humanidade a desenvolver solu\u00e7\u00f5es para proteg\u00ea-lo.<\/p>\n

Na \u00faltima semana, mais de cem cientistas se reuniram na cidade alem\u00e3 de Col\u00f4nia na Confer\u00eancia sobre a Mudan\u00e7a Clim\u00e1tica organizada pelo Centro Aeroespacial Alem\u00e3o (DLR). O tema era como a pesquisa a partir do espa\u00e7o pode ajudar a entender melhor e se adaptar \u00e0 altera\u00e7\u00e3o do clima global.<\/p>\n

“A Terra est\u00e1 doente e temos que monitor\u00e1-la. Acho que uma das melhores maneiras de faz\u00ea-lo \u00e9 via sat\u00e9lite”, afirmou no encontro Maurice Borgeaud, diretor do departamento de ci\u00eancia, aplicativos e tecnologias futuras da Ag\u00eancia Espacial Europeia (ESA).<\/p>\n

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Ag\u00eancia Espacial Europeia vai “pescar” sat\u00e9lites desativados no espa\u00e7o<\/span><\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

Climatologistas est\u00e3o coletando e analisando dados de dezenas de sat\u00e9lites de observa\u00e7\u00e3o da Terra, em \u00f3rbita para monitorar o derretimento do gelo polar e a eleva\u00e7\u00e3o do n\u00edvel do mar, detectar desertifica\u00e7\u00e3o e at\u00e9 mesmo fornecer avisos precoces sobre desastres naturais, como furac\u00f5es e enchentes.<\/p>\n

Tais observa\u00e7\u00f5es s\u00e3o cruciais para combater as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, afirma Juan Carlos Villagran de Leon, chefe do escrit\u00f3rio em Bonn do programa Plataforma das Na\u00e7\u00f5es Unidas de Informa\u00e7\u00e3o Espacial para Gest\u00e3o de Desastres e Respostas de Emerg\u00eancias (UN-SPIDER, na sigla em ingl\u00eas).<\/p>\n

“O espa\u00e7o nos d\u00e1 a vis\u00e3o global de processos globais, que n\u00e3o temos como obter com medi\u00e7\u00f5es isoladas”, explicou \u00e0 DW. “Uma das quest\u00f5es-chave \u00e9 o incremento do n\u00edvel do mar. Os dados coletados do espa\u00e7o nos permitem comparar o que acontece numa regi\u00e3o do mundo e em outra.”<\/p>\n

Grande parte das informa\u00e7\u00f5es dos sat\u00e9lites de observa\u00e7\u00e3o terrestre \u00e9 agora p\u00fablica e acess\u00edvel gratuitamente aos governos de todo o mundo. A Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas espera que os respons\u00e1veis pela elabora\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas os utilizem\u00a0para aumentar suas contribui\u00e7\u00f5es aos cortes de emiss\u00f5es, nos termos do Acordo do Clima de Paris. S\u00f3 quando se disp\u00f5e dos fatos, pode-se saber o que precisa ser mudado, observou Villagran de Leon.<\/p>\n

Detetives de CO2 no espa\u00e7o<\/p>\n

Em breve, sat\u00e9lites poder\u00e3o coletar dados n\u00e3o s\u00f3 sobre os efeitos das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, mas tamb\u00e9m sobre suas causas. No momento, os cientistas ainda n\u00e3o t\u00eam como quantificar a velocidade com que estamos lan\u00e7ando gases do efeito estufa na atmosfera, ou de onde eles est\u00e3o vindo.<\/p>\n

As pegadas de carbono dos diferentes pa\u00edses s\u00e3o calculadas com base em seu consumo de energia e dados de produ\u00e7\u00e3o de carv\u00e3o mineral, petr\u00f3leo e outros combust\u00edveis f\u00f3sseis. Contudo, argumentam os pesquisadores, sem meios para quantificar e verificar as emiss\u00f5es de di\u00f3xido de carbono, \u00e9 dif\u00edcil avaliar o sucesso obtido ao tentar reduzi-los.<\/p>\n

“Se quisermos cumprir os Acordo de Paris, precisamos monitorar as emiss\u00f5es de CO2, para nos assegurarmos de que estamos atingindo nossas metas”, reivindicou na confer\u00eancia do DLR Philippe Ciais, especialista em clima do Instituto Pierre-Simon Laplace (IPSL).<\/p>\n

A ESA est\u00e1 tentando fazer exatamente isso, com sat\u00e9lites capazes de medir com precis\u00e3o o volume das emiss\u00f5es de gases-estufa na atmosfera, de onde partem e at\u00e9 mesmo identificar emissores individuais, como grandes usinas el\u00e9tricas. Os “detetives do CO2” ajudar\u00e3o a identificar os grandes poluidores e a apoiar os governos a priorizarem regulamentos, a fim de alcan\u00e7ar suas metas clim\u00e1ticas.<\/p>\n

A Ag\u00eancia Espacial pretende lan\u00e7ar a Miss\u00e3o de Monitoramento do CO2 por volta de 2025. Pode parecer um prazo excessivo para um problema t\u00e3o urgente quanto as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, mas o climatologista do Instituto de F\u00edsica Ambiental da Universidade de Bremen Heinrich Bovensmann lembra que miss\u00f5es espaciais exigem um planejamento longo, geralmente de 15 a 20 anos desde a concep\u00e7\u00e3o \u00e0 implementa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Na realidade, a Miss\u00e3o de Monitoramento do CO2 est\u00e1 transcorrendo em ritmo acelerado. “A julgar por tudo o que temos visto\u00a0at\u00e9 agora, todas as inst\u00e2ncias participantes \u2013 como a ESA, a Uni\u00e3o Europeia, os cientistas \u2013 est\u00e3o seriamente comprometidas em implement\u00e1-la logo”, esclarece Bovensmann. “No momento, a miss\u00e3o do CO2 tem prioridade m\u00e1xima.”<\/p>\n

\"Cosmonauta<\/a>Cosmonauta Anton Shkaplerov prova alface romana cultivada em gravidade zero: “Uma del\u00edcia!”<\/p>\n<\/div>\n

Alfaces no espa\u00e7o<\/p>\n

Mas dados sobre a polui\u00e7\u00e3o n\u00e3o s\u00e3o a \u00fanica forma como as ag\u00eancias espaciais est\u00e3o contribuindo para proteger a vida na Terra. Ao cultivar vegetais no espa\u00e7o, como parte de um projeto tendo em vista uma potencial miss\u00e3o em Marte, os astronautas descobriram algo que pode beneficiar a sobreviv\u00eancia no planeta natal.<\/p>\n

Experimentando como as plantas se comportam na gravidade zero, os cosmonautas que cuidam da horta a bordo da ISS constataram que elas necessitam de bem menos irriga\u00e7\u00e3o do que na Terra. A pesquisa poder\u00e1 ajudar os agricultores a poupar \u00e1gua \u2013 algo com import\u00e2ncia crescente para alimentar um mundo com clima mais quente.<\/p>\n

No in\u00edcio de abril, membros da tripula\u00e7\u00e3o da ISS colheram alface romana vermelha do experimento VEG da Nasa, a terceira rodada do projeto. Eles tiveram que reservar parte da colheita para as pesquisas\u00a0ao retornar \u00e0 Terra\u00a0e puderam comer o restante.<\/p>\n

“Estava uma del\u00edcia”, anunciou o cosmonauta Anton Shkaplerov no Instagram, comemorando a bem-vinda mudan\u00e7a em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 dieta desidratada a que teve que se habituar.<\/p>\n

Mesmo uma simples folha de alface parece uma coisa milagrosa quando se est\u00e1 longe da Terra. E como a aterrissagem dos primeiros humanos em Marte ainda est\u00e1 longe de se tornar realidade, a humanidade deveria escutar os exploradores espaciais\u00a0e preservar o planeta que t\u00eam \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"