{"id":143357,"date":"2018-05-01T00:04:12","date_gmt":"2018-05-01T03:04:12","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=143357"},"modified":"2018-04-30T21:02:28","modified_gmt":"2018-05-01T00:02:28","slug":"as-especies-recem-descobertas-no-pico-da-neblina-e-que-ja-correm-risco-de-serem-estranguladas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/05\/01\/143357-as-especies-recem-descobertas-no-pico-da-neblina-e-que-ja-correm-risco-de-serem-estranguladas.html","title":{"rendered":"As esp\u00e9cies rec\u00e9m-descobertas no Pico da Neblina – e que j\u00e1 correm risco de serem ‘estranguladas’"},"content":{"rendered":"
\"Ivan<\/div>\n
Image captionMyersohyla Chamaleo, esp\u00e9cie encontrada pela primeira vez no territ\u00f3rio brasileiroA cena de um urso polar angustiado, ilhado num iceberg cada vez menor – imagem s\u00edmbolo do impacto do aquecimento global -, poder\u00e1 se reproduzir com cen\u00e1rio e v\u00edtimas diferentes no ponto mais alto do Brasil: o Pico da Neblina, no Amazonas.<\/p>\n

Se a temperatura subir na regi\u00e3o, explica o zo\u00f3logo Ivan Prates, a vegeta\u00e7\u00e3o densa das \u00e1reas baixas amaz\u00f4nicas pode come\u00e7ar a subir a montanha, for\u00e7ando animais adaptados ao clima frio a buscar ref\u00fagio nas \u00e1reas mais altas, at\u00e9 que sobre apenas o topo do pico.<\/p>\n

Sufocadas pelo aumento da temperatura e pelo avan\u00e7o de uma floresta onde n\u00e3o s\u00e3o capazes de sobreviver, esp\u00e9cies de sapos e lagartos que s\u00f3 existem na regi\u00e3o – e que surgiram milh\u00f5es de anos antes dos primeiros humanos – podem desaparecer.<\/p>\n

“Organismos de montanha s\u00e3o especialmente vulner\u00e1veis \u00e0s mudan\u00e7as clim\u00e1ticas, porque n\u00e3o t\u00eam para onde correr quando aquele ambiente \u00e9 diminu\u00eddo. O resultado \u00e9 a extin\u00e7\u00e3o completa”, afirma o zo\u00f3logo, que faz p\u00f3s-doutorado no Museu de Hist\u00f3ria Natural do Instituto Smithsonian, em Washington.<\/p>\n

\"Lagarto<\/p>\n<\/div>\n

Image captionLagarto C\u00e9u Noturno, uma das esp\u00e9cies descobertas na expedi\u00e7\u00e3o ao Pico da NeblinaA BBC Brasil acompanhou uma expedi\u00e7\u00e3o cient\u00edfica ao Pico da Neblina em novembro passado, quando nove novas esp\u00e9cies foram descobertas por uma equipe composta por Prates e outros 11 bi\u00f3logos da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP). Cinco dessas esp\u00e9cies s\u00f3 existem em ambientes montanhosos.<\/p>\n

Ele conta que um dos principais objetivos da expedi\u00e7\u00e3o era entender como animais sem qualquer parentesco com esp\u00e9cies que habitam as \u00e1reas baixas de floresta foram parar na montanha. A resposta ajudar\u00e1 a explicar como a Amaz\u00f4nia se tornou o ambiente mais biodiverso do globo e como poder\u00e1 ser afetada pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

Enigmas cient\u00edficos<\/h2>\n

Com 2.994 metros de altitude, o Pico da Neblina \u00e9 um tepui, tipo de forma\u00e7\u00e3o montanhosa mais antigo do planeta, originado no per\u00edodo Pr\u00e9-cambriano, entre 4,6 bilh\u00f5es e 542 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s. \u00c9 uma forma\u00e7\u00e3o caracter\u00edstica do Escudo das Guianas, que engloba o sul da Venezuela, a Guiana e o extremo norte do Brasil.<\/p>\n

A eros\u00e3o ocorrida ao longo de milh\u00f5es de anos fez com que os tepuis se tornassem montes isolados e abruptos, com ecossistemas \u00fanicos.<\/p>\n

\"Pico<\/p>\n<\/div>\n

Image captionPico da Neblina \u00e9 um tepui, uma das forma\u00e7\u00f5es mais antigas da TerraAlgumas das novas esp\u00e9cies encontradas no Pico da Neblina s\u00f3 t\u00eam parentesco com animais que vivem em outros tepuis, separados por milhares de quil\u00f4metros. Foi o caso de dois lagartos, apelidados pelos pesquisadores de Marrom Gigante e de C\u00e9u Noturno – este, por causa dos v\u00e1rios pontos brancos pelo corpo que lembram estrelas.<\/p>\n

Segundo Prates, as descobertas refor\u00e7am a teoria de que, no passado, os tepuis eram conectados.<\/p>\n

Outro lagarto achado pelos cientistas, do grupo Anolis, s\u00f3 tem parentesco com esp\u00e9cies que existem em \u00e1reas ainda mais distantes: nos Andes e numa regi\u00e3o serrana de Mata Atl\u00e2ntica no Esp\u00edrito Santo. O lagarto n\u00e3o habita as matas baixas em torno do pico, uma indica\u00e7\u00e3o de que n\u00e3o \u00e9 capaz de suportar climas quentes.<\/p>\n

Como explicar que um lagarto do tamanho de um dedo indicador, que n\u00e3o se desloca mais do que algumas dezenas ou centenas de metros ao longo da vida, conseguiu povoar regi\u00f5es montanhosas t\u00e3o distantes entre si?<\/p>\n

Como uma esp\u00e9cie extremamente adaptada a climas frios de altitude conseguiu atravessar amplas \u00e1reas hoje ocupadas pela Caatinga e por florestas baixas e \u00famidas?<\/p>\n

\"Lagarto<\/p>\n<\/div>\n

Image captionLagarto apelidado de Marrom Gigante, da fam\u00edlia Riolama”\u00c9 um grande mist\u00e9rio”, diz Prates. “Esses lagartos s\u00e3o uma janela para um passado completamente e desconhecido da Am\u00e9rica do Sul.”<\/p>\n

Uma das possibilidades \u00e9 que, no passado, a Amaz\u00f4nia era mais fria e formada por uma vegeta\u00e7\u00e3o diferente, que serviu como um corredor entre as montanhas e se estendia inclusive pelo territ\u00f3rio hoje ocupado pela Caatinga.<\/p>\n

“Mas essa \u00e9 uma hip\u00f3tese fr\u00e1gil, pois n\u00e3o temos evid\u00eancia de que essa mata fria realmente existiu”, afirma o zo\u00f3logo.<\/p>\n

\"Sapo<\/p>\n<\/div>\n

Image captionSapo que caminha como lagarto tamb\u00e9m foi achado no Pico da NeblinaOutra teoria, considerada mais plaus\u00edvel por Prates, \u00e9 que as montanhas sul-americanas j\u00e1 tenham sido conectadas por um gigante plat\u00f4. Ao longo de milh\u00f5es de anos, a forma\u00e7\u00e3o foi sendo erodida at\u00e9 que s\u00f3 sobraram as \u00e1reas mais altas.<\/p>\n

“Os animais ficaram isolados no topo dessas montanhas e ent\u00e3o come\u00e7aram a se diferenciar. Os montes que vemos hoje s\u00e3o s\u00f3 os sobreviventes, as rel\u00edquias de um plat\u00f4 muito mais alto no passado.”<\/p>\n

Prates e os outros bi\u00f3logos que foram ao Pico da Neblina testar\u00e3o essa hip\u00f3tese por meio de exames de DNA dos animais coletados. As an\u00e1lises permitir\u00e3o descobrir quando as esp\u00e9cies aparentadas se diferenciaram. Os dados ser\u00e3o ent\u00e3o cruzados com informa\u00e7\u00f5es geol\u00f3gicas.<\/p>\n

\"Sapo<\/p>\n<\/div>\n

Image captionSapo apelidado de Gorducho Cinzento, uma das esp\u00e9cies rec\u00e9m-descobertas por pesquisadores<\/p>\n

Do passado \u00e0 previs\u00e3o do futuro<\/h2>\n

O zo\u00f3logo diz que os estudos tamb\u00e9m ajudar\u00e3o a responder como a Amaz\u00f4nia se tornou t\u00e3o rica em esp\u00e9cies e como o bioma poder\u00e1 ser afetado pelas altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas.<\/p>\n

“Se voc\u00ea aprende como os organismos responderam a mudan\u00e7as ambientas no passado, come\u00e7a a fazer infer\u00eancias sobre como responder\u00e3o a mudan\u00e7as no futuro.”<\/p>\n

“Podemos ter uma ideia da velocidade de adapta\u00e7\u00e3o dos animais a ambientes novos e sua capacidade de ocupar outros espa\u00e7os”, afirma.<\/p>\n

\"Sapo<\/p>\n<\/div>\n

Image captionSapo apelidado de Olhudo Vermelho foi encontrado no topo do picoNo caso do Pico da Neblina, h\u00e1 ind\u00edcios de que o processo respons\u00e1vel pela configura\u00e7\u00e3o de seu ecossistema atual poder\u00e1 se inverter.<\/p>\n

“Assim como h\u00e1 evid\u00eancias de que os ambientes alpinos (mais frios) desceram a montanha no passado, agora h\u00e1 a possibilidade oposta: de que o ambiente de baixada invada a montanha”, explica Prates.<\/p>\n

“Se houver um aumento da temperatura de modo que a mata da baixada invada os ambientes alpinos, o que est\u00e1 previsto para acontecer em v\u00e1rias regi\u00f5es do globo, haver\u00e1 uma substitui\u00e7\u00e3o de boa parte da fauna desses ambientes.”<\/p>\n

“Os bichos no topo da montanha ser\u00e3o estrangulados”, alerta.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A cena de um urso polar angustiado, ilhado num iceberg cada vez menor – imagem s\u00edmbolo do impacto do aquecimento global -, poder\u00e1 se reproduzir com cen\u00e1rio e v\u00edtimas diferentes no ponto mais alto do Brasil: o Pico da Neblina, no Amazonas. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[1227,523,2710],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/143357"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=143357"}],"version-history":[{"count":3,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/143357\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":143360,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/143357\/revisions\/143360"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=143357"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=143357"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=143357"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}