{"id":143614,"date":"2018-05-12T00:04:57","date_gmt":"2018-05-12T03:04:57","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=143614"},"modified":"2018-05-11T19:37:35","modified_gmt":"2018-05-11T22:37:35","slug":"relatorio-ve-cumplicidade-de-bancos-europeus-em-mariana","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/05\/12\/143614-relatorio-ve-cumplicidade-de-bancos-europeus-em-mariana.html","title":{"rendered":"Relat\u00f3rio v\u00ea cumplicidade de bancos europeus em Mariana"},"content":{"rendered":"
\"Brasilien<\/a>Vista a\u00e9rea do distrito de Bento Rodrigues (MG), coberto de lama ap\u00f3s o rompimento da barragem de Fund\u00e3o em 2015<\/p>\n<\/div>\n
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Grandes institui\u00e7\u00f5es financeiras europeias tamb\u00e9m t\u00eam uma parcela de culpa no\u00a0desastre<\/a> de 2015 em Mariana, por\u00a0n\u00e3o exclu\u00edrem de suas rela\u00e7\u00f5es comerciais a BHP Billiton e a Vale, acionistas da Samarco, acusa um\u00a0relat\u00f3rio<\/a>divulgado nesta sexta-feira (11\/05) pela ONG Facing Finance, de Berlim.<\/p>\n

A ONG afirma que 25,8 bilh\u00f5es em investimentos, empr\u00e9stimos e t\u00edtulos foram disponibilizados por bancos europeus \u00e0s duas empresas entre 2010 e 2017, apesar de j\u00e1 haver evid\u00eancias de falhas no gerenciamento da represa desde 2007.<\/p>\n

O relat\u00f3rio considera dois bancos como c\u00famplices da trag\u00e9dia: o franc\u00eas BNP Paribas e o ingl\u00eas HSBC. Para a ONG alem\u00e3, ambos contribu\u00edram com os impactos adversos do colapso da barragem ao fornecerem os meios financeiros para que a Samarco continuasse suas atividades. S\u00f3 entre 2011 e 2014, as duas institui\u00e7\u00f5es, segundo o estudo,\u00a0emitiram um total de 537 milh\u00f5es de\u00a0euros em t\u00edtulos e empr\u00e9stimos para a empresa.<\/p>\n

O caso da Samarco \u00e9 apenas uma parte do problema apontado. Ao longo de 86 p\u00e1ginas, o relat\u00f3rio da ONG\u00a0analisa ainda como os principais bancos de cinco pa\u00edses europeus s\u00e3o coniventes com desastres ambientais mundo afora ao financiarem atividades de multinacionais que sistematicamente incorrem em viola\u00e7\u00f5es de direitos humanos e ambientais.<\/p>\n

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J\u00e1 em sua sexta vers\u00e3o, o documento anual intitulado\u00a0Schmutzige Profite<\/em> (lucros sujos) analisou dez das maiores empresas de commodities globais (Anglo American, BHP Billiton, Barrick Gold, Eni, Gazprom, Glencore, Goldcorp, Grupo M\u00e9xico, Grupo Rio Tinto e Vale) e suas rela\u00e7\u00f5es financeiras com os dois maiores bancos de cada um dos seguintes pa\u00edses: Reino Unido (HSBC e Barclays), Alemanha (DZ Bank e Deutsche Bank), Fran\u00e7a (BNP Paribas e Credit Agricole), Holanda (ING e Rabobank) e Su\u00ed\u00e7a (UBS e Cr\u00e9dit Suisse).<\/p>\n

Os resultados mostram que mais de 100 bilh\u00f5es de euros foram disponibilizados \u00e0s dez empresas pelos dez bancos na forma de capital novo (cr\u00e9ditos, a\u00e7\u00f5es e b\u00f4nus de subscri\u00e7\u00f5es) no per\u00edodo estudado.<\/p>\n

O documento ressalta que, embora seja improv\u00e1vel que institui\u00e7\u00f5es financeiras causem viola\u00e7\u00f5es de direitos humanos, elas s\u00e3o propensas a contribu\u00edrem ou estarem diretamente ligadas a viola\u00e7\u00f5es por meio de suas rela\u00e7\u00f5es de neg\u00f3cios.<\/p>\n

\"Infografik<\/a><\/div>\n

“O presente relat\u00f3rio mostra que a maioria dos bancos europeus n\u00e3o faz o suficiente. Eles n\u00e3o incentivam as empresas de recursos naturais a melhorarem no que diz respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente, nem est\u00e3o dispostos a estabelecerem seus m\u00e9todos ou limites para excluir essas empresas”, afirma o estudo.<\/p>\n

Os bancos alem\u00e3es aparecem entre os quatro maiores detentores de participa\u00e7\u00f5es acion\u00e1rias nas companhias extrativistas analisadas, com o Deutsche Bank na segunda posi\u00e7\u00e3o (1,6 bilh\u00e3o de euros) e o DZ na quarta (700 milh\u00f5es de euros). Nenhum deles incluiu em sua lista negra qualquer uma das empresas extrativistas presente no relat\u00f3rio.<\/p>\n

A Alemanha, no entanto, foi um dos pa\u00edses que menos contribuiu com provis\u00f5es de capital. Ao total, foram cerca de 11 bilh\u00f5es de euros, deixando o pa\u00eds atr\u00e1s da Fran\u00e7a (30,1 bilh\u00f5es), do Reino Unido (28,3 bilh\u00f5es) e da Su\u00ed\u00e7a (19,8 bilh\u00f5es). Os bancos holandeses forneceram as menores contribui\u00e7\u00f5es, totalizando 10 bilh\u00f5es.<\/p>\n

Ainda de acordo com o relat\u00f3rio, o BNP Paribas e o HSBC foram os \u00fanicos que providenciaram financiamento direto \u00e0 Samarco no per\u00edodo analisado.<\/p>\n

O maior desastre ambiental do Brasil<\/p>\n

O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 5 de novembro de 2015, deixou um rastro de destrui\u00e7\u00e3o de mais de 650 quil\u00f4metros. Os rejeitos soterraram comunidades inteiras, deixaram 19 mortos e centenas de desabrigados. O acidente devastou a vegeta\u00e7\u00e3o local e contaminou a bacia do Rio Doce, no\u00a0maior desastre ambiental<\/a> da hist\u00f3ria do Brasil.<\/p>\n

\"Infografik<\/a><\/div>\n

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov\u00e1veis (Ibama) evita\u00a0dar previs\u00f5es para a recupera\u00e7\u00e3o efetiva da regi\u00e3o, e ainda faltam estudos sobre os impactos concretos para a sa\u00fade dos moradores e para o meio ambiente.<\/p>\n

As atividades da Samarco no Complexo Miner\u00e1rio de Germano, onde ocorreu a trag\u00e9dia, continuam paralisadas,\u00a0e se restringem apenas \u00e0 conserva\u00e7\u00e3o dos ativos e obras para melhorar a seguran\u00e7a operacional, reparar, recuperar e controlar os impactos provocados pelo rompimento. Ainda n\u00e3o h\u00e1, no entanto, previs\u00e3o para o retorno das opera\u00e7\u00f5es industriais da Samarco, que segue \u00e0 espera de\u00a0novo licenciamento.<\/p>\n

Programas de reassentamento, pagamento de indeniza\u00e7\u00f5es, manuten\u00e7\u00e3o da qualidade da \u00e1gua na bacia do Rio Doce, obras de infraestrutura e retomada da atividade econ\u00f4mica dos munic\u00edpios afetados foram assumidos pela Funda\u00e7\u00e3o Renova, criada em 2016 para este fim e a partir de acordo firmado entre a empresa, a Uni\u00e3o e os estados de Minas Gerais e Esp\u00edrito Santo.<\/p>\n

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At\u00e9 o momento, a funda\u00e7\u00e3o afirma j\u00e1 ter destinado cerca de 850 milh\u00f5es de reais em indeniza\u00e7\u00f5es e aux\u00edlios financeiros, al\u00e9m de 3,6 bilh\u00f5es de reais em aportes para as a\u00e7\u00f5es de repara\u00e7\u00e3o dos danos. Outra medida \u00e9 a recupera\u00e7\u00e3o e prote\u00e7\u00e3o de 5 mil nascentes da bacia do Rio Doce ao longo de dez anos.<\/p>\n

O rompimento da barragem de Fund\u00e3o resultou em 67 multas contra a Samarco, chegando a valores que ultrapassam 715 milh\u00f5es de reais. Do montante, apenas uma come\u00e7ou a ser paga (o chamado “mult\u00e3o\u201d, dividido em 60 parcelas), quitando cerca de 3,6% do total em reais.<\/p>\n

Desde o epis\u00f3dio, a Justi\u00e7a Federal aceitou den\u00fancia do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal (MPF) contra 22 pessoas e quatro empresas\u00a0Samarco, Vale, BHP Billiton e a consultoria VogBR (respons\u00e1vel pelo laudo que atestou estabilidade para a barragem) no processo que investiga as causas da trag\u00e9dia.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"