{"id":143888,"date":"2018-05-28T00:04:28","date_gmt":"2018-05-28T03:04:28","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=143888"},"modified":"2018-05-27T22:28:52","modified_gmt":"2018-05-28T01:28:52","slug":"estes-pescadores-indianos-estao-transformando-plastico-do-mar-em-estradas","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/05\/28\/143888-estes-pescadores-indianos-estao-transformando-plastico-do-mar-em-estradas.html","title":{"rendered":"Estes pescadores indianos est\u00e3o transformando pl\u00e1stico do mar em estradas"},"content":{"rendered":"
<\/a><\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n KOLLAM, \u00edNDIA.\u00a0Kadalamma<\/em>\u2014Mar M\u00e3e\u2014\u00e9 como Xavier Peter chama o Mar Ar\u00e1bico. Sua pr\u00f3pria m\u00e3e lhe deu vida, mas Kadalamma deu-lhe um prop\u00f3sito, um meio de vida. Ela forneceu sustento para ele, oferecendo peixe o suficiente para alimentar sua fam\u00edlia e vender no mercado. E ela o protegeu, poupando-o tr\u00eas vezes de ciclones e uma vez de um tsunami.<\/p>\n Xavier pesca camar\u00e3o e peixe na costa sudoeste da \u00cdndia h\u00e1 mais de tr\u00eas d\u00e9cadas, toda sua vida adulta. Mas, ultimamente, quando ele lan\u00e7a as redes, muitas vezes recebe mais\u00a0pl\u00e1stic<\/a>o<\/a> do que peixe.<\/p>\n \u201cPuxar as redes para fora da \u00e1gua \u00e9 um esfor\u00e7o a mais com todo o pl\u00e1stico que vem enrolado nelas\u201d, diz. \u201c\u00c9 como tentar tirar \u00e1gua de po\u00e7o \u2013 e seu balde, de alguma forma, fica sendo puxado para baixo.\u201d<\/p>\n Ele e os seis homens de sua tripula\u00e7\u00e3o passam horas separando o lixo do pescado.<\/p>\n Para Xavier, toda essa prova\u00e7\u00e3o \u00e9 um lembrete di\u00e1rio de que Kadalamma est\u00e1 doente, e que ele e sua cidade a deixaram assim. \u201cEsse \u00e9 a maior fracasso da \u00cdndia\u201d, lamenta.<\/p>\n Ele costumava somente suspirar e jogar o pl\u00e1stico de volta ao mar. N\u00e3o mais.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n Desde agosto do ano passado, ele e quase 5 mil outros pescadores e propriet\u00e1rios de barcos em Kollam \u2013 uma cidade pesqueira de 400 mil habitantes no estado de Kerala \u2013 est\u00e3o trazendo de volta para a terra todo o pl\u00e1stico que encontram quando est\u00e3o no mar.<\/p>\n Com a ajuda de v\u00e1rias ag\u00eancias governamentais, eles tamb\u00e9m montaram o primeiro centro de reciclagem da regi\u00e3o para limpar, classificar e processar os sacos pl\u00e1sticos, garrafas, canudos, chinelos e Barbies afogadas que foram jogados no mar e pescados por eles. At\u00e9 agora, eles coletaram cerca de 65 toneladas de lixo pl\u00e1stico.<\/p>\n N\u00e3o \u00e9 preciso muito para convencer as comunidades costeiras dos perigos do pl\u00e1stico, diz Peter Mathias, que lidera um sindicato regional para propriet\u00e1rios e operadores de barcos de pesca. H\u00e1 anos, diz ele, os pescadores reclamam do pl\u00e1stico que fica preso em seus equipamentos.<\/p>\n E isso nem \u00e9 o pior. H\u00e1 uma d\u00e9cada, uma pequena tripula\u00e7\u00e3o como a de Xavier conseguiria facilmente at\u00e9 quatro toneladas de peixe ao longo de uma expedi\u00e7\u00e3o de dez dias. Nos dias de hoje, ele ter\u00e1 sorte se conseguir pescar um quinto disso. Embora muitos fatores, incluindo a mudan\u00e7a clim\u00e1tica<\/a> e a sobrepesca, estejam afetando o estoque de peixes, o pl\u00e1stico \u00e9 o culpado mais vis\u00edvel.<\/p>\n Muitos tipos de peixes facilmente confundem pl\u00e1stico com presas, e estudos mostram que podem morrer de\u00a0envenenamento<\/a> ou desnutri\u00e7\u00e3o como resultado. Outros animais marinhos ficam presos e s\u00e3o estrangulados por redes de pesca de n\u00e1ilon abandonadas. Grandes peda\u00e7os de pl\u00e1stico no leito do mar tamb\u00e9m est\u00e3o bloqueando o acesso de algumas esp\u00e9cies aos seus criadouros.<\/p>\n \u201cEst\u00e1 afetando nosso trabalho,\u201d diz Mathias. \u201cAssim, manter o mar limpo \u00e9 nossa responsabilidade e necessidade para nossa sobreviv\u00eancia como pescadores.\u201d<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n Manter essa responsabilidade, no entanto, provou ser um pouco mais complicado do que Mathias previa. Os pescadores j\u00e1 recolhiam pl\u00e1stico sem necessidade; pedir-lhes que o fizessem com um prop\u00f3sito seria um pr\u00f3ximo passo l\u00f3gico. O problema era que a regi\u00e3o n\u00e3o tinha sistema de coleta de lixo municipal, muito menos um programa de reciclagem.<\/p>\n Quando uma aldeia vizinha de mergulhadores de moluscos em Kerala tentou come\u00e7ar um programa semelhante para limpar os remansos da cidade, eles perceberam que n\u00e3o tinham como eliminar todo o lixo que recolhiam. Eles estavam, efetivamente, apenas transferindo lixo do lago e do rio de volta para a terra.<\/p>\n No ver\u00e3o passado, Mathias procurou J. Mercykutty Amma, ministra estadual de pesca e nativa de Kollam, para conseguir ajuda. \u201cEu disse: se n\u00f3s nos encarregarmos de coletar pl\u00e1stico do mar e traz\u00ea-lo de volta a terra, voc\u00ea pode nos ajudar a fazer algo com ele?\u201d, conta.<\/p>\n Ela disse que sim, mas provavelmente n\u00e3o conseguiria fazer isso sozinha. Ent\u00e3o, cerca de um m\u00eas depois, ela trabalhou em outras cinco ag\u00eancias do governo, incluindo o departamento de engenheiros civis, que concordaram em ajudar a construir uma instala\u00e7\u00e3o de reciclagem e o departamento de capacita\u00e7\u00e3o de mulheres. Essa ag\u00eancia \u00e9 encarregada de melhorar as oportunidades de empregos para as mulheres em um lugar onde muitas \u00e1reas, como a pesca, h\u00e1 muito tempo s\u00e3o dominadas por homens. Assim, a ag\u00eancia ajudou a contratar uma equipe s\u00f3 de mulheres para trabalhar l\u00e1.<\/p>\n Nos \u00faltimos meses, um grupo de 30 mulheres vem trabalhando em tempo integral para lavar e classificar meticulosamente o pl\u00e1stico que os pescadores coletam. A maior parte est\u00e1 muito danificada e corro\u00edda para ser reciclada de maneira tradicional. Em vez disso, esse pl\u00e1stico \u00e9 picado em forma de confete bem fino e \u00e9 vendido para equipes de constru\u00e7\u00e3o locais que o usam para fortalecer o asfalto usado para pavimentar estradas. Os recursos \u2013 juntamente com o dinheiro do subs\u00eddio do governo \u2013 cobrem os sal\u00e1rios das mulheres que \u00e9 de 350 r\u00fapias (cerca de R$19) por dia. O sistema n\u00e3o \u00e9 completamente autossuficiente, mas ser\u00e1 no pr\u00f3ximo ano, Mathias espera.<\/p>\n \u201cReunimos tantos grupos t\u00e3o rapidamente para essa iniciativa\u201d, diz ele. Mas ele est\u00e1 ainda mais orgulhoso do fato de que \u201cisso vem de n\u00f3s, vem dos pescadores.\u201d<\/p>\n Eles j\u00e1 ajudaram algumas comunidades de pescadores nas proximidades, incluindo os coletores de moluscos citados anteriormente, a obter financiamento para iniciar seus pr\u00f3prios programas de coleta de reciclagem de pl\u00e1stico. Em breve, diz ele, pescadores \u201cde toda Kerala, de toda a \u00cdndia e de todo o mundo se unir\u00e3o a n\u00f3s\u201d.<\/p>\n \u00c9 uma declara\u00e7\u00e3o forte, mas a confian\u00e7a de Mathias n\u00e3o \u00e9 necessariamente equivocada, diz\u00a0Sabine Pahl<\/a>, psic\u00f3loga da Unidade Internacional de Pesquisa de Lixo Marinho da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, que pesquisa como convencer as pessoas a cuidar melhor do planeta. Ela diz que envolver as comunidades de pescadores na luta contra a polui\u00e7\u00e3o oce\u00e2nica faz sentido e j\u00e1 funcionou no passado. Desde 2009, o KIMO, grupo ambientalista do norte da Europa, vem recrutando pescadores em partes do Reino Unido, Holanda, Su\u00e9cia e Ilhas Faro\u00e9 para um programa similar chamado\u00a0Fishing for Litter<\/a>.<\/p>\n O programa indiano pode ter um potencial ainda maior, pelo \u201cfato de que os pescadores est\u00e3o tomando a iniciativa\u201d, diz Pahl. Em sua\u00a0pesquisa<\/a>, ela descobriu que as iniciativas ambientais mais eficazes s\u00e3o as lideradas pela comunidade e \u201cintrinsicamente motivadas\u201d \u2013 isto \u00e9, motivadas por altru\u00edsmo e pelo amor \u00e0 natureza e \u00e0 vida selvagem.<\/p>\n \u201c\u00c9 realmente poderoso porque os pescadores est\u00e3o na melhor posi\u00e7\u00e3o para convencer o resto da comunidade \u2013 suas fam\u00edlias, vizinhos \u2013 dos perigos do pl\u00e1stico\u201d, ela conta.<\/p>\n E \u00e9 exatamente isso que eles est\u00e3o fazendo. Muitos dos pescadores no porto de Kollam dizem que, nove meses ap\u00f3s o in\u00edcio do programa, a quantidade de detritos que s\u00e3o apanhados nas redes diminuiu significativamente. Mas, por fim, eles esperam interromper completamente o fluxo de pl\u00e1stico para o oceano. Para esse fim, todos os 5 mil pescadores se comprometeram a reduzir seu uso pessoal de pl\u00e1stico, ou pelo menos garantir que ele acabe na usina de reciclagem e n\u00e3o no oceano. Mathias e Xavier dizem que tamb\u00e9m n\u00e3o se op\u00f5em estrategicamente ao usar a culpa para impedir que as pessoas joguem lixo nas ruas.<\/p>\n \u201cEu digo a eles: \u2018Se voc\u00ea continuar poluindo o oceano com pl\u00e1stico\u2026 como pescadores, nosso meio de subsist\u00eancia deixar\u00e1 de existir,\u2019\u201d diz Mathias. Isso, segundo ele, quase sempre faz efeito.<\/p>\n Fonte: National Geographic<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Em um projeto inovador, pescadores em Kerala pegam pl\u00e1stico descartado nas \u00e1guas para reciclar e acabam limpando o oceano no processo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[3049,3048],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/143888"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=143888"}],"version-history":[{"count":1,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/143888\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":143889,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/143888\/revisions\/143889"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=143888"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=143888"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=143888"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}Ondas de frustra\u00e7\u00e3o<\/h3>\n
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