{"id":143894,"date":"2018-05-28T00:03:25","date_gmt":"2018-05-28T03:03:25","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=143894"},"modified":"2018-05-27T22:41:17","modified_gmt":"2018-05-28T01:41:17","slug":"o-virus-que-o-governo-australiano-importou-da-america-do-sul-para-matar-uma-praga-de-coelhos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/05\/28\/143894-o-virus-que-o-governo-australiano-importou-da-america-do-sul-para-matar-uma-praga-de-coelhos.html","title":{"rendered":"O v\u00edrus que o governo australiano importou da Am\u00e9rica do Sul para matar uma praga de coelhos"},"content":{"rendered":"
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Coelhos na Austr\u00e1lia em 1938: animais foram ‘importados’ para a ca\u00e7a esportiva, mas se proliferaram descontroladamente (Foto: Wikimedia Commons)<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

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“N\u00e3o exagero quando digo que o solo literalmente se movia. A quantidade de coelhos era t\u00e3o grande que, se voc\u00ea caminhasse pelo campo, teria a sensa\u00e7\u00e3o de que o pasto caminhava junto.”<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n

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\u00c9 assim que o criador de animais Bill McDonald recorda a invas\u00e3o de coelhos que devastou zonas rurais da Austr\u00e1lia por volta dos anos 1950.<\/p>\n<\/div>\n

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O n\u00famero de coelhos chegou aos bilh\u00f5es, que destru\u00edram pastos, ra\u00edzes de plantas e colheitas e impactaram duramente a cria\u00e7\u00e3o de gado e a agricultura \u2013 al\u00e9m de evidenciarem os perigosos efeitos da descontrolada a\u00e7\u00e3o humana sobre a natureza.<\/p>\n<\/div>\n

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As autoridades australianas s\u00f3 conseguiram conter a crise com a ajuda de um v\u00edrus identificado no Uruguai e que acabou sendo empregado em uma guerra biol\u00f3gica contra os pequenos mam\u00edferos.<\/p>\n<\/div>\n

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Efeito catastr\u00f3fico inesperado<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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Como se chegou a tal ponto? Foi por acaso.<\/p>\n<\/div>\n

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Os coelhos haviam sido introduzidos na Austr\u00e1lia vindos da Europa, em meados do s\u00e9culo 19.<\/p>\n<\/div>\n

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Foram transportados para ali para serem usados na ca\u00e7a esportiva, mas em pouco tempo os animais passaram de v\u00edtimas a algozes.<\/p>\n<\/div>\n

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Com uma prolifera\u00e7\u00e3o descontrolada, os coelhos da Austr\u00e1lia se converteram em um exemplo catastr\u00f3fico de o que pode acontecer quando uma esp\u00e9cie estrangeira \u00e9 introduzida em um novo ambiente.<\/p>\n<\/div>\n

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O programa de r\u00e1dio BBC Witness entrevistou McDonald, hoje com 88 anos, para entender a dimens\u00e3o da crise.<\/p>\n<\/div>\n

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\"MacDonald<\/div>\n<\/div>\n
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MacDonald at\u00e9 hoje se dedica a sua granja de ovelhas na Austr\u00e1lia (Foto: Getty Images)<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

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Ele foi criado na granja de sua fam\u00edlia, em Nova Gales do Sul, que havia sido fundada por seu bisav\u00f4 escoc\u00eas em 1863.<\/p>\n<\/div>\n

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Na d\u00e9cada de 1930, a invas\u00e3o de coelhos j\u00e1 havia se convertido em um problema s\u00e9rio em todas as zonas rurais australianas.<\/p>\n<\/div>\n

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A maioria dos agricultores os ca\u00e7ava. Tamb\u00e9m constru\u00edam cercas quilom\u00e9tricas, mas os animais sempre conseguiam escapar.<\/p>\n<\/div>\n

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A situa\u00e7\u00e3o se agravou com a Segunda Guerra Mundial, que for\u00e7ou a ida de muitos australianos \u00e0 Europa para combater.<\/p>\n<\/div>\n

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McDonald lembra de quando, aos 10 anos de idade, ficou sozinho com a m\u00e3e em sua granja.<\/p>\n<\/div>\n

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“Durante a guerra, o controle de coelhos foi praticamente inexistente. Simplesmente n\u00e3o havia m\u00e3o de obra suficiente (para cont\u00ea-los), ent\u00e3o os coelhos tiveram total liberdade.”<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n

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As terras foram devastadas. Os coelhos comeram toda a folhagem, as ra\u00edzes e os tub\u00e9rculos, deixando o solo arrasado e desprotegido contra a eros\u00e3o.<\/p>\n<\/div>\n

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Os mam\u00edferos foram considerados a maior amea\u00e7a da hist\u00f3ria da agricultura do pa\u00eds.<\/p>\n<\/div>\n

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O simp\u00e1tico animal acabou se tornando o inimigo n\u00famero um da produ\u00e7\u00e3o agropecu\u00e1ria australiana (Foto: Istock)<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

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Guerra aos coelhos<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n
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McDonald lembra tamb\u00e9m o impacto que a praga teve sobre seu gado.<\/p>\n<\/div>\n

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“As ovelhas ficaram fracas, ent\u00e3o voc\u00ea n\u00e3o conseguia obter a quantidade nem a qualidade desejadas de l\u00e3.”<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n

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Assim, as autoridades acabaram incentivando os fazendeiros a empreender verdadeiras batalhas contra os mam\u00edferos.<\/p>\n<\/div>\n

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Uma t\u00e1tica comum era construir cercados para atrair coelhos, prend\u00ea-los e mat\u00e1-los com veneno. Tocas e t\u00faneis tamb\u00e9m eram envenenados com g\u00e1s e destru\u00eddos com tratores.<\/p>\n<\/div>\n

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McDonald conta que, diariamente, tinha de recolher “centenas e mais centenas” de animais mortos cruelmente pelos efeitos dos venenos.<\/p>\n<\/div>\n

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Mas nem isso foi capaz de conter o avan\u00e7o dos mam\u00edferos, a ponto de o governo partir para uma guerra biol\u00f3gica: encontrou uma doen\u00e7a proveniente da Am\u00e9rica do Sul que afetava apenas popula\u00e7\u00f5es de coelhos.<\/p>\n<\/div>\n

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Foto de 1937 mostra coelho com mixomatose sendo liberado para infectar outros na Austr\u00e1lia; pa\u00eds teve de voltar a adotar a guerra biol\u00f3gica mais tarde (Foto: Csiro\/Wikimedia Commons)<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

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Tratava-se da mixomatose, doen\u00e7a infecciosa causada por um v\u00edrus, o myxoma, que \u00e9 transmitido por mosquitos.<\/p>\n<\/div>\n

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A mixomatose foi descoberta no Uruguai no fim do s\u00e9culo 19 em coelhos tamb\u00e9m importados. A infec\u00e7\u00e3o causa tumores na pele e nas membranas mucosas dos coelhos.<\/p>\n<\/div>\n

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Era algo “muito duro” de ver, diz McDonald.<\/p>\n<\/div>\n

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“Os genitais dos coelhos ficavam deformados, e a maioria deles ficava cega antes de morrer. Eles tamb\u00e9m perdiam muito peso porque n\u00e3o conseguiam comer.”<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n

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No entanto, ele diz que n\u00e3o teve “nenhum escr\u00fapulo” em lan\u00e7ar m\u00e3o do v\u00edrus nas suas terras.<\/p>\n<\/div>\n

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“Era uma batalha que j\u00e1 hav\u00edamos perdido antes em termos de controle dos coelhos. E, se eu quisesse criar ovelhas e produzir l\u00e3, n\u00e3o podia me dar ao luxo de pensar se estava certo ou n\u00e3o. Eu simplesmente tinha de faz\u00ea-lo.”<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n

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\"Coelho<\/div>\n<\/div>\n
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Coelho com mixomatose: doen\u00e7a provoca efeitos cru\u00e9is nos animais (Foto: Piet Spaans\/Wikimedia Commons)<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

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Dezenas de milh\u00f5es de coelhos sucumbiram ao v\u00edrus e, em grande parte da Austr\u00e1lia, mais de 90% dos animais foram mortos, dando est\u00edmulo \u00e0 produtividade rural.<\/p>\n<\/div>\n

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Com o tempo, por\u00e9m, alguns coelhos desenvolveram imunidade \u00e0 mixomatose, e suas popula\u00e7\u00f5es voltaram a crescer.<\/p>\n<\/div>\n

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Por conta disso, nos anos 1990, o governo australiano adotou uma nova arma biol\u00f3gica, o caliciv\u00edrus, que voltou a reduzir a quantidade de animais. De novo, muitos conseguiram se imunizar – portanto, a batalha continua.<\/p>\n<\/div>\n

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McDonald diz que continua preocupado com a situa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n

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“As novas gera\u00e7\u00f5es n\u00e3o sabem o que aconteceu nos anos 1930, 40, 50, e acho que os coelhos podem voltar a ser um problema no futuro se n\u00e3o trabalharmos duro para fre\u00e1-los”, opina.<\/p><\/blockquote>\n

Fonte: BBC<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"