\u00c1guas de rios e mares de v\u00e1rias partes do mundo contaminadas por poluentes qu\u00edmicos est\u00e3o provocando a feminiliza\u00e7\u00e3o de peixes, em fun\u00e7\u00e3o dos poluentes terem um alto n\u00edvel de estrog\u00eanio, o horm\u00f4nio sexual feminino produzido nos ov\u00e1rios. O assunto foi apresentado nesta sexta-feira (08) no encerramento do\u00a011\u00ba Simp\u00f3sio Internacional de Fisiologia da Reprodu\u00e7\u00e3o (ISRPF)<\/a><\/strong>, que desde o \u00faltimo domingo reuniu em Manaus os maiores especialistas da \u00e1rea.<\/p>\n

Presidido pelo diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de Fran\u00e7a, o evento ocorreu pela primeira vez na Am\u00e9rica Latina. Mais de 200 cientistas, profissionais e estudantes de 30 pa\u00edses participaram do Simp\u00f3sio, 40% s\u00e3o brasileiros. \u201cEstamos extremamente felizes com o resultado e com a sensa\u00e7\u00e3o de dever bem cumprido\u201d, destacou Fran\u00e7a, que foi homenageado com um pirarucu entalhado em madeira, peixe s\u00edmbolo do evento, e flores.<\/p>\n

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O professor da\u00a0University of Exeter<\/em> (Inglaterra), Charles Tyler, busca entender em seus estudos como os poluentes qu\u00edmicos, que de uma forma ou de outra sempre v\u00e3o parar nas \u00e1guas, impactam o funcionamento da vida selvagem, mais especificamente de peixes, o grupo selvagem mais exposto a poluentes. Uma das propostas do bi\u00f3logo especializado em reprodu\u00e7\u00e3o de peixes e ambientalista \u00e9 produzir ajudar na prote\u00e7\u00e3o da vida selvagem dos peixes nesses ambientes.<\/p>\n

H\u00e1 cerca de 100 mil tipos de poluentes qu\u00edmicos no ambiente e de forma regular s\u00e3o despejados pelo menos 30 mil. Produtos farmac\u00eauticos como os anticoncepcionais, veterin\u00e1rios, cosm\u00e9ticos, de higiene, limpeza e agrot\u00f3xicos est\u00e3o na lista.<\/p>\n

A equipe de Tyler est\u00e1 interessada nos poluentes que ferem ou mutilam o sistema reprodutivo dos peixes. Muitas evid\u00eancias mostram que eles podem modificar a maneira com que os peixes desenvolvem seu sexo, afetando a habilidade das esp\u00e9cies de se reproduzir e a reprodu\u00e7\u00e3o \u00e9 important\u00edssima para se continuar com essas popula\u00e7\u00f5es animais.<\/p>\n

Segundo o pesquisador, um dos maiores desafios da ecotoxicologia \u00e9 os efeitos desses poluentes qu\u00edmicos no tamanho da popula\u00e7\u00e3o, e na maioria dos casos os estudos encontram problemas na popula\u00e7\u00e3o de peixes no mundo, incluindo at\u00e9 extin\u00e7\u00e3o e perda local dessas popula\u00e7\u00f5es. \u201cO que se v\u00ea \u00e9 que esses poluentes t\u00eam um n\u00edvel muito alto de estrog\u00eanio e isso tem causado uma feminiliza\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o, mas ainda n\u00e3o d\u00e1 para dizer que \u00e9 isso que est\u00e1 fazendo extinguir\u201d, destacou Tyler.<\/p>\n

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A maioria desses estudos \u00e9 feito nos Estados Unidos, Europa e Austr\u00e1lia. No Brasil est\u00e1 iniciando, inclusive incluindo como \u00e1rea de pesquisa a Bacia Amaz\u00f4nica. \u201cN\u00e3o h\u00e1 d\u00favida de que temos problema de polui\u00e7\u00e3o na Amaz\u00f4nia, mas n\u00e3o se sabe se o problema aqui \u00e9 t\u00e3o grande quanto j\u00e1 \u00e9 na Europa\u201d, conta.<\/p>\n

Na Bacia Amaz\u00f4nica h\u00e1 um sistema de rios enorme que d\u00e1 uma capacidade maior de dilui\u00e7\u00e3o dos poluentes. \u201c\u00c9 muito prov\u00e1vel que os problemas que percebemos na Europa e no resto do mundo tamb\u00e9m ocorram na Bacia Amaz\u00f4nica. Agora o n\u00edvel e o grau de impacto ainda est\u00e3o por ser estudados\u201d, completou.<\/p>\n

Apesar de desanimar-se em alguns momentos, Tyler diz ser otimista na busca de solu\u00e7\u00f5es para os problemas apresentados. Al\u00e9m de pesquisador, tamb\u00e9m trabalha junto a governos internacionais levando informa\u00e7\u00f5es relevantes para possam ser usadas da melhor maneira pelos \u00f3rg\u00e3os p\u00fablicos. Educa\u00e7\u00e3o ambiental e internaliza\u00e7\u00e3o de valores de prote\u00e7\u00e3o ao ambiente nas gera\u00e7\u00f5es mais jovens para que elas se apaixonem por essa causa tamb\u00e9m \u00e9 considerado vital no processo.<\/p>\n

\u201cSou apaixonado pelo meio ambiente. \u00c9 por isso que fa\u00e7o o trabalho que eu fa\u00e7o, fico bastante deprimido \u00e0s vezes, quando vejo que mesmo quando se tem muita informa\u00e7\u00e3o, passa para os governos, eles simplesmente n\u00e3o usam porque vai contra o interesse de uma grande empresa. Ent\u00e3o fico muito frustrado \u00e0s vezes. A\u00ed me lembro de que tenho de ser dogm\u00e1tico sobre essas quest\u00f5es\u201d, revelou.<\/p>\n

Apoio e Financiamento<\/strong><\/p>\n

O Simp\u00f3sio tem o financiamento da Funda\u00e7\u00e3o de Apoio \u00e0 Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient\u00edfico e Tecnol\u00f3gico (CNPq) e da Coordena\u00e7\u00e3o de Aperfei\u00e7oamento de Pessoal de N\u00edvel Superior (Capes).<\/p>\n

Recebe ainda o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz\u00f4nia (Inpa\/Manaus), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Nilton Lins (Manaus, AM), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu\u00e1ria – Amaz\u00f4nia Ocidental (Embrapa\/Manaus, AM) e Universidade Estadual Paulista (Unesp\/Botucatu).<\/p>\n

Fonte: Inpa<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"