{"id":144158,"date":"2018-06-13T00:03:30","date_gmt":"2018-06-13T03:03:30","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=144158"},"modified":"2018-06-12T21:03:07","modified_gmt":"2018-06-13T00:03:07","slug":"sistema-mede-poluicao-do-ar-rua-por-rua-em-sao-paulo","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/06\/13\/144158-sistema-mede-poluicao-do-ar-rua-por-rua-em-sao-paulo.html","title":{"rendered":"Sistema mede polui\u00e7\u00e3o do ar ‘rua por rua’ em S\u00e3o Paulo"},"content":{"rendered":"
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Pesquisador desenvolveu sistema para calcular polui\u00e7\u00e3o em cada via de S\u00e3o Paulo<\/div>\n<\/div>\n
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Quem vive na cidade de S\u00e3o Paulo conhece bem – e sente – o\u00a0problema da polui\u00e7\u00e3o<\/a>, causada pelos milh\u00f5es de ve\u00edculos de todos os tipos que circulam pelas ruas e avenidas. O que a popula\u00e7\u00e3o geralmente n\u00e3o sabe \u00e9 em que zonas ou regi\u00f5es da metr\u00f3pole a concentra\u00e7\u00e3o de gases t\u00f3xicos \u00e9 maior.<\/p>\n

Para descobrir isso, o pesquisador Sergio Alejandro Ibarra Espinosa, do Instituto de Astronomia, Geof\u00edsica e Ci\u00eancias Atmosf\u00e9ricas (IAG) da Universidade de S\u00e3o Paulo (USP) desenvolveu um programa de computador, denominado Vehicle Emissions Inventory (VEIN).<\/p>\n

Alimentado com dados sobre o fluxo do tr\u00e1fego, velocidade e fatores de emiss\u00e3o dos modelos em circula\u00e7\u00e3o, o software \u00e9 capaz de calcular os n\u00edveis de emiss\u00f5es por trecho de via, hor\u00e1rio e ano de produ\u00e7\u00e3o dos ve\u00edculos.<\/p>\n

“Com o programa, verificamos que as libera\u00e7\u00f5es de di\u00f3xido de carbono (CO2) e hidrocarbonetos (HC) s\u00e3o maiores nas marginais dos rios Pinheiros e Tiet\u00ea, e nas intersec\u00e7\u00f5es das avenidas Santos Dumont, avenida do Estado e Castelo Branco”, conta Espinosa.<\/p>\n

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Image captionSistema \u00e9 abastecido pelos dados de tr\u00e1fego de ve\u00edculos na capital paulista<\/p>\n

Amea\u00e7a respirat\u00f3ria<\/h2>\n

No caso do material particulado MP2.5 (com di\u00e2metro aerodin\u00e2mico menor que 2,5 micr\u00f4metros – um micr\u00f4metro \u00e9 a mil\u00e9sima parte de mil\u00edmetro) e dos \u00f3xidos de nitrog\u00eanio (NOX), a polui\u00e7\u00e3o \u00e9 maior no Rodoanel. “Tamb\u00e9m descobrimos que os ve\u00edculos contribuem com mais de 70% do material que forma na atmosfera o oz\u00f4nio”, diz o pesquisador.<\/p>\n

“Este g\u00e1s, nocivo \u00e0 sa\u00fade humana e ao meio ambiente, n\u00e3o \u00e9 emitido, mas gerado a partir da rea\u00e7\u00e3o entre a radia\u00e7\u00e3o solar e os \u00f3xidos de nitrog\u00eanio e hidrocarbonetos que os carros e outras fontes liberam.”<\/p>\n

Al\u00e9m disso, o programa tamb\u00e9m estimou as libera\u00e7\u00f5es de gases t\u00f3xicos por tipo de ve\u00edculo, considerando o tempo de uso. Nesse caso, o VEIN revelou que os modelos que come\u00e7aram a circular entre 1992 e 1996 s\u00e3o os que mais liberam mon\u00f3xido de carbono.<\/p>\n

Eles foram os primeiros autom\u00f3veis a utilizarem catalisadores. Segundo Espinosa, trata-se de um equipamento muito sens\u00edvel e que se degrada com o tempo e manuten\u00e7\u00e3o inadequada, perdendo a capacidade de oxidar ou filtrar o CO2, causando aumento das emiss\u00f5es.<\/p>\n

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Image captionVe\u00edculos contribuem com mais de 70% do material que forma oz\u00f4nio no ar da cidade, diz pesquisadorTodos esses resultados foram processados e usados na produ\u00e7\u00e3o de mapas que indicam os locais e hor\u00e1rios onde h\u00e1 mais emiss\u00e3o de poluentes. “Muitos pa\u00edses em desenvolvimento, como o Brasil, n\u00e3o t\u00eam ferramentas para fazer uma boa gest\u00e3o ambiental da qualidade do ar”, diz Espinosa.<\/p>\n

“No caso de S\u00e3o Paulo e de outras megacidades do mundo, as fontes mais importantes de gases t\u00f3xicos s\u00e3o os ve\u00edculos. Se houver um boa forma de avaliar as libera\u00e7\u00f5es, vai ser poss\u00edvel tomar decis\u00f5es inteligentes para diminuir a polui\u00e7\u00e3o do ar. O VEIN pode desempenhar este papel.”<\/p>\n

Ajuste fino<\/h2>\n

A pergunta \u00e9: de onde v\u00eam os dados que alimentam o software desenvolvido por Espinosa? Como ele sabe que tipo de ve\u00edculo e em que velocidade est\u00e1 trafegando por determinada rua num hor\u00e1rio espec\u00edfico? O pesquisador explica que o programa precisa de dados de tr\u00e1fego em cada via.<\/p>\n

A informa\u00e7\u00e3o pode ser para o hor\u00e1rio pico ou para todas as horas. “Esses dados est\u00e3o dispon\u00edveis nas ag\u00eancias e secretarias respons\u00e1veis pelo planejamento do tr\u00e2nsito das cidades”, diz. Por isso, ele solicitou \u00e0 Companhia de Engenharia de Tr\u00e1fego (CET) a simula\u00e7\u00e3o do tr\u00e1fego dos ve\u00edculos leves e caminh\u00f5es, e para a S\u00e3o Paulo Transporte S.A (SPTRANS) a dos \u00f4nibus.<\/p>\n

“Essa simula\u00e7\u00e3o \u00e9 uma representa\u00e7\u00e3o computacional da situa\u00e7\u00e3o do tr\u00e1fego no hor\u00e1rio de pico da manh\u00e3 na maioria das ruas da regi\u00e3o metropolitana de S\u00e3o Paulo”, explica Espinosa. “Ela \u00e9 baseada na pesquisa Origem Destino, feita pelo Metr\u00f4, e atualizada com contagem manual e medi\u00e7\u00f5es de velocidade em 36 rotas da cidade realizadas pela CET.”<\/p>\n

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Pesquisador fez c\u00e1lculo de polui\u00e7\u00e3o com base em dados de \u00f3rg\u00e3os p\u00fablicos, como a CET e a Cetesb<\/div>\n

Al\u00e9m disso, conta, a Companhia Ambiental do Estado de S\u00e3o Paulo (Cetesb) tem relat\u00f3rios informando quanto polui cada ve\u00edculo em certas condi\u00e7\u00f5es de tr\u00e1fego. “O que eu fiz foi usar o VEIN para juntar e processar estas informa\u00e7\u00f5es”, explica.<\/p>\n

“O programa l\u00ea os dados e reprocessa as velocidades e fluxos de tr\u00e1fego para as outras horas (recalculando os fluxos e velocidades). Isso porque os carros poluem diferentemente em diferentes velocidades. Ent\u00e3o, eu n\u00e3o medi diretamente nas ruas. Meu trabalho \u00e9 mais computacional, mas pode ser calibrado e comparado com medi\u00e7\u00f5es reais.”<\/p>\n

O pesquisador explica que a calibragem dos modelos de tr\u00e1fego \u00e9 feita com base nas vendas de combust\u00edvel por ano na regi\u00e3o metropolitana de S\u00e3o Paulo. “Com o software \u00e9 poss\u00edvel calcular as emiss\u00f5es, mas tamb\u00e9m o consumo dos ve\u00edculos”, explica. “A quantidade de combust\u00edvel do modelo tem de ‘bater’ com as vendas reais na regi\u00e3o de estudo. Em outras palavras, o modelo tem de estar balanceado pelo combust\u00edvel.”<\/p>\n

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Pesquisador diz que o programa consegue calcular as emiss\u00f5es e o n\u00edvel de consumo dos ve\u00edculos<\/div>\n

Proje\u00e7\u00f5es<\/h2>\n

O passo seguinte \u00e9 pegar os mapas de emiss\u00f5es e rodar os modelos de qualidade do ar para saber as concentra\u00e7\u00f5es. Espinosa explica que eles s\u00f3 apresentam, no entanto, a massa de polui\u00e7\u00e3o do ar emitida. “Mas sabemos que ela \u00e9 transformada, dispersada e depositada no solo”, diz.<\/p>\n

“Para poder contabilizar estas transforma\u00e7\u00f5es s\u00e3o necess\u00e1rios programas computacionais que resolvam as equa\u00e7\u00f5es da atmosfera para assim saber as concentra\u00e7\u00f5es de gases t\u00f3xicos, ou seja o que n\u00f3s respiramos. O VEIN serve para isso”<\/p>\n

Esses programas levam em conta o vento, radia\u00e7\u00e3o, temperatura, em uma grade tridimensional para cada tempo. “Logo, comparo estas concentra\u00e7\u00f5es simuladas com os dados reais das esta\u00e7\u00f5es de monitoramento da qualidade do ar da Cetesb, que tamb\u00e9m medem o que respiramos. Ambos os dados t\u00eam que bater”, explica Espinosa.<\/p>\n

O software \u00e9 livre e gratuito, e pode ser usado para empreendimentos p\u00fablicos e privados. “O VEIN \u00e9 uma ferramenta de ajuda para elabora\u00e7\u00e3o de politicas ambientais”, diz Espinosa.<\/p>\n

“Por exemplo, se a autoridade est\u00e1 pensando em incrementar a quantidade de biocombust\u00edvel no diesel, qual ser\u00e1 o efeito na polui\u00e7\u00e3o do ar? Ou, se vai ser constru\u00eddo um polo de atra\u00e7\u00e3o de viagens, como um grande centro comercial, industrial ou uma nova rodovia, qual ser\u00e1 o impacto na qualidade do ar? Isso pode ser simulado antes de se tomar a decis\u00e3o. Ou seja, o governo pode ter essas respostas e avaliar os efeitos, incluindo os custos.”<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"