{"id":144483,"date":"2018-06-29T00:02:58","date_gmt":"2018-06-29T03:02:58","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=144483"},"modified":"2018-06-28T19:56:40","modified_gmt":"2018-06-28T22:56:40","slug":"por-hectare-brasil-nao-e-pais-que-mais-usa-agroquimicos","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/06\/29\/144483-por-hectare-brasil-nao-e-pais-que-mais-usa-agroquimicos.html","title":{"rendered":"“Por hectare, Brasil n\u00e3o \u00e9 pa\u00eds que mais usa agroqu\u00edmicos”"},"content":{"rendered":"
\"Brasilien<\/a><\/div>\n
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O presidente da Bayer no Brasil, Theo van der Loo, afirmou\u00a0em entrevista \u00e0 DW\u00a0Brasil que o pa\u00eds n\u00e3o \u00e9 o que mais usa agrot\u00f3xicos se for considerado o uso por hectare.<\/p>\n

“O\u00a0uso dessas subst\u00e2ncias no Brasil \u00e9 muito alto porque o Brasil \u00e9 um grande produtor. Al\u00e9m de o pa\u00eds ser grande, tem duas safras por ano, \u00e0s vezes at\u00e9 tr\u00eas. Na Europa e nos EUA \u00e9 apenas uma safra por ano. Por hectare, de longe o Brasil n\u00e3o \u00e9 o pa\u00eds que mais usa agroqu\u00edmico”, disse o executivo paulista de 63 anos, no comando da empresa desde 2011.<\/p>\n

“H\u00e1 uma m\u00e1 percep\u00e7\u00e3o de que a gente gosta do uso de agroqu\u00edmicos. N\u00f3s queremos o uso respons\u00e1vel. A tend\u00eancia para o futuro \u00e9 reduzir o uso desses produtos, pois com a digitaliza\u00e7\u00e3o das lavouras \u00e9 poss\u00edvel descobrir pragas mais cedo e agir sobre elas sem precisar colocar o qu\u00edmico em todas as plantas”, acrescentou.<\/p>\n

Com a eminente aquisi\u00e7\u00e3o da gigante Monsanto pela empresa alem\u00e3, anunciada h\u00e1 menos de um m\u00eas, a “nova” Bayer j\u00e1 nasce l\u00edder no com\u00e9rcio de agrot\u00f3xicos no Brasil, pa\u00eds que h\u00e1 dez anos lidera o ranking mundial de uso dessas subst\u00e2ncias nas lavouras, na compara\u00e7\u00e3o por habitante e tamb\u00e9m no uso total. De acordo com a Funda\u00e7\u00e3o Oswaldo Cruz, o Brasil\u00a0usa em m\u00e9dia 7,13 litros de agrot\u00f3xicos por habitante ao\u00a0ano.<\/p>\n

Durante o encontro Econ\u00f4mico Brasil-Alemanha, que ocorreu em Col\u00f4nia nos dias 25 e 26 de junho, Van der Loo concedeu entrevista \u00e0 DW Brasil sobre a expectativa com as mudan\u00e7as que a aquisi\u00e7\u00e3o vai trazer. Ele falou tamb\u00e9m sobre o pol\u00eamico projeto de lei que tramita na C\u00e2mara e que quer facilitar a aprova\u00e7\u00e3o de uso de agrot\u00f3xicos (ou agroqu\u00edmicos, como prefere o executivo) no Brasil.<\/p>\n

DW Brasil: A Bayer anunciou recentemente a compra da Monsanto, num neg\u00f3cio que chega a 67\u00a0bilh\u00f5es de d\u00f3lares. No Brasil, as duas empresas ocupam lugar de destaque nos setores do agroneg\u00f3cio e farmac\u00eautico. O que deve mudar com essa aquisi\u00e7\u00e3o?<\/p>\n

Theo van der Loo: N\u00e3o posso entrar em muitos detalhes porque a compra foi aprovada, mas a fus\u00e3o f\u00edsica n\u00e3o pode acontecer por enquanto. Continuam duas empresas independentes at\u00e9 n\u00f3s desmembrarmos tudo que deve ser desmembrado na Bayer. Por exemplo, o setor de transg\u00eanicos da Bayer ser\u00e1 transferido para a Basf como parte do acordo de compra da Monsanto. Isso est\u00e1 ocorrendo no mundo todo. No Brasil isso significa repassar o setor de sementes que n\u00f3s t\u00ednhamos, al\u00e9m de soja e vegetais. H\u00e1 ainda os Centros de Pesquisas de Sementes da Bayer, que tamb\u00e9m v\u00e3o para a Basf.<\/p>\n

Quais s\u00e3o as etapas que ainda faltam para concretizar a fus\u00e3o? H\u00e1 algum prazo?<\/p>\n

\u00c9 preciso passar pelo Cade. Por enquanto, n\u00f3s n\u00e3o temos nenhum contato com a Monsanto at\u00e9 que essas quest\u00f5es sejam resolvidas. \u00c9 dif\u00edcil precisar um tempo. Mas posso dar exemplo de outras aquisi\u00e7\u00f5es da Bayer, como foi o meu caso. Sou fruto de uma aquisi\u00e7\u00e3o da Bayer, pois eu estava na Schering (empresa do setor farmac\u00eautico adquirida pela Bayer em 2006). O tempo pode variar, pois algumas a\u00e7\u00f5es s\u00e3o imediatas, e outras podem demorar um ou dois anos.<\/p>\n

O que seria imediato?<\/p>\n

A parte administrativa \u00e9 o mais r\u00e1pido. Recursos humanos e folha de pagamento. Neste caso, a parte de pesquisa tamb\u00e9m \u00e9 tranquila para a transfer\u00eancia. O que n\u00f3s t\u00ednhamos de pesquisa em sementes vai passar para a Basf, e vamos receber o que \u00e9 da Monsanto.<\/p>\n

Qual a previs\u00e3o de investimentos no Brasil ap\u00f3s essas mudan\u00e7as?<\/p>\n

Investimos cerca de R$ 200 milh\u00f5es por ano no Brasil e isso deve aumentar, principalmente no setor de agroneg\u00f3cio, onde fazemos pesquisas de forma regional devido ao clima diferente que o pa\u00eds possui, dependendo da regi\u00e3o. Hoje temos centros de pesquisa agr\u00edcola no Paran\u00e1, no Mato Grosso e em Tocantins. A Bayer j\u00e1 est\u00e1 no Brasil h\u00e1 123 anos, ent\u00e3o a presen\u00e7a j\u00e1 \u00e9 est\u00e1vel. Com a aquisi\u00e7\u00e3o da Monsanto, no futuro o nosso maior investimento vai ser no agroneg\u00f3cio.<\/p>\n

Na \u00e1rea farmac\u00eautica existe uma consolida\u00e7\u00e3o mundial, pois antes as empresas tinham f\u00e1bricas em v\u00e1rios pa\u00edses. Hoje, por motivos regulat\u00f3rios, h\u00e1 poucas f\u00e1bricas em alguns pa\u00edses, e isso deve suprir o mundo. Temos uma f\u00e1brica no Brasil. Metade das unidades fabricadas no Brasil ficam no pa\u00eds para consumo. Mas muitas f\u00e1bricas fecharam nos \u00faltimos anos, ent\u00e3o o clima para investir em novas f\u00e1bricas n\u00e3o \u00e9 muito grande.<\/p>\n

H\u00e1 a possibilidade de a Bayer voltar a investir em medicamentos gen\u00e9ricos?<\/p>\n

N\u00e3o. A Bayer n\u00e3o produz gen\u00e9ricos porque a rentabilidade \u00e9 menor. J\u00e1 chegamos a produzir em outros pa\u00edses, mas paramos. Muitas multinacionais n\u00e3o d\u00e3o mais prioridade para essa \u00e1rea. O gen\u00e9rico \u00e9 o segmento que mais cresce, e nessa \u00e1rea os gen\u00e9ricos com marca s\u00e3o os maiores mercados. Mas s\u00f3 h\u00e1 gen\u00e9rico se houver inova\u00e7\u00e3o, pois o gen\u00e9rico \u00e9 uma consequ\u00eancia de uma droga que foi desenvolvida, autorizada a patente e depois venceu essa patente. Uma patente demora cerca de dez anos para vencer. Por isso, a inova\u00e7\u00e3o \u00e9 importante. Sem inova\u00e7\u00e3o, n\u00e3o h\u00e1 ciclo dos gen\u00e9ricos.<\/p>\n

H\u00e1 um projeto de lei tramitando na C\u00e2mara que facilita a autoriza\u00e7\u00e3o de uso de agrot\u00f3xicos no Brasil, que atualmente dependem da aprova\u00e7\u00e3o de tr\u00eas minist\u00e9rios para poderem ser liberado. Empresas gigantes no setor estariam apoiando o projeto, chamado por ambientalistas de “pacote do veneno”. Qual o posicionamento da Bayer?<\/p>\n

Isso ainda est\u00e1 em discuss\u00e3o. Obviamente voc\u00ea precisa respeitar a \u00e1rea regulat\u00f3ria do pa\u00eds, o que a gente tenta trazer \u00e9 um interc\u00e2mbio de experi\u00eancias entre a Alemanha e o Brasil nessa \u00e1rea. No caso do agroqu\u00edmico existem muitos mitos, o uso dessas subst\u00e2ncias no Brasil \u00e9 muito alto porque o Brasil \u00e9 um grande produtor. Al\u00e9m de o pa\u00eds ser grande, tem duas safras por ano, \u00e0s vezes at\u00e9 tr\u00eas. Na Europa e nos EUA \u00e9 apenas uma safra por ano. Por hectare, de longe o Brasil n\u00e3o \u00e9 o pa\u00eds que mais usa agroqu\u00edmico.<\/p>\n

H\u00e1 uma m\u00e1 percep\u00e7\u00e3o de que a gente gosta do uso de agroqu\u00edmicos. N\u00f3s queremos o uso respons\u00e1vel. A tend\u00eancia para o futuro \u00e9 reduzir o uso desses produtos, pois com a digitaliza\u00e7\u00e3o das lavouras \u00e9 poss\u00edvel descobrir pragas mais cedo e agir sobre elas sem precisar colocar o qu\u00edmico em todas as plantas.<\/p>\n

Lembrando que n\u00f3s, na Bayer, estudamos tudo o que colocamos nas plantas e o res\u00edduo que sobra nela. Se o agroqu\u00edmico for utilizado corretamente, quando chegar ao consumidor n\u00e3o haver\u00e1 mais agroqu\u00edmico.<\/p>\n

Mas h\u00e1 estudos, inclusive da Funda\u00e7\u00e3o Oswaldo Cruz, que apontam os efeitos negativos dos agrot\u00f3xicos e tamb\u00e9m que h\u00e1 v\u00e1rios tipos\u00a0permitidos no Brasil, mas proibidos na Alemanha e no restante da Europa.<\/p>\n

N\u00e3o sou agroqu\u00edmico, venho da \u00e1rea farmac\u00eautica, ent\u00e3o n\u00e3o tenho todos os detalhes. Mas o que tenho a dizer \u00e9 o seguinte: tem um pouco a ver com o atraso da aprova\u00e7\u00e3o das novas mol\u00e9culas, ent\u00e3o para o Brasil tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 bom esse atraso. Podemos trazer coisas mais novas\u00a0e retirar as mais antigas. E ainda tem outro assunto, que \u00e9 o tipo de pragas e doen\u00e7as do Brasil, que s\u00e3o diferentes das de uma regi\u00e3o n\u00e3o tropical. Isso tem que se discutido. O ideal \u00e9 acelerar a aprova\u00e7\u00e3o de novas mol\u00e9culas para podermos retirar as mais antigas.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"