{"id":145020,"date":"2018-07-27T00:03:03","date_gmt":"2018-07-27T03:03:03","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=145020"},"modified":"2018-07-26T23:48:53","modified_gmt":"2018-07-27T02:48:53","slug":"cientistas-esperam-encontrar-ovos-de-pterossauros-no-parana","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/07\/27\/145020-cientistas-esperam-encontrar-ovos-de-pterossauros-no-parana.html","title":{"rendered":"Cientistas esperam encontrar ovos de pterossauros no Paran\u00e1"},"content":{"rendered":"

O munic\u00edpio paranaense de Cruzeiro do Oeste poder\u00e1 se juntar, em breve, a duas regi\u00f5es na China e outra na Argentina como os \u00fanicos lugares onde j\u00e1 foram encontrados ovos de pterossauros.<\/p>\n

Um dos maiores especialistas mundiais nesses r\u00e9pteis alados, que s\u00e3o parentes distantes e foram extintos com os dinossauros, o paleont\u00f3logo Alexander Kellner, pesquisador e diretor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estima que \u00e9 s\u00f3 uma quest\u00e3o de tempo para encontrar ovos de pterossauros tamb\u00e9m naquela regi\u00e3o do Paran\u00e1.<\/p>\n

\u201c\u00c9 poss\u00edvel encontrar ovos de pterossauros naquela regi\u00e3o porque encontramos l\u00e1 muitos f\u00f3sseis de pterossauros juntos\u201d, disse Kellner em palestra na ter\u00e7a-feira (24\/07) durante a 70\u00aa Reuni\u00e3o da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci\u00eancia (SBPC), que ocorre at\u00e9 o pr\u00f3ximo s\u00e1bado (28\/07) na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).<\/p>\n

Em 2014, Kellner e colegas do Centro de Paleontologia (Cenpaleo) da Universidade do Contestado, em Mafra (SC), identificaram em Cruzeiro do Oeste um conjunto de 47 f\u00f3sseis de uma esp\u00e9cie at\u00e9 ent\u00e3o desconhecida de pterossauro. Denominada\u00a0Caiuajara dobruskii<\/em>, essa esp\u00e9cie de pterossauro viveu h\u00e1 cerca de 80 milh\u00f5es de anos na regi\u00e3o Sul do Brasil, segundo os pesquisadores.<\/p>\n

No fim de 2017, Kellner e colegas chineses encontraram no deserto de Gobi, no noroeste da China, o maior n\u00famero de ovos de pterossauros no mundo, com 215 unidades. Com estimados 120 milh\u00f5es de anos, muitos estavam preservados em tr\u00eas dimens\u00f5es.<\/p>\n

As descobertas na China e na Argentina, feita anteriormente, em 2011, corroboram a hip\u00f3tese de encontrar embri\u00f5es de pterossauros tamb\u00e9m em Cruzeiro do Oeste, indicou Kellner.<\/p>\n

\u201cAt\u00e9 hoje, s\u00f3 foram encontradas tr\u00eas grandes acumula\u00e7\u00f5es de pterossauros de uma mesma esp\u00e9cie no mundo: em Rami, na China, na Argentina e em Cruzeiro do Oeste. Na China e na Argentina j\u00e1 foram encontrados embri\u00f5es e em Cruzeiro do Oeste ainda n\u00e3o, mas \u00e9 s\u00f3 uma quest\u00e3o de tempo\u201d, estimou.<\/p>\n

A descoberta dos ovos de pterossauros na China permitiu aos pesquisadores compreender melhor a evolu\u00e7\u00e3o desses animais, que foram os primeiros vertebrados a realizar atividade de voo ativo e que viveram entre 220 milh\u00f5es e 66 milh\u00f5es de anos atr\u00e1s.<\/p>\n

Alguns dos achados foram que os ovos eram semelhantes aos de lagartos e os embri\u00f5es tinham membros posteriores bem desenvolvidos, mas os membros anteriores n\u00e3o. Essas caracter\u00edsticas levaram os pesquisadores a inferir que, ao nascer, os pterossauros eram capazes de caminhar, mas n\u00e3o de voar, e que isso poderia estar relacionado a um certo cuidado parental, at\u00e9 eles se tornarem independentes.<\/p>\n

\u201cS\u00f3 foi poss\u00edvel aprender isso com base nesse material. At\u00e9 ent\u00e3o se imaginava que os pterossauros assim que nasciam j\u00e1 podiam voar\u201d, disse Kellner.<\/p>\n

Os pesquisadores tamb\u00e9m identificaram no conjunto de f\u00f3sseis encontrados na China uma f\u00eamea de pterossauro com dois ovos no interior de seu corpo. A descoberta indicou que o animal tinha dois ovidutos \u2013 canal que serve para conduzir os ovos do ov\u00e1rio a outros \u00f3rg\u00e3os do sistema reprodutor ou diretamente para fora do corpo materno \u2013 e n\u00e3o apenas um, como as aves. Os morcegos e as aves foram os \u00fanicos grupos de animais que desenvolveram a capacidade de voo ativo.<\/p>\n

\u201cAl\u00e9m dos ovos, encontramos na China centenas de ossos de pterossauros que, juntamente com os materiais que descobrimos em Cruzeiro do Oeste, permitir\u00e3o estudar as varia\u00e7\u00f5es ontogen\u00e9ticas [o desenvolvimento desde o embri\u00e3o] desses animais\u201d, disse Kellner.<\/p>\n

O estudo das varia\u00e7\u00f5es ontogen\u00e9ticas dos pterossauros permitir\u00e1 aos paleontologistas entender melhor as mudan\u00e7as na forma desses animais, que eram extremamente diversificados, ao longo de sua exist\u00eancia.<\/p>\n

\u201cIsso \u00e9 importante porque quando se encontra animais diferentes, com estruturas totalmente distintas, pode ser que sejam da mesma esp\u00e9cie, mas est\u00e3o em est\u00e1gios ontogen\u00e9ticos diferentes. E s\u00f3 podemos concluir isso ao encontrar materiais de uma mesma popula\u00e7\u00e3o, como os que descobrimos na China e em Cruzeiro do Oeste\u201d, disse Kellner.<\/p>\n

Problema de conserva\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n

Embora os f\u00f3sseis de pterossauros j\u00e1 tenham sido encontrados em praticamente todos os continentes, descobrir materiais bem preservados desses animais \u00e9 um acontecimento raro. Isso porque h\u00e1 in\u00fameros processos f\u00edsicos, qu\u00edmicos e geol\u00f3gicos que atuam na forma\u00e7\u00e3o de um f\u00f3ssil e afetam a preserva\u00e7\u00e3o do material preservado, explicou Kellner.<\/p>\n

\u201c\u00c9 extremamente dif\u00edcil a preserva\u00e7\u00e3o de f\u00f3sseis de pterossauros, por isso eles s\u00e3o muito raros. J\u00e1 foram descobertos f\u00f3sseis com abertura alar acima de 5 metros, por exemplo, com uma espessura \u00f3ssea de 2 mil\u00edmetros\u201d, exemplificou.<\/p>\n

Alguns dos exemplares mais bem preservados de pterossauros foram obtidos em Cambridge Greensand, na Inglaterra, em Solnhofen, na Alemanha, e na bacia do Araripe, na divisa dos estados do Cear\u00e1, Piau\u00ed e Pernambuco, onde foi encontrado um dos melhores exemplares de pterossauro.<\/p>\n

\u201cOs f\u00f3sseis encontrados na bacia do Araripe s\u00e3o destacados em n\u00edvel mundial. N\u00e3o existe praticamente nenhuma discuss\u00e3o sobre quest\u00f5es gerais de pterossauros que n\u00e3o contemple o material que encontramos l\u00e1\u201d, disse Kellner.<\/p>\n

O bom estado de conserva\u00e7\u00e3o dos materiais encontrados na bacia do Araripe n\u00e3o significa, contudo, que o s\u00edtio arqueol\u00f3gico esteja protegido. Em uma de suas incurs\u00f5es para estudos de campo na regi\u00e3o, o pesquisador descobriu uma base de cr\u00e2nio de um pterossauro que estava sendo usado como peso de papel em um bar na regi\u00e3o.<\/p>\n

\u201cN\u00e3o se conhecia a estrutura que encontramos no interior dessa base de cr\u00e2nio de pterossauro, que \u00e9 muito semelhante \u00e0 de aves, como a de corujas\u201d, disse Kellner.<\/p>\n

Fonte: FAPESP<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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