{"id":145099,"date":"2018-07-31T00:03:28","date_gmt":"2018-07-31T03:03:28","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=145099"},"modified":"2018-07-30T19:53:25","modified_gmt":"2018-07-30T22:53:25","slug":"entenda-o-custo-ambiental-do-transporte-brasileiro","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/07\/31\/145099-entenda-o-custo-ambiental-do-transporte-brasileiro.html","title":{"rendered":"Entenda o custo ambiental do transporte brasileiro"},"content":{"rendered":"

Quando come\u00e7ou a faltar gasolina, g\u00e1s de cozinha e at\u00e9 comida durante a greve dos caminhoneiros, muito se falou do custo do transporte rodovi\u00e1rio<\/strong> no Pa\u00eds. Muita gente n\u00e3o reparou, contudo, que, a paralisa\u00e7\u00e3o n\u00e3o reduziu apenas a oferta desses produtos. O movimento tamb\u00e9m diminuiu, pelo menos por uns dias, as\u00a0emiss\u00f5es <\/strong>de gases de efeito estufa. \u00c9 que, devido \u00e0 depend\u00eancia do diesel – hoje subsidiado pelo governo, os\u00a0caminh\u00f5es tamb\u00e9m s\u00e3o um dos principais poluentes atmosf\u00e9ricos do Brasil<\/strong>.<\/p>\n

Pesquisa do Sistema de Estimativas de Emiss\u00f5es de Gases de Efeito Estufa (SEEG) diz at\u00e9 que esse meio de transporte<\/strong> \u00e9 o respons\u00e1vel pela maior parte das emiss\u00f5es de g\u00e1s carb\u00f4nico (CO\u00b2) do setor de energia brasileiro<\/strong>. Ou seja, \u00e9 um dos maiores causadores do\u00a0aquecimento global no Pa\u00eds<\/strong> – fen\u00f4meno clim\u00e1tico que pode provocar o derretimento de geleiras e o consequente aumento do n\u00edvel do mar, inundando diversas cidades ao redor do mundo, inclusive o Recife.<\/p>\n

Segundo o relat\u00f3rio, publicado recentemente no Brasil pelo\u00a0Observat\u00f3rio do Clima<\/strong>, os\u00a0caminh\u00f5es lan\u00e7aram 85 mi de toneladas de CO\u00b2 no ar apenas em 2016<\/strong> – \u00faltimo ano em que as emiss\u00f5es globais foram totalmente mapeadas. O volume \u00e9 maior at\u00e9 que as 70 milh\u00f5es de toneladas produzidas na queima de combust\u00edveis e que as 54 mi de toneladas emitidas pelas usinas termel\u00e9tricas que estavam operando no Pa\u00eds. Por\u00e9m n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico problema do sistema de transporte brasileiro.<\/p>\n

<\/div>\n
\"O
O custo ambiental do transporte brasileiro - Arte: Folha de Pernambuco<\/figcaption><\/figure>\n
\n

O mesmo estudo mostra que outras 65 milh\u00f5es de toneladas de gases de efeito estufa foram emitidas por autom\u00f3veis menores, fora as 22 mi de toneladas dos \u00f4nibus. Ao todo, 189 mi de toneladas de poluentes sa\u00edram do transporte rodovi\u00e1rio no Brasil<\/strong> em 2016 – o equivalente a 92% de todas as emiss\u00f5es produzidas pelo setor de transporte, que tamb\u00e9m inclui os modais ferrovi\u00e1rio, hidrovi\u00e1rio e a\u00e9reo: 204 milh\u00f5es de toneladas.
\n\u201cNosso\u00a0transporte<\/strong> tem um alto n\u00edvel de emiss\u00e3o de CO\u00b2 porque \u00e9 dependente do combust\u00edvel f\u00f3ssil de petr\u00f3leo. Afinal, o transporte de cargas brasileiro \u00e9 quase que inteiramente realizado pelo modal rodovi\u00e1rio e n\u00e3o pelas ferrovias e hidrovias, que s\u00e3o mais eficientes energeticamente\u201d, explicou o coautor do relat\u00f3rio e presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Andr\u00e9 Ferreira, dizendo que, em pa\u00edses t\u00e3o grandes como o Brasil, a log\u00edstica \u00e9 outra.<\/p>\n

Na R\u00fassia, por exemplo, as ferrovias representam 81% do transporte de cargas. E no Canad\u00e1, 46%. Aqui, por\u00e9m, s\u00f3 15% das cargas s\u00e3o escoadas pelos trilhos. Outros 20% v\u00e3o pelos ares ou pelas \u00e1guas. E os 65% restantes seguem nas estradas. \u201cO modal ferrovi\u00e1rio e o modal aquavi\u00e1rio s\u00e3o insignificantes no Brasil, o que \u00e9 uma pena, pois, quando se avalia o consumo de combust\u00edvel por tonelada transportada, o modal rodovi\u00e1rio \u00e9 dez vezes mais caro e mais poluente que o aquavi\u00e1rio, que, por sua vez, \u00e9 cinco vezes mais caro que o ferrovi\u00e1rio\u201d, confirmou o consultor de energia Ivo Pugnaloni, lembrando que o uso intensivo do diesel – combust\u00edvel que \u00e9 usado pelos caminh\u00f5es e, por isso, representa mais de 75% das vendas de combust\u00edveis do Brasil – \u00e9 ruim para a atmosfera e tamb\u00e9m para a sa\u00fade da popula\u00e7\u00e3o. \u201cDiesel e gasolina emitem uma propor\u00e7\u00e3o semelhante de gases de efeito estufa, mas o diesel acaba sendo mais poluente porque, al\u00e9m disso, emite materiais particulados que aumentam a polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica global e afetam a sa\u00fade p\u00fablica\u201d, explicou Ferreira.<\/p>\n

Os especialistas esperam, portanto, que o sistema de transporte brasileiro seja aperfei\u00e7oado. Eles dizem ainda que o ideal seria levar as cargas das estradas para as ferrovias e os barcos. Mas, como essa mudan\u00e7a exige muito tempo e investimento, \u00e9 preciso implementar pelo menos mudan\u00e7as mec\u00e2nicas que aumentem a efici\u00eancia dos ve\u00edculos. \u201cNossos autom\u00f3veis est\u00e3o um pouco defasados e, por isso, n\u00e3o t\u00eam o mesmo n\u00edvel de efici\u00eancia mundial. Na Europa, por exemplo, j\u00e1 h\u00e1 caminh\u00f5es com tecnologia de controle da polui\u00e7\u00e3o\u201d, reclamou o coautor da pesquisa.<\/p>\n

Conselheiro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), Francisco Nigro argumentou que a baixa presen\u00e7a desse tipo de ve\u00edculo no Brasil \u00e9 resultado do alto custo da produ\u00e7\u00e3o nacional, mas admitiu que essa realidade pode melhorar nos pr\u00f3ximos anos, gra\u00e7as ao novo programa federal de incentivos \u00e0 ind\u00fastria automobil\u00edstica, o Rota 2030, que vai subsidiar a pesquisa e o desenvolvimento de solu\u00e7\u00f5es menos poluentes. Ele lembrou, por sua vez, que o Brasil tamb\u00e9m tem suas vantagens energ\u00e9ticas. Afinal, \u00e9 um grande produtor de biocombust\u00edveis – etanol e biodiesel.<\/p>\n

\u201cO etanol e o biodiesel ajudam a abater as emiss\u00f5es de CO\u00b2. E, hoje n\u00f3s temos mais carros flex, com combust\u00edvel renov\u00e1vel, que qualquer pa\u00eds no mundo\u201d, garantiu Nigro, dizendo que as emiss\u00f5es brasileiras de CO\u00b2 poderiam ser muito maiores caso esses biocombust\u00edveis n\u00e3o fossem usados e lembrando que elas tendem a cair nos pr\u00f3ximos anos devido aos incentivos federais que ser\u00e3o concedidos ao uso de combust\u00edveis limpos atrav\u00e9s do Renovabio – programa que quer ampliar a presen\u00e7a de biocombust\u00edveis na matriz energ\u00e9tica brasileira. \u201cO\u00a0Renovabio <\/strong>\u00e9 uma lei com vig\u00eancia a partir de 2020 que vai prestar um servi\u00e7o ambiental mostrando a melhor qualidade e dando est\u00edmulos financeiros ao uso de combust\u00edveis limpos como etanol e biodiesel\u201d, disse o presidente do Sindicato da Ind\u00fastria do A\u00e7\u00facar e do \u00c1lcool no Estado de Pernambuco (Sinda\u00e7\u00facar-PE), Renato Cunha.<\/p>\n

Avia\u00e7\u00e3o busca maior efici\u00eancia <\/strong><\/p>\n

A segunda maior parte das emiss\u00f5es do setor de transporte vem dos ares. \u00c9 que os avi\u00f5es geram cerca de 20 mi de toneladas de\u00a0CO\u00b2 <\/strong>por ano devido ao uso de querosene. O volume \u00e9 bem menor que o do modal rodovi\u00e1rio, mas a tend\u00eancia \u00e9 que ele cres\u00e7a ao longo do tempo, j\u00e1 que o n\u00famero n\u00famero de passageiros a\u00e9reos tamb\u00e9m deve crescer – entre 2005 e 2015, por exemplo, as emiss\u00f5es dom\u00e9sticas subiram 78%. Por isso, o Governo Federal j\u00e1 come\u00e7ou a pensar em alternativas para tornar este transporte mais limpo. E, nestes estudos, um novo combust\u00edvel para a avia\u00e7\u00e3o come\u00e7ou a ser desenvolvido em parceria com o Governo Alem\u00e3o.<\/p>\n

\u201cO Brasil <\/strong>consome 136 bilh\u00f5es de litros de querosene de avia\u00e7\u00e3o por ano, o que representa 5% da matriz de combust\u00edvel nacional. Por isso, a avia\u00e7\u00e3o responde por 7% das emiss\u00f5es do setor de transporte\u201d, admitiu a coordenadora geral de Servi\u00e7os A\u00e9reos Internacionais do Minist\u00e9rio dos Transportes, Ana Paula Machado, ressaltando, por\u00e9m, que viajar de avi\u00e3o \u00e9 menos poluente que viajar de carro. “Mesmo assim, j\u00e1 estamos trabalhando junto com a Organiza\u00e7\u00e3o de Avia\u00e7\u00e3o Civil Internacional (OACI) para reduzir as emiss\u00f5es\u201d, pontuou.<\/p>\n

\u201cA OACI estabeleceu um protocolo para que as emiss\u00f5es vindas das aeronaves comecem ser reduzidas a partir de 2020. Por isso, criamos um projeto para desenvolver um querosene renov\u00e1vel de baixa emiss\u00e3o em parceria com Minist\u00e9rio de Meio Ambiente da Alemanha\u201d, acrescentou o secret\u00e1rio de Desenvolvimento Tecnol\u00f3gico e Inova\u00e7\u00e3o do Minist\u00e9rio da Ci\u00eancia, Tecnologia, Inova\u00e7\u00f5es e Comunica\u00e7\u00e3o (MCTIC), Maximiliano Martinh\u00e3o. Ele revelou ainda que a ideia \u00e9 produzir o novo combust\u00edvel aeron\u00e1utico em um processo qu\u00edmico, a partir da jun\u00e7\u00e3o de \u00e1gua, g\u00e1s carb\u00f4nico e energia el\u00e9trica, que, ao inv\u00e9s de emitir, reaproveita o\u00a0CO\u00b2<\/strong>.<\/p>\n

\u201cVamos usar esse\u00a0g\u00e1s poluente<\/strong> para gerar\u00a0combust\u00edvel <\/strong>e ainda poderemos melhorar a log\u00edstica de distribui\u00e7\u00e3o desse produto, porque, com isso, a gera\u00e7\u00e3o do querosene de avia\u00e7\u00e3o poder\u00e1 ser feita no pr\u00f3prio aeroporto, o que ainda vai reduzir as emiss\u00f5es dos caminh\u00f5es que hoje levam esse combust\u00edvel para os terminais\u201d, desenvolveu Maranh\u00e3o, contando que o primeiro querosene renov\u00e1vel de avia\u00e7\u00e3o deve ficar pronto em aproximadamente um ano, em uma planta piloto a ser constru\u00edda em S\u00e3o Paulo. Se o produto passar pelos testes de efici\u00eancia e rentabilidade econ\u00f4mica, a produ\u00e7\u00e3o comercial deve come\u00e7ar em 2022.<\/p>\n

Fonte: Marina Barbosa, da Folha de Pernambuco<\/strong><\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Segundo pesquisa do Sistema de Estimativas de Emiss\u00f5es de Gases de Efeito Estufa (SEEG), o sistema rodovi\u00e1rio brasileiro emitiu 85 milh\u00f5es de toneladas de CO\u00b2 no ar em 2016. Por tal feito, o setor \u00e9 o principal causador do efeito estufa no Pa\u00eds <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":0,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[3417,828,2877],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/145099"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=145099"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/145099\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":145101,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/145099\/revisions\/145101"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=145099"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=145099"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=145099"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}