\n
Das 207 pessoas assassinadas no ano passado, um quarto era de ind\u00edgenas<\/em><\/p>\n<\/div>\n<\/div>\nEntretanto, na Am\u00e9rica Latina a maioria de Governos n\u00e3o tem uma pr\u00e1tica de transpar\u00eancia nem d\u00e1 prioridade ao balan\u00e7o de suas a\u00e7\u00f5es. Apesar disso, Leather salienta algumas iniciativas. \u201cExistem propostas da sociedade civil que os Governos da regi\u00e3o devem aplicar. Em Honduras, solicitou-se a cria\u00e7\u00e3o de uma promotoria especial para crimes contra defensores de direitos humanos. No Brasil, pediu-se a federaliza\u00e7\u00e3o dos assassinatos emblem\u00e1ticos de pessoas defensoras cujas investiga\u00e7\u00f5es n\u00e3o avan\u00e7am em escala local. No M\u00e9xico tamb\u00e9m pedem aos promotores que alterem a metodologia de forma a considerar adequadamente os motivos potenciais, relacionados com o ativismo da v\u00edtima\u201d, detalha.<\/p>\n
O relat\u00f3rio cita os ineficientes mecanismos de prote\u00e7\u00e3o a tr\u00eas l\u00edderes mexicanos no \u00faltimo ano. \u201cAs comunidades Coloradas de la Virgen e Choreachi, na serra de Tarahumara, se envolveram numa longa disputa jur\u00eddica contra a outorga de concess\u00f5es madeireiras em suas terras ancestrais. Segundo Isela Gonz\u00e1lez, diretora da Alian\u00e7a Sierra Madre, sete membros dessas comunidades foram assassinados entre 2013 e 2016. Nenhum dos assassinos foi levado \u00e0 Justi\u00e7a\u201d, afirma.<\/p>\n
Em 2014, Gonz\u00e1lez come\u00e7ou a ser amea\u00e7ada de morte por participar de uma campanha contra as concess\u00f5es. As autoridades mexicanas lhe entregaram um bot\u00e3o de p\u00e2nico e lhe ofereceram a possibilidade de solicitar escolta policial, mas em mar\u00e7o deste ano a ativista disse \u00e0 Global Witness que n\u00e3o se sentia protegida.<\/p>\n
Para o M\u00e9xico, o relat\u00f3rio prop\u00f5e que o Governo garanta avalia\u00e7\u00f5es de impacto social, ambiental e de direitos humanos \u201cantes da outorga de qualquer permiss\u00e3o ou concess\u00e3o para projetos de desenvolvimento ou de explora\u00e7\u00e3o de recursos naturais\u201d, j\u00e1 que a imposi\u00e7\u00e3o de projetos \u00e0s comunidades \u201csem seu consentimento livre, pr\u00e9vio e informado \u00e9 a causa dos ataques contra as pessoas\u201d.<\/p>\n
No Peru, seis agricultores foram assassinados a tiros em setembro ap\u00f3s terem as m\u00e3os amarradas. O contexto foi uma disputa por terras em Ucayali, uma das duas regi\u00f5es mais afetadas pela explora\u00e7\u00e3o ilegal de madeira e pelo desmatamento para dar lugar a cultivos de palma (dend\u00ea).<\/p>\n
O mesmo diagn\u00f3stico \u00e9 aplic\u00e1vel ao Peru, onde dezenas de projetos de minera\u00e7\u00e3o, infraestrutura e agroind\u00fastria foram implantados sem processos de consulta aos povos ind\u00edgenas, o que seria obrigat\u00f3rio por se tratar de um Estado que desde 1989 \u00e9 signat\u00e1rio do Conv\u00eanio 169 da Organiza\u00e7\u00e3o Internacional do Trabalho e aprovou a Lei de Consulta Pr\u00e9via em 2011.<\/p>\n
Desde 2013, o Minist\u00e9rio de Cultura do Peru realizou 41 processos de consulta pr\u00e9via. A ministra Patricia Balbuena disse ao EL PA\u00cdS que esse organismo est\u00e1 esperando a decis\u00e3o do Tribunal Constitucional para saber o que fazer com dezenas de projetos energ\u00e9ticos ou de minera\u00e7\u00e3o sobre os quais os povos ind\u00edgenas deixaram de ser consultados entre 1995 e 2012. Duas comunidades da regi\u00e3o de Puno (sul do Peru) esperam, desde 2011 e 2014, respectivamente, que o Tribunal Constitucional responda aos pedidos de liminar contra concess\u00f5es de minera\u00e7\u00e3o que o Estado outorgou sem seu conhecimento e que se sobrep\u00f5em \u00e0s suas terras.<\/p>\n
O porta-voz de Global Witness tamb\u00e9m v\u00ea \u201cpotencial pr\u00e1tico nas institui\u00e7\u00f5es internacionais independentes, quando sua opera\u00e7\u00e3o \u00e9 permitida\u201d, e cita como exemplos a Comiss\u00e3o Internacional contra a Impunidade na Guatemala e o Grupo Assessor Internacional de Especialistas (GAIPE) que acompanhava a investiga\u00e7\u00e3o do caso de Berta C\u00e1ceres, ativista hondurenha assassinada em 2016 por enfrentar a empreiteira que constru\u00eda uma hidrel\u00e9trica em terras ind\u00edgenas.<\/p>\n