{"id":145173,"date":"2018-08-02T00:03:34","date_gmt":"2018-08-02T03:03:34","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=145173"},"modified":"2018-08-01T23:25:42","modified_gmt":"2018-08-02T02:25:42","slug":"humanos-colocam-em-perigo-um-terco-das-reservas-naturais-da-terra","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/08\/02\/145173-humanos-colocam-em-perigo-um-terco-das-reservas-naturais-da-terra.html","title":{"rendered":"Humanos colocam em perigo um ter\u00e7o das reservas naturais da Terra"},"content":{"rendered":"
\"Dia
Destrui\u00e7\u00e3o de um garimpo ilegal de ouro na Amaz\u00f4nia peruana. REUTERS<\/figcaption><\/figure>\n

H\u00e1 146 anos o Parque Nacional de Yellowstone,\u00a0no noroeste dos Estados Unidos, transformou-se na primeira \u00e1rea protegida do mundo. Desde ent\u00e3o, pa\u00edses de todo o planeta criaram mais de 200.000 reservas naturais. Juntas, somam mais de 20 milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados, quase 15% da superf\u00edcie terrestre. Uma \u00e1rea maior do que a Am\u00e9rica do Sul.<\/p>\n

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Os governos criaram as \u00e1reas protegidas para que animais e plantas possam viver sem que a a\u00e7\u00e3o humana os afete, j\u00e1 que, de outra maneira, acabariam extintos. S\u00e3o lugares especiais, presentes \u00e0s gera\u00e7\u00f5es futuras e para todas as formas de vida n\u00e3o humanas no planeta.<\/p>\n

Mas de acordo com um estudo publicado na revista\u00a0Science<\/em>, quase um ter\u00e7o dessas \u00e1reas protegidas (seis milh\u00f5es de quil\u00f4metros quadrados) sofre a press\u00e3o do ser humano. Estradas, minas, explora\u00e7\u00f5es industriais, fazendas, munic\u00edpios e cidades: tudo isso amea\u00e7a as supostas \u00e1reas protegidas.<\/p>\n

Est\u00e1 provado que essas atividades humanas s\u00e3o as respons\u00e1veis pela diminui\u00e7\u00e3o e extin\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies em todo o mundo. A nova pesquisa mostra como essas atividades s\u00e3o frequentes dentro das \u00e1reas que foram criadas para proteger a natureza.<\/p>\n

Foi feita uma estimativa sobre o alcance e a intensidade da press\u00e3o humana em \u00e1reas protegidas. A an\u00e1lise se baseou no rastro humano, uma medida que combina os dados de acordo com a constru\u00e7\u00e3o, a agricultura intensiva, as pastagens, a densidade da popula\u00e7\u00e3o, a ilumina\u00e7\u00e3o noturna, as estradas, as ferrovias e os canais fluviais.<\/p>\n

\"Constru\u00c3\u00a7\u00c3\u00a3o
Constru\u00e7\u00e3o de uma estrada entre os Parques Nacionais Tsavo Oriental e Tsavo Ocidental no Qu\u00eania. FOTO FORNECIDA POR UM DOS AUTORES<\/figcaption><\/figure>\n

Surpreendentemente, quase tr\u00eas quartos dos pa\u00edses t\u00eam, pelo menos, 50% de suas \u00e1reas protegidas submetidas a uma intensa press\u00e3o humana, ou seja, modificadas pela explora\u00e7\u00e3o de min\u00e9rios, estradas, explora\u00e7\u00e3o florestal e agricultura. O problema \u00e9 mais grave na Europa Ocidental e no sul da \u00c1sia. Somente 42% das \u00e1reas protegidas est\u00e3o livres da a\u00e7\u00e3o do homem.<\/p>\n

Um rastro gigante<\/h3>\n

Por todo o planeta encontramos exemplos de enormes infraestruturas que os humanos constru\u00edram nos limites das \u00e1reas protegidas. Projetos t\u00e3o importantes como ferrovia entre os Parques Nacionais Tsavo Oriental e Tsavo Ocidental no Qu\u00eania fizeram com que o rinoceronte negro se transformasse em uma esp\u00e9cie em perigo de extin\u00e7\u00e3o\u00a0e at\u00e9 a famosa perda das jubas dos le\u00f5es. A ideia de acrescentar uma estrada de seis pistas ao lado da ferrovia j\u00e1 est\u00e1 em andamento.<\/p>\n

Muitas \u00e1reas protegidas da Am\u00e9rica como a Sierra Nevada de Santa Marta, na Col\u00f4mbia, e o Parque Estadual Rio Negro Setor Sul, no Brasil, lutam contra a press\u00e3o das cidades pr\u00f3ximas que est\u00e3o densamente povoadas e t\u00eam muito turismo. Nos Estados Unidos, tanto o Yosemite como o Yellowstone s\u00e3o afetados pelas complexas infraestruturas tur\u00edsticas que est\u00e3o sendo constru\u00eddas pr\u00f3ximas aos seus limites.<\/p>\n

Em pa\u00edses desenvolvidos como a Austr\u00e1lia, o panorama \u00e9 desolador. Um bom exemplo disso \u00e9 o Parque Nacional de Barrow Island, na Austr\u00e1lia Ocidental, onde mam\u00edferos como o wallaby lebre, o rato canguru, o bandicut dourado e o wallaby das rochas de costas negras est\u00e3o em perigo de extin\u00e7\u00e3o e, entretanto, est\u00e3o sendo feitos grandes projetos relacionados ao g\u00e1s e ao petr\u00f3leo.<\/p>\n

Apesar de estarem autorizados pelo Governo, os projetos financiados internacionalmente como os de Tsavo e Barrow s\u00e3o muito comuns. As \u00e1reas protegidas enfrentam tamb\u00e9m o impacto das atividades ilegais. No Parque Nacional de Bukit Barisan Selatan, em Sumatra, declarado patrim\u00f4nio da Humanidade pela Unesco, est\u00e3o em perigo de extin\u00e7\u00e3o o tigre de Sumatra, o orangotango e o rinoceronte. Agora, al\u00e9m disso, se transformou no lar de 100.000 pessoas que se instalaram l\u00e1 e transformaram 15% do parque em planta\u00e7\u00f5es de caf\u00e9.<\/p>\n

Cumprindo a promessa das \u00e1reas protegidas<\/h3>\n

As \u00e1reas protegidas respaldam nosso esfor\u00e7o por conservar a natureza. Atualmente, 111 pa\u00edses alcan\u00e7aram o objetivo global de ter 17% de \u00e1reas protegidas, estabelecido pelo Plano Estrat\u00e9gico para Salvaguardar a Biodiversidade das Na\u00e7\u00f5es Unidas. Mas, se n\u00e3o levarmos em considera\u00e7\u00e3o as supostas \u00e1reas protegidas que sofrem a atividade humana, 74 desses 111 pa\u00edses n\u00e3o alcan\u00e7ariam o objetivo. Al\u00e9m disso, a prote\u00e7\u00e3o de alguns tipos de habitat mais espec\u00edficos, como os mangues e as florestas temperadas, se reduziria em 70% se levarmos em considera\u00e7\u00e3o a enorme quantidade de \u00e1reas que sofrem essa press\u00e3o.<\/p>\n

Os governos de todo o mundo pedem que suas \u00e1reas protegidas preservem a natureza, mas ao mesmo tempo aprovam projetos dentro dos limites dessa \u00e1rea\u00a0e n\u00e3o conseguem realizar a preven\u00e7\u00e3o de danos. Esse \u00e9, provavelmente, um dos principais motivos pelos quais a biodiversidade continua diminuindo, apesar do grande aumento das \u00e1reas protegidas.\"The<\/p>\n

Os resultados n\u00e3o preveem um final feliz, mas oferecem uma vis\u00e3o clara sobe a situa\u00e7\u00e3o das \u00e1reas protegidas no mundo. Se n\u00e3o formos capazes de aliviar a press\u00e3o nelas, o destino da natureza estar\u00e1 ada vez mais subordinado as condi\u00e7\u00f5es de conserva\u00e7\u00f5es deficientes e pouco eficazes, que estar\u00e3o sujeitas a debate pol\u00edtico e ser\u00e3o dif\u00edceis de se aplicar em grande escala. N\u00e3o podemos nos permitir fracassar.<\/p>\n

Sabemos com certeza que as \u00e1reas protegidas s\u00e3o eficientes. Bem financiadas, devidamente geridas e corretamente localizadas, s\u00e3o capazes de acabar com as amea\u00e7as que provocam a extin\u00e7\u00e3o das esp\u00e9cies. Chegou o momento de a popula\u00e7\u00e3o fazer com que os Governos sejam conscientes da import\u00e2ncia da conserva\u00e7\u00e3o global e realizar uma avalia\u00e7\u00e3o completa e honesta da situa\u00e7\u00e3o real das \u00e1reas protegidas.<\/p>\n

Fonte: Artigo elaborado por James Watson, James Allan, Kendall Jones, Pablo Negret, Richard Fuller, Sean Maxwell. Foi originalmente publicado em The Conversation.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Hoje, 1 de agosto, \u00e9 a data que marca o esgotamento do planeta, incapaz de regenerar os recursos naturais que a popula\u00e7\u00e3o mundial consumiu em 2018. E tr\u00eas quartos dos pa\u00edses t\u00eam pelo menos 50% de suas \u00e1reas protegidas afetadas pela explora\u00e7\u00e3o de min\u00e9rios, as estradas e a agricultura
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