{"id":145375,"date":"2018-08-16T00:04:11","date_gmt":"2018-08-16T03:04:11","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=145375"},"modified":"2018-08-15T20:59:19","modified_gmt":"2018-08-15T23:59:19","slug":"terra-tem-ainda-varios-anos-quentes-pela-frente","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/08\/16\/145375-terra-tem-ainda-varios-anos-quentes-pela-frente.html","title":{"rendered":"Terra tem ainda v\u00e1rios anos quentes pela frente"},"content":{"rendered":"
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Fotos tiradas da Esta\u00e7\u00e3o Espacial internacional mostram Europa Central consumida pela seca<\/figcaption><\/figure>\n

Os habitantes do Hemisf\u00e9rio Norte que v\u00eam reclamando do ver\u00e3o inclemente deveriam ir se acostumando. Pois, segundo uma pesquisa recente, o planeta deve enfrentar pelo menos mais quatro anos de calor, um per\u00edodo quente, com “probabilidade elevada de temperaturas altas a extremamente altas”.<\/p>\n

Florian S\u00e9vellec, da Universidade de Brest, na Fran\u00e7a, e Sybren Drijfhout, do Instituto Meteorol\u00f3gico Real Neerland\u00eas, em De Bilt, desenvolveram um modelo estat\u00edstico para prever as temperaturas globais m\u00e9dias no futuro pr\u00f3ximo. Seus c\u00e1lculos apontam 58% de probabilidade de os anos 2018 a 2022 serem mais quentes do que as tend\u00eancias atuais. O estudo foi publicado nesta ter\u00e7a-feira (14\/08) na revista especializada\u00a0Nature Communications<\/em>.<\/p>\n

Mas “um ano quente n\u00e3o significa automaticamente uma onda de calor”, esclareceu S\u00e9vellec \u00e0 DW, portanto n\u00e3o \u00e9 isso o que ele e seu colega est\u00e3o prevendo. A previs\u00e3o simplesmente fornece temperaturas globais m\u00e9dias, n\u00e3o valores regionais espec\u00edficos. “Mas, no total, \u00e9 mais alta a probabilidade de ficar mais quente do que mais frio.”<\/p>\n

A partir de 2022, as previs\u00f5es se tornam menos confi\u00e1veis, pois o modelo n\u00e3o funciona bem para o futuro mais distante. Al\u00e9m disso, “o aquecimento terrestre n\u00e3o \u00e9 um processo regular”, lembram os pesquisadores. Apesar de os diagramas t\u00e9rmicos mostrarem que no longo prazo Terra se aquece, podem se intercalar anos frios, em que a temperatura m\u00e9dia caia abaixo da tend\u00eancia prevista.<\/p>\n

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O que pode acontecer se a temperatura da Terra aumentar dois graus?<\/h2>\n<\/div>\n<\/div>\n

O motivo para tal \u00e9 o car\u00e1ter ca\u00f3tico do clima terrestre, onde oscila\u00e7\u00f5es naturais est\u00e3o sempre surpreendendo os climatologistas. Essa variabilidade \u00e9 tamb\u00e9m respons\u00e1vel pela pausa no aquecimento global ap\u00f3s 1998. Nesse per\u00edodo, as temperaturas globais se alteraram relativamente pouco, dando a impress\u00e3o que o aquecimento estagnara \u2013 o que os c\u00e9ticos da mudan\u00e7a clim\u00e1tica adotaram como emblema. S\u00f3 em 2012 a tend\u00eancia ascendente foi retomada.<\/p>\n

O sistema de previs\u00e3o agora apresentado visa registrar tais oscila\u00e7\u00f5es naturais e calcular qu\u00e3o prov\u00e1vel \u00e9 que os pr\u00f3ximos anos sejam mais quentes ou mais frios do que se espera. \u00c9 semelhante \u00e0s previs\u00f5es de chuva, que nunca s\u00e3o precisas, mas apenas um c\u00e1lculo de probabilidade.<\/p>\n

Mas, como se sabe, previs\u00f5es de chuva podem se enganar estrondosamente. E quanto aos c\u00e1lculos dos climatologistas? \u00c9 realmente necess\u00e1rio investir num novo sistema de ar condicionado? Ou ser\u00e1 melhor esperar? Isso, s\u00f3 se saber\u00e1 no fim de 2018, ao se comparar os dados clim\u00e1ticos efetivos com os previstos por S\u00e9vellec e Drijfhout.<\/p>\n

No entanto, estimativas de outros cientistas tamb\u00e9m confirmam que o planeta tem anos quentes pela frente. “N\u00e3o \u00e9 nenhum resultado novo”, afirma Wolfgang M\u00fcller, do Instituto Max Planck de Meteorologia, em Hamburgo. E Gerhard Lux, assessor de imprensa do Servi\u00e7o Alem\u00e3o de Meteorologia refor\u00e7a: “Faz 10 a 15 anos estamos repetindo que os per\u00edodos secos e quentes aumentar\u00e3o.”<\/p>\n

Uma iniciativa de pesquisa de \u00e2mbito nacional para progn\u00f3sticos clim\u00e1ticos de m\u00e9dio prazo, denominada Miklip, obteve resultados semelhantes: seu modelo clim\u00e1tico indica uma eleva\u00e7\u00e3o cont\u00ednua da temperatura, de 2019 a, pelo menos, 2026.<\/p>\n

\"Regi\u00c3\u00b5es
Regi\u00f5es como o Sul da Espanha foram especialmente castigadas pelo ver\u00e3o anormalmente quente e seco<\/figcaption><\/figure>\n

A novidade do estudo rec\u00e9m-publicado, contudo, n\u00e3o s\u00e3o os resultados em si, mas sim o m\u00e9todo como foram calculados, usando modelos estat\u00edsticos, uma abordagem que vem se tornando cada vem mais importante no estudo do clima.<\/p>\n

Para fazer uma previs\u00e3o, os modelos clim\u00e1ticos globais levam em considera\u00e7\u00e3o todas as caracter\u00edsticas do clima terrestre pesquisadas at\u00e9 ent\u00e3o. No novo m\u00e9todo analisam-se principalmente dados passados para medir a probabilidade de que um determinado fen\u00f4meno \u2013 por exemplo, per\u00edodos de tempo quente \u2013 v\u00e1 ocorrer no futuro.<\/p>\n

“Modelos estat\u00edsticos se comp\u00f5em de algoritmos simples, os quais investigam correla\u00e7\u00f5es simples”, explica Wolfgang M\u00fcller. E o que torna essa forma de previs\u00e3o especialmente atrativa \u00e9 o fato de ela exigir capacidades de computa\u00e7\u00e3o modestas.<\/p>\n

“Uma previs\u00e3o para dez anos s\u00f3 precisa de 22 milissegundos, podendo ser feita de modo praticamente imediato num laptop”, anunciam S\u00e9vellec e Drijfhout em seu estudo. Em compara\u00e7\u00e3o, no sistema empregado pelo MetOffice (o servi\u00e7o nacional de meteorologia do Reino Unido), a mesma previs\u00e3o exige uma semana num supercomputador.<\/p>\n

Tamb\u00e9m o Servi\u00e7o Alem\u00e3o de Meteorologia j\u00e1 opera em parte com um modelo estat\u00edstico, revela o assessor Lux, “e isso promete se tornar interessante.<\/p>\n

Entretanto o novo modelo da dupla franco-holandesa n\u00e3o leva em considera\u00e7\u00e3o eventos regionais nem locais, sendo assim incapaz de produzir previs\u00f5es para determinadas \u00e1reas. “Digamos que fique de fato mais quente, como previmos”, explica S\u00e9vellec, “n\u00f3s n\u00e3o sabemos se vai ocorrer na Europa, na \u00c1frica ou em outra parte. O modelo n\u00e3o inclui padr\u00f5es regionais.”<\/p>\n

Para M\u00fcller, essa \u00e9 uma grande desvantagem. “Temperaturas m\u00e9dias globais talvez tenham alguma utilidade para as companhias de resseguro”, mas as previs\u00f5es regionais \u00e9 que s\u00e3o realmente importantes, por exemplo para tomar medidas preventivas na agricultura.<\/p>\n

Nesse ponto, a iniciativa Miklip tem respostas bem mais diferenciadas: seus c\u00e1lculos apontam que a Europa e partes da \u00c1sia e da Am\u00e9rica do Norte s\u00e3o especialmente atingidas pelas temperaturas altas.<\/p>\n

Portanto, quem est\u00e1 pensando em adquirir um condicionador de ar deve primeiro conferir as previs\u00f5es regionais. Pois, como lembra o cientista Florian S\u00e9vellec, “pode ficar muito quente numa parte do mundo, mas ainda relativamente frio numa outra”.<\/p>\n

Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"