{"id":146002,"date":"2018-09-05T13:55:46","date_gmt":"2018-09-05T16:55:46","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=146002"},"modified":"2018-09-05T13:55:46","modified_gmt":"2018-09-05T16:55:46","slug":"abelhas-coordenam-estrategia-de-defesa-da-colmeia","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/09\/05\/146002-abelhas-coordenam-estrategia-de-defesa-da-colmeia.html","title":{"rendered":"Abelhas coordenam estrat\u00e9gia de defesa da colmeia"},"content":{"rendered":"
As abelhas jata\u00ed (Tetragonisca angustula<\/i>) apresentam uma estrat\u00e9gia de defesa de seus ninhos diferente da observada em outras esp\u00e9cies de insetos sociais. Al\u00e9m de guardas posicionadas na entrada, as col\u00f4nias dessa esp\u00e9cie tamb\u00e9m contam com abelhas guardi\u00e3s, pairadas pr\u00f3ximas \u00e0 abertura do ninho.<\/p>\n
Um estudo feito por cientistas do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de S\u00e3o Paulo (Esalq-USP) e da University of Sussex, da Inglaterra, verificou que essas abelhas guardas em voo pairado se posicionam pr\u00f3ximas \u00e0 col\u00f4nia de forma n\u00e3o aleat\u00f3ria.<\/p>\n
H\u00e1 uma forte tend\u00eancia dessas guardas em voo pairado se distribu\u00edrem em n\u00fameros iguais, em ambos os lados da entrada do ninho. Dessa forma, essas abelhas \u201cdrones\u201d conseguem detectar e interceptar mais rapidamente intrusos que se aproximam do ninho antes de chegarem \u00e0 entrada e iniciarem um ataque. Com isso, as abelhas jata\u00ed conseguem aumentar e melhorar a vigil\u00e2ncia de suas col\u00f4nias, constataram os pesquisadores.<\/p>\n
Resultado de um projeto\u00a0 apoiado pela\u00a0 FAPESP,\u00a0<\/b>o estudo foi publicado na revista\u00a0Behavioral Ecology<\/i>.<\/p>\n
\u201cObservamos que as guardas de jata\u00ed coordenam a estrat\u00e9gia de vigil\u00e2ncia de seus ninhos contra abelhas ladras e poss\u00edveis predadores\u201d, disse Denise de Araujo Alves, p\u00f3s-doutoranda na Esalq-USP e uma das autoras do estudo, \u00e0\u00a0Ag\u00eancia FAPESP<\/b>.<\/p>\n
Os pesquisadores filmaram e analisaram 15 col\u00f4nias de abelhas jata\u00ed, que s\u00e3o consideradas levemente agressiva, mas suas guardas s\u00e3o especialmente defensivas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 abelha-lim\u00e3o (Lestrimelitta limao<\/i>). Essa outra esp\u00e9cie de abelha sem ferr\u00e3o \u00e9 a principal ladra dos ninhos de jata\u00ed e seus ataques podem ser destrutivos.<\/p>\n
Foram contadas as abelhas guardas que estavam pairadas na entrada de cada col\u00f4nia e registrado o n\u00famero das posicionadas \u00e0 esquerda e \u00e0 direita para os grupos com duas, tr\u00eas e quatro guardas. Nesses grupos tamb\u00e9m foi comparada a frequ\u00eancia com que os insetos estavam distribu\u00eddos em todos os poss\u00edveis arranjos de posicionamento \u00e0 esquerda e \u00e0 direita da entrada do ninho com uma distribui\u00e7\u00e3o aleat\u00f3ria esperada.<\/p>\n
Os resultados das an\u00e1lises apontaram que as abelhas guardas em voo pairado na entrada dos ninhos estavam distribu\u00eddas mais uniformemente em ambos os lados da entrada dos ninhos do que seria esperado se cada uma estivesse posicionada aleatoriamente.<\/p>\n
As medidas do \u00e2ngulo de cada abelha guarda em voo pairado em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 entrada de seu ninho, feitas a partir da filmagem das col\u00f4nias, tamb\u00e9m revelaram que a coordena\u00e7\u00e3o das guardas pairando em propor\u00e7\u00e3o uniforme aumentou a vigil\u00e2ncia coletiva do grupo. Isso porque essa organiza\u00e7\u00e3o de posicionamento possibilita \u00e0s abelhas guardas terem um campo visual coletivo maior.<\/p>\n
Al\u00e9m disso, o aumento no tamanho do grupo de guardas acarretou uma diminui\u00e7\u00e3o na vigil\u00e2ncia individual (medida pelo \u00e2ngulo de rota\u00e7\u00e3o do corpo delas), o que pode ser ben\u00e9fico, devido \u00e0 economia de energia para tal atividade.<\/p>\n
\u201cOs benef\u00edcios da vigil\u00e2ncia coordenada em rela\u00e7\u00e3o ao tamanho do grupo ainda s\u00e3o desconhecidos. Embora tenhamos estudado grupos de uma a quatro guardas pairadas, o n\u00famero pode chegar a 15. Prevemos que \u00e0 medida que o tamanho do grupo aumenta a import\u00e2ncia da coordena\u00e7\u00e3o da vigil\u00e2ncia diminua. Um dos motivos pode ser que o posicionamento aleat\u00f3rio de muitas guardas provavelmente cubra todas as dire\u00e7\u00f5es, se aproximando a 360 graus\u201d, disse Alves.<\/p>\n
A fim de avaliar a capacidade das abelhas guardas em voo pairado detectarem e interceptarem uma abelha ladra voando em dire\u00e7\u00e3o \u00e0 entrada de um ninho, foram realizados experimentos para simular o ataque de abelha-lim\u00e3o a ninhos de jata\u00ed com uma e com duas abelhas guardas.<\/p>\n
Para realizar os experimentos foi usada uma bolinha de massa de modelar preta tratada com citral. Esse composto \u00e9 um dos principais componentes das gl\u00e2ndulas mandibulares da abelha-lim\u00e3o e, ao ser detectado, provoca a rea\u00e7\u00e3o defensiva das guardas de jata\u00ed.<\/p>\n
O \u201cmanequim\u201d da abelha-lim\u00e3o foi apresentado perpendicularmente \u00e0 entrada da col\u00f4nia, diretamente na frente ou atr\u00e1s das abelhas guardas em voo pairado, e movido a uma dist\u00e2ncia de 20 cent\u00edmetros da entrada da col\u00f4nia, com uma velocidade m\u00e9dia de 1 cent\u00edmetro por segundo.<\/p>\n
Os resultados das an\u00e1lises indicaram que as guardas solit\u00e1rias foram tr\u00eas vezes mais propensas a detectar e atacar o intruso fict\u00edcio antes que ele atingisse a entrada do ninho quando ele se aproximava pela frente delas do que por tr\u00e1s. Quando o manequim foi apresentado a duas guardas, uma de cada lado da entrada, ele foi duas vezes mais atacado pela guarda que estava de frente para o manequim, em oposi\u00e7\u00e3o \u00e0 de costas para ele.<\/p>\n
\u201cComo essas abelhas guardas est\u00e3o pairadas \u00e0 direita e \u00e0 esquerda da entrada, elas t\u00eam um \u00e2ngulo de vis\u00e3o que as abelhas guardas posicionadas na entrada da col\u00f4nia n\u00e3o conseguem focar. Se um predador ou cleptoparasita, como a abelha-lim\u00e3o, se aproxima pelos lados e n\u00e3o pela frente do ninho, elas conseguem detect\u00e1-lo e intercept\u00e1-lo mais rapidamente\u201d, explicou Alves.<\/p>\n