Assim, uma boa abordagem para combater as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas \u00e9 alertar para os riscos que a polui\u00e7\u00e3o cria para a sa\u00fade das pessoas, como chamou a aten\u00e7\u00e3o nesta quinta-feira (13\/09), em Bras\u00edlia, um debate sobre clima e sa\u00fade na Embaixada da Alemanha no Brasil.<\/p>\n Pesquisas internacionais mostram que h\u00e1 forte apoio da popula\u00e7\u00e3o a medidas de redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00f5es quando os benef\u00edcios delas \u00e0 sa\u00fade e \u00e0 qualidade de vida s\u00e3o destacados. Al\u00e9m disso, o foco na sa\u00fade torna mais compreens\u00edvel uma quest\u00e3o que pode soar abstrata para muitas pessoas.<\/p>\n “\u00c9 mais f\u00e1cil, para a popula\u00e7\u00e3o, entender n\u00fameros de mortes do que conceitos abstratos sobre material particulado e n\u00edveis de polui\u00e7\u00e3o”, afirma a gestora do Instituto Sa\u00fade e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag, que participou do debate.<\/p>\n A Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS) calcula que, nos pr\u00f3ximos 30 anos, as mortes em consequ\u00eancia das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas aumentar\u00e3o em 250 mil pessoas a cada ano. Nessa conta entram, por exemplo, as v\u00edtimas da mal\u00e1ria e de outras doen\u00e7as transmitidas por mosquitos, como dengue e zika, j\u00e1 que a eleva\u00e7\u00e3o das temperaturas amplia o habitat de muitos insetos transmissores e expande as \u00e1reas afetadas por essas doen\u00e7as.<\/p>\n Um outro exemplo: o valor nutricional das plantas tamb\u00e9m \u00e9 afetado pela polui\u00e7\u00e3o, e de forma alarmante. Cientistas da Universidade de Harvard descobriram que um n\u00edvel elevado de di\u00f3xido de carbono no ar resulta em arroz e trigo com menos nutrientes. Isso, por sua vez, pode causar defici\u00eancia de zinco em 175 milh\u00f5es de pessoas e de prote\u00edna em 122 milh\u00f5es de pessoas at\u00e9 2050, al\u00e9m de colocar mais de 1 bilh\u00e3o de mulheres e crian\u00e7as em risco de anemia e outras doen\u00e7as.<\/p>\n E h\u00e1 ainda o pr\u00f3prio calor, cada vez mais duradouro e forte. “O calor sozinho n\u00e3o mata”, diz o cientista Hans-Guido M\u00fccke, da Ag\u00eancia Ambiental Alem\u00e3 e gestor no Centro Colaborativo da OMS para Controle de Polui\u00e7\u00e3o e Qualidade do Ar. Mas ondas prolongadas de temperaturas altas agravam os riscos para pacientes com m\u00faltiplas doen\u00e7as.<\/p>\n Os efeitos mais imediatos da polui\u00e7\u00e3o atmosf\u00e9rica s\u00e3o sentidos por quem respira o ar contaminado. Gases poluentes s\u00e3o culpados n\u00e3o s\u00f3 pelo aquecimento global, como tamb\u00e9m causam problemas de sa\u00fade.<\/p>\n Nas grandes cidades, a polui\u00e7\u00e3o do ar agrava e causa doen\u00e7as como asma, c\u00e2ncer de pulm\u00e3o, pneumonia e gripes: s\u00f3 no estado de S\u00e3o Paulo, 11,2 mil pessoas morrem todos os anos por problemas agravados pela p\u00e9ssima qualidade de ar, um n\u00famero que pode aumentar para 180 mil at\u00e9 2050, segundo uma pesquisa do Instituto Sa\u00fade e Sustentabilidade. No mundo todo s\u00e3o 4,2 milh\u00f5es de pessoas.<\/p>\n Outro tipo de polui\u00e7\u00e3o do ar, s\u00f3 que dentro de casa, \u00e9 causada pela queima de lenha e carv\u00e3o para cozinhar, iluminar e aquecer resid\u00eancias em \u00e1reas pobres e sem acesso \u00e0 eletricidade ou ao g\u00e1s de cozinha. Segundo a OMS, esse tipo de polui\u00e7\u00e3o causa 3,8 milh\u00f5es de mortes por ano em todo o mundo.<\/p>\n O uso de combust\u00edveis como lenha e carv\u00e3o em lugares pequenos e mal ventilados eleva a concentra\u00e7\u00e3o de part\u00edculas poluentes, explica M\u00fccke. Com o pre\u00e7o de g\u00e1s subindo e o poder aquisitivo das camadas mais pobres diminuindo, isso voltou a ser uma causa de preocupa\u00e7\u00e3o no Brasil.<\/p>\n Entre as medidas de redu\u00e7\u00e3o da polui\u00e7\u00e3o est\u00e1 a substitui\u00e7\u00e3o de ve\u00edculos pesados, como \u00f4nibus ou caminh\u00f5es, por modelos el\u00e9tricos. Ve\u00edculos pesados, que representam 5% da frota de S\u00e3o Paulo, s\u00e3o respons\u00e1veis por 40% a 47% dos gases t\u00f3xicos e poluentes, segundo pesquisadores da USP. Mas s\u00f3 filtrar os gases de exaust\u00e3o j\u00e1 faria uma diferen\u00e7a: se todos os \u00f4nibus usassem filtros, o ar j\u00e1 seria 40% mais limpo.<\/p>\n Cientistas alem\u00e3es tamb\u00e9m descobriram que fachadas verdes podem diminuir o calor nas ruas e filtrar part\u00edculas finas e di\u00f3xido de carbono do ar.<\/p>\n Outra sugest\u00e3o para melhorar o ambiente e a sa\u00fade das pessoas \u00e9 aumentar as \u00e1reas de pedestres e de lazer, como foi feito em Barcelona, onde carros n\u00e3o podem entrar nos chamados superblocos, \u00e1reas de tr\u00eas por tr\u00eas quadras. A cidade quer criar mais de 500 superblocos para combater polui\u00e7\u00e3o, ru\u00eddo ambiental, acidentes e at\u00e9 sedentarismo.<\/p>\n J\u00e1 cidades holandesas, como Roterd\u00e3 e Amsterd\u00e3, e tamb\u00e9m Copenhague, na Dinamarca, incentivam seus cidad\u00e3os a usarem bicicletas como meio de transporte. Isso tamb\u00e9m ocorre cada vez mais em cidades brasileiras, mas os avan\u00e7os no Brasil ainda s\u00e3o t\u00edmidos.<\/p>\n Fonte: Deutsche Welle<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"![\"\"](\"https:\/\/p2.trrsf.com\/image\/fget\/cf\/460\/0\/images.terra.com\/2018\/09\/13\/16350931354.jpg\" "\\"DW")