{"id":146456,"date":"2018-09-18T09:51:37","date_gmt":"2018-09-18T12:51:37","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=146456"},"modified":"2018-09-19T01:04:33","modified_gmt":"2018-09-19T04:04:33","slug":"por-que-animais-marinhos-confundem-plastico-com-comida","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/09\/18\/146456-por-que-animais-marinhos-confundem-plastico-com-comida.html","title":{"rendered":"Por que animais marinhos confundem pl\u00e1stico com comida?"},"content":{"rendered":"
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V\u00e1rias esp\u00e9cies marinhas, desde os menores at\u00e9 baleias gigantes, acabam comendo pl\u00e1stico porque sentem nele cheiro de comida<\/figcaption><\/figure>\n

E por que isso ocorre?<\/p>\n

A explica\u00e7\u00e3o de pesquisadores \u00e9 que o pl\u00e1stico n\u00e3o s\u00f3 parece com comida. Ele tamb\u00e9m tem cheiro de comida.<\/p>\n

“Tente cheirar um peda\u00e7o de pl\u00e1stico que voc\u00ea encontrar na \u00e1gua da pr\u00f3xima vez que estiver na praia”, sugere Erik Zettler, ecologista microbiano do Instituto Real Holand\u00eas de Pesquisas Mar\u00edtimas. “Ele cheira a peixe.”<\/p>\n

Zettler observa que isso acontece porque todo pl\u00e1stico no oceano \u00e9 rapidamente colonizado por uma fina camada de micr\u00f3bios, normalmente chamada de “plastisf\u00e9rio”.<\/p>\n

Essa viscosa camada de vida libera subst\u00e2ncias qu\u00edmicas que fazem o pl\u00e1stico ter cheiro e gosto de alimento para os animais marinhos.<\/p>\n

Um composto espec\u00edfico, o metiltiometano ou sulfeto de dimetila (DMS, na sigla em ingl\u00eas), atua como o est\u00edmulo qu\u00edmico que o pl\u00e1stico emite e \u00e9 conhecido por atrair alguns animais, incluindo peixes.<\/p>\n

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A quantidade de pl\u00e1stico no oceano deve triplicar em uma d\u00e9cada, segundo especialistas, a menos que o lixo seja contido<\/figcaption><\/figure>\n

A teoria, ao que tudo indica, tamb\u00e9m \u00e9 v\u00e1lida para as aves marinhas quando ca\u00e7am, j\u00e1 que encontram a comida pelo cheiro.<\/p>\n

Mas outras esp\u00e9cies, como as baleias, est\u00e3o consumindo pl\u00e1stico acidentalmente enquanto filtram a \u00e1gua por pl\u00e2ncton.<\/p>\n

Aumento do lixo pl\u00e1stico nos oceanos<\/h2>\n

A presen\u00e7a de res\u00edduos pl\u00e1sticos vem aumentando rapidamente nos oceanos do mundo – um estudo de 2015 estimou que cerca de oito milh\u00f5es de toneladas de pl\u00e1stico entram nas \u00e1guas oce\u00e2nicas anualmente.<\/p>\n

Alguns flutuam em grandes sistemas de correntes mar\u00edtimas rotativas, conhecidos como giros oce\u00e2nicos.<\/p>\n

Em um giro, o pl\u00e1stico se decomp\u00f5e em micropl\u00e1sticos, que podem ser ingeridos pela fauna marinha.<\/p>\n

Este estudo \u00e9 considerado o mais completo esfor\u00e7o j\u00e1 feito para averiguar quantos destes fragmentos est\u00e3o sendo despejados, soprados ou simplesmente arrastados para o mar.<\/p>\n

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O lixo pl\u00e1stico flutua pelos oceanos, amea\u00e7a a vida marinha e polui cada vez mais as praias<\/figcaption><\/figure>\n

Kristian Syberg, da Universidade Roskilde, da Dinamarca, contesta, por\u00e9m, os n\u00fameros.<\/p>\n

Segundo ele, os dados subestimam demais as concentra\u00e7\u00f5es reais de pl\u00e1stico, principalmente por dois motivos.<\/p>\n

“Primeiro, o n\u00famero \u00e9 baseado em dados coletados com redes de pesca de superf\u00edcie – que normalmente deixam escapar part\u00edculas menores que 0,3 mil\u00edmetros”, diz o pesquisador. “E, segundo, as amostras de part\u00edculas que est\u00e3o na superf\u00edcie do mar representam provavelmente uma porcentagem pequena do total de part\u00edculas no oceano.”<\/p>\n

O estudo de 2015 indica que, se n\u00e3o houver mecanismos de controle, 17,5 milh\u00f5es de toneladas de res\u00edduos pl\u00e1sticos poder\u00e3o entrar nos oceanos a cada ano at\u00e9 2025.<\/p>\n

Afetando a vida sob as ondas?<\/h2>\n

Algumas quest\u00f5es cruciais surgem com a descoberta de que esses res\u00edduos s\u00e3o consumidos com frequ\u00eancia pelos animais.<\/p>\n

Uma delas \u00e9 o real impacto ambiental deles.<\/p>\n

Outra \u00e9: por que n\u00e3o estamos usando avan\u00e7os cient\u00edficos para substituir produtos problem\u00e1ticos por alternativas mais seguras?<\/p>\n

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Estudos sobre os impactos “sub-letais” da ingest\u00e3o de pl\u00e1stico est\u00e3o em andamento em alguns laborat\u00f3rios, assim como pesquisas sobre como isso pode afetar os seres humanos<\/figcaption><\/figure>\n

Mark Browne, que publicou v\u00e1rios artigos sobre os efeitos do lixo pl\u00e1stico no ambiente marinho, disse \u00e0 BBC que “isso (a substitui\u00e7\u00e3o desses produtos por alternativas mais ecol\u00f3gicas) poderia ser feito se eles pedissem a ecologistas e engenheiros que trabalhassem juntos para identificar e remover elementos dos produtos que poderiam causar impactos ambientais”.<\/p>\n

Mas a extens\u00e3o do dano n\u00e3o \u00e9 totalmente conhecida.<\/p>\n

“At\u00e9 agora, o impacto tem sido bastante \u00f3bvio em animais maiores, como baleias e p\u00e1ssaros”, diz Syberg.<\/p>\n

“Eles podem morrer por asfixia ou de fome, j\u00e1 que a ingest\u00e3o de pl\u00e1stico bloqueia seu aparelho digestivo.”<\/p>\n

H\u00e1 certas aves, como o albatroz-de-laysan, que j\u00e1 foram muito afetadas pela polui\u00e7\u00e3o do pl\u00e1stico.<\/p>\n

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A ingest\u00e3o de pl\u00e1stico tem provocado a morte de diversos tipos de animais, desde tartarugas at\u00e9 aves<\/figcaption><\/figure>\n

A equipe do document\u00e1rio Blue Planet 2, da BBC – que enfoca a vida marinha com foco em descobertas de novas esp\u00e9cies – testemunhou a presen\u00e7a de pl\u00e1stico em subst\u00e2ncias regurgitadas por filhotes de albatroz na long\u00ednqua ilha da Ge\u00f3rgia do Sul, no Atl\u00e2ntico Sul.<\/p>\n

“Os pais deles devem ter pegado sacolas pl\u00e1sticas no mar, achando que eram comest\u00edveis, e dado a eles como alimento”, disse o produtor executivo James Honeyborne.<\/p>\n

“Um filhote morreu ao ter o est\u00f4mago perfurado por um palito de pl\u00e1stico.”<\/p>\n

“Os pais deles devem ter pegado sacolas pl\u00e1sticas no mar, achando que eram comest\u00edveis, e dado a eles como alimento”, disse o produtor executivo James Honeyborne.<\/p>\n

“Um filhote morreu ao ter o est\u00f4mago perfurado por um palito de pl\u00e1stico.”<\/p>\n

Os filhotes de p\u00e1ssaros que est\u00e3o morrendo de fome com est\u00f4magos cheios de pl\u00e1stico<\/p>\n

Erik Zettler, do Instituto Real Holand\u00eas de Pesquisas Mar\u00edtimas, pondera, no entanto, que tamb\u00e9m h\u00e1 muitos animais que comeram pl\u00e1stico sem consequ\u00eancias consider\u00e1veis.<\/p>\n

Estudos sobre os impactos “subletais” da ingest\u00e3o de pl\u00e1stico est\u00e3o em andamento em alguns laborat\u00f3rios, assim como pesquisas sobre como isso pode afetar os seres humanos.<\/p>\n

Como podemos manter o pl\u00e1stico fora dos oceanos?<\/h2>\n

Uma enorme opera\u00e7\u00e3o de limpeza do pl\u00e1stico nos mares foi lan\u00e7ada em 8 de setembro no Oceano Pac\u00edfico.<\/p>\n

A iniciativa da Ocean Cleanup – funda\u00e7\u00e3o que desenvolve tecnologias para extrair a polui\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica dos oceanos e impedir que mais desses res\u00edduos entrem nas \u00e1guas – pretende enviar \u00e0 regi\u00e3o um flutuador de 600 metros de comprimento com capacidade para coletar cerca de cinco toneladas de pl\u00e1stico oce\u00e2nico por m\u00eas. Ela promete reduzir o volume da polui\u00e7\u00e3o em 90% at\u00e9 2040.<\/p>\n

Mas, diz Syberg, \u00e9 importante n\u00e3o demonstrar tanto “entusiasmo” com solu\u00e7\u00f5es tecnol\u00f3gicas que ajudam, mas n\u00e3o resolvem o problema.<\/p>\n

“A limpeza \u00e9 boa e pode ajudar, especialmente se for concentrada em \u00e1reas costeiras com alta emiss\u00e3o de pl\u00e1stico para o oceano”, analisa ele. “No entanto, a solu\u00e7\u00e3o definitiva para a polui\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica \u00e9 impedir que ela aconte\u00e7a, e n\u00e3o limp\u00e1-la depois que est\u00e1 feita. A solu\u00e7\u00e3o s\u00f3 acontecer\u00e1 se todos n\u00f3s mudarmos nossas formas de usar e descartar o pl\u00e1stico.”<\/p>\n

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A escassez de sistemas formais de gest\u00e3o de res\u00edduos aumenta a quantidade de pl\u00e1stico que entra no oceano<\/figcaption><\/figure>\n
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Erik Zettler participou de mais de 60 viagens de pesquisa cient\u00edfica coletando dados oceanogr\u00e1ficos, incluindo res\u00edduos de pl\u00e1stico encontrados no Pac\u00edfico, no Atl\u00e2ntico, no Caribe e no Mediterr\u00e2neo.<\/p>\n

Ele concorda com Syberg e diz que pode n\u00e3o haver “solu\u00e7\u00f5es r\u00e1pidas” para o problema.<\/p>\n

“Vai ser preciso uma combina\u00e7\u00e3o de v\u00e1rias coisas – como mudan\u00e7as no comportamento humano, regulamenta\u00e7\u00f5es governamentais e participa\u00e7\u00e3o da ind\u00fastria – para reduzir o pl\u00e1stico no meio ambiente”, diz.<\/p>\n

Fonte: BBC<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Do pl\u00e2ncton min\u00fasculo a baleias enormes, tem crescido o registro da ingest\u00e3o de pl\u00e1stico por animais marinhos de v\u00e1rias esp\u00e9cies. Mas qual \u00e9 a raz\u00e3o desta confus\u00e3o pelos animais? <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":146485,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[405,876,2263,330,19],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146456"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=146456"}],"version-history":[{"count":5,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146456\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":146528,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146456\/revisions\/146528"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/146485"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=146456"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=146456"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=146456"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}