{"id":146753,"date":"2018-09-25T00:05:56","date_gmt":"2018-09-25T03:05:56","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=146753"},"modified":"2018-09-24T20:53:40","modified_gmt":"2018-09-24T23:53:40","slug":"veleiro-de-plastico-reciclado-no-quenia-alerta-para-perigo-ambiental-dos-descartaveis","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/09\/25\/146753-veleiro-de-plastico-reciclado-no-quenia-alerta-para-perigo-ambiental-dos-descartaveis.html","title":{"rendered":"Veleiro de pl\u00e1stico reciclado no Qu\u00eania alerta para perigo ambiental dos descart\u00e1veis"},"content":{"rendered":"
No in\u00edcio do ano que vem, o Flipflopi viajar\u00e1 para Zanzibar como parte de uma campanha, apoiada pela iniciativa Mares Limpos da ONU Meio Ambiente, para espalhar uma \u201crevolu\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica\u201d ao longo do litoral, muitas vezes salpicado de res\u00edduos pl\u00e1sticos de lugares t\u00e3o distantes quanto a Tail\u00e2ndia e a Mal\u00e1sia.<\/p>\n
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A epifania de Ben Morison chegou uma manh\u00e3 quando ele come\u00e7ou a nadar na costa do Oceano \u00cdndico, no Qu\u00eania. O operador tur\u00edstico queniano contou 13 pe\u00e7as de pl\u00e1stico, incluindo garrafas e chinelos, enquanto caminhava para o mar. Com um sobressalto, percebeu o qu\u00e3o degradada a costa que ele amava \u2014 e comercializada como um destino dos sonhos \u2014 se tornou.\u00a0Ele teve que agir<\/a>.<\/p>\n \u201c\u00c9 muito f\u00e1cil olhar para a esquerda ou para a direita e esperar que algu\u00e9m fa\u00e7a alguma coisa, mas eu pensei: \u2018o que posso fazer para ajudar a chamar a aten\u00e7\u00e3o sobre isso de forma divertida e alegre?’\u201d, disse ele.<\/p>\n A resposta tornou-se o projeto Flipflopi: um plano ambicioso para construir um veleiro tradicional de pl\u00e1stico reciclado e naveg\u00e1-lo ao longo da costa da \u00c1frica Oriental para espalhar a mensagem de que nossa depend\u00eancia de pl\u00e1sticos de uso \u00fanico \u00e9 um desperd\u00edcio destrutivo.<\/p>\n Mais de dois anos depois, essa vis\u00e3o se tornou realidade. Em 15 de setembro, o veleiro Flipflopi, de nove metros, com as cores do arco-\u00edris e artesanato pioneiro feito com 10 toneladas de pl\u00e1stico reciclado queniano, foi lan\u00e7ado da ilha de Lamu em sua viagem inaugural.<\/p>\n No in\u00edcio do ano que vem, o Flipflopi viajar\u00e1 para Zanzibar como parte de uma campanha, apoiada pela iniciativa Mares Limpos da ONU Meio Ambiente, para espalhar uma \u201crevolu\u00e7\u00e3o pl\u00e1stica\u201d ao longo do litoral, muitas vezes salpicado de res\u00edduos pl\u00e1sticos de lugares t\u00e3o distantes quanto a Tail\u00e2ndia e a Mal\u00e1sia.<\/p>\n Para o fundador da Flipflopi, Morison, e sua entusi\u00e1stica equipe de volunt\u00e1rios, o veleiro representa tudo o que h\u00e1 de melhor na criatividade e resili\u00eancia queniana. Ele demonstra que o descarte de pl\u00e1stico de uso \u00fanico n\u00e3o faz sentido, ao mesmo tempo em que tamb\u00e9m se apresenta como um tributo \u00e0 capacidade de \u201cfa\u00e7a voc\u00ea mesmo\u201d que permeia muitas comunidades em desenvolvimento.<\/p>\n \u201cO ponto-chave da diferen\u00e7a \u00e9 a lideran\u00e7a africana e o DNA africano\u201d, diz Morison.<\/p>\n \u201cN\u00f3s nos limitamos expressamente aos recursos dispon\u00edveis localmente. N\u00f3s constru\u00edmos este barco com construtores de barcos tradicionais. N\u00e3o h\u00e1 um computador \u00e0 vista. H\u00e1 apenas uma ferramenta el\u00e9trica. Poder\u00edamos ter conclu\u00eddo o projeto em cinco meses e levamos dois anos e meio. Isso porque explicitamente quer\u00edamos demonstrar que essa reciclagem, essa capacidade de adaptar o pl\u00e1stico, pode ser feita nesse tipo de ambiente\u201d, diz ele.<\/p>\n O Flipflopi foi constru\u00eddo a partir de pranchas feitas de pl\u00e1stico reciclado, enquanto o casco e o deque foram cobertos com pain\u00e9is feitos com cerca de 30.000 chinelos reciclados.<\/p>\n O pl\u00e1stico foi coletado das praias de Lamu e das ruas de Nair\u00f3bi, Malindi e Mombasa. Ele foi classificado e depois enviado para usinas de reciclagem, onde foi derretido e remodelado.<\/p>\n \u201cTemos uma ind\u00fastria de reciclagem de pl\u00e1stico muito jovem no Qu\u00eania. \u00c9 muito low-tech, mas \u00e9 bom porque est\u00e1 fazendo uma mercadoria de algo que as pessoas poderiam ver como lixo\u201d, diz Morison.<\/p>\n Tentativa e erro se tornaram as palavras de ordem enquanto a equipe se esfor\u00e7ava para criar o equil\u00edbrio correto de flex\u00e3o e rigidez nas pranchas de pl\u00e1stico. O mestre artes\u00e3o Ali Skanda liderou a equipe de constru\u00e7\u00e3o de barcos, esculpindo as pranchas com a destreza e habilidade que fizeram seu trabalho ser exibido em v\u00e1rios museus. Skanda vem de uma fam\u00edlia de carpinteiros e construtores de veleiros em Lamu, cujas ra\u00edzes remontam aos primeiros colonos que chegaram \u00e0 ilha em 1.300.<\/p>\n O uso de chinelos foi uma escolha \u00f3bvia para Morison e sua equipe, que inclui o l\u00edder do projeto, Dipesh Pabari, e o engenheiro de design Leonard Schurg.<\/p>\n \u201cCerca de 3 bilh\u00f5es de pessoas no planeta Terra usam ou possuem chinelos. Eles s\u00e3o o tipo mais onipresente de cal\u00e7ado. S\u00e3o usados \u200b\u200bpor negros, brancos, pessoas da Austr\u00e1lia \u00e0 Am\u00e9rica do Norte. Eles cruzam barreiras lingu\u00edsticas e barreiras de idade. Eles s\u00e3o um conector brilhante\u201d, diz Morison.<\/p>\n O Flipflopi \u00e9 o cap\u00edtulo mais recente do esfor\u00e7o do Qu\u00eania para se tornar um l\u00edder global em lidar com a polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1stico. Em agosto de 2017, o pa\u00eds introduziu a mais dura proibi\u00e7\u00e3o de sacolas pl\u00e1sticas do mundo, com qualquer pessoa produzindo, vendendo ou usando um saco pl\u00e1stico correndo o risco de pris\u00e3o de at\u00e9 quatro anos ou multa de 40 mil d\u00f3lares.<\/p>\n A proibi\u00e7\u00e3o queniana inspirou outros pa\u00edses africanos \u2014 incluindo Uganda, Tanz\u00e2nia, Burundi e Sud\u00e3o do Sul \u2014 a pensar em seguir o exemplo. Ruanda j\u00e1 baniu as sacolas pl\u00e1sticas em 2008.<\/p>\n Morison situa seu projeto diretamente neste contexto de lideran\u00e7a africana em um problema global. \u201cNosso objetivo sempre foi demonstrar a outras pessoas como voc\u00ea pode usar algo como pl\u00e1stico de uma maneira realmente valiosa. N\u00f3s podemos fazer o que quisermos com este barco. Podemos transportar cargas, turistas\u201d, diz ele.<\/p>\n Esta n\u00e3o \u00e9 a primeira vez que res\u00edduos pl\u00e1sticos s\u00e3o usados \u200b\u200bpara fazer barcos \u2014 embora seja a primeira vez que um veleiro tenha sido constru\u00eddo com pl\u00e1stico. Em agosto, ativistas ambientais lan\u00e7aram um barco feito quase inteiramente de lixo pl\u00e1stico reciclado no rio T\u00e2misa, em Londres. O barco \u201cPET Project\u201d ser\u00e1 usado para coletar lixo pl\u00e1stico do rio. E um cineasta italiano navegou em uma jangada de 1 mil cont\u00eaineres de pl\u00e1stico em Ischia, na costa de N\u00e1poles, para destacar o problema da polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1sticos marinhos.<\/p>\n Morison sabe que poderia simplesmente ter encomendado pranchas de pl\u00e1stico recicladas de outro pa\u00eds, mas acredita que comunidades como as da costa do Qu\u00eania precisam de formas vi\u00e1veis \u200b\u200be sustent\u00e1veis \u200b\u200bde reutilizar e reciclar pl\u00e1sticos.<\/p>\n \u201cPara que isso seja significativo, tinha que ser um projeto queniano. Tinha que ser limitado a seu meio ambiente e ser realiz\u00e1vel. Tudo o que fizemos \u00e9 escal\u00e1vel. Isso pode ser feito em ambientes com poucos recursos.\u201d<\/p>\n \u00c0 medida que as economias emergentes se desenvolvem na \u00c1frica e no Sudeste Asi\u00e1tico, mais pessoas est\u00e3o tendo acesso ao estilo de vida consumista e descart\u00e1vel dos pa\u00edses mais ricos. Sessenta por cento de todo o pl\u00e1stico que acaba nos oceanos do mundo v\u00eam de apenas seis pa\u00edses da \u00c1sia.<\/p>\n \u201cO consumo respons\u00e1vel de pl\u00e1stico ser\u00e1 definido por popula\u00e7\u00f5es em ambientes de consumo emergentes. Esses n\u00e3o s\u00e3o consumidores que est\u00e3o ouvindo (o apresentador e ativista brit\u00e2nico) David Attenborough. Nosso objetivo era encontrar uma maneira de comunicar e inspirar essas pessoas\u201d, declara Morison, notando a injusti\u00e7a pungente inerente em apontar o dedo para as na\u00e7\u00f5es emergentes.<\/p>\n \u201cTivemos 40 anos de gan\u00e2ncia com esse recurso maravilhosamente \u00fatil (nos pa\u00edses mais ricos) e, se eu estivesse na classe emergente do Qu\u00eania, pensaria em por que n\u00e3o deveria ser permitido usar essas coisas? Eu me sentiria zangado. Por isso, penso que \u00e9 importante comunicar como africanos com os nossos pares e outras pessoas nestes ambientes\u201d, diz ele.<\/p>\n A dimens\u00e3o global do problema foi claramente ilustrada pelo pl\u00e1stico recolhido pelos volunt\u00e1rios durante o projeto Flipflopi. Moradores e ambientalistas da cidade de Shela, crian\u00e7as em idade escolar, grupos de mulheres e funcion\u00e1rios da ind\u00fastria do turismo ajudaram a coletar os res\u00edduos das praias e outros locais ao redor da costa.<\/p>\n \u201cVoc\u00ea olha para o r\u00f3tulo de uma garrafa ou para um chinelo e est\u00e1 em tailand\u00eas. Peguei uma garrafa de dois litros de \u00e1gua da Mal\u00e1sia, ao norte de Lamu\u201d, diz Morison. Testemunhar a proveni\u00eancia do lixo pl\u00e1stico o tornou ainda mais determinado a perseguir seu sonho de construir um barco maior, mesmo que o pre\u00e7o estimado de 500 mil d\u00f3lares seja um desafio assustador.<\/p>\n A equipe da Flipflopi \u00e9 volunt\u00e1ria, com apenas os construtores de barcos sendo pagos. A equipe arrecadou cerca de 11 mil d\u00f3lares em doa\u00e7\u00f5es, mas gastaram mais. Morison espera que seu sucesso at\u00e9 agora lhes permita garantir patroc\u00ednio para, eventualmente, construir um barco maior.<\/p>\n O Flipflopi deve chegar a Zanzibar por volta de janeiro do pr\u00f3ximo ano, dependendo dos ventos favor\u00e1veis. \u00c9 quando Morison acredita que a verdadeira aventura come\u00e7ar\u00e1.<\/p>\n \u201cEstou entusiasmado por poder chegar a Zanzibar e espero espalhar essa idiea para a Tanz\u00e2nia\u201d, diz ele. \u201cA realidade \u00e9 que o que fizemos \u00e9 muito simples. \u00c9 apenas se atrever a sonhar. (\u2026) Voc\u00ea s\u00f3 precisa ter uma ideia e ser criativo.\u201d<\/p>\n Fonte: ONU<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" O projeto Flipflopi \u00e9 um plano ambicioso para construir um veleiro tradicional de pl\u00e1stico reciclado e naveg\u00e1-lo ao longo da costa da \u00c1frica Oriental para espalhar a mensagem de que nossa depend\u00eancia de pl\u00e1sticos de uso \u00fanico \u00e9 um desperd\u00edcio destrutivo. <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":146755,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[752,722,276,1247,2578],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146753"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=146753"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146753\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":146756,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146753\/revisions\/146756"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/146755"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=146753"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=146753"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=146753"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}