{"id":146906,"date":"2018-09-28T04:02:48","date_gmt":"2018-09-28T07:02:48","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=146906"},"modified":"2018-09-28T12:05:43","modified_gmt":"2018-09-28T15:05:43","slug":"tempestade-enfraquece-e-jipe-da-nasa-reaparece","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/09\/28\/146906-tempestade-enfraquece-e-jipe-da-nasa-reaparece.html","title":{"rendered":"Tempestade enfraquece e jipe da NASA reaparece"},"content":{"rendered":"
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Imagem da Nasa mostram jipe Opportunity, que estava desaparecido ap\u00f3s tempestade de areia \u2014 Foto: Nasa<\/figcaption><\/figure>\n

Lembra do jipe Opportunity que estava perdido em meio a uma das tempestades de areia mais intensas j\u00e1 observadas em Marte? Ele j\u00e1 pode ser visto, do espa\u00e7o \u00e9 claro, o que j\u00e1 \u00e9 uma boa not\u00edcia, mas infelizmente essa \u00e9 a \u00fanica boa not\u00edcia por enquanto.<\/p>\n<\/div>\n

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Em julho deste ano, uma tempestade de areia eclodiu em Marte e em quest\u00e3o de poucos dias engoliu o planeta inteiro. A tempestade era t\u00e3o intensa que a quantidade de poeira levantada na atmosfera escureceu bastante o c\u00e9u. Em alguns lugares, como o local onde est\u00e1 o jipe, simula\u00e7\u00f5es mostravam que a claridade tinha ca\u00eddo a n\u00edveis compar\u00e1veis ao in\u00edcio da noite marciana. Em outros, como o s\u00edtio onde se encontra o jipe Curiosity, fotos mostraram que as simula\u00e7\u00f5es n\u00e3o estavam longe da realidade, ou seja, mesmo de dia, a ilumina\u00e7\u00e3o era quase a mesma da noite.<\/p>\n<\/div>\n

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Para o Curiosity que funciona \u00e0 base de baterias nucleares isso n\u00e3o representa um problema muito grande. Alguns experimentos que precisam ser guiados pela luz do dia acabaram prejudicados e foram adiados, mas o jipe em si nunca correu risco. Mas com o Opportunity a hist\u00f3ria \u00e9 outra.<\/p>\n<\/div>\n

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O Oppy, como \u00e9 chamado carinhosamente, depende de energia solar para abastecer suas baterias e, consequentemente, realizar suas atividades. Desde as mais simples, como se movimentar e se comunicar, at\u00e9 ligar os equipamentos cient\u00edficos. Com a diminui\u00e7\u00e3o da quantidade de luz, o jipe entra em estado de hiberna\u00e7\u00e3o, que pode ter dois n\u00edveis a depender da capacidade de recarregar suas baterias. No primeiro n\u00edvel, as baterias ainda conseguem manter o rel\u00f3gio interno do computador de bordo funcionando, mantendo a contagem dos dias e das horas. Isso \u00e9 importante para o jipe saber quais os hor\u00e1rios em que a Terra estar\u00e1 vis\u00edvel, ou algum sat\u00e9lite estiver passando perto do local onde est\u00e1. Em outras palavras, o computador de bordo sabe exatamente quando pode tentar se comunicar com o centro de controle, mesmo que seja indiretamente.<\/p>\n<\/div>\n

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No segundo n\u00edvel, a incid\u00eancia de luz sobre os pain\u00e9is n\u00e3o \u00e9 suficiente para sequer manter o rel\u00f3gio e neste caso o jipe se perde. O computador sai da hiberna\u00e7\u00e3o aleatoriamente e tenta se comunicar apontando a antena tamb\u00e9m aleatoriamente. \u00c9 dif\u00edcil acertar o alvo assim ao acaso e no final das contas o jipe acaba drenando ainda mais suas reservas de energia. E o jipe precisa de energia n\u00e3o s\u00f3 para manter seu rel\u00f3gio funcionando, mas tamb\u00e9m para ligar os aquecedores internos que minimizam os efeitos da gelada noite marciana nos circuitos el\u00e9tricos.<\/p>\n<\/div>\n

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Desde que a tempestade come\u00e7ou, simula\u00e7\u00f5es da NASA mostravam que o jipe poderia sobreviver a esse per\u00edodo. A quantidade de energia esperada sobre os pain\u00e9is, as simula\u00e7\u00f5es mostraram, seria suficiente para manter o rel\u00f3gio funcionando e, no limite, ligar os aquecedores. Quando tempestades assim acontecem, a camada de poeira em suspens\u00e3o acaba criando uma esp\u00e9cie de cobertor, retendo um pouco do calor irradiado da superf\u00edcie. Como consequ\u00eancia, a temperatura m\u00e9dia acaba subindo um pouco e a demanda pelos aquecedores \u00e9 menor, o que por sua vez poupa as baterias. Todavia, desde o dia 10 de julho a NASA n\u00e3o ouve nenhum sinal do Oppy, indicativo que as simula\u00e7\u00f5es podem ter sido muito otimistas. Um fator muito importante e que n\u00e3o tem como ser estimado realisticamente \u00e9 a quantidade de areia que se deposita sobre os pain\u00e9is e que bloqueiam o pouco de luz que atravessa a capa de poeira. Mesmo com muita boa vontade da atmosfera, se muita areia tiver se depositado sobre os pain\u00e9is, nada de energia para as baterias.<\/p>\n<\/div>\n

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Nas duas \u00faltimas semanas o panorama em Marte mudou bastante com o enfraquecimento da tempestade. A medida utilizada para caracterizar a transpar\u00eancia da atmosfera (na verdade o seu inverso, mede-se a opacidade) chegou a um valor de 1,3, ou seja, o c\u00e9u finalmente clareou no s\u00edtio do Oppy. Para voc\u00ea ter uma ideia, durante os momentos cr\u00edticos da tempestade ele chegou a ser maior que 10! A transpar\u00eancia ficou boa a ponto do Orbitador de Reconhecimento Marciano (ou MRO na sigla em ingl\u00eas) ter conseguido tirar essa foto do jipinho. N\u00e3o espere grandes detalhes, o sat\u00e9lite estava a uma altura de 267 km e o jipe tem 1,6 metros de comprimento e 2,3 de largura apenas e \u00e9 o ponto claro bem no meio do quadrado.<\/p>\n<\/div>\n

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Apesar de n\u00e3o termos condi\u00e7\u00f5es de ver detalhes do jipe, o fato dele aparecer como um ponto brilhante na foto \u00e9 sinal de boas not\u00edcias. Ele aparece em destaque (OK, n\u00e3o muito) significando que os pain\u00e9is do jipe n\u00e3o est\u00e3o completamente cobertos de areia, do contr\u00e1rio ele refletiria ainda menos luz e n\u00e3o seria notado em rela\u00e7\u00e3o ao terreno escuro.<\/p>\n<\/div>\n

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Desde o dia 11 de setembro a NASA intensificou as escutas com sua rede de antenas na esperan\u00e7a de captar algum sinal de vida do Opportunity. Se a eletr\u00f4nica do jipe tiver sobrevivido a esse per\u00edodo todo, com ou sem aquecedores, a bateria poderia recuperar um pouco da carga necess\u00e1ria para entrar em comunica\u00e7\u00e3o com a Terra e receber instru\u00e7\u00f5es para regularizar suas atividades. Ou ao menos receber alguma telemetria que permita saber a reais condi\u00e7\u00f5es de sa\u00fade do jipe.<\/p>\n<\/div>\n

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At\u00e9 o momento as antenas da NASA n\u00e3o registraram nenhum sinal e as buscas continuam. At\u00e9 quando? Ningu\u00e9m falou nada, mas comparando com os procedimentos em rela\u00e7\u00e3o ao jipe g\u00eameo Spirit a busca ainda vai durar.<\/p>\n<\/div>\n

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O Oppy era acompanhado de um jipe exatamente igual chamado Spirit, que pousou em um lugar diferente e que depois de mais de 6 anos em opera\u00e7\u00e3o atolou em uma regi\u00e3o de areia muito fofa. Depois de in\u00fameros esfor\u00e7os infrut\u00edferos para desatola-lo, a NASA decidiu mant\u00ea-lo como uma base fixa, fazendo as medidas ao alcance dele. Mas a regi\u00e3o onde ele atolou n\u00e3o permitia receber luz do Sol plenamente e os problemas com a recarga de bateria fizeram com que os aquecedores n\u00e3o atuassem durante o inverno e o jipe foi dado como perdido. N\u00e3o sem antes a NASA tentar por um ano se comunicar com o Spirit, enviando mais de 1300 comandos ao jipe.<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n

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Nessa pegada, podemos esperar que os engenheiros da NASA devem ficar ainda por algum tempo tentando. Vale lembrar que a miss\u00e3o, tanto do Spirit, quanto do Opportunity era de 3 meses. O primeiro durou mais de 6 anos e o segundo est\u00e1 a\u00ed h\u00e1 quase 15. Os bichinhos foram feitos para durar, quem sabe o Oppy passe por mais essa. O neg\u00f3cio \u00e9 torcer!<\/p>\n

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