Desmatamento das florestas respondem pela principal fonte de emiss\u00e3o de gases de efeito estufa no pa\u00eds – Arquivo\/Ag\u00eancia Brasil<\/figcaption><\/figure>\nConsiderando essa compensa\u00e7\u00e3o entre emiss\u00f5es e o estoque de g\u00e1s carb\u00f4nico nas \u00e1reas florestais, o pa\u00eds j\u00e1 teria atingido a meta de reduzir em 1,2 bilh\u00e3o de toneladas para o ano de 2020. Mas especialistas alertam que, em valores absolutos, o pa\u00eds ainda n\u00e3o atingiu as meta firmada em \u00e2mbito internacional, que seria de cerca de 1,3 bilh\u00e3o de toneladas de CO2.<\/p>\n
Levantamento do Observat\u00f3rio do Clima mostra que as emiss\u00f5es absolutas de gases de efeito estufa no Brasil alcan\u00e7aram 2,27 bilh\u00f5es de toneladas em 2016, o que representa aumento de 9% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior e de 32% em rela\u00e7\u00e3o a 1990. Mais da metade da emiss\u00e3o do g\u00e1s carb\u00f4nico equivalente ainda prov\u00e9m do desmatamento da Amaz\u00f4nia e do Cerrado.<\/p>\n
Acordo de Paris<\/h2>\n
Em 2015, o Brasil se juntou a mais de 190 pa\u00edses que integram a Conven\u00e7\u00e3o-Quadro das Na\u00e7\u00f5es Unidas sobre Mudan\u00e7a do Clima na assinatura do chamado Acordo de Paris. Pelo acordo, que foi resultado de mais de 20 anos de negocia\u00e7\u00e3o, as na\u00e7\u00f5es definiram objetivos de longo prazo para limitar o aquecimento da temperatura global em n\u00edveis abaixo de dois graus Celsius, se poss\u00edvel a 1,5 grau, at\u00e9 o final deste s\u00e9culo. A partir dos compromissos do Acordo de Paris, o Brasil definiu a sua NDC.<\/p>\n
A meta considera os n\u00edveis pr\u00e9-revolu\u00e7\u00e3o industrial (1750) e deve ser implementada a partir de 2020. A redu\u00e7\u00e3o significativa do aquecimento global e o cumprimento dos compromissos do Acordo de Paris ainda est\u00e3o entre as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustent\u00e1vel (ODS), com o qual o Brasil tamb\u00e9m se comprometeu at\u00e9 2030.<\/p>\n
\u201cO Acordo de Paris foi um avan\u00e7o hist\u00f3rico em termos de unir governos na dire\u00e7\u00e3o do objetivo comum de limitar o aumento da temperatura global a menos de 2 graus Celsius. Mas, os governos federais sozinhos n\u00e3o t\u00eam poder para alcan\u00e7ar essas metas sem um engajamento equitativo dos atores subnacionais e do setor privado\u201d, disse Elizabeth Cousen, diretora-executiva da Funda\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (UN Foundation).<\/p>\n
O Brasil pretende alcan\u00e7ar a meta a partir da elimina\u00e7\u00e3o total do desmatamento ilegal, da restaura\u00e7\u00e3o de 12 milh\u00f5es de hectares de florestas, do aumento do uso de bioenergia sustent\u00e1vel para 18% e em 45% de energias renov\u00e1veis at\u00e9 2030, entre outras a\u00e7\u00f5es em diferentes setores, como ind\u00fastria, agricultura e infraestrutura urbana.<\/p>\n
\u201cA meta do Brasil, comparando com outros pa\u00edses em desenvolvimento, tem uma natureza mais adequada para um grande emissor, porque \u00e9 poss\u00edvel mensurar de forma absoluta. Se todos fizerem o que o Brasil fez, proporcionalmente, a gente ficaria dentro dos limites do Acordo de Paris. Mas, a soma de todos esses esfor\u00e7os, os cientistas j\u00e1 disseram, \u00e9 insuficiente. Se todo mundo cumprir \u00e0 risca com aquilo que se comprometeu, a gente chegaria no final deste s\u00e9culo com um aumento de temperatura acima de tr\u00eas graus Celsius, 3.2 pelo menos, que \u00e9 muito mais do que o limite estabelecido pelo Acordo de Paris\u201d, esclarece Carlos Rittl, secret\u00e1rio-executivo do Observat\u00f3rio do Clima.<\/p>\n
Meta dom\u00e9stica<\/h2>\n
Antes da meta estabelecida pelo Acordo de Paris, o Brasil aprovou, em 2009, uma Pol\u00edtica Nacional de Mudan\u00e7as Clim\u00e1ticas que estabeleceu um compromisso volunt\u00e1rio nacional de n\u00e3o desmatar, at\u00e9 2020, mais do que 3,9 mil quil\u00f4metros quadrados da Amaz\u00f4nia. Por meio de decreto, a pol\u00edtica tamb\u00e9m prev\u00ea a redu\u00e7\u00e3o do desmatamento do Cerrado em 40%, a recupera\u00e7\u00e3o de 15 milh\u00f5es de hectares de pastagens degradadas, entre outros objetivos, como ampliar o consumo interno de etanol em pelo menos 11%.<\/p>\n
Segundo o Minist\u00e9rio do Meio Ambiente (MMA), o pa\u00eds j\u00e1 atingiu a meta em rela\u00e7\u00e3o ao Cerrado, que apresentou redu\u00e7\u00e3o na \u00e1rea devastada de 56% at\u00e9 o ano passado. E ainda faltaria cerca de 15% para atingir a meta de redu\u00e7\u00e3o na \u00e1rea desmatada da Amaz\u00f4nia.<\/p>\n
\u201cA meta assumida internacionalmente tem um valor diferente do que foi regulamentado no decreto nacionalmente. O que a gente est\u00e1 pleiteando \u00e9 que a meta internacional a gente j\u00e1 conseguiu antecipar. A meta nacional, a gente ainda tem um trabalho a ser feito no caso da Amaz\u00f4nia\u201d, explicou Tiago Mendes, secret\u00e1rio de Mudan\u00e7a do Clima e Florestas, do MMA<\/p>\n
Exemplo e protagonismo<\/h2>\n
Desde a realiza\u00e7\u00e3o da chamada Rio 92 e da Rio +20, o Brasil \u00e9 considerado protagonista nas reuni\u00f5es de Conven\u00e7\u00e3o do Clima e tem sido citado em eventos internacionais como exemplo para outras na\u00e7\u00f5es devido \u00e0 diminui\u00e7\u00e3o do ritmo de desmatamento da Amaz\u00f4nia nos \u00faltimos 15 anos. Para o secret\u00e1rio-executivo do programa de Meio Ambiente da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas (ONU), Erik Solheim, o pa\u00eds \u00e9 considerado um caso de sucesso na busca pelo equil\u00edbrio entre produ\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica e preserva\u00e7\u00e3o das florestas para conter o aumento da temperatura.<\/p>\n
O secret\u00e1rio destaca a redu\u00e7\u00e3o em mais de 70% do desmatamento na Amaz\u00f4nia na \u00faltima d\u00e9cada. Antes de 2005, o Brasil chegou a desmatar mais de 2 milh\u00f5es de hectares da Floresta Amaz\u00f4nica. Em 2012, a \u00e1rea desmatada foi em torno de 7 mil quil\u00f4metros quadrados. Erik tamb\u00e9m citou o Brasil como detentor de um potencial para desenvolver energia solar combinada a outras formas de gera\u00e7\u00e3o de energia livres de carbono.<\/p>\n
\u201cO \u00edndice de desmatamento est\u00e1 caindo no Brasil. H\u00e1 diferen\u00e7as entre uma \u00e1rea e outra, mas em termos gerais, [o resultado] \u00e9 fant\u00e1stico e bem-sucedido. O Brasil est\u00e1 dando exemplo para outros pa\u00edses de floresta e mostrando que \u00e9 poss\u00edvel reduzir drasticamente o desmatamento se as pol\u00edticas s\u00e3o colocadas em pr\u00e1tica\u201d, avaliou Erik durante o Global Climate Action Summit, um encontro de a\u00e7\u00e3o global pelo clima realizado de 12 a 14 de setembro na cidade de S\u00e3o Francisco, Calif\u00f3rnia (EUA).<\/p>\n
Outros desafios<\/h2>\n
Pesquisadores brasileiros concordam que houve avan\u00e7os desde 2004 na \u00e1rea florestal, mas ainda h\u00e1 v\u00e1rios desafios, como ampliar a restaura\u00e7\u00e3o de \u00e1reas j\u00e1 degradadas e a atividade em pastagens subutilizadas. Segundo o Observat\u00f3rio do Clima, o pa\u00eds tem cerca de 100 bilh\u00f5es de hectares de terras pouco produtivas que poderiam servir para expandir a produ\u00e7\u00e3o de alimentos com foco n\u00e3o s\u00f3 na demanda nacional, mas tamb\u00e9m para exporta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Falta ainda, segundo os estudiosos, mais apoio financeiro a iniciativas que adotam pr\u00e1ticas sustent\u00e1veis. Um exemplo seria aumentar a concess\u00e3o de recursos e benef\u00edcios para a chamada agricultura de baixo carbono, que este ano recebeu apenas 1% do total do cr\u00e9dito liberado para produtores rurais, segundo o Observat\u00f3rio do Clima.<\/p>\n
O secret\u00e1rio de Mudan\u00e7a do Clima e Florestas reitera que as emiss\u00f5es na \u00e1rea de uso da terra j\u00e1 foram reduzidas de modo isolado pelo Brasil em rela\u00e7\u00e3o a outros pa\u00edses. \u201cT\u00ednhamos expectativa de, somente na Amaz\u00f4nia, ter uma redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00e3o de 564 milh\u00f5es de toneladas no ano de 2020. No ano de 2017, com a queda do desmatamento que a gente conseguiu alcan\u00e7ar, a redu\u00e7\u00e3o foi de 610 milh\u00f5es de toneladas. Da mesma forma, a nossa meta para redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00e3o no Cerrado em 2020 era de 104 milh\u00f5es de toneladas. N\u00f3s alcan\u00e7amos uma redu\u00e7\u00e3o de emiss\u00e3o de 170 milh\u00f5es de toneladas, quase 70 milh\u00f5es a mais que a nossa meta\u201d, explica Tiago Mendes.<\/p>\n
Financiamento<\/h2>\n
Na \u00e1rea de energia, o secret\u00e1rio afirma que o pa\u00eds tamb\u00e9m tem condi\u00e7\u00f5es de alcan\u00e7ar as metas. Esta semana, o governo federal lan\u00e7ou linha de financiamento para iniciativas de produ\u00e7\u00e3o de energias renov\u00e1veis, em especial fotovoltaica. Desse montante, o MMA vai destinar R$ 228 milh\u00f5es para micro e pequenas empresas e pessoas f\u00edsicas que coloquem pain\u00e9is solares em suas casas. As taxas de financiamento ser\u00e3o de 4% a ano para quem recebe menos de R$ 90 mil por ano e de 9,5% para quem recebe mais.<\/p>\n
\u201cVamos colocar \u00e0 disposi\u00e7\u00e3o do mercado, via Banco Nacional do Desenvolvimento Econ\u00f4mico (BNDES), com fundos do minist\u00e9rio, R$ 1,2 bilh\u00e3o para energias renov\u00e1veis. A nossa expectativa \u00e9 que a gente consiga dar um incentivo para estrutura\u00e7\u00e3o da cadeia de produ\u00e7\u00e3o de energia fotovoltaica no pa\u00eds, em especial em comunidades rurais e produ\u00e7\u00e3o domiciliar\u201d, disse Mendes \u00e0\u00a0Ag\u00eancia Brasil.<\/p>\n
O secret\u00e1rio tamb\u00e9m destacou o lan\u00e7amento, este ano, do programa Renova Bio, que concede cr\u00e9ditos a distribuidoras de combust\u00edveis para estimular a produ\u00e7\u00e3o de biocombust\u00edveis. O objetivo \u00e9 que o programa permita a redu\u00e7\u00e3o na emiss\u00e3o em 600 milh\u00f5es de toneladas somente no setor de combust\u00edveis, at\u00e9 2028.<\/p>\n
Fonte: Ag\u00eancia Brasil –\u00a0D\u00e9bora Brito<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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