{"id":146990,"date":"2018-10-01T02:30:52","date_gmt":"2018-10-01T05:30:52","guid":{"rendered":"http:\/\/noticias.ambientebrasil.com.br\/?p=146990"},"modified":"2018-09-30T22:31:18","modified_gmt":"2018-10-01T01:31:18","slug":"poluicao-por-plastico-pode-agravar-o-aquecimento-global","status":"publish","type":"post","link":"http:\/\/localhost\/clipping\/2018\/10\/01\/146990-poluicao-por-plastico-pode-agravar-o-aquecimento-global.html","title":{"rendered":"Polui\u00e7\u00e3o por pl\u00e1stico pode agravar o aquecimento global"},"content":{"rendered":"
\"Sarah-Jane
SARAH-JANE NA PRAIA DE KAMILO POINT, BIG ISLAND, NO HAVA\u00cd. (FOTO: DIVULGA\u00c7\u00c3O)<\/figcaption><\/figure>\n

H\u00e1 mais um motivo para eleger as sacolas pl\u00e1sticas vil\u00e3s do meio ambiente. Um\u00a0estudo\u00a0divulgado no in\u00edcio de agosto por pesquisadores da Universidade do Hava\u00ed comprovou, pela primeira vez, que pl\u00e1sticos feitos de polietileno, a mat\u00e9ria-prima das sacolas de supermercado, liberam metano e etileno durante o seu processo de decomposi\u00e7\u00e3o no mar e no meio ambiente. Uma vez expostos ao ar, boiando na superf\u00edcie do oceano ou entulhando praias, a taxa de libera\u00e7\u00e3o desses gases \u00e9 76 vezes maior que quando submersos. A libera\u00e7\u00e3o de gases ganha ainda mais for\u00e7a quando o produto \u00e9 quebrado em micropart\u00edculas.<\/p>\n

E o mais preocupante: uma vez expostas aos raios solares, o processo de emiss\u00e3o continua mesmo no escuro. Os pesquisadores agora buscar\u00e3o meios tecnol\u00f3gicos para quantificar a participa\u00e7\u00e3o desse lixo no aquecimento global. \u201cIsso pode vincular a polui\u00e7\u00e3o da utiliza\u00e7\u00e3o de pl\u00e1sticos \u00e0 mudan\u00e7a clim\u00e1tica mais cedo do que imaginamos\u201d, afirma Sarah-Jeanne Royer, ocean\u00f3grafa e pesquisadora de p\u00f3s-doutorado em detritos marinhos do Centro Internacional de Pesquisa do Pac\u00edfico, da Universidade do Hava\u00ed. Al\u00e9m de amostras de pl\u00e1sticos virgens, foram coletadas amostras de pl\u00e1sticos no mar na esta\u00e7\u00e3o Aloha, um site de observa\u00e7\u00e3o marinha a 100 quil\u00f4metros de Oahu, no arquip\u00e9lago americano do Pac\u00edfico. Seis tipos de pl\u00e1sticos foram testados, sendo o polietileno de baixa densidade o que apresentou as maiores taxas de emiss\u00f5es.<\/p>\n

Num momento em que previs\u00f5es alarmantes est\u00e3o sendo realizadas n\u00e3o mais com foco no fim do s\u00e9culo, mas j\u00e1 nos pr\u00f3ximos 20 anos, essa informa\u00e7\u00e3o pode provocar mudan\u00e7as mais r\u00e1pidas de comportamento. Um rascunho de um trecho do relat\u00f3rio do IPCC, que ser\u00e1 divulgado oficialmente em outubro, vazado pela ag\u00eancia Reuters no in\u00edcio do ano, previa um aquecimento de 1,5 graus em 2040. O Acordo de Paris lutou por negociar meios para evitar que a temperatura suba acima de 2 graus. \u201cEssa pesquisa \u00e9 confi\u00e1vel. E mostra que n\u00e3o \u00e9 apenas a vida marinha que sofre com pl\u00e1stico. A conscientiza\u00e7\u00e3o de que os efeitos do aquecimento n\u00e3o afetar\u00e3o apenas os nossos netos pode sensibilizar as pessoas, que vivem no imediatismo\u201d, diz Heloise de Oliveira Pastore, professora do Instituto de Qu\u00edmica da Unicamp.<\/p>\n

A tarefa, no entanto, exigir\u00e1 grandes esfor\u00e7os. A pesquisadora canadense explica que, para avaliar a emiss\u00e3o do lixo de pl\u00e1stico no oceano, ser\u00e1 preciso utilizar drones e sat\u00e9lites especiais, uma vez que a quantidade desse produto no ambiente n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel de ser cientificamente mensurado. Relat\u00f3rio do F\u00f3rum Econ\u00f4mico Mundial de 2016, citado na reportagem de capa de Galileu de setembro, estima que h\u00e1 150 milh\u00f5es de toneladas de pl\u00e1stico no oceano. E a expectativa \u00e9 que, at\u00e9 2050, exista mais pl\u00e1stico nos mares do que peixes.<\/p>\n

Royer explica que apenas 1% da quantidade desse produto no mar \u00e9 conhecido. Os outros 99% podem estar em colunas de \u00e1gua em diferentes profundidades ou no sistema digestivo da vida marinha. \u201cE, desse 1%, n\u00f3s n\u00e3o temos ainda a tecnologia para fazer uma estimativa apurada de todos os tipos de pl\u00e1sticos que podem produzir gases de efeitos estufa. O que sabemos, com base em nosso estudo, \u00e9 que o polietileno de baixa densidade \u00e9 o maior produtor desses gases.\u201d<\/p>\n

Segundo ela, \u00e9 preciso haver melhorias nas tecnologias via sat\u00e9lite, uso de imagens hiperespectrais e utiliza\u00e7\u00e3o de drones com o intuito de estimar de forma mais assertiva a parcela de culpa desse tipo de pl\u00e1stico no aumento da temperatura do planeta. O fato \u00e9 que, de imediato, ela defende que a ind\u00fastria desses utens\u00edlios seja responsabilizada pela emiss\u00e3o desses gases. \u201cAl\u00e9m da necessidade de um acordo da gest\u00e3o dos res\u00edduos, h\u00e1 igualmente uma necessidade de melhorias de design do produto e da embalagem para colaborar no processo de recupera\u00e7\u00e3o do pl\u00e1stico. Isso pode ocorrer implementando uma responsabilidade estendida do produtor, tornando o produtor legalmente e financeiramente respons\u00e1vel pelo impacto de seus produtos no meio ambiente\u201d, afirma.<\/p>\n

Heloise de Oliveira, da Unicamp, concorda. Para ela, assim como os produtores de baterias se tornaram respons\u00e1veis pelo descarte desses produtos, a ind\u00fastria de pl\u00e1stico tamb\u00e9m deveria. \u201cAs empresas de pl\u00e1stico n\u00e3o s\u00e3o menos pun\u00edveis que empresas que excedem taxas de emiss\u00e3o de carbono. Elas tamb\u00e9m t\u00eam que pagar, al\u00e9m de ser respons\u00e1veis por recolher\u201d, afirma. Questionada pela reportagem sobre esse assunto, a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira da Ind\u00fastria de Embalagens Pl\u00e1sticas Flex\u00edveis (ABIEF) n\u00e3o se posicionou at\u00e9 a conclus\u00e3o deste texto.<\/p>\n

Recolher esse material do oceano tamb\u00e9m imp\u00f5e ainda mais desafios. Segundo Royer, pesquisas feitas neste ano mostram que ainda n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel reciclar o pl\u00e1stico coletado do mar, uma vez que sua exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 radia\u00e7\u00e3o solar altera suas propriedades t\u00e9rmicas e mec\u00e2nicas, tornando o processo invi\u00e1vel. E criticou as metas determinadas pela American Chemistry Council (ACC) de reciclar 100% das embalagens pl\u00e1sticas nos Estados Unidos at\u00e9 2040. \u201cEsse an\u00fancio foi muito vago e significa o uso de tecnologias destrutivas de recupera\u00e7\u00e3o, como a pir\u00f3lise. \u00c9 muito improv\u00e1vel que a ACC garanta que 100% das embalagens pl\u00e1sticas ser\u00e3o recuperadas dos consumidores.\u201d<\/p>\n

Oliveira defende o avan\u00e7o das pesquisas sobre a reciclagem de pl\u00e1stico e o desenvolvimento de tecnologias capazes de capturar di\u00f3xido de carbono da atmosfera. Enquanto isso n\u00e3o se aprimora, para ela a sa\u00edda \u00e9 a redu\u00e7\u00e3o do consumo. \u201c\u00c9 preciso de educa\u00e7\u00e3o social, de uma mudan\u00e7a de pensamento. O maior problema s\u00e3o as sacolas de supermercado, elas voam e v\u00e3o muito longe. Isso \u00e9 f\u00e1cil de reduzir, pode trocar por papel, e n\u00e3o fica no meio ambiente. \u00c9 uma quest\u00e3o de mostrar esse perigo para as pessoas, para sensibilizar. N\u00e3o \u00e9 mais uma quest\u00e3o da vida marinha, que \u00e9 importante, mas tamb\u00e9m da nossa.\u201d<\/p>\n

Fonte: Revista Galileu – Roger Marzochi<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Ap\u00f3s provar que esse material expele gases que aquecem a Terra em seu processo de decomposi\u00e7\u00e3o, pesquisadores querem definir o grau de emiss\u00e3o e defendem o enquadramento da ind\u00fastria <\/a><\/p>\n<\/div>","protected":false},"author":3,"featured_media":146992,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[4],"tags":[476,265,2547,315],"_links":{"self":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146990"}],"collection":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/users\/3"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=146990"}],"version-history":[{"count":2,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146990\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":146993,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/146990\/revisions\/146993"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media\/146992"}],"wp:attachment":[{"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=146990"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=146990"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"http:\/\/localhost\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=146990"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}